Ler Uma noite só para dois. – Capítulo 35 Online

— Acorda.

Uma voz suave, mas estrita, acordou Naito, que já estava completamente adormecido.

Naito ergueu suas pálpebras pesadas muito lentamente. O mundo fora da janela era azul, mas o fim do horizonte parecia queimar um escarlate fraco, então não conseguia decifrar corretamente a hora. Com a mente toda turva, Naito, percebendo que era o início da madrugada, franziu a testa e se jogou de volta no travesseiro.

Tudo, dentro e fora dele, doía terrivelmente, então ele se viu inclinando a cabeça com a sensação de queimação. Seu pai estava lá, apenas sorrindo.

Em contraste com Elsie, que tinha um terno bem justo, as roupas de Naito estavam terrivelmente gastas. O pai levantou as calças de Naito do chão e as jogou na lata de lixo em um movimento rápido, então agora que ele pensava sobre isso, era estranho que não sentisse que estava nu. Olhando para baixo, descobriu que o pai tinha colocado algo parecido com uma calça de treino folgada e, quando levantou a bainha, viu que seu tornozelo também estava engessado. Ele não tinha notado nada disso.

— Você vai ficar melhor se ficar com o pé engessado por cerca de três semanas.

— Você disse que quebraria a minha perna.

Quando Naito voltou a si e cuspiu uma frase aparentemente rude, seu pai contorceu os lábios boca e, finalmente, apenas sorriu. Na verdade, ele parecia bastante relaxado, varrendo o cabelo tingido de Naito para frente e para trás.

— Eu não tive que fazer isso porque meu amado filho tirou toda a raiva de seu pai.

Naito enrijeceu o rosto quando sentiu um aperto suave em suas costas, subindo lentamente para parar agora em seu pescoço. Ele nem mesmo tinha reivindicações a dizer, porque se lembrava vividamente de como desesperadamente se agarrou ao pai durante a noite. Também o que ele havia dito durante o sexo.

Vendo Naito enrijecer, papai se aproximou novamente e, tentando relaxá-lo, como se tivesse conseguido esquecer tudo, tocou sua bochecha com uma mão carinhosa, disse:

— Você não tem que admitir nada por enquanto.

Em seguida, seu pai pressionou seu lábio inferior ligeiramente inchado com o polegar dele.

— Também não é ruim que você fique do jeito que está agora.

— Você realmente vai continuar com tudo isso?

Naito apertou a mão de seu pai e perguntou. O pai olhou para o filho como se estivesse orgulhoso dele por não ter evitado seu toque.

— Você esqueceu tudo que eu disse ontem à noite?

—….. Pra eu te amar mais do que um filho?

— Exato.

O pai então puxou a cintura do filho para a frente. Seu rosto estava perto o suficiente para começar a beijá-lo e a respiração que eles compartilhavam no mesmo espaço começou a soar como uma orquestra desafinada. Não só isso, também tinha o som do coração de seu pai batendo quase na ponta de sua orelha…

Papai gentilmente acariciou sua bochecha com a outra mão. Naito abaixou a mão do pai e disse friamente para ele.

— Você nunca pensou em mim como um filho para começar.

Então o pai sorriu alegremente e acariciou os cabelos de Naito.

— Se for mais confortável para você pensar dessa maneira, então sim. Você está certo.

Eles foram tendo uma conversa informal enquanto chegavam à enorme mansão que pertencia a seu pai.

Elsie colocou Naito no assento. O motorista se aproximou rapidamente e abriu a porta do carro. Seu pai olhou para Naito, que estava um pouco fora de si. Como se estivesse animado com os novos acontecimentos, o pai disse com um sorriso no rosto:

— Fiz uma casa nova para você. Tenho certeza de que vai gostar tanto desta quanto da antiga.

