Ler O Marido Malvado – Capítulo 37 Online
No final, as palavras escaparam de seus lábios em um turbilhão. Embora estivesse preparada para a rejeição, a simples ideia de ser recusada diante dele disparou uma onda de ansiedade. Borboletas explodiram em seu estômago, e sua garganta se fechou.
‘Ele provavelmente vai dizer não, como esperado.’
Mas por que a pergunta surgiu, afinal? Cesare, com um leve brilho de divertimento nos olhos vermelhos, soltou uma risada baixa.
— Está me pedindo para segurar sua mão porque está com medo?
A pergunta a pegou desprevenida. Nem sequer havia pensado em segurar a mão dele. Ela apenas ansiava por sua presença, o conforto de tê-lo por perto.
Mas… não seria ainda melhor tê-lo segurando sua mão?
Um sorriso tímido, quase imperceptível, surgiu em seus lábios quando Eileen sussurrou:
— Obrigada…
As palavras mal haviam saído de sua boca e Cesare já tomava sua mão. O toque firme percorreu seu braço como um raio, provocando arrepios em sua pele. Eileen se sobressaltou instintivamente, como um cervo pego pelos faróis de um carro.
Os lábios do homem se curvaram em um sorriso brincalhão. Ele inclinou a cabeça, seus olhos vermelhos cintilando de diversão.
— Então, por que não segura agora?
Eileen gaguejou, com o rosto em chamas:
— A-ah! Por favor, faça como quiser!
Foi só depois da resposta atrapalhada que ela percebeu, ele estava brincando com ela.
Cesare a conduzia como se fossem um casal recém-casado. Caminhar de mãos dadas com ele pelos corredores do palácio ducal parecia surreal. Era como se… realmente fossem recém-casados.
Guiada pela mão forte do homem, eles chegaram à sala de recepção familiar, o mesmo lugar onde ela o esperou com o relógio apertado em suas mãos. Eileen sentou-se no mesmo sofá onde havia colocado a caixa do relógio. Poderia chamar o cabeleireiro, mas… como se ouvisse seu pensamento não pronunciado, Sonio apareceu.
— Senhor Sonio?
— Não se preocupe, sou bastante habilidoso.
Ele explicou pacientemente à ainda confusa Eileen que costumava cortar o cabelo de outros membros do palácio. Eileen sabia que Sonio era habilidoso com as mãos. Ele costumava esculpir pequenas flores e animais em madeira para presenteá-la. Verdadeiros tesouros. Mas… cortar cabelo?
Sonio colocou uma capa ao redor do seu pescoço, com movimentos calmos e seguros. Enquanto falava, cobriu discretamente o brilho da tesoura com a mão.
— Deixe-me cuidar disso, e você se sentirá um pouco mais à vontade.
Eileen suspirou aliviada. Um cabeleireiro desconhecido teria sido muito mais assustador. Ela assentiu levemente, e Cesare, com um sorriso divertido ainda nos lábios, começou a tirar as luvas.
Suas mãos nuas se encontraram, o homem entrelaçou firmemente os dedos com os dela. O calor do toque percorreu seu corpo como eletricidade, fazendo-a corar intensamente. Ela não resistiu à vontade de espiar suas mãos entrelaçadas, uma tempestade de emoções girando dentro de si. O que começou como um simples corte de cabelo agora tomava um rumo inesperado.
Apesar de estar cercada por rostos familiares, ela se sentia tensa com a tesoura em ação. Eileen sentiu sua respiração ficar mais superficial. Um leve aperto nas mãos entrelaçadas a surpreendeu. Se virou encontrando os olhos calmos e vermelhos de Cesare.
— Mantenha os olhos fechados.
Eileen obedeceu, fechando os olhos com força e assentindo. O metal frio da tesoura contra sua testa enviou outro choque através dela. O pânico ameaçou surgir, mas ela o reprimiu, focando apenas no calor irradiando da mão de Cesare, sólida e reconfortante.
— Você está bem?
— S-sim… estou…
Sonio continuava com os cortes. O som ritmado da tesoura contrastava com o frenesi de seu coração. Eileen tentou permanecer imóvel, temendo que qualquer movimento pudesse fazer as lâminas saírem de controle. De repente, um toque gentil percorreu sua palma, o polegar de Cesare desenhando um círculo lento.
— …!
O toque inesperado a estremeceu. Seus dedos, agora suados, tremiam. Mesmo tentando se afastar, ele mantinha a mão firmemente entrelaçada à dela. Um gesto simples, mas a carícia lenta enviou uma sensação formigante por sua espinha, arrepiando sua pele.
Um tremor percorreu seu corpo, uma reação instintiva e inexplicável. Lembranças indecentes vieram à tona. Confusa, ela esticou os dedos, tentando se soltar. Cesare, como se respondesse, arranhou levemente sua pele com as unhas, provocando mais um arrepio. Um gemido ameaçou escapar, mas ela o conteve, tomada por pensamentos lascivos.
No meio dessa luta silenciosa, o corte rítmico da tesoura parou abruptamente.
— Terminei.
Eileen praticamente pulou da cadeira, sua mão se soltando. Ela respirou fundo, tentando recuperar o fôlego enquanto o calor estranho lentamente recuava.
