Ler O Marido Malvado – Capítulo 54 Online
Durante a guerra que durou três anos, o Império Traon alcançou uma vitória decisiva, e Cesare retornou após forçar o Reino de Kalpen a assinar um tratado humilhante. Por toda a sua jornada de volta, ele pensou constantemente no rosto sorridente de Eileen.
Havia voltado para casa com a determinação de trazer pelo menos um pequeno presente para ela, que certamente aguardava ansiosa por seu retorno.
Em vez disso, o que recebeu Cesare foi a devastadora notícia da morte de Eileen. Com uma expressão carregada de tristeza, Leone transmitiu a dolorosa informação, fazendo Cesare fechar os olhos e depois abri-los lentamente. Após um momento, perguntou novamente:
— O quê?
A voz dolorosa do homem, repleta de angústia e incredulidade quebrou o silêncio. Se seu irmão, o Imperador, tivesse intervindo pessoalmente, talvez Eileen ainda estivesse viva. No mínimo, ele poderia ter ganhado algum tempo até seu retorno, revelando que ela era uma pessoa querida pelo Arquiduque Erzet. Racionalmente, tudo isso era incompreensível para ele.
O imperador hesitou, lutando para encontrar as palavras certas. Cesare esperou pacientemente pela resposta do irmão. Após um longo silêncio, Leone finalmente falou, embora não fosse o que Cesare esperava.
— Sinto muito, Cesare, —a voz de Leone tremia enquanto lágrimas enchiam seus olhos azuis.
Observando o irmão chorar, Cesare avançou com sua segunda pergunta:
— Por quê, irmão?
— Eileen Elrod… escolheu tirar a própria vida, — Leone conseguiu dizer, sua voz quase inaudível.
— Pela honra do Arquiduque Erzet. — mal conseguindo falar, finalmente proferiu as palavras mais difíceis com tristeza.
Cesare permaneceu em silêncio, observando o irmão, suas emoções, um turbilhão tumultuado. Então, torceu os lábios em um sorriso doloroso.
‘Que tipo de honra minha justifica a morte de Eileen?’
Eram palavras que jamais poderiam ser reconciliadas.
— Os nobres estão usando este incidente como pretexto para atacar a família Imperial.
Cesare ouviu a desesperada desculpa de Leone do início ao fim.
Após a morte prematura do imperador anterior, Leone, o novo governante, implementou leis severas reprimindo uma substância perigosa e ilegal.
A medida tinha como objetivo capturar os nobres anti-imperiais que se financiavam ilicitamente distribuindo drogas durante a guerra civil do império.
Perdoar Eileen, que havia infringido essa lei crucial, poderia colocar em risco a duramente conquistada supremacia imperial e fortalecer justamente os nobres que Leone buscava conter.
Resgatar Eileen, uma mulher de uma baronia menor, seria um esforço excepcionalmente ineficiente e custoso. A decisão de Leone de priorizar o bem maior era, portanto, lógica e racional.
Além disso, a própria Eileen solicitou que ele cumprisse a lei, recusando-se a pedir clemência.
Após a morte prematura do pai, Leone, o atual imperador, enfrentou decisões impossíveis. Apesar de seus esforços para salvar Eileen, ao visitá-la na prisão, ela se ajoelhou diante dele, implorando desesperadamente que cumprisse a lei imperial e acelerasse sua execução antes que o Arquiduque pudesse intervir à força em seu nome. Seu único objetivo era proteger a honra do Arquiduque Erzet.
O Imperador de Traon, agindo com razão, fez um julgamento difícil. Sua decisão de ocultar esta informação do Comandante Supremo Cesare durante os estágios finais da guerra também foi sensata.
Cesare, vale lembrar, havia abandonado certa vez seu posto para resgatar Eileen. Embora acreditasse que Leone, na capital, cuidaria dela, isso provou ser um grave erro de cálculo. Nessa situação, Leone priorizou seu dever como imperador acima do laço familiar com o homem.
Alheio à tragédia que se desenrolou em sua ausência, Cesare retornou um herói conquistador, a coroa de louros, parecia uma cruel zombaria diante do vazio que o aguardava.
— Irmão.
Com uma expressão vazia, Cesare, com olhos calmos olhou para Leone, questionando seu irmão que confessava seus erros.
