Ler Uma noite só para dois. – Capítulo 42 Online

Em frente à procuradoria central da capital, reuniram-se vários repórteres e redes de televisão. A notícia vendeu como pão quente ultimamente. O país inteiro ficou paralisado pelo “Incidente Gangbang do Partido Comunista do Grão-Duque de Alassis”.

Poucos nobres foram condenados e presos devido às evidências encontradas contra eles, mas, como era evidente, muitos outros não foram. A investigação não pôde prosseguir adequadamente no caminho desejado. O corpo da mulher já havia sido cremado e, logicamente, também já fazia muito tempo desde que desapareceu.

Aqueles que buscavam ao “homem que cresceu órfão e conseguiu emprego na empresa de Elsie”, não tiveram sorte e, mesmo no local onde se dizia que os corpos foram eliminados, restaram apenas os registros necessários para processar todos de forma muito vaga. Claro, que a morte da prostituta havia sido uma coisa lamentável, mas as pessoas estavam mais preocupadas com a queda dos nobres envolvidos neste incidente. Estavam mais interessados nos rostos.

Entre eles, foi o grão-duque Alassis quem passou para primeiro plano. Elsie J. Altar teve muita sorte.

Felizmente, sua sombra ainda era escura o suficiente e ele estava menos exposto do que todos os outros. É claro que também evitava as câmeras dos repórteres, nunca dava entrevistas e tinha um perfil tão baixo e excelente que até dava medo.

Em frente a Elsie, recentemente solto, os repórteres correram como um grupo de monges e agarraram os microfones para empurrá-los até sua boca. E a cada vez, Elsie J. Altar sorria com um sorriso estranho e peculiar.

— Sinto muito pelos problemas que causei.

Como o advogado havia lhe instruído, depois de apenas dizer isso, entrou no carro e fechou todas as janelas e logo travou cada uma das portas. Devido aos repórteres, não podia seguir o curso em frente, então o motorista olhou nos olhos de Elsie para perguntar o que tinham que fazer exatamente.

Elsie estava mais do que zangado.

Longe de falar, olhou para frente com o rosto inexpressivo, mantendo a compostura reta e olhando adiante. Era elegante e casual, como uma pintura. Além disso, uma atmosfera sutilmente era liberada dele que gritava que ele era intocável e superior. Em seu estado de espírito, o motorista, tão oprimido quanto ele, tocou o volante com uma cara impaciente e começou a pisar pouco a pouco no acelerador. Estavam avançando em um ritmo lento e os repórteres não tiveram escolha a não ser recuar com pesar. Só depois que desapareceram completamente o carro entrou na rodovia de 8 pistas.

— Presidente, gostaria de fumar?

O velho amigo e novo braço direito de Elsie, Elric Rowden, lhe entregou um cigarro importado de uma caixa de mogno. Elsie assentiu, estendeu a mão e o acendeu para inspirar profundamente todo o fumo. Não estava agindo como de costume, nem mesmo quando recebeu o cinzeiro portátil das mãos compridas do homem. Colocou as cinzas, olhou pela janela e começou a sentir que Elric a observava tão atentamente que Elsie teve de tirar o cigarro da boca para começar a rir.

— Por que você está se comportando assim?

Falou gentilmente, mas o rosto sério de Elric não se mexeu nem um centímetro. Havia nuvens de chuva, um vento frio e, como os galhos pesados de uma árvore, o rosto de Elric estava incrivelmente escuro e duro. O carro estava fora do cruzamento do escritório do promotor e assim que entraram, Elric finalmente abriu a boca:

— Eu lhe direi de antemão que sinto muito, Sr. Presidente.

— O que é? Naito está realmente grávido?

Os olhos de Elsie brilharam. Por um momento, pareceu feliz.

— Não, ainda não…

— Ah, isso é triste. Fiquei muito emocionado em pensar que havia conseguido.

— Não é tão importante agora, Elsie… Tenho que te dizer que Naito foi sequestrado.