O pai saiu do carro e esperou pacientemente que Naito também saísse de seu assento. O motorista baixou a bagagem, mostrou-lhes uma reverência bastante marcada e, quando finalmente entrou para sair novamente, Elsie pôde ver Naito, olhando fixamente para a frente como se tivesse capturado em seus próprios pensamentos. A mansão de seu pai ainda dominava todo o espaço, mas era mais maravilhosa do que o que ele tinha visto quando criança. Tinha um jardim cheio de flores desconhecidas localizadas no centro e muitas fontes enormes distribuídas como se estivessem envolvendo toda a casa. Quando Naito pareceu soltar um suspiro impressionado, seu pai sorriu e então estendeu o braço para ele, que estava de pé com muito relutante. Naito não conseguia andar, então olhou para o rosto de seu pai, para ver o que ele estava fazendo, como seus lábios se moviam, e então ele estendeu a mão também para que pudesse ajudá-lo. Como se estivesse concordando, ele pegou seu braço e o envolveu cuidadosamente em sua cintura. Então ele disse enquanto o beijava na testa:

— Você com certeza está cansado, então vá dormir.

— E o meu pai?

Papai segurava Naito nos braços e falava em voz baixa enquanto caminhava aos poucos:

— Colocaram muita pressão sobre mim por sua causa. Agora que você está aqui, devo me concentrar no meu trabalho com confiança.

‘Pressionado por quem?’ Naito, que estava pensando por um momento, murmurou sem perceber.

— Ser, seu?

Depois de ouvir as palavras de Naito, seu pai parou e olhou para ele por um momento enquanto ria alto. Sem dar uma resposta, ele caminhou silenciosamente e rapidamente até chegar à entrada de sua casa e lhe entregar a chave. Originalmente, era um lugar construído pelo papai para a vovó e o vovô, mas rapidamente se tornou uma casa vazia e sem cor. Não havia avó e avô porque eles moraram lá por um momento e depois se foram para o outro mundo. Ele não conseguia analisar direito, mas olhando ao redor assim, poderia dizer com certeza que era realmente lindo. Uma linda casa. Naito escorregou dos braços de seu pai e perguntou com uma voz calma.

— A câmera está instalada novamente?

— Provavelmente há apenas uma câmera.

A risada de seu pai foi tão revigorante que por um momento ele não percebeu a seriedade do assunto. Naito, com um ritmo lento, perguntou:

—… O que você quer dizer?

— É mais fácil ouvir do que ver.

O pai, que observava o rosto de Naito ficar branco aos poucos, sorriu e arrastou Naito para dentro de casa sem maiores explicações. Era um centro vazio. Não havia nada ali, exceto o tapete aconchegante e a lareira acesa. Ao contrário do lado de fora, que era lindo como uma pintura, por dentro parecia uma casa preguiçosa e sem graça. Seu pai abraçou Naito por trás e gentilmente explicou as novas regras.

— Você pode fazer o que quiser, aqui.

Aqui…

A palavra ficou em seu ouvido enquanto Naito permaneceu nos braços de seu pai. E ainda contido, ele murmurou impotente:

— Então você não tem intenção de me deixar sair.

— Eu definitivamente percebi desta vez que o fato de ter um filho insatisfeito com suas necessidades sexuais pode dormir com qualquer homem de fora.

O pai se abaixou e agarrou o pênis de Naito com um par de dedos. Naito foi firme, mas ainda fechou os olhos para tentar não mostrar nenhum gesto ou deixar sua voz sair. Naito sacudiu um pouco os ombros e disse ao pai:

— Pare com isso.

— Este é o corpo que eu fiz, o corpo que eu tenho domesticado, e deve ser apenas meu.

— Para!

O pai tirou a mão do pênis e Naito então se soltou dos braços do pai.

— Você só me trouxe para fazer exatamente a mesma coisa que no começo! Qual é a porra do sentido de tudo isso?

Devido ao confinamento monitorado pelo CCTV, a cabeça de Naito parecia estar queimando de uma terrível raiva. Até certo ponto, ele esperava, mas não sabia que seria preso e maltratado! Agora, a vontade de seu pai de tê-lo sem a menor liberdade o fazia se sentir mais sufocado do que nunca. Quer dizer, já era difícil comer com o pai e agora, era como se estivesse lhe vigiando o tempo todo.

