Ler O Marido Malvado – Capítulo 40 Online
O “aroma” pairava denso no ar, despertando um lampejo de confusão nos olhos de Eileen. ‘Ele se referia a algo desagradável?’ Mas, quando seus olhares se encontraram, uma chama lenta se acendeu sob a superfície. Como naquela noite, a mesma intensidade ardente em seus olhos carmesins.
Sem saber se aquilo era provocação brincalhona ou confissão sincera, uma onda de potencial constrangimento ameaçou tomá-la por completo. Incapaz de decifrar o real significado, Eileen desviou o olhar.
Enquanto isso, o ar crepitava com uma tensão não dita. O homem entrou no quarto com passos firmes e decididos, cada movimento ecoando no espaço contido. Ao alcançar o centro, finalmente a soltou. Seu toque, porém, demorou um instante a mais do que o necessário antes que ela recuperasse o equilíbrio.
Ele começou a inspecionar o cômodo novamente, não apenas observando, mas passando as mãos sobre diversos objetos. Pressionou o encosto do pequeno sofá de um só lugar que Eileen costumava ocupar.
Embora fosse perfeito para ela, diante de Cesare o móvel parecia minúsculo, improvável de oferecer apoio adequado às suas costas largas.
Eileen o deixou explorar à vontade, mas interveio rapidamente quando ele se aproximou da estante onde guardava seus diários.
— Hum… Vossa Graça… digo, Cesare. Gostaria de ver isto? — disse, pegando um coelho de pelúcia sobre a cama. — O Sr. Diego me deu de presente.
Agitou a pelúcia com energia. Felizmente, seu gesto desesperado atraiu sua atenção. Talvez ele estivesse apenas fingindo interesse, mas pelo menos conseguiu desviar sua atenção do local sensível.
— Quer ver o banheiro também? Tem coisas bem interessantes lá.
Embora não houvesse nada de especial, Eileen, ansiosa por mudar o foco, tagarelou enquanto o conduzia até o banheiro anexo ao seu quarto.
Cesare riu e a seguiu. No entanto, assim que chegaram, Eileen ficou sem assunto. Após refletir por um instante, apontou repentinamente para a pasta de dente.
— Fui eu que fiz. Bem, não totalmente do zero…
Ela havia apenas misturado algumas ervas à pasta de dente em pó comprada pronta. Era um presente que costumava agradar por ser refrescante.
Enquanto Cesare a ouvia com atenção, Eileen tentava resistir ao impulso de entrar em detalhes sobre as ervas, seus ingredientes, efeitos e aparências. Enquanto lutava com suas palavras, Cesare inexplicavelmente sorriu.
— Como se usa?
— Ah… é só escovar os dentes normalmente…
— Me mostre.
Com o pedido repentino, Eileen respondeu sem pensar:
— Quer experimentar também, Cesare?
Não esperava que aceitasse, mas ele concordou prontamente.
Ficaram lado a lado diante da pequena pia, experimentando a pasta. Tudo, parecia feito sob medida para Eileen. Apesar do desconforto, Cesare seguiu seus movimentos sem reclamações.
Sob as mangas arregaçadas, os músculos do antebraço, se contraíam e relaxavam a cada movimento. A água escorria por seus braços fortes, gotejando pelas pontas dos dedos. Era um ato banal, ainda assim, Eileen se viu hipnotizada.
Cesare, sempre cuidadoso, terminou a escovação e voltou o olhar para Eileen. Estremeceu ao perceber que havia sido flagrada o observando.
Como uma ladra pega no flagra, Eileen saiu do banheiro apressadamente, sem que ele dissesse uma palavra. Caminhou sem prestar atenção e tropeçou no sofá.
Caiu desajeitadamente sobre o móvel, uma perna no chão, a outra jogada por cima do apoio lateral. Tentou se recompor rapidamente, mas uma pressão constante em suas costas a impediu de se mover. Cesare a segurava com firmeza, não com força, mas o suficiente para impedir que se levantasse.
A princípio, pensou que fosse uma brincadeira. Contudo, a maneira como ele permanecia ali, sem se mover, a inquietou. A pressão aumentou um pouco, dificultando sua respiração.
— C-Cesare…? — um sussurro trêmulo escapou de seus lábios:
Mas ele permaneceu em silêncio. Apenas soltou um longo suspiro. Quando Eileen finalmente reuniu coragem para falar novamente, ele se adiantou:
— A partir de agora… — disse. O tom era de leve repreensão, como o de um pai corrigindo uma criança. — Mesmo que alguém peça, nunca permita que entrem no seu quarto.
A voz baixa e séria carregava um fio cortante de seriedade. Eileen respondeu de imediato:
— Ninguém jamais entrou no meu quarto além de você. Nem mesmo meu pai.
Não que ela o tivesse proibido, ele simplesmente nunca demonstrou interesse no quarto da filha.
— Então, não precisa se preocupar.
Ela esperava que Cesare a elogiasse, como se fosse uma criança que se comportou bem. No entanto, ele permaneceu em silêncio, apenas estendendo o outro braço.
Inclinando seu corpo largo sobre o encosto do sofá, projetou uma sombra sobre ela, aproximando-se ainda mais. Envolvendo-a quase por completo, levou os lábios até seu ouvido e sussurrou:
— E você… não está preocupada com o que eu posso fazer?
