Ler O Marido Malvado – Capítulo 65 Online
A aversão à magia negra era profunda. Enquanto Senon refletia sobre o assunto, de repente se lembrou da falecida mãe de Cesare.
Após cair em desgraça perante o Imperador, ela sucumbiu à loucura, recorrendo a diversas formas de feitiçaria numa tentativa desesperada de reconquistar o seu afeto. Quando todos os seus esforços falharam e a sua irritabilidade crescia a cada dia, ela iniciou um novo romance com um amante mais jovem, um cavaleiro do palácio quinze anos mais novo.
O cavaleiro, que admirava Cesare, se aproximou da mãe com segundas intenções. Ao se tornar seu amante, também conquistou um acesso mais próximo a Cesare.
Embora o relacionamento estivesse longe do ideal, representava uma melhora significativa em relação à completa falta de contato anterior. O cavaleiro havia alcançado seu objetivo.
Profundamente apaixonada por seu novo amante, a mãe começou a negligenciar Cesare. Esta mudança, embora prejudicial para o seu novo relacionamento, acabou beneficiando Cesare, que ocasionalmente demonstrava interesse no cavaleiro como um gesto de boa vontade.
Contudo, a tragédia ocorreu quando o cavaleiro morreu inesperadamente em batalha. Desesperada para ressuscitar o amante falecido, a mãe recorreu à bruxaria. Se entregou a práticas bizarras mais uma vez, chegando ao ponto de até tirar o sangue de Cesare, alegando que era necessário para seus rituais.
Mas os mortos não podem ser trazidos de volta à vida.
Essa é uma lei imutável, e a mãe, que persistiu em atos sem sentido, acabou se enforcando, tirando a própria vida. O primeiro a descobrir sua escolha, incapaz de suportar o seu desespero, foi o príncipe gêmeo.
Nem Cesare ou Leone se mostraram chocados e tristes com o suicídio da mãe. Parecia quase um desfecho inevitável, e eles o aceitaram com uma calma impressionante.
No dia do funeral, não houve luto — apenas uma estranha sensação de alívio. O próprio Senon sentiu uma silenciosa satisfação com sua morte. A mãe havia sido um grande obstáculo no caminho de Cesare.
Revisitar aquelas memórias antigas era sufocante. Enquanto Senon tentava afastar os pensamentos perturbadores, uma ideia repentina começou a tomar forma.
Foi como se todas as pistas desconexas que reuniu começassem a se alinhar. Senon falou pausadamente:
— … Quer sair para beber?
Lotan aceitou prontamente a sugestão espontânea de Senon.
Originalmente, Senon deveria regressar à Mansão Erzet para discutir vários assuntos relacionados a Morpheu com Eileen. No entanto, a reunião com os juízes se prolongou devido à teimosia deles, fazendo com que o trabalho levasse muito mais tempo do que o esperado. Como resultado, Senon teve de adiar a sua visita à Mansão e planejar sua ida para a manhã seguinte.
Para aproveitar ao máximo o tempo livre inesperado, os dois cavaleiros decidiram visitar uma taberna e convidaram Diego e Michelle para se juntarem a eles.
Embora se sentassem num barulhento canto da taberna, os quatro chamavam a atenção de todos. Os uniformes militares bem talhados e suas figuras altas e imponentes os destacavam dos demais clientes. Indiferentes aos olhares, pediram uma cerveja cada e beberam de um só gole.
— Ah, agora sim, me sinto viva. — disse Michelle, rindo enquanto acendia um cigarro.
Diego, arregaçando as mangas e revelando uma tatuagem no antebraço, olhou para Senon e perguntou:
— Por que nos chamou?
— Para falar sobre meus delírios.
Michelle fez um sinal de desaprovação com o polegar e um “pool”, mas os outros cavaleiros, tipicamente brincalhões, se concentraram atentamente nas palavras de Senon. Como tenente de confiança de Cesare, ele já havia elaborado com sucesso inúmeras estratégias, e os cavaleiros frequentemente dependiam da sua experiência para assuntos importantes. Todos eles confiavam cegamente em seu discernimento.
Senon colocou um papel amassado sobre a mesa.
— Ouçam. Como eu disse, tudo isto pode ser apenas um delírio meu.
Apesar da sua afirmação confiante de ser um delírio, os cavaleiros puseram de lado o seu humor habitual e se concentraram nas palavras de Senon. Eles tinham grande respeito por sua percepção e conhecimento.
— Tenho pensado muito sobre o motivo da mudança do Arquiduque.
Senon escreveu no verso do papel com seu inseparável lápis:
[Presente – ?? – Futuro]
Ele escreveu “7 anos” em cima do “??”.
— Lembram do que foi dito, sete anos?
Todos recordaram a frase que Cesare pronunciou antes de decapitar o rei Kalpen.
— Sete anos atrás.