— Por que você acha que eu te tornei Imperador?
Eileen estava morta.
Os mortos não podem voltar, era uma lei imutável. Acreditar no retorno dos falecidos era algo que apenas a mãe de uma criança morta faria.
— Me desculpa… realmente sinto muito, Cesare… Eu só queria proteger tudo…
Leone tirou a coroa dourada da cabeça e a entregou a Cesare, chorando e suplicando por perdão.
— Esperei para devolvê-la a você. Não sou mais digno…
Olhando para a coroa dourada, Cesare riu amargamente. Ele a encarou por um momento, seus olhos vermelhos frios transbordando dor, então a arrancou das mãos do irmão e a colocou de volta na cabeça de Leone.
— Não, ela é sua. Você também precisa pagar o preço.
— Cesare…
— Assim como eu.
Cesare, o arquiteto da queda do imperador anterior, compreendia o efeito borboleta muito bem. Cada escolha, uma ondulação que culminou nesta perda devastadora — a morte de Eileen.
Refletir sobre o passado era inútil. O homem destroçado reconheceu friamente a realidade e concluiu que faria o que pudesse. Aqueles responsáveis por sua morte pagariam com suas vidas.
Não era um gesto grandioso para Eileen. Os mortos são alheios à vingança. Mas um ato solitário, uma tentativa desesperada de extrair consolo dos destroços de suas escolhas.
Este foi o ponto de virada. A lâmina que uma vez protegeu Traon agora ansiava pelo sangue do povo. Uma lógica distorcida o alimentava, a ilusão de que banhar o império em fogo de alguma forma extinguiria o inferno em sua alma.
— Eileen.
Cesare ajustou a mulher em seus braços e chamou seu nome.
— Eileen, Eileen…
Não conseguiu despertá-la de seu sono profundo. Em vez disso, sussurrou seu nome enquanto gentilmente lambia e mordiscava a pele macia do seu pescoço com a língua e dentes.
Seu toque persistente fez com que a inconsciente Eileen se mexesse levemente e franzisse a testa, resmungando.
— Pare… Vossa Graça, por favor, pare…
Ao ouvir seu protesto, mesmo dormindo, Cesare deu um sorrisinho triste. Colocou Eileen cuidadosamente na cama, aninhando sua cabeça em seu braço em vez de usar um travesseiro, e a abraçou forte, protegendo-a. Como ele tinha uma temperatura corporal alta, ela não sentirá frio enquanto dormia, especialmente com o clima recentemente quente.
O homem envolveu seu pequeno corpo completamente em seus braços, sem deixar espaços, e a acariciou gentilmente por toda parte. Confirmando sua existência, a tocou repetidamente, até mesmo segurando e acariciando por um longo tempo seu dedo adornado com a aliança. Finalmente, após abrir seus lábios firmemente fechados e beijá-la intensamente, ele fechou os olhos.
Naquela noite, Cesare sentiu que poderia dormir profundamente. Pelo menos esta noite.
Eileen despertou sentindo dor em todo o corpo, mas manteve os olhos fechados por um tempo.
Infelizmente, os eventos da noite anterior eram vívidos demais em sua mente. Ela lembrava de cada detalhe do comportamento embaraçoso que havia exibido. Eileen desejava desesperadamente escapar para o quarto do segundo andar da casa de tijolos imediatamente.
Mas não pôde. Estava firmemente entrelaçada em um corpo forte que a envolvia completamente. O casal recém-casado na cama tinha seus corpos próximos, os membros entrelaçados.
Eileen abriu os olhos lentamente. Cesare estava dormindo bem na frente dela, o rosto gentilmente banhado por um fio de sol que escapava pelas cortinas. Ela observou cautelosamente seus traços, banhados pela luz suave.
Como um mortal ousando secretamente contemplar o rosto de um deus adormecido, absorveu lentamente as feições de Cesare. Era difícil acreditar que a pessoa deitada ao seu lado fosse seu marido.
Enquanto continuava a encarar sem piscar, uma sensação delicada se espalhou em seu peito, como se alguém tocasse suavemente com uma pena seu coração. Não era um sonho, e sim a realidade. Cesare era, de fato, o marido de Eileen.
