Ler Uma noite só para dois. – Capítulo 53 Online

A combinação de branco, preto e prata, que parecia estar ligada uniformemente ao longo de toda a sua túnica, era bastante exagerada na sua opinião. Um design que parecia ter visto em um conto de fadas e uma textura que não parecia diferente do traje que sempre usava. Embora certamente fosse.

Ele havia pago um preço alto para contratar o melhor estilista do país e também tinha se dado ao luxo de escolher cada um dos tecidos com suas próprias mãos. No entanto, Naito, ao contrário de seu pai, não estava interessado em nada disso. Seus interesses pareciam estar mais focados em ir a restaurantes simples, ver flores ou comprar novos videogames. E por isso, o pai, que conhecia perfeitamente todos os gostos de Naito, mandou construir uma sala de jogos no segundo andar especialmente adaptada para ele. Tudo na sala estava totalmente equipado e preparado. Tinha consoles, computadores e cartuchos. Desde o jogo mais famoso até o menos conhecido. Ele inclusive havia levado alguns jogos diretamente para seu quarto, então Naito, envergonhado, não tinha escolha a não ser rir quando o ouviu dizer que havia comprado tudo porque “não sabia exatamente do que ele gostava”. Mesmo quando tinha tempo livre, papai saía com Naito para ir a um restaurante ou ficavam em casa jogando até passar de nível. Claro, quando se tratava de jogar, a vitória sempre era de Naito.

Seu pai estava tentando se encaixar com ele, então também achou que deveria tentar se encaixar no mundo de seu pai. Olhou para suas vestes,com os olhos incrivelmente sonolentos e então se virou para o som da porta se abrindo. Seu pai entrou lentamente:

— Você já vai se reunir com a família real?

Naito perguntou enquanto estendia a mão para pegar o suco que a secretária havia deixado para ele. Além de jogar videogame até altas horas da noite e comer o que quisesse, agora Elsie preparava sucos especiais para ele, que parecia estar dormindo muito ultimamente. Era rico em açúcar, pequeno, mas sem um sabor muito doce, então era bom para tomar imediatamente. Esvaziou o copo rapidamente, levantou-se e foi até seu pai. Elsie estava olhando-o porque ele tinha se aproximado do nada que não conseguia acreditar.

Naito era mais alto que a secretária, olhou gentilmente para o rosto de seu pai depois tirou as insígnias que haviam sido colocadas em seu peito. Então arrumou a franja e disse que esperava que ele se saísse bem… O pai sorriu como se estivesse feliz por seu amor ter alcançado seu filho. Um amor que fluía entre eles de forma tão palpável que a secretária, incomodada, despediu-se com um gesto formal e deu um passo para trás.

Elric permaneceu ali, embora os outros parecessem que queriam partir imediatamente.

Estava preocupado porque Elsie estava se comportando como se tivesse energia suficiente para mostrar seus desejos obscenos na frente de todos. Ele suspirou e balançou a cabeça ao se lembrar de Naito, que estava olhando para seu pai com um rosto incrivelmente inocente e excitado. Ele se lembrou da noite em que viu as relações sexuais entre o jovem e seu pai.

‘Foi uma noite muito quente’.

Elric soltou um suspiro misturado com um olhar de pena. Encontrou um cigarro, encostou-se na parede e pensou de novo nele. Durante horas, tinha visto seu melhor amigo fazer posições que só seriam vistas em filmes na companhia de um rapaz que parecia tão cansado para ser capaz de durar até o fim. Era lógico, pensou. Porque o corpo que não se alimentou adequadamente teve que passar por muitas dores momentos depois…

O presidente pegou Naito, que havia desmaiado, e abriu suas pernas diante dos olhos de Rayan. Seu pênis, como uma arma, mostrou-se tanto dentro quanto fora de seu buraco estreito, então o jovem, com a mordaça ainda apertada, gritou silenciosamente várias vezes até que não conseguisse mais fazer isso.

