Ler O Marido Malvado – Capítulo 61 Online
Eileen permanecia felizmente alheia aos acontecimentos daquele dia. Cesare havia instruído a senhora Elrod, a manter a verdade em segredo. Ele sabia que as lágrimas certamente cairiam se descobrisse que ele havia abandonado seu posto para salvá-la e, por isso, suportado o chicote do Imperador.
Desde o primeiro encontro, Eileen fora uma criatura propensa às lágrimas. Muitas vezes, as razões escapavam à compreensão de Cesare. Uma planta querida que murchava, um arranhão insignificante em sua pele, qualquer detalhe mínimo era suficiente para desencadear uma enxurrada de emoções, mergulhando-a em um estado de desespero.
Incapaz de decifrar seu delicado universo emocional, Cesare simplesmente aceitava, registrando essa peculiaridade em sua memória. Preservar a visão angelical que ela tinha dele era um desafio constante. Naturalmente, isso o levava a esconder muitas coisas, protegendo seus olhos inocentes das realidades severas do mundo, tanto do passado quanto do presente.
Cesare a observava. Eileen parecia prestes a chorar. Seus olhos verde-dourados, geralmente tão luminosos, brilhavam cobertos por lágrimas contidas. Um pensamento perturbador cruzou sua mente, a vontade de lamber suas lágrimas, mas ele o baniu de imediato, enxugando delicadamente seus cílios úmidos com a ponta dos dedos.
Eileen estremeceu levemente, mas não se afastou. Testemunhar sua luta para conter as lágrimas era angustiante, mas intervir parecia inútil. Ele precisava começar a dessensibilizá-la, preparando-a gradualmente para a inevitável revelação da verdade. Afinal, seu maior segredo sempre teve um prazo de validade.
— Eileen… — Cesare murmurou suavemente, enquanto a envolvia em um abraço gentil com a mão macia e sem cicatrizes. Sentindo o calor em sua palma, sussurrou: — Aplique a pomada.
Hesitante, Eileen estendeu a mão e, com os lábios trêmulos, murmurou:
— Não tem cicatrizes… nem feridas em você…
Era, à sua maneira, uma corajosa forma de contestação. Franzindo a testa, Cesare respondeu imediatamente:
— Então vamos fazer uma agora.
Enquanto procurava uma faca no laboratório, Eileen se agitou como um passarinho em pânico.
— Não! Eu vou aplicar a pomada! Por favor, não faça isso!
Ele riu de sua resposta assustada e trêmula. Eileen lavou rapidamente as mãos, pegou um pouco da pomada e aplicou cuidadosamente na palma dele.
A pele lisa recebeu a camada opaca e branca. Cesare a observava com atenção, enquanto ela se concentrava em espalhar a pomada sem propósito.
Ao sentir o peso do seu olhar, Eileen levantou a cabeça de forma sutil. Quando seus olhares se encontraram, Cesare perguntou, como se estivesse esperando:
— Devo aplicar a pomada na minha esposa também?
De olhos arregalados, Eileen respondeu, perplexa:
— Onde…?
Brincando, como um menino provocando a garota de quem gosta, Cesare respondeu com um sorriso travesso:
— Lá embaixo.
Esgotada, Eileen retornou ao palácio. Os detalhes que Cesare havia escondido no laboratório se dissolveram em sua memória, substituídos apenas pela sugestão inusitada de aplicar a pomada “lá embaixo”.
Ainda havia nela um leve formigamento, resquício de sua apaixonada primeira noite juntos, mas a ideia de tal aplicação lhe parecia impensável. O simples pensamento dos dedos dele explorando aquele espaço íntimo a deixava perturbada.
De volta à carruagem, Eileen lançou-se em uma explicação fervorosa, detalhando meticulosamente por que seus cuidados eram desnecessários. Felizmente, Cesare cedeu, abandonando sua sugestão brincalhona.
— E quanto a Senon? — perguntou Cesare ao chegarem ao palácio.
Sonio, que os aguardava, recebeu o sobretudo do seu senhor, respondeu:
— Ele acaba de sair do palácio.
— Entendo… Vai demorar um pouco até chegar. Preciso mostrar o novo laboratório…
Cesare interrompeu-se, com uma expressão de dúvida, antes de dizer que Senon deveria ouvir primeiro uma breve explicação sobre Morpheu antes da visita.
— Espere um momento, e depois vamos inspecionar o laboratório, Sonio.
— Sim, Vossa Graça.
Com um simples chamado, Sonio compreendeu exatamente o que Cesare queria. Sorrindo gentilmente, conduziu Eileen para outro aposento.
— Minha senhora, posso tomar um pouco do seu tempo?
Enquanto Cesare seguia para o escritório, para concluir tarefas pendentes, Eileen conversava com Sonio, até a chegada de Senon.
Durante a conversa, Sonio informou Eileen sobre vários assuntos importantes.
— Como sabe, em alguns dias a senhora entrará formalmente no Palácio Imperial para receber o título Erzet.
Ainda era “Eileen Elrod”. Segundo a lei imperial, só poderia receber formalmente o título do marido após a cerimônia de casamento e um período de espera de sete dias.
No sétimo dia, entraria no palácio e receberia o título “Erzet” diretamente do Imperador Leone.
Embora já tivessem trocado votos matrimoniais, essa tradição tinha raízes no mito fundador do Império Traon.