O sorriso no rosto de Elsie desapareceu e logo começou a gargalhar como se tivesse ouvido uma piada muito boa. A mudança de Elsie fez Elric engolir em seco e pensou por um momento que seu amigo finalmente estava ficando mal. Um louco mais do que louco. Elric sabia que Elsie amava seu filho, entendia o quão obcecado era por ele e como ficava louco por não tê-lo em seus braços.

Então, enquanto Elsie estava sendo investigado, Elric tinha que ficar de olho em Naito como se ele fosse seu próprio item importante. Não fez seu trabalho direto. Rayan era filho do duque de Jodrick e suas influências o fizeram entender como conseguiu paralisar o circuito interno de televisão da mansão para que pudesse levar Naito. Às custas desse dia, os que tinham estado ali disseram que desapareceram como se fossem uma miragem. Ao ver uma cama vazia, eles rapidamente começaram a olhar o CCTV e os registros junto com as credenciais de cada um dos funcionários, mas já haviam apagado todos os registros.

E as coisas ficaram ainda mais loucas quando a Sra. Lysa de Jodrick descobriu que seu filho mais novo havia desaparecido. Estava histérica, lutando para encontrá-lo a cada segundo. Aparentemente, ela até tinha contratado alguém especializado em resgates.

— O que sabemos sobre Rayan?

Como esperado, fez uma pergunta bastante precisa. Elric respondeu calmamente:

— Não sei. A terra os engoliu.

Elsie olhou pela janela, ainda com um rosto incrivelmente inexpressivo. Elric não pode entender o que ele estava pensando porque Elsie estava suficientemente calmo naquele momento. Mais do que esperava. Cutucou os joelhos com o dedo indicador e então separou os lábios para dizer:

— Vou ver a Duquesa de Jodrick.

— O que?

— Tenho que conhecer a Lysa.

Elric tentou perguntar a Elsie o que diabos estava dizendo, mas o homem parecia já ter tudo perfeitamente planejado em sua mente. Como se houvesse uma faísca em sua cabeça, disse com um sorriso confiante:

— Eu não vou ser capaz de fazer isso sozinho. Se for com Lysaffone, isso vai terminar facilmente.

— Ei, eu também conheço o Duque Jodrick, certo? Talvez as coisas tenham corrido bem com ele, mas Naito e esse tipo de relacionamento com seu filho… Eu não acho que você deva…

— Não se preocupe. Não tenho a intenção de ir tão longe.

Elsie, que cortou as palavras de Elric e falou com incrível nitidez, apoiou a parte superior do corpo totalmente no assento. Parecia tranquilo, mas sua raiva estava fervendo na base de seu estômago. Fechou os olhos antes de começar a esfregar as têmporas de baixo para cima… O dia estava claro, tinha acabado de ser libertado e inocentado e só podia pensar que Rayan era um filho da puta que certamente tocou o pau de seu filho. Elsie abriu os olhos e murmurou com uma cara serena:

— Eu deveria tê-lo matado desde que o conheci…

Elric olhou para Elsie como se fosse patético.

— Está louco. Rayan é o filho mais novo do duque. Não pense em matá-lo.

— Eu poderia pelo menos cortar a perna dele.

— Se o duque descobrisse sobre seus pensamentos, te mataria. E faria de um modo cruel, além do mais. Como você chegou até aqui? Vai estragar tudo? Fique firme, homem! Não importa o quanto goste de se deitar com seu próprio filho, não pode arruinar o seu trabalho também quando parece que é a sua melhor carta!

Elric sempre empurrava Elsie para a parte realista do mundo, embora agora não parecesse estar funcionando muito bem. Parecia que tudo estava desmoronando lentamente bem debaixo de seu nariz, então tentou novamente:

— Deixe Rayan Jodrick em paz, droga! Vamos nos concentrar só em seu filho.

— Eu sei… eu sei, mas não sei se vou aguentar.

Elsie finalmente riu alto.

O Duque Jodrick, orgulhoso da riqueza que tinha sido transmitida de geração em geração, vivia em um castelo cercado por uma grande floresta. O segundo maior castelo da capital, aparentemente. Elsie deu um grande sorriso ao pensar nisso.

