Ler O Marido Malvado – Capítulo 22 Online

Foi um golpe de sorte.

Após cumprir seus deveres guardando a casa de tijolos, Michelle recebeu um convite de Eileen.

Eileen havia convidado os cavaleiros para sua casa oferecendo um jantar suntuoso, com uma ausência notável, a de seu superior, Cesare.  

Embora os cavaleiros do Grão-Duque jurassem lealdade inabalável ao seu mestre, ansiavam ocasionalmente por um pouco de relaxamento e diversão.  

Diego executou um plano elaborado:

Apenas os cavaleiros do Grão-Duque se reunirão na casa da futura Grã-Duquesa para jantar, exceto o próprio Grão-Duque.

Ele sentiu que era hora de se reconectar com seus companheiros.

— Eileen te enviou o convite?

Quando o convite foi apresentado a ele, Senon reagiu com entusiasmo. Tanto que ele amassou inadvertidamente o canto do relatório que deveria entregar a Cesare.

Senon era o único nobre entre os cavaleiros do Grão-Duque. Dotado de habilidades excepcionais, ele servia como tenente sob o comando de Cesare. Desta vez, ele também assumiu a organização dos dados de pesquisa descobertos no laboratório de Eileen. 

Consultou diversos especialistas em leis sobre regulamentações de drogas e a imunidade do Grão-Duque.  

Enquanto isso, Eileen trabalhava incansavelmente sozinha, fazendo horas extras para garantir que tudo estivesse perfeito antes de seu casamento.  

Mas até alguém tão dedicado quanto Senon, que vinha lutando sem descanso, não poderia ignorar uma notícia tão surpreendente como: “Apenas os cavaleiros do Grão-Duque se reunirão na casa da futura Grã-Duquesa para jantar, exceto o próprio homem.”

Ele já se sentia injustiçado por não poder comparecer a eventos sociais antes. Não poderia perder essa oportunidade e estava determinado a participar.

— Com certeza. Eu irei Mesmo que tenha que fazer horas extras por uma semana inteira para compensar…

Enquanto Senon resmungava para si, abatido, Diego brincava com o coelho de pelúcia com entusiasmo. Estava cheio de algodão importado e sua textura era impressionante. Apenas tocar o coelho macio, já trazia uma sensação de conforto.

Vendo Diego, um sujeito robusto, abraçando a pelúcia com satisfação, Senon não resistiu a um comentário sarcástico.

— Eileen já tem vinte e um anos. O que ela vai fazer com uma pelúcia?

— A senhorita certamente vai adorar.

Diego respondeu com naturalidade, insinuando que Senon é que não tinha sensibilidade. O fato de ninguém reconhecer seu presente esplêndido era mais uma lamentação.  

— Emergência!

Nesse momento, Michelle entrou correndo no escritório.

— A senhorita foi sequestrada!

Com seu grito, Senon deixou os documentos caírem, e Diego largou a pelúcia, ambos correndo para fora do escritório.

No andar térreo da residência do Grão-Duque, soldados já se reuniam, e Cesare recebia um relatório de Lotan.  

Embora tivessem retirado os soldados que faziam guarda na casa de tijolos, mantinham segurança em locais onde os olhos de Eileen não podiam vê-los, para o caso de qualquer imprevisto.

Mas todos esses oficiais haviam sido mortos. Durante a troca de turno, encontraram seus corpos, despidos de seus uniformes, e logo relataram o sequestro.

— Confirmamos que há um traidor entre os altos escalões do exército e estamos investigando.

Diego, ao relatar a traição, olhou imediatamente para Cesare.  

Diferente dos soldados, abalados pela traição de um superior, Cesare parecia extremamente calmo.  

No entanto, suas íris vermelhas, normalmente serenas, brilhavam com um fulgor diferente do habitual. Ele estava apenas mantendo uma fachada de compostura.

Após ouvir o relatório de Lotan, Cesare ficou em silêncio por um momento.  

— … Algo mudou. Com a situação alterada, posso não estar mais sob o controle.

Após proferir essas palavras enigmáticas, Cesare imediatamente deu uma ordem.

— Vão até o Presidente do Senado.

O Presidente do Senado, o Marquês Menegin, era um ex-comandante militar.

Na época em que Cesare ainda era príncipe herdeiro, o Marquês liderava o exército como comandante.

Ele frequentemente levava Cesare para o campo de batalha, às vezes até se apropriando de algumas conquistas de Cesare.

Com a reputação que conquistou dessa forma, ele ascendeu ao cargo de Presidente do Senado e se tornou uma figura central na facção anti-monarquista.

