Ler O Marido Malvado – Capítulo 57 Online

Modo Claro

O conde Domenico não foi o único a ficar pasmo. Eileen, igualmente chocada, quase desmaiou. Boquiaberta em espanto enquanto olhava para o conde, que, por sua vez, parecia confuso com a presença de Michelle e Eileen.

O rosto sardento de Michelle se contorceu em desagrado, e ela murmurou baixinho:

— Um momento de paz parece ser uma relíquia do passado.

Interrompida em seu momento de privacidade, sua expressão de desaprovação era clara. Ainda assim, respeitando o protocolo, ela abaixou o olhar para o conde Domenico com uma postura contida:

— Negócios, presumo? Posso perguntar qual a natureza de sua visita, Senhor Conde?

— Eu… eu vim procurar a farmacêutica habilidosa que residia aqui. — disse o Conde, seus olhos arregalados em um súbito entendimento. — Por acaso Vossa Graça também necessita de remédios?

Até então, Eileen estava muda. Mais precisamente, completamente perplexa. A farmacêutica que o conde Domenico procurava não era outra senão ela própria.

O Conde era um cliente do laboratório há algum tempo. Normalmente, os nobres eram atendidos pelo estalajadeiro, pois Eileen preferia evitá-los. Jovem e pouco conhecida, administrava uma farmácia precária, escondida em um cômodo alugado da velha estalagem.

Essas eram condições ideais para o anonimato, e, de fato, vários incidentes a haviam perturbado. Sem a assistência do estalajadeiro, manter o laboratório teria sido uma luta constante.

A maioria dos nobres arrogantes preferia enviar criados para buscar seus medicamentos, tornando diagnósticos precisos e vendas eficazes quase impossíveis. Portanto, a maioria dos nobres simplesmente tinha o serviço recusado.

O conde Domenico, porém, era uma curiosa exceção. Embora inicialmente tenha mantido sua identidade nobre em segredo, suas roupas elegantes e maneiras corteses logo o entregaram. Apesar de certa estranheza social, sempre foi educado em suas visitas ao laboratório, tratando Eileen com um respeito raro para um nobre diante de uma plebeia.

— Sabe para onde foi a farmacêutica que residia aqui? — perguntou o conde, com uma nota de desespero na voz.

Michelle respondeu de forma curta e seca:

— Não faço ideia.

O rosto do Conde murchou como um pergaminho descartado. O desespero pairou em seus traços, um contraste gritante com sua habitual postura estoica. Antes que alguém reagisse, Eileen sentiu-se compelida a falar. Meio escondida atrás da forma imponente de Michelle, espiou e falou com uma voz hesitante.

— Sou eu, conde.

— … O quê?

Incapaz de reconhecê-la de imediato, Eileen levou a mão ao rosto, envergonhada, tentando se esconder parcialmente. Os olhos do Conde se arregalaram ainda mais, e ele recuou um passo, surpreso. Visivelmente desajeitado, gaguejou: 

— A-ah?

Até a sempre composta Michelle pareceu estar pasma. Com um movimento rápido, ela bateu no braço do Conde que se levantava, no que parecia ser uma tentativa esquecida de um gesto nobre. O baque sonoro ecoou no silêncio tenso.

Espiando por entre os dedos, Eileen viu um lampejo de mudança no semblante do Conde – era alívio, não raiva ou desprezo. Encorajada, baixou a mão e se moveu instintivamente para fazer uma reverência, mas, a voz forme de Michelle atravessou o ar.

— Um momento, Vossa Graça. Uma reverência para os convidados do Arquiduque, talvez, mas para um mero Conde…?

— Ah! C-certo, d-desculpe… — Eileen gaguejou, suas bochechas corando de vergonha.

A lembrança repentina de sua nova posição como arquiduquesa a atingiu como um choque. Sem jeito, murmurou um pedido de desculpas. Michelle, sempre prática, se inclinou para encontrar os olhos Eileen.

— Por que diria uma coisa dessas? Vossa Graça não está se sentindo bem, afinal. Deveríamos dispensar este cavalheiro?

— Espere!