Mal podia acreditar que já tinha acabado. Estava tão concentrada em suas mãos unidas que nem prestou atenção à tesoura.
Foi tão assustador e difícil, mas passou tão rápido… Teria sido impossível sem Cesare.
Agora ela via tudo com mais nitidez. A visão parecia mais aguçada do que o normal, e levou instintivamente a mão aos óculos que não estavam mais ali. Lembrou-se de tê-los tirado antes do corte e hesitou.
Sonio gentilmente limpou seu rosto com um pano macio e entregou-lhe um espelho de mão.
— Como se sente? Esse velho aqui ficou satisfeito, mas não sei quanto a você, senhorita Eileen.
Mesmo olhando no espelho, tudo o que ela via era o monstro negro. Eileen olhou para Sonio e Cesare em vez de seu reflexo. Ela deduziu seu rosto a partir de suas expressões e olhares.
— Eu também gostei. Obrigada, Senhor Sonio.
Vendo todos satisfeitos, Eileen sorriu e agradeceu a Sonio. Depois que ele limpou os cabelos cortados e saiu, apenas os dois permaneceram na sala de recepção, ainda de mãos dadas.
Ao perceberem que estavam sozinhos, uma tensão estranha preencheu o ar. A garganta de Eileen secou, engoliu em seco, e se virou com cautela.
— Obrigada por tirar um tempo, mesmo estando tão ocupado.
Era quase absurdo ter tomado o tempo do Grão-Duque apenas para um corte de cabelo. Sentia-se grata por ele permitir essa pequena loucura. Escolhia suas palavras com cuidado, querendo expressar sua gratidão um pouco mais.
— Eileen.
Ele lhe entregou o espelho novamente.
— O que você vê?
Ao olhar para o espelho que ele oferecia, Eileen congelou. Ela não queria revelar suas imperfeições. Mesmo já estando marcada de várias formas, queria esconder pelo menos uma. Mas mentir para Cesare não era fácil.
— Sinceramente… — Eileen desabafou, como se forçada pela verdade. — Não consigo ver meu rosto direito. Está pintado de preto, como um monstro…
Enquanto falava, observava sua reação. Tentava soar indiferente, como se aquilo não importasse, para não parecer fraca demais.
— É só isso. De resto… estou bem.
Enquanto falava, sentiu seu coração acelerar novamente. Parecia que seria devorada pelo monstro no espelho. Não apenas o rosto, o corpo inteiro parecia estar coberto por aquela escuridão.
Havia uma razão pela qual ela evitava espelhos até agora. Eileen reprimiu um soluço. Sem querer, olhou para suas mãos unidas. A mão de um homem, com veias distintas e nós dos dedos bem definidos.
Talvez ele tenha sentido algo em seu olhar. Cesare pegou Eileen e a sentou em seu colo como uma criança, segurando sua mão novamente. Mãos grandes e pequenas, entrelaçadas.
Não era apropriado para alguém já adulta agir como uma criança. Mas o abraço dele era tão quente… tão reconfortante. Eileen fingiu não notar e apoiou a cabeça em seu peito.
Depois de aproveitar o conforto por um tempo, ela levantou a cabeça novamente e encontrou seu olhar. Cesare, que parecia perdido em pensamentos por um momento, voltou os olhos para Eileen.
— Você gostou… da franja? Não te causa repulsa? Meus olhos devem parecer tão grotescos…
Depois de falar, sentiu que tinha se precipitado. Rapidamente, acrescentou:
— Desculpe por tantas perguntas. Eu só estava… curiosa.
Ele gentilmente encostou sua testa na dela. Suas íris vermelhas preencheram todo o seu campo de visão.
— Alguma vez… eu disse que te achava nojenta e repulsiva, Eileen? Desde a primeira vez que te vi, quando você tinha dez anos?
Cesare falou devagar, com intenção. Palavras que cortaram a escuridão como uma lâmina afiada.
Continua…
Tradução Elisa Erzet
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Cesare Traon Karl Erzet, o Comandante-Chefe Imperial.
Após três anos de serviço na guerra, ele voltou para propor casamento a Eileen.
Eileen lutou para acreditar que a proposta de casamento de Cesare era sincera.
Afinal, desde o momento em que se conheceram, quando ela tinha dez anos, o homem afetuoso sempre a tratou como uma criança.
— Eu não quero me casar com Vossa Alteza.
Por muito tempo, seu amor por ele não foi correspondido.
Ela não queria que o casamento fosse uma transação.
Foi por causa da longa guerra?
O homem, que normalmente era frio e racional, havia mudado.
Suas ações impulsivas, seu desejo desenfreado por ela — tudo isso era muito estranho.
— Isso só deve ser feito com alguém que você ama!
— Você também pode fazer isso com a pessoa com quem planeja se casar.
Eileen ficou intrigada com essa mudança.
E, no entanto, quanto mais próxima ela ficava de Cesare…
Ela descobriu coisas que desafiavam a razão ou a lógica.
Eileen soube das muitas ações malignas de seu marido pouco tempo depois.
— Eu não pude nem ter o seu corpo, Eileen.
Tudo o que ele fez foi por ela.
Ele se tornou o vilão, apenas por sua Eileen.
Nota: Mesma autora de Predatory Marriage
Ps: Cesare é o maridinho dessa tradutora aqui ❤️❤️❤️