Naquele momento, suas pálpebras se abriram, revelando íris vermelhas, límpidas e alerta. Aqueles lindos olhos carmesins se concentraram em Eileen.
Congelou, encontrando o olhar de Cesare. Vendo sua expressão atordoada, ele deu a ela um lindo sorriso.
— Você dormiu bem?
Os olhos de Eileen percorreram o quarto por um instante antes de responder com uma saudação matinal.
— Bom dia… Você dormiu bem?
— Não exatamente. Em nossa noite de núpcias, minha esposa adormeceu antes do seu marido.
Na verdade, não era sono, mas desmaio… No entanto, constrangida com seu comportamento da noite anterior, ela não conseguiu retrucar e apenas resmungou. Ao ver isso, Cesare disse algo que a deixou ainda mais envergonhada.
— Você ficou chateada porque não te dei prazer suficiente?
Eileen ficou boquiaberta, olhando para ele como se ele fosse sem vergonha. Mas Cesare, imperturbável diante de seu olhar, apenas brincou com seu cabelo, enrolando os fios em seu dedo. Seus olhos se estreitaram brincalhão.
— Você ficará com seu marido até o fim da próxima vez?
Eileen, surpresa, perguntou em retorno.
— Aquilo não foi o fim?
— Foi só uma vez.
— As pessoas… fazem mais de uma vez?
— Duas vezes é muito pouco.
— Então três…?
Cesare não respondeu, apenas deu um sorrisinho. Então, sem mais comentários, beijou seus lábios e se levantou. Puxando uma corda ao lado da cama para chamar um servo, ele falou.
— Fique na cama mais um pouco. Vou trazer o café da manhã.
Pouco depois, Cesare retornou com uma bandeja e a colocou no colo de Eileen enquanto ela se sentava na cama. Um servo o seguiu, arrumando um conjunto de chá sobre a mesa e organizando cuidadosamente vários jornais.
Toda manhã, Cesare folheava todos os jornais publicados no império. Ele lia rapidamente as manchetes, e hoje, o dia após sua noite de núpcias, não foi diferente.
Eileen instintivamente procurou por La Verita. Então desviou rapidamente o olhar, temendo o que pudesse estar impresso.
Mas a curiosidade também a dominava. Após uma grande luta interna, Eileen não resistiu e espiou discretamente.
Na primeira página do jornal havia uma grande fotografia. Os olhos de Eileen se arregalaram ao reconhecê-la.
Ao lado de Cesare, vestido com seu traje de casamento, estava uma mulher desconhecida em um vestido de noiva. Surpresa, ela leu finalmente a manchete. As duas linhas sucintamente escritas afirmavam:
[Casamento do Arquiduque e Arquiduquesa Erzet. O Mito Fundador do Império Traon Recriado.]
Continua…
Tradução: Elisa Erzet
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Cesare Traon Karl Erzet, o Comandante-Chefe Imperial.
Após três anos de serviço na guerra, ele voltou para propor casamento a Eileen.
Eileen lutou para acreditar que a proposta de casamento de Cesare era sincera.
Afinal, desde o momento em que se conheceram, quando ela tinha dez anos, o homem afetuoso sempre a tratou como uma criança.
— Eu não quero me casar com Vossa Alteza.
Por muito tempo, seu amor por ele não foi correspondido.
Ela não queria que o casamento fosse uma transação.
Foi por causa da longa guerra?
O homem, que normalmente era frio e racional, havia mudado.
Suas ações impulsivas, seu desejo desenfreado por ela — tudo isso era muito estranho.
— Isso só deve ser feito com alguém que você ama!
— Você também pode fazer isso com a pessoa com quem planeja se casar.
Eileen ficou intrigada com essa mudança.
E, no entanto, quanto mais próxima ela ficava de Cesare…
Ela descobriu coisas que desafiavam a razão ou a lógica.
Eileen soube das muitas ações malignas de seu marido pouco tempo depois.
— Eu não pude nem ter o seu corpo, Eileen.
Tudo o que ele fez foi por ela.
Ele se tornou o vilão, apenas por sua Eileen.
Nota: Mesma autora de Predatory Marriage
Ps: Cesare é o maridinho dessa tradutora aqui ❤️❤️❤️