Ler O Marido Malvado – Capítulo 62 Online

Modo Claro

Ao avistar o envelope com os nomes dos professores escrito na frente, uma onda de lembranças dos dias na universidade inundou sua mente.

Originalmente, dadas suas circunstâncias, não havia espaço para que Eileen sequer sonhasse em frequentar uma universidade. Foi Cesare quem, pela primeira vez, sugeriu com audácia que ela talvez pudesse ingressar.

Eileen agarrou-se a ele sem vergonha e, no fim, conseguiu a admissão por um método um tanto astuto. Usando uma carta de recomendação do príncipe Traon do Império.

Seu tempo na universidade foi o período mais feliz da vida de Eileen. Foram anos em que ela pôde saciar inúmeras curiosidades que o estudo por conta própria não era capaz de satisfazer.

Debater academicamente com outros entusiastas por plantas trouxe-lhe uma imensa alegria, especialmente ao se aprofundar no estudo profissional do desenvolvimento de medicamentos com base em vegetais.

Os experimentos químicos, impossíveis de realizar sozinha, foram uma parte significativa de sua formação, e ela recebeu substancial ajuda da instituição.

Embora, no início, se sentisse intimidada pelos estudantes mais velhos e pelos professores, eles se revelaram gentis e acolhedores. Logo, Eileen passou a se sentir em casa entre eles.

Por dificuldades familiares, não pôde concluir os estudos e precisou deixar a universidade antes do tempo. Ainda assim, aquele período tornou-se uma lembrança preciosa e uma fonte de conhecimento que sempre a amparou.

— Espero que todos estejam bem… — murmurou, perdida na nostalgia, ao abrir o envelope.

Embora tivesse imaginado que seria volumoso, encontrou uma longa carta em seu interior.

[… Ao tomarmos conhecimento tardio de seu casamento, apressamo-nos em enviar nossas felicitações. Em anexo, segue um humilde presente. Por favor, aceite-o.]

Agora Arquiduquesa de Erzet, Eileen recebia uma mensagem de seus antigos professores redigida em linguagem extremamente respeitosa. Em meio às saudações formais e às atualizações de suas vidas, ela quase podia ouvir novamente as vozes familiares de seus mentores.

Esboçando um sorriso discreto, verificou o presente: tratava-se de parte de um artigo publicado em uma revista acadêmica, fruto de uma pesquisa que havia desenvolvido em conjunto com os professores. Seu nome constava entre os autores.

À medida que lia, Eileen sentiu um nó súbito na garganta. Cerrou os lábios com força e esfregou o queixo distraidamente, absorvendo o conteúdo da carta.

[… Planejamos visitar o domínio em breve. Se a Senhora tiver disponibilidade, poderíamos nos encontrar? Sentimos muita sua falta todos esses anos, e, embora compreendendo sua posição, ousamos fazer este pedido com cautela.]

A carta concluiu pedidos educados e votos calorosos. Eileen leu tudo mais uma vez, sentindo uma ponta de saudade e arrependimento.

— Eles pretendem visitar a propriedade. Será que posso encontrá-los? — perguntou a Sonio, que se surpreendeu, mas garantiu-lhe que seria perfeitamente possível.

— Se houver algo que a senhora deseja fazer, por favor, não hesite em me dizer. — Acrescentou ele, oferecendo-lhe apoio.

Apesar de inicialmente imaginar a vida de uma arquiduquesa intimidante, Eileen encontrou conforto na resposta tranquilizadora de Sonio.

Respirou fundo, reuniu coragem e abriu a carta de Ornella. O papel perfumado exalava um leve aroma de lírios.

O conteúdo era polido e comum, parabenizando-a sinceramente pelo casamento e estendendo um convite para sua primeira atividade social como arquiduquesa de Erzet: um chá da tarde.

Era óbvio para Eileen o motivo pelo qual Ornella, cheia de ressentimentos, a chamava para um evento social.

— Consigo até imaginar uma emboscada, todas mascaradas, com fumaça de cigarro ao redor — murmurou com ironia, sacudindo o pensamento fantasioso com um leve meneio de ombros — Isso já é exagero.

Deixando de lado a carta, Eileen a guardou num canto. Embora tivesse obrigações como Arquiduquesa de Erzet, não estava disposta a se esforçar excessivamente por Ornella.

De fato, o ducado Farvellini tinha uma linhagem respeitável, mas ainda assim não se comparava ao prestígio de Erzet. Até mesmo famílias nobres influentes acabavam ofuscadas pela simples presença de Cesare.

— Não tem por que escolher Ornella para a primeira aparição social. Isso só reforçaria minha posição na sociedade — refletiu. — É o que eu penso, mas Sonio, qual é a sua opinião?

 Eileen voltou-se para Sonio, buscando sua perspectiva sobre o assunto.

Comovido profundamente, Sonio respondeu:

— Fala com grande sabedoria, minha senhora. Não há absolutamente nenhuma necessidade de ser influenciada.

— Então… qual seria o melhor evento para comparecer primeiro?

Sentindo-se perplexa ao peneirar a enxurrada de cartas que chegavam para a Arquiduquesa Erzet, Eileen buscou orientação. Era seu hábito perguntar quando estava em dúvida, e Sonio, com um sorriso, observou a variedade de cartas sobre a mesa.

— Embora seja apenas a opinião de um mordomo… como arquiduquesa, a senhora ocupa a posição mais alta entre a nobreza do Império.

Ele fez uma pausa, a transição entre a vida no palácio e a de arquiduquesa refletida em seu olhar.

— Não seria mais apropriado que a Senhora mesma convidasse àqueles de posição inferior?

Graças à orientação de Sonio, Eileen passou a enxergar sob uma nova perspectiva. Decidiu que o primeiro evento social de sua vida como arquiduquesa seria organizado por ela mesma.