— Além disso, quem vai se interessar por seu cadáver depois desse terrível escândalo? Eu não sou o único contra ele, você sabe.

Elric finalmente ficou com raiva.

— Elsie!

— Mas posso lhe oferecer uma última foda antes! Droga…

Elsie, que ignorou ligeiramente os gritos do homem, fechou o botão de sua jaqueta e ajeitou as mangas. Limpou a voz e se disfarçou como o pai mais amável e doce do mundo inteiro, embora em apenas alguns segundos tenha começado a pensar em um monte de ideias para matar todos eles. Que dizia: “Eu quero cortar suas pernas e agora também quero cortar seu pênis.” Tinha um rosto tão pulcro que Elric não pode pensar que fosse o mesmo homem. Seu cabelo preto cobria a testa e, graças a isso, a atmosfera ao seu redor parecia ficar tão suave que era até desconcertante. Seus olhos roxos pareciam jóias transparentes, era cintilante e sensual e seus 38 anos de idade parecia tê-lo envelhecido como um bom vinho.

— Então vamos para Jodrick.

A luz do sol havia se espalhado em uma linha reta, iluminado o castelo suavemente que por si parecia incomum. Os raios dourados nos galhos e folhas pareciam veludos tornando imperceptível o inverno frio e rigoroso. Na verdade, parecia suave e quente. Elsie já havia tirado o casaco e agora caminhava como se fosse seu próprio terreno…

Tal como acontecia com o Duque Jodrick, todas as pequenas coisas sobre Elsie eram cheias de elegância. Ele usava luvas de couro que pareciam particularmente finas quando suas mãos tocavam no ornamento da porta. Era uma maçaneta branca que simboliza o escudo do Duque de Jodrick. Leões rugindo com olhos azuis que absorveram a luz e tal como vinha. Era safira. Uma safira que brilhava sem nenhuma impureza.

Elsie, com os lábios suavemente torcidos, abriu a porta e colocou cuidadosamente as mãos nos bolsos da calça. Levou 20 minutos para dirigir até Goseong para ver a Duquesa Jodrick e agora tinha que esperar mais 5 minutos em frente a este portão de ferro gigante. O Duque Jodrick já estava deitado na cama, mas sua esposa, a quem todos chamavam de duquesa, estava pronta para recebê-lo. Em sua mente, Elsie viu o rosto de Lysa Jodrick, a quem tinha visto algumas vezes no passado.

Ele entrou no corredor, com um homem baixo ao seu lado repetindo:   — Me desculpe por ter feito esperar tanto tempo.

Quando os sapatos brilhantes de Elsie atingiram o chão, começando pelo mordomo-chefe até a pequena mulher no fundo, cada um dos presentes deram-lhe boas vindas dobrando a cintura em um ângulo de noventa graus. Elsie havia praticado inúmeras vezes esse monismo e gostava de agir como eles para tentar impressioná-los. Colocou um sorriso visível nos lábios e acenou com a cabeça, dizendo que estava muito grato por suas sinceras demonstrações de cordialidade.

A mordomo-chefe era uma mulher de rosto jovem. Com seu cabelo castanho escuro cacheado e maquiagem modesta, tinha um aspecto robótico em seus lábios e muitas rugas espalhadas em áreas específicas. Havia uma atmosfera sobre eles que não combinava muito com o castelo em que trabalhavam, provavelmente por causa do traje que usavam. Ao contrário do que tinha visto em dramas ou filmes, eles usavam uma jaqueta simples de um botão, uma camisa social sem gola e joelhos nus. Uma saia de prancha. E as pernas que saíam dela eram muito atraentes. Elsie entregou seu casaco e então um homem se aproximou educadamente e o recebeu. Tirou as luvas e as colocou de lado sem dizer nada.

Elsie separou lentamente os lábios.

— E quanto a duquesa?

— Está esperando na sala de recepção. Eu o guiarei.

Não havia elevadores ou escadas rolantes, então só podiam percorrer todos os quilômetros da casa a pé. Era irritante fazer dessa maneira. O castelo parecia consumir dezenas de minutos cada vez que se movia e, consequentemente, não havia praticidade. Foi óbvio para Elsie que era por causa desse tipo de coisa que muitos nobres deixaram os velhos castelos abandonados à própria sorte. Havia muitos que ninguém mais queria. No entanto, o duque Jodrick vivia aparentemente bem desse jeito.

