Ler O Marido Malvado – Capítulo 44 Online

Modo Claro

— V-Vossa Graça.

— Ou talvez… — começou ele, a voz suave, tingida de uma calma ensaiada —, se houver até mesmo um minúsculo traço de suspeita… poderíamos enviar todos à forca. Um tanto dramático, não acha? — O homem fez uma pausa teatral, os lábios curvando em num sorriso sombrio. — Aliás, pensando melhor, talvez uma execução pública seja mais apropriada. Apedrejá-los até a morte na praça, um espetáculo cruel para todos assistirem. É claro que Eileen teria um lugar na primeira fila. Uma lição valiosa sobre as consequências da insolência, não concorda?

— Esses bastardos até colocam cabeças decepadas em exposição nas tavernas. E depois, ainda por cima, se juntam para cometer atos repugnantes. Eu deveria deixar esses monstros viverem?  

Senon e Diego trocaram um olhar preocupado. Os detalhes das acusações de Cesare permaneciam obscuros, mas a fúria crua em suas palavras não deixava margem para mal-entendidos. O massacre iminente dos cidadãos de Traon pairou no ar, pesado como o silêncio sufocante que se seguiu.  

Após soltar um suspiro leve, Cesare enfiou a mão no bolso do casaco. Retirou um relógio de bolso de prata, abriu-o com um clique, e o som do tique-taque ecoou na quietude gélida. Observou os ponteiros por um instante, impassível, antes de fechá-lo novamente.  

— Mas, se eu agisse conforme desejo, Eileen ficaria destruída. Ela é uma garota preciosa demais para ser tratada apenas como uma mera humana, ainda que se dirija àquele bastardo sem dignidade como ‘pai’ e cuide dele.— Murmurou para Diego, estendendo a mão: — Quem me dera ser um santo…

Diego, com o charuto meio consumido entre os dedos, esmagou-o no cinzeiro. As mãos trêmulas, ofereceu um novo a Cesare e riscou um fósforo. Após várias tentativas falhas, finalmente conseguiu acender.  

Após acender o de Cesare, Diego pegou distraidamente outro da mão de Senon e, como o seu, também apagou no cinzeiro.

Conforme Cesare tragava, seus ânimos se acalmavam aos poucos. As íris carmesins, que antes faiscavam de ódio, voltaram à serenidade habitual. O semblante assumiu novamente a postura relaxada e composta do Grão-Duque Erzet, e um sorriso suave e gentil surgiu em seus lábios.

— Então, Senon… Ainda que seja um pouco lamentável, não é este o melhor caminho para Eileen?

  

O casamento do Grão-Duque estava a apenas uma semana de acontecer, preparado para se desenrolar nos belíssimos jardins de sua propriedade, com um seleto grupo de convidados.  

No entanto, diante da curiosidade insaciável de todo o Império Traon sobre a união do casal, decidiu-se que fotografias da cerimônia seriam publicadas nos jornais.

O prestigiado La Beretta garantiu o privilégio de publicar tais imagens e, mesmo antes da cerimônia, apenas o anúncio quintuplicara suas vendas.

As especulações eram de que a edição com as fotos do casamento quebraria recordes históricos de vendas. Antecipando o momento grandioso, o La Beretta preparou-se meticulosamente à casa do Grão-Duque: estocou tinta, papel, revisou as prensas e redigiu inúmeros artigos prévios, prontos para acompanhar as tão aguardadas imagens assim que chegassem.

Eileen, a noiva, figura central do casamento, passou a semana anterior na propriedade do Grão-Duque, em preparativos para a cerimônia.

Apesar de viverem sob o mesmo teto, Eileen e Cesare não se encontraram. Um antigo costume imperial determinava que os noivos permanecessem física e emocionalmente separados por uma semana antes do casamento, reforçado ainda pela superstição que proibia o noivo de ver a noiva com o vestido antes do altar.  

Durante a estadia, Eileen foi instruída em inúmeros preparativos para a cerimônia. Entre eles, o mais exigente foi memorizar a lista dos convidados, tarefa que exigia decorar rostos, nomes, títulos e relevância social.

Era o casamento do Grão-Duque Erzet, reservado apenas para a nata do Império. Nomes ilustres compunham a lista, refletindo prestígio e poder. Apenas os mais altos escalões receberam convite, quem não possuía tal posição, sequer poderia cogitar a presença. Contudo, alguns cavaleiros e soldados do Grão-Duque foram honrados com a função de escolta.

Eileen estudou os nomes com diligência, gravando rostos, títulos e detalhes. Um nome a perturbou: Ornella, filha do Duque Farbellini.  

Ao ler seu perfil, um frio percorreu sua espinha. As palavras de Ornella ecoavam em sua mente:  

“Eu só estava curiosa, sabe? É difícil compreender por que Vossa Graça escolheu você. Entendo que ele a trate bem por ser filha da sua falecida babá, mas certamente não se casaria por pena… não é mesmo?”

O comentário destruiu o pouco de confiança que Eileen ainda possuía. Encarou o nome “Ornella von Farbellini” com apreensão.

— Ela estará deslumbrante, não é? 