Naito mostrou abertamente sua raiva olhando diretamente para o pai, e agora agarrou o braço dele e o sacudiu, perguntando em uma voz ligeiramente travada.

— O que você quer que eu faça?

Elsie olhou para Naito com o rosto em branco. Então o pai, que se aproximou como se quisesse beijá-lo, parou graças à mão de seu filho que pousou em sua boca. Seus olhos roxos estavam incrivelmente atentos a ele.

Me dê minha liberdade. Só que eu peço.

— Eu preciso de uma garantia primeiro.

— Que garantia?

Quando Naito o chamou de volta, seu pai ergueu os lábios e riu. Ele estendeu as mãos na direção da bochecha de Naito e disse, tocandoo.

— Não me deixe…

Naquele momento, sua voz estava tão triste que seu coração quase começou a bater forte. Os olhos de seu pai eram calorosos, como sempre, mas pareciam tão brilhantes com as lágrimas que Naito não conseguia esconder sua confusão. Ele tentou abaixar a cabeça, mas seu pai segurou seu queixo de forma que isso não foi possível.

— Espero que você me ame também.

—…  Então você não deveria ter agido assim comigo.

Naito disse, fazendo seus olhos olharem diretamente para seu pai, sem vacilar por um segundo. Ele sempre foi apaixonado por Rayan, mas seu pai o conteve e o estuprou de tal maneira que mudou totalmente sua mente. E havia coisas que não podiam ser perdoadas apenas com amor. Até agora ele não conseguia se livrar de todos os traumas.

Quando olhou para dentro de Naito, seu pai apagou seus olhos tristes e colocou uma expressão calma e intimidadora novamente. Naito, sem saber, agarrou a jaqueta luxuosa do pai e observou-o se endireitar. Ele tinha 20 centímetros de altura.

O que devo fazer para torná-lo meu? Quero que me trate com a mesma gentileza com que trata Rayan. Se eu tivesse procurado por você, chamado e dito ‘eu te amo’, você teria vindo por mim? Não, você não teria olhado para trás e teria escapado de qualquer maneira.

— Não é uma reação natural? Você é o meu pai……

Ele estava tentando dizer que não havia nada natural em amar seu pai, mas o homem cortou as palavras primeiro e disse espontaneamente.

— É por isso que eu fiz do meu jeito. Se não der certo, posso fazer do meu próprio jeito. É a maneira mais rápida de conseguir o que eu quero. Não haverá ninguém para protestar, mesmo se eu fizer isso.

Seu pai, que ria alto, abraçou Naito, que estava quebradiço, como as folhas secas. Agarrou o cabelo de Naito com força e ternamente sussurrou sob sua respiração:

— Porque você é meu filho, posso tê-lo aqui comigo sem que ninguém diga nada. Um pai pode tratar seu filho descuidadamente às vezes.

Naito ficou chocado com as palavras de seu pai, tanto que a rebelião que havia começado também foi interrompida inesperadamente. Quando Naito ficou em silêncio, seu pai levantou a mão e lentamente começou a tirar suas roupas. Ele beijou seu ombro exposto e murmurou novamente:

— Então, se você quer liberdade, me dê confiança. Algo que me faça ter certeza de que você nunca vai me deixar.

Naito empurrou o peito de seu pai, que já havia pressionado seu desejo gradualmente ardente sobre ele. Naito colocou suas roupas de volta.

Se você quer ouvir falsas palavras de amor, eu não posso.

— Quem quer palavras de amor?

O pai enfiou as duas mãos nos bolsos da calça como se dissesse que pretendia fazer mais do que beijá-lo. Então, ele simplesmente abaixou a cabeça e olhou para baixo ameaçadoramente. O afeto demonstrado até agora parecia ter desaparecido e, ao contrário de seu sorriso anterior, seu pai tinha apenas uma aura hostil.

— Você só não pode deixar aquele garoto chamado Rayan falar ou tocar em você.

O rosto de Naito endureceu com o nome de Rayan, saindo da boca de seu pai tão casualmente.