Caminhou um pouco e finalmente chegou à sala de estar. No centro, do topo de uma mesa de hóspedes, estava a mãe de Rayan, trêmula e usando um vestido sem decoração completamente preto com uma capa de pele altamente exagerada. Assim que viu Elsie, deu um pulo e se aproximou como se estivesse esperando por ele desde o amanhecer. Olhando para o rosto dela, pintado de um vermelho profundo, Elsie não pôde evitar de zombar por dentro, mesmo que por fora mostrasse que a entendia do fundo de sua alma. Elsie juntou-se a ela, como se fossem amigos, e colocou a mão em suas costas.

— Lamento vê-lo neste momento tão delicado, Duque Elsie. Mas meu filho… eu não podia esperar porque meu filho parecia estar envolvido em algo hediondo!

— Você sabe onde Rayan está?

É porque seu cabelo é loiro que parece ser feito de ouro fundido? Lysaffone Jodrick era como uma menina. Sua mão era menor do que a de uma mulher normal, por isso dava a ilusão de ser mais fraca também. Seus grandes olhos azuis tremiam de ansiedade e ela certamente parecia a esposa de um rei mais do que um duque qualquer. Em seus olhos roxos, Elsie podia ver que Lysaffone era mais apegada a ele do que deveria ser. Elsie ergueu a mão, se levantou e agarrou-lhe o braço. Se não a segurasse, parecia que Lysaffone iria cair a qualquer momento.

— Não. Me diga, você sabe o que acontece? Meu filho também desapareceu e já se passaram três dias desde então. Suponho que saiba que minha preocupação é evidente.

— Eu não sei… No entanto, entendo uma coisa. Vou te contar.

Elsie sorriu. As bochechas de Lysaffone eram muito finas e bonitas, mas ele sentiu apenas uma imensa vontade de esbofeteá-la ali mesmo. Esbofeteá-la, estrangulá-la, gritar com ela que seu filho de merda tinha levado seu amante com ele e que esperava com todas as suas forças que fosse para o quinto dos infernos. Queria dizer isso, mas pressionou todas aquelas palavras com força na garganta. Na verdade, Elsie não precisava de sua força porque não queria brigar. Havia apenas um motivo para visitá-la: queria obter sua permissão. Lysaffone se surpreendeu tardiamente ao perceber que estava muito perto dele. Quase como se fossem bastante íntimos. Deu um passo para trás e, em seguida, um leve rubor flutuou sobre a pele de suas maçãs do rosto. O homem sorriu novamente… Às vezes, as pessoas ficam agradáveis e abrem bem a boca ao lidar com gente bonita.

— Ah, me desculpe. Sente-se, por favor.

— Sim.

Elsie se sentou na cadeira que o assistente puxou para trás.

— O que posso dar a você, duque? Apenas fale.

— Oh, estou bem com um copo de água morna.

Lysaffone disse ao mordomo, que estava esperando atrás dela, para lhes trazer uma xícara de água e café. O homem acenou com a cabeça, desapareceu da sala, e logo após não haver mais nenhum intruso, Lysaffone e Elsie permaneceram imersos em um completo e desconfortável silêncio. Lhe doía a cabeça? Lysaffone estava apoiada nas costas da cadeira, e abrindo a boca em uma postura sonolenta.

— Tudo o que sei é que o menino contratou um corretor. Me disseram que ele era famoso. O nome dele é Ruscha Bordeaux e tem 32 anos… Mas nem Rayan nem o homem parecem ter se visto pessoalmente. O último lugar ao qual entrou em contato com ele foi em uma empresa de limpeza profissional. Isso foi o que descobri. Agora estou procurando alguém que me diga mais. Por que ele está fazendo isso? Não entendo meu filho. Rayan, encontrando um corretor, entrando em uma empresa de limpeza e vestindo-se para fazer sabe-se lá o quê.