Antes que Eileen pudesse responder, o Conde Domenico se aproximou apressadamente. Ele tirou rapidamente o chapéu e se curvou diante Eileen.

— Por favor, perdoe minha deselegância.

Enquanto ponderava sobre o que poderia constituir tal transgressão, o Conde Domenico olhou para Eileen com uma mistura complexa de emoções. Percebendo sua turbulência interior, Eileen falou suavemente.

— Não tenho nenhum remédio por agora. A data que combinamos ainda não chegou, então não preparei nada… Por acaso o senhor ficou sem estoque?

— Não, não fiquei. Vim aqui expressar minha gratidão e trazer um presente.

Na mão do conde estava um pacote de uma confeitaria famosa. Murmurou, um tanto sem jeito:

— A Arquiduquesa… me salvou…

O Conde Domenico apertou com mais força o saco de pães, as veias saltando, denunciando a tensão.

— Mesmo agora, a senhora se expõe por minha causa. Poderia facilmente esconder sua posição.

Subitamente, inclinou a cabeça pesadamente, o semblante tomado por pensamentos difíceis de decifrar. Eileen sentia dificuldade em discernir suas intenções sem saber o que fazer, alternava o olhar entre Michelle e o conde.

Michelle, com naturalidade, arrancou o pacote das mãos do conde com um ruído seco.

— Vossa Graça, devemos levar isto para comer em casa? — perguntou, abrindo o saco e tagarelando como se não fosse nada. O Conde, que perdera o saco sem qualquer resistência, manteve a cabeça baixa por um momento. Finalmente, levantou.

Seus olhos brilhavam com uma determinação resoluta. O Conde Domenico deu um sorrisinho, quase como um suspiro:

— Suponho que deveria me tornar um cão.

Eileen não pôde evitar questionar o que ouvira.

— Um cão…?

— Sim. Acredito que me tornar o cão da Arquiduquesa não seria tão ruim. Até poderia ser… agradável.

Eileen, que nunca uma vez sequer considerou ouvir tal proposta vinda do Conde Domenico, ficou profundamente desnorteada com sua declaração. Olhou para Michelle em busca de alguma explicação, mas ela apenas deu de ombros.

Ponderou se haveria alguma nova tendência na etiqueta da qual não estava ciente. 

Ao longe, um veículo militar negro se aproximou. Um homem de uniforme desceu dele com movimentos fluidos, parando em frente à estalagem.

Cesare, esticando suas longas pernas ao tocar o chão, avistou o Conde Domenico e arqueou uma sobrancelha. Compreendendo a situação imediatamente, sorriu para Eileen. Puxando-a para junto de si com naturalidade, perguntou:

— Estava esperando o seu maridinho?

 

Continua…

Tradução: Elisa Erzet 

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Cesare Traon Karl Erzet, o Comandante-Chefe Imperial.
Após três anos de serviço na guerra, ele voltou para propor casamento a Eileen.
Eileen lutou para acreditar que a proposta de casamento de Cesare era sincera.
Afinal, desde o momento em que se conheceram, quando ela tinha dez anos, o homem afetuoso sempre a tratou como uma criança.
— Eu não quero me casar com Vossa Alteza.
Por muito tempo, seu amor por ele não foi correspondido.
Ela não queria que o casamento fosse uma transação.
Foi por causa da longa guerra?
O homem, que normalmente era frio e racional, havia mudado.
Suas ações impulsivas, seu desejo desenfreado por ela — tudo isso era muito estranho.
— Isso só deve ser feito com alguém que você ama!
— Você também pode fazer isso com a pessoa com quem planeja se casar.
Eileen ficou intrigada com essa mudança.
E, no entanto, quanto mais próxima ela ficava de Cesare…
Ela descobriu coisas que desafiavam a razão ou a lógica.
Eileen soube das muitas ações malignas de seu marido pouco tempo depois.
— Eu não pude nem ter o seu corpo, Eileen.
Tudo o que ele fez foi por ela.
Ele se tornou o vilão, apenas por sua Eileen.
Nota: Mesma autora de Predatory Marriage 
Ps: Cesare é o maridinho dessa tradutora aqui ❤️❤️❤️

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