Ler Pequeno Cogumelo – Novel – Capítulo 57 Online

An Zhe não aceitou essa avaliação de Lu Feng. Ele achava que Lu Feng estava enfatizando sua fraqueza de novo. Não era a primeira vez que essa pessoa dizia algo assim.

—Embora ele realmente não pudesse infectar todo o Éden. Ele não conseguia infectar nem uma pessoa.

Ainda assim, ele não conseguia aceitar que sua mentira tivesse sido descoberta por causa de sua fraqueza, e não porque a mentira não fosse boa o suficiente. Ele só conseguia se consolar dizendo que talvez fosse apenas Lu Feng quem não acreditava em suas palavras. Apenas Lu Feng era odioso.

An Zhe declarou: “Você não tem permissão para dormir aqui”.

“Oh?”, Lu Feng perguntou.

An Zhe repetiu com cara feia: “Não.”

Lu Feng perguntou: “Por quê?”

An Zhe virou as costas pra essa pessoa e se enfiou no casaco. Ele não queria dizer nada, só queria expulsar o coronel desse lugar. Depois de pensar um pouco, ele explicou o motivo com cuidado: “Você pode ser infectado por contato.”

“Ah.” A voz de Lu Feng estava muito baixa. “A abelha está viva.”

An Zhe, “……”

Então ele ouviu Lu Feng perguntar: “Ela está viva, então por que está inconsciente?”

Dessa vez, An Zhe não abriria a boca nem que fosse morto. Se revelasse a menor informação, Lu Feng seria capaz de adivinhar claramente a situação. No entanto, naquela noite, o coronel não dificultou as coisas para ele. O coronel apenas disse: “Vou ficar de vigia”.

An Zhe murmurou antes de perguntar: “Você está com frio?”

Lu Feng respondeu: “Não estou com frio”.

An Zhe fechou os olhos enquanto segurava o distintivo com força contra o corpo. Ele tinha exagerado naquela noite e adormeceu muito rápido. Então, no meio do sono, ele foi acordado pelo frio.

O acidente com o campo magnético fez com que o vento solar soprasse por alguns dias e a atmosfera ficou mais rarefeita. A diferença de temperatura entre o dia e a noite aumentou para um nível terrível.

An Zhe estava com frio por todo o corpo. Ele abriu os olhos e sentou-se, procurando inconscientemente pela sombra de Lu Feng. Ele viu facilmente o coronel não muito longe. Lu Feng estava encostado em uma pedra de formato estranho, erodida pelo vento, com os galhos de alguns arbustos empilhados em forma de cone à sua frente.

An Zhe esfregou os olhos e segurou o casaco de Lu Feng enquanto caminhava até lá. O coronel havia coberto An Zhe com o casaco e estava vestindo apenas a camisa do uniforme interior. Ele entregou o casaco e perguntou novamente: “Você está com frio?”

Lu Feng brincava com um isqueiro na mão.

“Vista você mesmo”, disse Lu Feng. “Achei que você fosse dormir um pouco mais.”

“… Ah?”

Lu Feng jogou o isqueiro para ele. “Vem comigo buscar lenha.”

Parecia que o coronel já sabia que An Zhe poderia acordar com o frio e planejava fazer uma fogueira. Então ele disse que achava que An Zhe dormiria mais. An Zhe traduziu o eufemismo raro do coronel e finalmente chegou à conclusão de que o coronel realmente queria dizer: “Como você pode ser mais coquete do que eu pensava?”

An Zhe, “…”

Ele seguiu Lu Feng. Por um tempo, só se ouvia o som de seus passos, o vento e o uivo fraco de monstros à distância. Enquanto caminhavam, viram arbustos crescendo esparsamente no deserto. As plantas haviam morrido sob o ataque do vento solar e estavam secas, tornando-as adequadas para queimar.

“Você estava procurando galhos?”, perguntou An Zhe.

“Não, tem monstros e eu não posso ir muito longe.”

An Zhe disse: “Ah.” Ele queria dizer a Lu Feng que, na verdade, muitos monstros não tinham interesse em cogumelos. Então ele percebeu que Lu Feng estava protegendo-o. Depois de pensar nisso, ele sutilmente se sentiu um pouco feliz.