Isaac, seu filho mais velho, foi levado à promotoria sob a acusação de agressão sexual e agora Rayan não estava em casa. Além disso, ele era gay e estava namorando o amante e filho do Sr. Elsie. Como reagiria essa pobre mulher ao ouvir isso? Que cara faria se confessasse na frente dela? Engoliu uma risada, e então Elsie pegou o copo de água morna para obter um melhor desempenho. Nesse caso, deveria estar fingindo um estado mental complicado, então se inclinou completamente para a frente. Sua franja fluiu para baixo e cobriu ligeiramente os seus olhos. Graças a isso, seu semblante parecia melancólico e ele até começou a parecer um homem honesto, angustiado e preocupado. O comportamento hesitante de Elsie deixou Lysaffone nervosa.

— Vamos, fale comigo. O que você acha que está acontecendo? É muito ruim?

— Você sabia que Rayan e Naito têm tido um relacionamento sentimental há um bom tempo?

Elsie, que perguntou, falava como se estivesse confessando um crime mortal. Lysaffone apertou os lábios e depois de um tempo considerável, com um sorriso triste, abaixou a cabeça e disse não. Colocou a mão na testa e, minutos depois, começou a coçar de uma forma bastante compulsiva.

— Já entendi…

— Eu descobri recentemente.

Elsie agia como um pai surpreso e envergonhado de contar um segredo tão íntimo. Talvez fosse porque a franja o estava cobrindo, mas, como uma fera ferida, seus olhos estavam cheios de uma dor incrível. Aqueles olhos fizeram com que o coração da mulher disparasse.

— Vai causar muitos problemas ao duque se eu disser isso, mas…

— Tudo bem. Isso não é nada comparado ao que ele fez conosco.

Elsie acenou com a cabeça quando ouviu.

— Eu disse ao meu Naito: se está namorando Rayan, é melhor fazer isso em segredo. Ele sempre teve meu total apoio, sabe. Rayan é o filho do duque que fez um grande trabalho em nossa nação e é por isso que eu estava muito preocupado com ele também. Embora nosso país não discrimine a homossexualidade, mas sabe que isso não significa que seja um país amigo. Não, é uma história delicada especialmente para pessoas de alto escalão?

Claro que havia homossexuais entre os nobres. No entanto, todos eles se divertiram abertamente porque se beneficiam do que conseguiam com seu dinheiro e poder. Na antiguidade, as palavras de um rei quase destruíram o país devido a seus amantes do mesmo sexo e, portanto, ainda mais nobres consideravam a homossexualidade uma área proíbida. Agora, Elsie estava fingindo concordar com os sentimentos dos meninos e fazendo todo esse serviço de investigação por ela e pelo bem-estar de sua família, então Lysaffone facilmente estendeu as mãos para ele e se deixou levar. Elsie continuou a história em um tom tranquilo.

— Mas Naito é rebelde e acabou comprando um celular em nome de outra pessoa. Ele tentou fugir com Rayan com a desculpa de que eles seriam corajosos e exporiam seu amor ao mundo, sabendo disso, fiquei muito preocupado e tranquei meu filho em casa. Não, melhor dizendo, eu realmente não queria que houvesse boatos e que meu filho amado fosse internado em um hospital para pessoas desequilibradas. Tranquei meu Naito por um tempo e pensei que ele iria melhorar se eu o persuadisse. Na verdade, depois disso Naito foi ainda mais aberto comigo sobre seus sentimentos, então eu acreditei nele e que passaríamos por isso juntos.

Elsie, que parou de falar, colocou a mão em volta do rosto. A palma da mão estava completamente na testa, então não foi perceptível quando ele começou a rir… Ela também estava caindo na fumaça preta dele, então ele considerou isso incrivelmente divertido de se ver.

Com um sorriso duro, Elsie baixou os dedos do rosto e olhou para ela a fim de tentar transmitir mais de seus falsos sentimentos. E quando uma estranha energia circulou em torno de seus olhos, Lysaffone, sem saber, agarrou a ponta da capa  e estremeceu.