Conforme a lenda, o Imperador fundador de Traon era um príncipe abandonado. Criado com leite de leoa nas terras selvagens. Jurou estabelecer seu próprio reino, foi justamente no local onde fincou sua bandeira pela primeira vez que hoje se ergue a praça central da capital.
Os deuses abençoaram seu nascimento enviando um leão alado, símbolo eterno do Império.
A nação prosperou rapidamente e logo se proclamou um império. O ambicioso governante, que conquistara continentes sem hesitação, finalmente se apaixonou.
Ela foi a única que fez o Imperador, implacável em suas conquistas, fazer uma pausa. Ele deixou de lado sua espada ensanguentada por causa dela e permaneceu em seu reino.
O homem desejava se casar com ela imediatamente ansioso por torná-la sua Imperatriz, mas uma profecia interveio. Afirmando que ele deveria esperar sete anos. No entanto, o jovem Imperador desafiou a profecia e realizou um grande casamento imediatamente.
Mas a felicidade durou apenas um dia. Na manhã seguinte às festividades, a jovem morreu em seus braços, vomitando sangue.
Devastado, o imperador abraçou seu corpo sem vida e jejuou no templo, rezando diante do símbolo divino do leão alado.
Ele se arrependeu por sua desafiadora imprudência da profecia e implorou para trazer de volta a mulher que amava da morte.
Sofrendo a perda, ameaçou que, se suas preces não fossem atendidas, traria a morte sobre todos.
Na sétima noite, sua oração foi ouvida. O deus prometeu devolver a vida à imperatriz se o soberano suportasse sete provações.
Foram sete anos de sacrifícios extenuantes. Ao fim, após superar cada tormento, conseguiu ressuscitar sua amada. Viveram juntos desde então, até morrerem no mesmo dia, à mesma hora.
Em homenagem a esse amor imortal, o povo transformou os sete anos exigidos pela profecia em apenas sete dias de espera.
— Já preparei o vestido que a senhora usará.
Assegurou Sonio, recordando o evento próximo e as responsabilidades vindouras.
Eileen assentiu, ainda refletindo sobre a lenda. Após hesitar um pouco, perguntou:
— Como Arquiduquesa, não terei deveres a cumprir?
Percebendo que Sonio poderia não mencionar imediatamente, Eileen pressionou:
— Agora que sou a Arquiduquesa, haverá muitas responsabilidades, certo?
Sonio pareceu momentaneamente desconfortável, como se estivesse escondendo algo. Eileen cerrou os punhos, determinada.
— Quero ser útil. Talvez Sua Graça não pense assim, mas…
— Não, minha senhora. — interrompeu Sonio, gentilmente.
Ainda se acostumando ao novo título, Eileen esperou que ele continuasse.
— O Arquiduque simplesmente ordenou que a Senhora fosse informada gradualmente à medida que se adapta. Eu deveria ter explicado antes. Perdoe este velho, que apenas quis prezar pelo seu conforto.
Comovida pelo cuidado quase paternal, Eileen agradeceu sinceramente.
Sonio encontrou seu olhar com uma expressão digna e disse:
— Minha Senhora, chegaram cartas importantes. Gostaria de verificá-las primeiro?
Acrescentou, explicando que havia preparado um escritório unicamente para ela.
Apreciando o comportamento atencioso de Sonio, Eileen respondeu prontamente:
— Irei verificá-las agora.
No entanto, ao ver o primeiro envelope, Eileen sentiu imediatamente arrependimento. Era Ornella, a filha do Conde Farbellini e a futura Imperatriz de Traon, justamente a mulher que mais inquietava o coração.
Sentindo uma mistura de expectativa e apreensão, Eileen deixou de lado a carta de Ornella por um momento e decidiu verificar as outras primeiro. Distraidamente pegando um envelope grosso, ao ver o remetente, ficou surpresa:
— Meus professores…?
Era uma carta dos professores da universidade onde havia estudado.
Continua…
Tradução Elisa Erzet
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Cesare Traon Karl Erzet, o Comandante-Chefe Imperial.
Após três anos de serviço na guerra, ele voltou para propor casamento a Eileen.
Eileen lutou para acreditar que a proposta de casamento de Cesare era sincera.
Afinal, desde o momento em que se conheceram, quando ela tinha dez anos, o homem afetuoso sempre a tratou como uma criança.
— Eu não quero me casar com Vossa Alteza.
Por muito tempo, seu amor por ele não foi correspondido.
Ela não queria que o casamento fosse uma transação.
Foi por causa da longa guerra?
O homem, que normalmente era frio e racional, havia mudado.
Suas ações impulsivas, seu desejo desenfreado por ela — tudo isso era muito estranho.
— Isso só deve ser feito com alguém que você ama!
— Você também pode fazer isso com a pessoa com quem planeja se casar.
Eileen ficou intrigada com essa mudança.
E, no entanto, quanto mais próxima ela ficava de Cesare…
Ela descobriu coisas que desafiavam a razão ou a lógica.
Eileen soube das muitas ações malignas de seu marido pouco tempo depois.
— Eu não pude nem ter o seu corpo, Eileen.
Tudo o que ele fez foi por ela.
Ele se tornou o vilão, apenas por sua Eileen.
Nota: Mesma autora de Predatory Marriage
Ps: Cesare é o maridinho dessa tradutora aqui ❤️❤️❤️