Com os cavaleiros assentindo, Senon prosseguiu:
— Parece que as memórias do Arquiduque são diferentes das nossas. Desde a sua mudança, ele tem exibido uma percepção anormalmente aguçada das coisas, quase como se soubesse o futuro. Com base nas suas palavras e ações até agora, esta é a impressão que tenho.
Senon desenhou uma linha do futuro de volta para o presente.
— Parece que o Arquiduque voltou do futuro para o presente devido a algum acontecimento. E acredito que esse evento esteja relacionado à Senhorita Eileen.
Senon enfatizou mais uma vez: — É tudo apenas um delírio.
Observou as expressões dos cavaleiros. Não havia sinal de incredulidade ou escárnio, em vez disso, todos ouviam com olhos sérios e atentos. Apesar das suas discussões habituais, os cavaleiros tinham uma confiança inabalável na percepção de Senon.
Mesmo quando Senon se aventurava em ideias absurdas, os cavaleiros mantinham uma confiança inabalável nele — algo que o tocava profundamente.
— Hipotecnicamente… Se considerarmos essa linha de pensamento, então talvez algo catastrófico tenha acontecido à Senhorita Eileen, levando o Arquiduque a voltar no tempo. — Senon hesitou antes de continuar com cautela.
— Talvez… algo como uma sentença de morte.
O silêncio caiu sobre a mesa. Depois de observar o local, Lotan foi o primeiro a quebrá-lo.
— Se for esse o caso, como isso seria possível?
— Para sustentar esta ideia, precisaríamos de um método extraordinário. Inicialmente considerei magia negra, mas dada a aversão do Arquiduque por tais coisas, parece improvável…
— Pode ser magia negra.
A resposta imediata de Diego surpreendeu Senon. Vendo os rostos perplexos dos seus colegas, Diego continuou, tocando na orelha onde as marcas de piercings ainda eram visíveis.
— Talvez não no passado, mas o atual Arquiduque parece… capaz de tais coisas.
Mesmo que Cesare tivesse amado e cuidado de Eileen antes, o seu comportamento desde a mudança, se tornou inquietante. A sua preocupação e seus cuidados com ela se transformou de afeição em algo muito mais intenso e assustador.
— Se, como você sugere, a senhorita Eileen passou por tal evento… então o Arquiduque…
As palavras de Diego desapareceram, e Lotan concluiu em voz baixa.
— Ele certamente teria virado o mundo de cabeça para baixo.
Mesmo que isso significasse recorrer à magia negra que tanto despreza.
O silêncio voltou. Após alguns goles saboreando suas bebidas enquanto refletiam, Michelle perguntou de repente:
— Então, o que o nosso senhor realmente quer? A segurança da Senhora Eileen? Isso não parece suficiente.
Michelle franziu a testa enquanto segurava a sua caneca de cerveja.
— Vingança, talvez.
Diego anuiu em concordância, acrescentando à declaração de Michelle.
— Dado o temperamento do Arquiduque, a vingança parece um motivo plausível.
Lotan, com as sobrancelhas cerradas, acrescentou:
— Agora que penso nisso, o Arquiduque fez recentemente alguns comentários estranhos…
— O que ele disse? — Perguntou Senon.
— Disse que matar todos foi um erro, que foi rápido demais e agora está difícil encontrar os outros.
Lotan apontou para a seção “futuro” da linha do tempo improvisada.
— Os espiões do Reino de Kalpen tentaram executar a senhorita Eileen. Ela morreu, e o Arquiduque buscou vingança, eliminando todos os envolvidos.
Lotan proferiu estas palavras sombrias com naturalidade, depois mudou o dedo para a secção “presente”.
— Agora, ele não pode agir como quer. Só pode eliminar quem está diretamente envolvido. Mas parece que o Arquiduque…
Lotan olhou para os outros e concluiu em voz baixa:
— Não conhece todos os mentores por trás da execução.
O laboratório do Arquiduque era um lugar que parecia dar vida aos sonhos de Eileen. Os materiais de pesquisa confiscados estavam meticulosamente organizados com perfeição, e várias ferramentas caríssimas preenchiam o espaço. Era um ambiente fascinante — mas Eileen não conseguia apreciá-lo por completo.
Parte disso vinha do que ouvira de Senon antes de ser mostrado seu novo laboratório. Senon elogiou com entusiasmo as virtudes de Morpheu, assegurando-lhe que, uma vez concluída a pesquisa, esta seria anunciada publicamente por todo o império.
Dada a natureza das matérias-primas, ela inevitavelmente enfrentará um julgamento assim que a pesquisa se tornasse pública. No entanto, Senon lhe assegurou que tomou todas as medidas necessárias para garantir um resultado favorável, e pediu para não se preocupar.
— Contudo, se tem medo do julgamento, deve abandonar a pesquisa do Morpheu, — disse Senon.