Eileen tentou virar a cabeça para encará-lo, mas a voz firme de Cesare a deteve:
— Não vire o rosto, Eileen.
Obedeceu na hora, voltando a olhar fixamente para o tecido do sofá.
— Mas é você Cesare. — respondeu com tranquilidade.
Ela o deixara entrar em seu quarto porque era ele. Alguém em quem confiava plenamente, que jamais a machucaria.
Mesmo que o homem cometesse algo imperdoável, ela aceitaria. As advertências que ele fizera sobre morte ou danos irreversíveis seriam suportáveis, contanto que viessem do homem.
‘Minha vida pertence somente a você, Cesare.’
Como sua mãe antes dela, Eileen estava disposta a sacrificar tudo por ele. Embora parecesse que Cesare não precisava de sua vida, restava-lhe apenas a própria devoção.
Durante o ataque na estufa, o homem havia lhe dito para não se arriscar por ele. Mas, se tal situação acontecesse, Eileen morreria sem hesitar.
Embora seja improvável.
Cesare era forte, imponente, capaz de se proteger e cercado de soldados fiéis.
Eileen, por outro lado, não tinha nada a oferecer. Até seu plano mais ousado envolvendo morpheu tinha falhado, causando mais problemas para o homem.
— Você poderia me matar ou causar um dano irreparável ao meu corpo. Mas, Cesare, você não faria isso sem um motivo. E, se chegasse a esse ponto, a culpa seria minha.
Ela articulou seus pensamentos com calma, acreditando que, ao dizer aquilo, deixava claro que não era uma criança ingênua que o havia deixado entrar em seu quarto por capricho ou imprudência. Sentia até um certo orgulho por conseguir expressar sua confiança e lealdade ao homem de forma tão firme.
Mas o peso sobre suas costas mudou de forma repentina. Cesare se inclinou, seus movimentos lentos e deliberados. O contato do peito firme a fez estremecer. Em seguida, uma onda de calor se espalhou por baixo, o peso dos quadris dele agora pressionava firmemente sua bunda.
Eileen prendeu a respiração, olhos arregalados por um misto de choque e uma sensação indefinível.
Atordoada demais para falar, tudo o que conseguiu emitir foram suspiros ofegantes. Cesare se aproximou ainda mais, o hálito quente roçando seu ouvido.
— Então… isso também é culpa sua? — o homem murmurou, com voz rouca.
Uma leve mordida em seu lóbulo fez Eileen estremecer. Não era dor, mas uma consciência intensa da proximidade dele, do seu poder. A língua quente desenhou um traço delicado na borda da orelha, enviando arrepios pela espinha.
Eileen, paralisada, tentou escapar, mas cada tentativa era respondida com mais pressão.
Um sutil movimento de seus quadris fez o velho sofá estremecer, arrancando dela um gemido involuntário. Ele mordeu o lóbulo com força, como se a estivesse punindo.
— A-Ah…!
A dor trouxe lágrimas aos seus olhos. Ela parou de resistir e ficou imóvel no sofá, tremendo enquanto tentava se explicar com a voz trêmula.
— E-Espera, não era isso que eu queria dizer. Acho que não é minha culpa, ahn, por favor, não lambe aí…!
A invasão quente e úmida preencheu seu canal auditivo. A língua, como uma serpente exploradora, provocava arrepios aterrorizantes e, ao mesmo tempo, estranhamente excitantes. Os sons lascivos, amplificados dentro do espaço fechado do ouvido, se tornaram um turbilhão embriagador para seus sentidos. A respiração falhou por um instante, e o mundo ao redor se dissolveu em calor pulsante e uma luta desesperada por controle.
Continua…
Tradução: Elisa Erzet
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Cesare Traon Karl Erzet, o Comandante-Chefe Imperial.
Após três anos de serviço na guerra, ele voltou para propor casamento a Eileen.
Eileen lutou para acreditar que a proposta de casamento de Cesare era sincera.
Afinal, desde o momento em que se conheceram, quando ela tinha dez anos, o homem afetuoso sempre a tratou como uma criança.
— Eu não quero me casar com Vossa Alteza.
Por muito tempo, seu amor por ele não foi correspondido.
Ela não queria que o casamento fosse uma transação.
Foi por causa da longa guerra?
O homem, que normalmente era frio e racional, havia mudado.
Suas ações impulsivas, seu desejo desenfreado por ela — tudo isso era muito estranho.
— Isso só deve ser feito com alguém que você ama!
— Você também pode fazer isso com a pessoa com quem planeja se casar.
Eileen ficou intrigada com essa mudança.
E, no entanto, quanto mais próxima ela ficava de Cesare…
Ela descobriu coisas que desafiavam a razão ou a lógica.
Eileen soube das muitas ações malignas de seu marido pouco tempo depois.
— Eu não pude nem ter o seu corpo, Eileen.
Tudo o que ele fez foi por ela.
Ele se tornou o vilão, apenas por sua Eileen.
Nota: Mesma autora de Predatory Marriage
Ps: Cesare é o maridinho dessa tradutora aqui ❤️❤️❤️