Senon fez um gesto rápido para Lotan, que se opôs à ordem de Cesare.  

— É difícil considerar o Marquês como culpado.

Embora fosse uma figura notória, o Marquês não chegara àquela posição por sorte. Era habilidoso em manobras políticas. Ele não arriscaria sua carreira, muito menos sua vida por um ato tão insensato.  

— Não é ele, é o genro dele.

— …!

Com a afirmação repentina de Cesare, os cavaleiros entenderam tudo.  

O Marquês Menegin, que por muito tempo não tivera filhos, conseguira enfim ter uma filha na velhice.  

Ele desejava passar tudo para ela, mas, segundo a lei imperial, mulheres não podiam herdar títulos.

Por isso, trouxera um jovem talentoso membro da nobreza como genro, a fim de prepará-lo como seu sucessor político.

Embora cuidadosamente escolhido, o Marquês ignorou um detalhe crucial, seu genro, Matteo, era mais ambicioso do que o próprio Marquês.

Insatisfeito apenas com o nome Menegin, Matteo desejava poder e riqueza. Assim, começou a importar maconha, uma planta desconhecida no império.

Aproveitando a influência dos Menegin, o contrabando tornou relativamente fácil. Matteo misturou a maconha com outras ervas, criando uma nova droga, e começou a vendê-la aos poucos.  

Todas as novas drogas que circulavam nas ruas de Fiore eram produtos de Matteo.

Ao distorcer as rotas comerciais de várias maneiras para evitar ser rastreado, Matteo acreditava ter coberto seus rastros.

No entanto, Cesare identificou Matteo como o traficante mesmo sem informações concretas.

Embora já soubesse há muito tempo, Cesare permitiu que Matteo continuasse até que ele acumulasse uma grande quantia de dinheiro.

Matteo acreditava que tudo corria bem, mas, na verdade, estava caindo em uma armadilha.  

Cesare só confrontou Matteo quando ele estava completamente encurralado.

Era um escândalo de drogas capaz de derrubar até mesmo o sogro.  

Matteo tentou resistir no último momento, mas já era tarde demais — ele havia caído nas garras de Cesare.

Percebendo que sua vida estava acabada, Matteo enlouqueceu e sequestrou Eileen na tentativa de se vingar de Cesare.

O Marquês Menegin não sabia de nada.

No entanto, a ignorância não o livraria das consequências. Ele pagaria por sua negligência.  

— Vossa Graça Erzet!

O Marquês rugiu ao descer a escada solitária.

A residência estava iluminada como se fosse dia, devido à chegada súbita dos soldados no meio da noite.  

Usando um tapa-olho e mancando, o velho descia os degraus, brandindo sua bengala com fúria contra os soldados invasores.  

— Seus miseráveis…! Sabem onde estão!

Cesare atirou, impassível. A bala atingiu com precisão o pesado lustre no teto, que despencou no chão de mármore.  

Crash!

Estilhaços se espalharam pelo salão, ofuscando a presença impotente do Marquês. Cesare se aproximou dele.

— Marquês Menegin.

Ele pressionou o cano da arma ainda quente no tapa-olho do marquês.

O homem, que antes rugia, calou-se imediatamente. Reconheceu o perigo nos olhos vermelhos de Cesare.

— Por que, porque está fazendo isso…?

— Onde fica a vila que o senhor deu de presente ao seu genro, Matteo?

Surpreso com a pergunta inesperada, o Marquês revelou rapidamente o local assim que ouviu Cesare recarregando a arma.

— Fica cerca de trinta minutos de carro daqui!

— Mostre o caminho.

Cesare baixou a arma e gesticulou com a cabeça. Lotan levantou o Marquês pelos ombros.

— Eu o acompanharei, Vossa Graça.

Sem escolha, o velho foi levado até a vila. Chegaram em dez minutos — um trajeto que normalmente levaria meia hora.

Ao sair do carro, o Marquês vomitou. Ninguém deu atenção ao velho homem fragilizado. 

Uma luz fraca vazava da vila. Cesare fez um gesto sutil. Atiradores de elite se aproximaram.  

Com muitas janelas, foi fácil encontrar um ponto de vantagem para os franco-atiradores. Assim que Michelle sinalizou que estavam prontos, Cesare ordenou o disparo.

Tiros ecoaram.

A vila foi preenchida com os gritos dos homens que perderam as pernas. Ignorando-os, Cesare caminhou sozinho para dentro da vila.

Seu passo era rápido, urgente — diferente de sua calma habitual.  

Continua…

Tradução Elisa Erzet