— Deus, eu sinto muito…

Elsie pegou o copo, com os olhos baixos, e umedecer ligeiramente a boca com a água morna. No entanto, apesar disso, sua voz ficou bloqueada e seus olhos brilharam. Era como se ele contivesse seu pranto.

— Senhora, depois da morte da minha amada esposa, perdi o relacionamento com o meu filho. Ele voltou para mim há poucos anos e um dia, ele veio chorando e me disse todas as coisas que ele teve que manter em segredo, me pediu ajuda com seus problemas e me contou coisas que me fazem sentir que meu trabalho como pai de família era o pior. Aí eu soube que a partir daquele momento eu tinha que ser o melhor pai do mundo. Decidi fazer tudo possível, tudo o que estava em minhas mãos, para Naito e para Rayan. Seu filho é meu filho, Lysaffone.

E isso não era mentira. Claro que o ajudou com seu problema homossexual e o problema que ele tinha com seu namorado horrível, fazendo amor com ele como ninguém em sua vida havia feito antes.

‘Ah, seu corpo pálido e seu calor ardente estavam fazendo minha virilha doer. E as lágrimas naqueles lindos olhos azuis. Aquela voz, aqueles suspiros… E agora aquele filho da puta do Jodrick estava roubando meu filho. Quem acreditaria? Que eu poderia deixá-lo ir tão facilmente?’ Ele queria matá-lo, parti-lo ao meio e ainda cortá-lo em pedacinhos e dá-lo para seus pais comer.

Lambeu o lábio inferior com a língua e pigarreou novamente.

Lysaffone, que viu uma aparência tão terrível e triste, corou levemente e tossiu como se estivesse envergonhada. Elsie era um homem reverente, como um padre.

— Sinto muito. De repente, Rayan entrou na mansão e encontrou meu filho…

Pensando naquele dia, Elsie torceu a boca. Como se a atmosfera piedosa estivesse cambaleando e desaparecendo, um sorriso amargo e assustador pairou em torno de sua boca inteira. Os olhos de Elsie ficaram pequenos e opacos e então vermelhos. O homem gemeu:

— Ele tentou estuprá-lo.

— Meu Deus!

— Se meus guarda-costas não tivessem me contado o que estava acontecendo, Rayan teria seguido a mesma atitude que o jovem Isaac. Mas mesmo que eu soubesse disso, pelo duque que ainda é meu amigo, pelo futuro de Rayan e do meu filho, eu decidi cobrir tudo até hoje. Mas isso não é suficiente agora. Assim que eu for para a promotoria, as coisas vão ficar muito ruins minha senhora. Ele sequestrou meu filho e talvez agora até o tenha ferido.

Chocada e triste, Lysaffone bateu na mesa e se levantou.

— O que você está dizendo é realmente verdade?

— Se você quiser uma prova, eu tenho.

Lysaffone fechou os olhos em afirmação. Ela parecia estar lutando para acalmar sua respiração áspera, embora já fosse impossível.

— Há evidências de que Rayan sequestrou Naito, e estou pensando em apresentar queixa contra ele. Devo ir à polícia.

— A polícia!?

A voz de Lysaffone se elevou com bastante medo. Ela estava trabalhando duro para proteger Isaac e também estava sofrendo com o problema do marido. Se fosse informado à polícia que além de seu filho mais velho, seu filho mais novo foi o idealizador de um estupro do filho de um nobre, sua imagem cairia por completo e nunca mais voltaria ao normal. A graciosa e digna Lysaffone não estava mais lá. O que Elsie estava enfrentando agora era uma mãe louca por seu filho. Desesperada.

Elsie se inclinou na direção de Lysa. O rosto do homem, que parecia uma escultura, a fez morder o lábio inferior quase arrancando-o de sua carne.

— Por favor, me diga que não é tão tarde, duque. Por favor… Por favor.

— Acho que não, minha senhora. Rayan fez uma coisa muito ruim. Todos nós precisamos aprender com nossos erros.