Era verdade que o presidente era amável com Naito agora, mas da mesma forma, ele também era cruel.

“Eu só preciso estar ao lado de Naito.”

Elric tinha falado com ele sobre não levar Naito longe demais em todo esse assunto, mas, sorrindo inocentemente, o presidente olhou para o espantado Elric e disse, como se fosse um aviso:

“Mesmo se chorar, ele tem que chorar em meus braços. Se estiver machucado, tem que ter sido ferido por mim. E se estiver triste, ele tem que estar triste por minha causa. Ele não precisa de mais ninguém por perto. Apenas deveria ser eu, eternamente”.

“Então porque você disse que ele poderia ir para a faculdade?”

“Porque quando sou amável, ele se apega mais a mim. Ele é um garoto que gosta de ser tratado com gentileza”.

Com as palavras desconhecidas de Elsie, Elric cruzou os braços e franziu a testa. Tinha uma expressão que gritava que não podia entendê-lo, então Elsie gentilmente explicou passo a passo:

“O que vai acontecer se eu o trancá-lo em casa para sempre?

Tenho que liberá-lo até certo ponto para que ele possa começar a confiar em mim. É divertido persegui-lo, mas também consome tempo e é incrivelmente irritante”.

Elsie, cuspindo lentamente a fumaça do cigarro, olhou para a cidade do arranha-céu de seu edifício. Parecia um pontilhismo sem sentido, sempre o mesmo. Luzes grandes e pequenas que se misturaram para iluminar a cidade. Prédios se amontoavam até chegar ao céu e todos os carros embaixo deles, correndo como loucos. Elsie sempre acreditou ser o centro do universo, e suas palavras e a posição em que via a cidade tão atentamente provavam isso em todos os sentidos. Elric gostava dele o suficiente para tolerar sua obsessão por Naito e enterrar seu segredo sob a cidade, usando um arranha-céu como cemitério.

Elsie, que ainda olhava a paisagem urbana, piscou. E se movendo bem devagar, ele parou perto da janela de vidro, abriu a boca e olhou para Elric com uma expressão complicada enquanto dizia:

“Se bater em um cavalo com um chicote por tempo suficiente, ele não correrá ou se rebelará mesmo quando já não tiver mais nada com que feri-lo nas mãos. Claro, cenouras também são apropriadas para que se aproxime de você e pense. ‘Ele me ama. Se ele me ama… Se não me amasse, não me alimentaria’.”

“……”

“Naito não é seu cachorro de estimação”.

Os olhos de Elsie se estreitaram como se estivessem surpresos com aquelas palavras.

“Desde quando você se preocupa com meu filho?”

Elsie caminhou lentamente até Elric e colocou a mão em seu ombro.

Dedos enormes e uma palma quente.

“E se ele informar a polícia? Isso não te incomoda?”

“Naito? Ele nunca poderia fazer isso comigo”, Elsie riu “depois de tudo isso, se ele for e disser que foi estuprado por seu pai, quem vai acreditar? Ele também sabe que seria inútil. Além disso, agora acho que ele não se atreve a ir a lugar nenhum”.

Alguns de seus guarda-costas estremeceram diante das palavras de estupro. Outros pareciam sentir a culpa que Elsie não sentia. O homem, quando ria, era mais assustador do que a polícia ou os federais.

“Ei, se você já vai ser um lixo, pelo menos aja com moderação”.

Elric, famoso por falar de maneira rude, estalou a língua com cansaço. Um a um, Elric e os que o rodeavam, Elsie os olhou, sorriu alegremente e disse:

“Não fique assim, vocês já não sabem? Ele está sendo muito mimado”.

“Bem… Mas talvez você devesse ser mais amigável. Se ele fugir de novo, nós seremos os únicos que teremos que ir buscá-lo.

Você sabe como é chato ir atrás dele toda vez que foge de casa?”

Finalmente liberou a irritação que tinha estado suportando. Depois de ouvi-lo, Elsie colocou uma expressão e suspirou enquanto contava nos dedos quantas vezes Naito havia fugido de casa. Ele enfiou as mãos nos bolsos quando seus dedos acabaram.