Sonio prometeu preparar pessoalmente a lista de convidados e, com sua dedicação e entusiasmo, tudo começou a se desenrolar sem dificuldades.

Conversando sobre vários assuntos com Sonio, o tempo voou. Senon, cuja chegada era esperada para breve, não apareceu até o pôr do sol. Cesare, por sua vez, trabalhou brevemente em seu escritório e saiu novamente.

Jantando sozinha, Eileen comentou:

— É estranho para alguém que costuma permanecer na residência ducal.

Ainda assim, não se sentiu solitária à mesa comprida. Sonio, mesmo ocupado, encontrava tempo para conversar com ela. Solidão não era algo que a assustasse, para Eileen, estar sozinha era natural. O tempo passado com Cesare nos últimos dias parecia um milagre.

Esperar por Cesare era familiar para Eileen. Ela simplesmente ansiava por vê-lo novamente no dia seguinte.

Após o jantar, leu um manual de etiqueta escolhido por Sonio e se recolheu cedo.

Deitada, o sono não vinha. Apesar do corpo cansado, sua mente estava acelerada.

Remexendo-se na cama e murmurando com os olhos bem abertos, os pensamentos de Eileen giravam principalmente em torno de Cesare.

Ele não tinha intenção de contar seus segredos a Eileen. Mas isso não significava que os escondesse completamente. Mesmo tendo se tornado o Arquiduquesa, a relação unilateral permanecia a mesma.

Era um homem tão afetuoso que o chamar de mentiroso seria exagero. Talvez por isso doesse ainda mais. Eileen não conseguia decifrar suas intenções.

‘Ele nunca foi de revelar seus verdadeiros sentimentos…’

O que poderia tê-lo tornado assim? Como ela poderia ajudá-lo, mesmo que fosse um pouco?

— Quero fazer isso direito, quero ser melhor… — sussurrou.

Desde que se tornou arquiduquesa, uma ambição silenciosa tomava conta de Eileen. Desejava permanecer ao lado de Cesare em todos os momentos. Mas temia mostrar suas fragilidades e ser descartada tão repentinamente quanto havia sido elevada àquela posição.

Nesse aspecto, Cesare era como uma espada. Eileen jamais sabia se um desentendimento ou deslize bastaria para perder seu afeto.

— Preciso me tornar a pessoa de que Sua Graça precisa — decidiu, convicta.

Repassando essas preocupações em pensamento, acabou adormecendo sem perceber.

 Sua mente semi-adormecida percebeu uma presença e acordou sobressaltada. Acostumada a adormecer sozinha, seu corpo reagiu com sensibilidade à presença de outra pessoa.

Piscando sonolenta, Eileen vislumbrou a silhueta masculina diante dela. Um sorriso delineou o rosto do homem, seus olhos se fundiam com a escuridão, uma risada baixa escapou. Um leve cheiro de sangue tocou seu nariz, a voz languida e quente roçou sua pele.

— Desculpe… acordei você?

Eileen piscou lentamente mais uma vez, vendo Cesare bem diante de si, era, sem dúvida, um sonho. Por um momento, esquecendo que estava na residência ducal, ela sorriu como se o tivesse encontrado na pequena cama do segundo andar de sua antiga casa de tijolos.

— Cesare… — murmurou, com uma felicidade avassaladora, rindo com ternura infantil. — Senti sua falta.

Os olhos dele se estreitaram levemente, o homem inclinou mais perto dela. Seu rosto a centímetros de distância, ele perguntou suavemente:

— Desde quando?

— Sempre… sempre… 

Era uma confissão sussurrada de profundo amor, tingida de tristeza por sua incapacidade de expressar plenamente a intensidade de seus sentimentos. 

Fitando-o com um olhar embriagado, sentiu como se até mesmo seus olhos, que a mantinham cativa, estivessem suavizados pela doçura do momento.

— Tudo bem, Eileen.

Seus lábios se encontraram com delicadeza, como pétalas que repousam suavemente no chão. O beijo foi terno, cada toque cuidadoso, como se ambos temessem que o momento se desfizesse.

— Eu também senti sua falta, todo esse tempo — o homem murmurou docemente, em resposta.

Continua…

Tradução: Elisa Erzet 

Ler O Marido Malvado Yaoi Mangá Online

Cesare Traon Karl Erzet, o Comandante-Chefe Imperial.
Após três anos de serviço na guerra, ele voltou para propor casamento a Eileen.
Eileen lutou para acreditar que a proposta de casamento de Cesare era sincera.
Afinal, desde o momento em que se conheceram, quando ela tinha dez anos, o homem afetuoso sempre a tratou como uma criança.
— Eu não quero me casar com Vossa Alteza.
Por muito tempo, seu amor por ele não foi correspondido.
Ela não queria que o casamento fosse uma transação.
Foi por causa da longa guerra?
O homem, que normalmente era frio e racional, havia mudado.
Suas ações impulsivas, seu desejo desenfreado por ela — tudo isso era muito estranho.
— Isso só deve ser feito com alguém que você ama!
— Você também pode fazer isso com a pessoa com quem planeja se casar.
Eileen ficou intrigada com essa mudança.
E, no entanto, quanto mais próxima ela ficava de Cesare…
Ela descobriu coisas que desafiavam a razão ou a lógica.
Eileen soube das muitas ações malignas de seu marido pouco tempo depois.
— Eu não pude nem ter o seu corpo, Eileen.
Tudo o que ele fez foi por ela.
Ele se tornou o vilão, apenas por sua Eileen.
Nota: Mesma autora de Predatory Marriage 
Ps: Cesare é o maridinho dessa tradutora aqui ❤️❤️❤️

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