— Ser pai e mãe… Não significa que você saiba tudo sobre seus filhos. Eu não sabia o que ele havia feito. Não sabia de nada…

Lysaffone prendeu a respiração. Ela parecia estar em apuros, triste e arrasada. Ela ainda ouviu o choro de Isaac, pedindo seu perdão enquanto era arrastado pela promotoria. ‘Eu tinha que proteger meus filhos!’ Como Elsie disse, eles não podiam perder Rayan. Ainda havia a possibilidade de que fosse falso, mas então por que Elsie parecia estar lá, não importando os riscos que corresse? Além disso, seu filho também estava envolvido.

Como Elsie disse, parecia que era necessário cooperar com ele para o futuro de todos.

— Por favor, eu entendo que você deve se concentrar em encontrar Naito, mas faça algo pelo meu filho também. O nome de Rayan… Se pudesse não mencioná-lo, tanto quanto fosse possível.

Elsie riu suavemente.

— Se você procurar e encontrar Rayan, traga-o primeiro para mim. Por favor…

— E se Rayan tentar escapar de novo, o que devo fazer? Não acho que posso apontar minha arma para ele.

Elsie murmurou isso com uma atitude que gritou que estava com problemas. O garoto era o filho do duque e obviamente havia coisas que ele podia e não podia fazer. Lysaffone silenciosamente olhou para sua caneca e deu um gole no café frio.

— O importante agora não é como pegá-lo, mas pegá-lo rapidamente… — Lysaffone parou de falar e deu um longo suspiro. — Se a situação não puder ser controlada rapidamente, escolha um meio de capturá-lo de uma maneira que não seja… Muito agressivo.

— Você quer dizer que está tudo bem em machucá-lo um pouco?

Elsie perguntou, fazendo seus olhos brilharem. Lysaffone, que estava preocupada, abriu a boca.

— Não o machuque muito, duque Elsie. Porque aquele menino é meu filho.

Ela respondeu com uma expressão bastante poderosa, ainda vendo seu rosto refletido na água negra de seu café. Quando começou a tocar o cristal com o dedo, parecia que o sonho que estava tendo foi distorcido a ponto de seu rosto ficar uma bagunça. O rosto de Isaac, que chorou enquanto a promotoria o arrastava, se sobrepôs a tudo novamente. Mesmo que Isaac estivesse em liberdade condicional, ela sabia o que estava por vir. Ele teria que passar a vida inteira em um hospital psiquiátrico, alegando desequilíbrio mental por culpa de seu pai. No entanto, ela não queria enviar seu pequeno Rayan para um hospital psiquiátrico também.

— Já basta com Isaac.

Tendo terminado suas palavras, Lysaffone começou a se levantar. Com o rosto cansado, como se já tivesse tomado uma decisão, estava mais contida, mas também, com olhos mais agressivos do que nunca. O homem à sua frente tinha um sorriso que parecia desenhado com um pincel de ponta fina, então, com esse gesto, ela sorriu e riu no final. Ele sussurrou, em uma posição que parecia a de amantes, mas havia uma forte tensão entre os dois:

— Envie-me as provas incriminatórias contra meu filho.

— Eu farei como você quiser.

Elsie ergueu a mão pequena da mulher e lentamente, na costa de sua pele pálida como cera, os lábios de Elsie finalmente a tocaram. Havia apenas lindos olhos roxos lá, mas o coração de Lysaffone pareceu parar em um segundo. Além de sua aparência atraente, ele era um homem muito sedutor. E era evidente que ele parecia saber que os nobres estavam entusiasmados com isso.

— Se quiser mais alguma coisa de mim, diga-me por favor. Por ordem do duque, vou cumprir.

Elsie, que acrescentou isso, levantou-se. Ele enviou seus cumprimentos corteses ao duque, disse adeus à mulher e saiu pela porta da frente. Lysaffone, que confirmou o desaparecimento de Elsie, ligou para a secretária imediatamente e assim que ela se aproximou, Lysaffone entregou-lhe a capa que estava em seus ombros e disse:

— Enquanto perseguimos Ruscha Bordeaux, faremos o que o duque nos disse. — Lysaffone, que engoliu em seco, acrescentou, franzindo a testa. — Teremos que investigar Rayan também.

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Continua…