Diante da escolha entre continuar ou desistir, Eileen hesitou apenas por um momento. Mas, na verdade, a decisão já estava tomada desde o início.
— Eu… vou tentar.
Eileen resolveu.
Senon ficou satisfeito e apoiou a decisão. Eileen acreditara que era a escolha certa, mas o medo era inevitável.
Agora, encontrava-se em uma posição em que poderia desferir um golpe fatal ao Arquiduque. Por mais que se esforçasse, o resultado era incerto — e a ansiedade a consumia.
Mas ela não podia se entregar inteiramente a esses temores — graças inteiramente ao próprio Arquiduque.
— …
Eileen moveu o garfo e a faca lentamente, olhando para o Arquiduque sentado à sua frente. Nos últimos dias, ela viu o homem todos os dias sem exceção.
Se encontravam pelo menos uma vez por dia, seja no café da manhã, ou tarde da noite, no quarto. Apesar da sua presença constante, ainda parecia surreal
Enquanto o observava, cortou a ponta do aspargo assado e o levou à boca. Fechou os olhos, dominada por uma sensação peculiar.
O homem, que estava saboreando seu chá e lendo o jornal, olhou imediatamente para cima e perguntou.
— Aconteceu alguma coisa?
— Ah, não é nada… apenas…
Eileen gaguejou, oferecendo uma desculpa vaga enquanto se apressava a concentrar-se no seu espargo. Mas o olhar do marido permaneceu fixo nela, e ele falou novamente.
— Seja honesta, Eileen.
— … É só que… está me incomodando, —admitiu, corando. — Talvez seja por causa da pomada…
Desde aquele dia, o Arquiduque examinava a condição de Eileen diariamente. Ele afastou suas pernas, inspecionava a área, aplicando a pomada sem falha.
Apesar da sua agenda incrivelmente ocupada, o Arquiduque dividia meticulosamente o seu dia para tratar destes assuntos. Ele assegurava pessoalmente que a pomada fosse aplicada, mesmo que isso significasse acordar Eileen do seu sono ao amanhecer.
Por causa disso, Eileen era submetida a um tormento quase noturno. Os dedos do homem, que supostamente eram para cura, faziam seu corpo arder de desejo. Cada tratamento terminava à beira de um clímax ambíguo sem alívio.
À medida que isto continuava dia após dia, Eileen começou a experimentar o tesão persistente, mesmo durante o dia. Enquanto estudava o conhecimento necessário para o seu papel de Arquiduquesa com Sonio e respondia às cartas, seus pensamentos frequentemente se perdiam em fantasias safadas.
Assim, Eileen aguardava ansiosamente pela recuperação total do seu corpo, ansiando que o Arquiduque finalmente fizesse amor com ela. A memória de tremer de medo na sua noite de núpcias parecia um passado distante.
‘Espero que esse tratamento termine em breve…’
Perdida nestes pensamentos naquela manhã brilhante, Eileen foi abruptamente trazida de volta à realidade pela voz doce do homem.
— Hoje é o sétimo dia.
Como ele disse, hoje marcava o sétimo dia desde o seu casamento e era o dia em que Eileen visitaria o Palácio Imperial para receber o título de Arquiduquesa.
O Arquiduque dobrou o jornal com seus longos dedos. Eileen seguiu o movimento com os olhos antes de finalmente olhar para ele. Ele pousou o jornal sobre a mesa e perguntou, sua voz gostosamente calma:
— Vamos pular a pomada esta noite?
Continua…
Tradução: Elisa Erzet
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Cesare Traon Karl Erzet, o Comandante-Chefe Imperial.
Após três anos de serviço na guerra, ele voltou para propor casamento a Eileen.
Eileen lutou para acreditar que a proposta de casamento de Cesare era sincera.
Afinal, desde o momento em que se conheceram, quando ela tinha dez anos, o homem afetuoso sempre a tratou como uma criança.
— Eu não quero me casar com Vossa Alteza.
Por muito tempo, seu amor por ele não foi correspondido.
Ela não queria que o casamento fosse uma transação.
Foi por causa da longa guerra?
O homem, que normalmente era frio e racional, havia mudado.
Suas ações impulsivas, seu desejo desenfreado por ela — tudo isso era muito estranho.
— Isso só deve ser feito com alguém que você ama!
— Você também pode fazer isso com a pessoa com quem planeja se casar.
Eileen ficou intrigada com essa mudança.
E, no entanto, quanto mais próxima ela ficava de Cesare…
Ela descobriu coisas que desafiavam a razão ou a lógica.
Eileen soube das muitas ações malignas de seu marido pouco tempo depois.
— Eu não pude nem ter o seu corpo, Eileen.
Tudo o que ele fez foi por ela.
Ele se tornou o vilão, apenas por sua Eileen.
Nota: Mesma autora de Predatory Marriage
Ps: Cesare é o maridinho dessa tradutora aqui ❤️❤️❤️