“Talvez … Devíamos dar a ele outro tipo de dor”.

“Que tipo de dor?”

Elsie agarrou Elric pelo ombro e puxou-o para sussurrar em seu ouvido. A expressão do homem se distorceu.

“Você está me dizendo para fazer isso?”

Ele parecia relutante. Elsie disse vagamente:

“Você deveria. Alto caiu sozinho e Rayan também. Agora eu só preciso cuidar das pessoas restantes. Sobraram alguns…”

Com uma cara séria, Elsie virou a cabeça para pensar nas outras pessoas que estavam enredadas com Naito. Parecia querer estimular o relacionamento do pai e fazer Naito se agarrar a ele desesperadamente. Isso significava que estava tudo bem cavar nas entranhas mais fracas de seu filho para obter a reação desejada.

“Você é realmente muito mau”.

“Por que?”

“Você quer ter certeza de que não haja ninguém ao lado de Naito, mesmo sem importar que as consequências te leve à prisão”.

“Então? Você vai me ajudar ou não?”

Elric fechou a boca. Não disse que não iria fazer, então parecia que estava se juntando ao vilão. Sabia que a personalidade de Elsie não era normal, mas Naito, seu afeto por Naito, era honestamente algo assustador. De vez em quando, Elric, que se lembrava das várias expressões que Naito mostrava para seu pai, suspirava e respirava bem devagar.

Elsie disse:

“Decidi torná-lo meu e foi por isso que também decidi criá-lo. Claro que isso não significa que não odeio ter que pedir a ajuda das mãos de outras pessoas para que isso aconteça. Nesse sentido, deveria ser grato por eu pelo menos ter permitido que assistisse”.

“Você é o pai dele, é natural criá-lo”.

Elsie deu de ombros novamente e olhou para ele como se perguntasse: E qual é o problema? Então olhou para os documentos que a secretária havia trazido para ele, os arrumou e disse de forma resumida:

“Pelo menos eu fiz um buraco para ele respirar”.

Elric fechou a boca porque era um absurdo. Elsie perguntou novamente à secretária sobre algo, entregou os papéis a seu amigo e disse que, quando ela terminasse, os colocasse na última gaveta da escrivaninha e não os movesse de lá.

Elsie era um bom amigo, é claro. Mas cruel. Por exemplo: Naito estava inconscientemente isolado na mansão. Alto havia descoberto sobre o relacionamento entre seu pai e seu irmão e agora estava fazendo o possível para evitá-los. E não apenas Alto, mas também todas as pessoas que trabalhavam na mansão. Quando viam Naito, o evitaram a todo custo, inclusive havia poucas pessoas trabalhando na casa onde estavam hospedados! Os guardas, empregados e cozinheiros descobriram, então Naito não saia. Exceto, é claro, quando estava andando a cavalo ou com o pai. Elsie lhe comprava tudo o que queria, comida, roupas, livros, sapatos e tudo que ele precisava para que nem sequer tivesse que pensar em ir comprar sozinho. Externamente, lhe dava liberdade, mas, em essência, era, afinal, uma prisão.

Elric olhou para a porta fechada do quarto e suspirou, encostando-se totalmente na parede. Agora, mesmo que ele assistisse pornografia bruta na internet, seu pênis nunca subia. O sexo ao vivo que ele tinha testemunhado naquele dia foi tão intenso que nenhum filme adulto parecia ser capaz de estimulá-lo novamente. Sentiu que sua orientação sexual havia mudado a partir daquele dia e quando viu seu pênis mole, incapaz de ficar de pé, então se sentiu completo idiota.

A cena em que Naito estendeu seus longos braços e envolveu o pescoço de seu pai permaneceu em sua mente por um longo tempo, então Elric apertou sua têmpora.

— Não pode pensar nisso… Estamos falando do filho do presidente. Tem que acordar.

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Continua…