O solo arenoso do deserto era muito macio e havia apenas um leve atrito ao pisar nele. Ainda era um pouco inconveniente para An Zhe andar, então Lu Feng não deixou ele seguir de perto. Em vez disso, Lu Feng se certificou de que ele permanecesse à vista enquanto recolhia galhos ao redor e os colocava nos braços de An Zhe.

Quando os galhos nos braços de An Zhe aumentaram e ele não conseguia mais segurar, Lu Feng disse: “Isso é o suficiente”.

Eles voltaram lado a lado. Ao luar, as dunas ondulavam como montes de neve e os destroços do avião à distância pareciam um tumor feio. De repente, os passos de Lu Feng pararam. An Zhe imediatamente parou. Sua intuição fez sua nuca ficar gelada e então ele ouviu um som. No silêncio do deserto, um som que não podia ser descrito com precisão foi ouvido. Ele sabia que Lu Feng também tinha ouvido.

“Rustle.”

“Rustle.”

“Rustle.”

O som assustador ecoava irregularmente no deserto, muito baixo, mas muito claro. Era como se estivesse tocando em seus ouvidos. Os dois primeiros intervalos foram muito longos, enquanto o último foi extremamente curto.

“Rustle.”

Assim que ouviram o som novamente, Lu Feng pressionou o ombro de An Zhe e os dois se deitaram na areia, escondidos atrás de uma camada de arbustos.

“Rustle.”

Sob a aurora, uma enorme sombra escura apareceu na borda das dunas de areia ondulantes. Tinha uma forma oval irregular e a estrutura do corpo era ambígua. A epiderme era irregular como uma massa de carne podre em decomposição unida de forma grosseira. Um sarcoma liso inchava no meio do corpo e a superfície estava coberta por olhos grandes e pequenos. Essa era a cabeça. Inúmeras pernas cresciam sob esse corpo negro, grossas e finas. Algumas eram como as patas traseiras de répteis, outras eram membros de insetos e outras pareciam braços humanos.

Esses pés se erguiam e sustentavam a criatura que se movia pesadamente no solo acidentado, deixando rastros ondulados com mais de cinco metros de largura na areia. Ele veio paralelo à escrita do acidente de avião. Cada vez que se movia, um som de farfalhar era emitido de seu corpo e se espalhava uniformemente. Isso poderia ser o órgão vocal.

An Zhe prendeu a respiração e observou a fenda no meio do monstro indescritível se abrir, expondo os espinhos densos e leques dentro dele.

“Estalo.”

Houve um som áspero de fricção de metal, seguido por colisões caóticas de metal enquanto o metal era quebrado, mastigado e engolido.

A criatura estava comendo a pilha de destroços. Apesar de viver no Abismo por tanto tempo, An Zhe nunca soube que existiam monstros que podiam se alimentar de metal. No Abismo, não faltavam veículos blindados que haviam perdido seus donos ou peças de armas quebradas, mas nenhum monstro se importava com eles. Talvez o objetivo desse monstro não fosse o metal, mas os corpos dos dois pilotos dentro dele. Era concebível que, para uma criatura estranha morder e engolir metal, a carne e os ossos humanos fossem comidos tão facilmente quanto lama.

Ele também não se entregou ao prazer de saborear esses enormes destroços em chamas. Ele os devorou em menos de cinco mordidas.

“Rustle.”

A boca fechou e o barulho foi ouvido de novo. Então, ele virou em uma direção. 100 metros à frente estava a abelha ainda dormindo.

Clique.

A cabeça inteira da abelha preta desapareceu no corpo da criatura. Os olhos de An Zhe se arregalaram ao ver o corpo do monstro se esticar e um par de asas metálicas translúcidas aparecerem, tremendo algumas vezes. Elas faziam o som de folhas balançando na brisa do outono. Foi assim que as asas que antes pertenciam à abelha preta apareceram.

“Rustle.”

No segundo seguinte, todos os olhos na cabeça se voltaram na direção de Lu Feng e An Zhe.

Continua…