Quando ouviu isso, um canto de seu coração pareceu doer, sentir-se fresco e quente, assim como antes. Mas não era amor, apenas o sentimento de afeto pelos momentos passados com Rayan. Parecia até que seu pai havia roubado seu coração, então ele não tinha tempo para amá-lo, muito menos pensar nele. Naito disse cuidadosamente:

— Eu já te disse que terminei com ele. Portanto, deixe o Rayan em paz.

— Sério? Isso foi totalmente diferente do que aquele bastardinho me falou. Ele me perguntou o que diabos eu havia feito a uma criança inocente como você.

—… Você falou com Rayan?

— Agora que tenho um posto elevado, é natural encontrar os nobres.

Seu pai, que casualmente repreendeu Naito, acrescentou calmamente, alisando as roupas amassadas.

O duque o estima, então eu o deixo ir tão longe. Antes que eu mate aquele filho da puta de verdade, se realmente se importa, você deve colocar um fim nisso.

— Bem, acho que você diz isso porque não pode matá-lo. Papai ainda não tem o poder de fazer isso, tem?

A posição, a força e o poder atuais de seu pai não eram fracos, na verdade, eram consideráveis e assustadores. Ele fez com que os nobres o tomassem como um dos seus, passo a passo, de baixo para cima. Mas embora o pai fosse poderoso, até mesmo o tipo de coisa que ele planejava, tinha que parar perante alguém mais forte do que ele. E atualmente, seu pai não poderia derrotar o duque Jodrick. Ele sabia que no momento em que tocasse seu amado filho, o duque Jodrick atacaria sinceramente seu pai e talvez até o matasse. No entanto, seu pai apenas riu das palavras de Naito.

— Você é ingênuo. Você realmente não acha que eu posso matar aquele moleque?

Seu pai suspirou lentamente por um momento e acariciou a cabeça de Naito como se fosse um cachorrinho. Um toque que era uma mistura de loucura e doçura. Ele pensou que poderia se livrar de seu toque, como tinha feito antes, mas Naito não conseguia mover nem um dedo. Seu pai abaixou a mão que acariciava sua cabeça e agora percorre as veias de seu pescoço branco com o polegar.

— Eu tenho que cuidar para que você não aja como um louco, e se isso não funcionar, então eu vou matar aquele bastardo do meu jeito.

— Você tem que dar um fim nisso, antes que enlouqueça e mate aquele bastardo com minhas próprias mãos!

— Como eu posso…?

O método é simples.

O pai beijou os lábios de Naito. O beijo que costumava ser algumas vezes superficial, agora parecia incrivelmente violento e assustador. Seu pai pressionou os lábios de Naito e enfiou a língua profundamente em sua boca. Naito gemeu como se estivesse doente enquanto seu lábio inferior era sugado, apertou seus ombros, cravou as unhas e logo, parecia que seus joelhos estavam prestes a cair. Papai parecia animado com a maneira como ele estava se comportando, então seus dentes começaram a morder seus lábios tanto que nem mesmo permitiu que ele gemesse.

Naito estava ali, se distraindo sem perceber com beijos intensos e vertiginosos enquanto papai se divertia.

— Temos que mostrar a ele, como fizemos da outra vez.

Naito percebeu imediatamente, que seu pai estava pedindo a ele para deixar Rayan saber sobre este relacionamento. Algo como o que aconteceu com Alto e Keshan. Isso era uma besteira! Ele não podia mostrar esse relacionamento aos outros de forma tão casual. Naito agarrou o braço de seu pai.

— Não faça isso.

— O quê?

Fingindo não saber, seu pai riu maliciosamente. Naito se aproximou um pouco mais.

— Este é um segredo só para nós dois.

— Isso pode deixar de ser um segredo.

Naito hesitou, então esticou os braços e abraçou a parte superior daquele corpo como se quisesse pará-lo ali mesmo. Ele implorou, com uma voz chorosa enquanto papai o cercava também:

— Não faça isso, papai. Não faça isso.

Seu pai suspirou lentamente. ___________________________

Continua….