Era o casamento do homem que amava. Eileen imaginava Ornella tão magnificamente vestida que a própria noiva seria ofuscada.

Desde o início, sua união com Cesare parecia improvável. Eileen temia que ele, ao aceitar uma noiva fora dos padrões, fosse humilhado.  

Levantou a mão para ajeitar os óculos, mas piscou estranhamente.

— Ah…

Retirou a mão no ar, lembrou que não os usava mais. Desde que cortou a franja, abandonou os óculos, mas ainda se sentia estranha sem eles, como se faltasse parte de seu corpo.  

Ao chegar à mansão com sua nova aparência, apenas Sonio a recebeu com um sorriso. Os outros criados ficaram boquiabertos, seus olhares fixos gravando-se na memória de Eileen como brasas.  

‘Então, eram apenas palavras vazias.’

Quando Diego e as costureiras elogiaram seu vestido, ela até se sentiu um pouco confiante. Cesare disse que seu rosto ficava melhor sem óculos e franja, isso a tranquilizou um pouco. Porém, Eileen sabia, Diego e Cesare eram homens capazes de ver beleza até nas coisas mais simples, e as costureiras, provavelmente, apenas elogiavam por conveniência.

Já a reação dos criados foi genuína, bocas abertas, olhos arregalados. Nada poderia ser mais sincero. Eileen se perguntava se deveria acreditar nas palavras doces ou nos olhos incrédulos.

Por mais que Sonio tentasse consolá-la, Eileen permaneceu cética. Se Diego e Cesare eram indulgentes, Sonio era ainda pior em mentiras piedosas.  

Assim, Eileen aguardava o casamento como alguém condenado à execução.

Na véspera, os cavaleiros de Cesare foram visitá-la.

— Ah…

Assim que Michelle a viu, paralisou. Lotan e Senon, igualmente surpresos com a transformação, não esconderam o espanto. O silêncio constrangido pesava sobre Eileen, que se encolheu diante de seus olhares.

— Sou mesmo tão desagradável assim…? — ela ousou perguntar.

Eles negaram, mas ela já sabia a verdade.  

— Não precisam mentir. Cortei o cabelo e tirei os óculos porque achei que não combinam com o vestido. Mas, depois da cerimônia, voltarei a ser como antes. Deixarei o cabelo crescer e voltarei a usá-los.

Enquanto suspirava, resignada em sua decisão solitária, Senon explodiu:

— Senhorita Eileen!

As palavras jorraram, seus punhos cerrados de frustração.  

Você está muito mais bonita sem os óculos e com franjinha! Fiquei tão decepcionado quando você começou a esconder o rosto aos doze anos. Claro, sua beleza é inegável, mas seus olhos, Eileen! São tesouros do Império, e você os ocultou! Escondê-los não muda sua essência, mas o brilho sob a luz do sol…

Antes que terminasse, Michelle o interrompeu com uma cotovelada, arrancando-o do devaneio. Ruborizado, Senon gaguejou um pedido de desculpas.

— Perdão. Faz tanto tempo que não a vejo direito, eu só… gostei muito. 

Desta vez, foi Diego quem o cutucou, 

ao notar o mal-entendido que poderia surgir,

Senon corrigiu-se, ardendo de vergonha:  

 — Quero dizer… eu gosto dos seus olhos.

Michelle, porém, não o deixou passar.  

— Ah, só gosta dos olhos dela?

— N-Não! Da senhorita Eileen também, é claro!… Você entende o que eu quero dizer, não é?

Voltou-se para Eileen, o olhar suplicante, 

Senon olhou para Eileen com uma expressão aflita, buscando sua compreensão enquanto o constrangimento pairava no ar.  

Continua… 

Tradução: Elisa Erzet 

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Cesare Traon Karl Erzet, o Comandante-Chefe Imperial.
Após três anos de serviço na guerra, ele voltou para propor casamento a Eileen.
Eileen lutou para acreditar que a proposta de casamento de Cesare era sincera.
Afinal, desde o momento em que se conheceram, quando ela tinha dez anos, o homem afetuoso sempre a tratou como uma criança.
— Eu não quero me casar com Vossa Alteza.
Por muito tempo, seu amor por ele não foi correspondido.
Ela não queria que o casamento fosse uma transação.
Foi por causa da longa guerra?
O homem, que normalmente era frio e racional, havia mudado.
Suas ações impulsivas, seu desejo desenfreado por ela — tudo isso era muito estranho.
— Isso só deve ser feito com alguém que você ama!
— Você também pode fazer isso com a pessoa com quem planeja se casar.
Eileen ficou intrigada com essa mudança.
E, no entanto, quanto mais próxima ela ficava de Cesare…
Ela descobriu coisas que desafiavam a razão ou a lógica.
Eileen soube das muitas ações malignas de seu marido pouco tempo depois.
— Eu não pude nem ter o seu corpo, Eileen.
Tudo o que ele fez foi por ela.
Ele se tornou o vilão, apenas por sua Eileen.
Nota: Mesma autora de Predatory Marriage 
Ps: Cesare é o maridinho dessa tradutora aqui ❤️❤️❤️

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