Ler Noite De Caça – Capítulo 213 Online

Era uma época feliz e tranquila, mas havia um vazio em um canto do meu coração. Afinal, foi quando fugi de Baek Doha com Doyun ainda no meu ventre. Eu odiava Doha com todas as minhas forças, mas também sentia uma saudade insuportável dele. Olhando para o horizonte cintilante, eu sempre me sentia sozinho.

Acariciando minha barriga, eu murmurava sozinho: — Destino, você também quer ver o papai? Eu estou realmente com raiva do seu pai, mas sinto tanta falta dele.

— Kya-ha-ha-ha!

Agora, o pequeno”Destino” que estava na minha barriga havia se tornado Baek Doyun, a criança que mais ria mais alto, pulando e brincando sem parar.

— Minha sogra sente muita falta do Sr. Seolwoo.

— Eu já estava pensando em levar o Doha e o Doyun para visitá-la.

— Ai, imagina como ela vai ficar feliz ao ver o Doyun.

Como a mulher dizia, era certo que a senhora iria tratar Doyun como se fosse seu próprio neto. Afinal, ela já me tratava como se eu fosse seu filho de sangue.

— Então vamos todos juntos neste verão, Seolwoo.

— Doha é um Alfa Real, ele pode causar desconforto a vocês. Acho que é melhor irmos só nós, como família.

Recusei sorrindo, e a mulher que havia sugerido concordou sem insistir.

— É, pensando bem, tem razão. Ainda mais com as crianças… Mas seria tão divertido irmos todos juntos.

Normalmente eu teria deixado passar, mas desta vez fui eu quem tomou a iniciativa.

— Tem um resort em Gangneung. Que tal irmos passar as férias de verão lá?

Eu queria rir e conversar com essas pessoas a noite inteira, como quando fomos juntos ao haras. Foi a primeira vez que eu convivi tão livremente com tantas pessoas, e tinha sido tão divertido. Eram pessoas realmente boas, sem preconceitos, e eu não queria perdê-las.

— Boa ideia! Vamos como daquela vez no haras. As crianças vão adorar.

— Nós alugamos o transporte de novo, como antes.

— Ah, não. Desta vez vamos dividir as despesas. Não é justo deixar tudo nas costas do Seolwoo sempre que saímos juntos.

As mulheres ao lado concordaram:— É isso mesmo.

A conversa passou para o assunto da educação das crianças. Entre risadas e conversas sem parar, o sol foi se pondo.

— Nossa, já está na hora do jantar, vamos indo. Crianças, hora de ir pra casa!

As mães se levantaram e começaram a arrumar as coisas, chamando os filhos, mas eles estavam tão concentrados em brincar que nem responderam. No fim, as mães tiveram que entrar na sala de jogos e trazê-los. As crianças saíram com caras cheias de insatisfação, as bochechas inchadas.

Foi nesse momento, quando eu as acompanhava até a porta, que Baek Doha entrou, abrindo a porta da frente. Ele tinha voltado mais cedo que o horário habitual. As mães e crianças pararam por um instante, e Doha também parou. Felizmente, ele estava controlando totalmente seus feromônios, então não houve nenhum efeito adverso.

— Já estão indo? — perguntou Doha primeiro, com um sorriso caloroso.

Baek Doha foi o primeiro a falar, com um sorriso gentil. Só então os convidados congelados relaxaram e sorriram. As crianças, que estavam assustadas como as mães, finalmente disseram: — Olááá.— Doha olhou para cada uma delas da mesma forma que olhava para Doyun.

— Ah, sim. Deveríamos ter ido embora antes de você chegar do trabalho.

— Não tem problema. Por que não ficam mais um pouco? Fiquem para o jantar.

Era um discurso incomum para Baek Doha. Não importava com quem ele estivesse falando – até mesmo com sua própria mãe –, ele sempre agia de forma fria. Mas agora, ele sorria e falava com um tom suave.

— Não, não obrigada. Precisamos voltar para casa e jantar com nossos maridos.

— Deixamos o jantar para outra hora. Então vamos indo, Sr. Seolwoo.

As mães se despediram de mim e começaram a sair apressadas, mas Doha as deteve:

— Ah, esperem um pouco. Comprei algumas coisas para compartilhar com vocês. Por favor, comam quando chegarem em casa.

Ele tirou das sacolas de compras que carregava nas duas mãos pães, chocolates, bolos e outros lanches, distribuindo um pacote para cada uma. Eram produtos de uma confeitaria famosa. As mães e crianças ficaram radiantes com o presente inesperado.

— Venham sempre nos visitar. Seolwoo fica sozinho em casa e se sente entediado, então venham conversar com ele.

Com essa despedida gentil, todos saíram sorrindo. Eu os acompanhei até o portão de entrada e voltei para casa. Doha estava no closet, trocando de roupa.

— O que houve? Você não é assim.

Afrouxando o nó da gravata, Doha respondeu:

— Estou aprimorando minhas habilidades sociais. Se eu agir como um babaca com todos ao seu redor, você também ficará isolado.

De repente, meu marido me pareceu tão adorável que me aproximei e lhe dei um beijo na bochecha. Doha me olhou e disse:

— Se for para fazer isso, que seja nos lábios.

Eu sorri e o beijei novamente, desta vez nos lábios. Encostei-os de leve, depois me afastei e sorri.

— Muito bem.

Elogiei, e Baek Doha sorriu. Hoje, seu rosto sorridente parecia especialmente bonito, então beijei seus lábios mais uma vez. Dessa vez, nossos lábios se uniram mais profundamente e a respiração se dispersou. Doha, com os lábios colados, sugava e mordiscava suavemente os meus, enquanto acariciava minha bochecha. Eu segurei suas bochechas lisinhas com as duas mãos e movi meus lábios, chupando e lambendo os seus lábios macios e firmes.

Quando nos separamos, nossa respiração estava mais pesada, e o calor de nossos suspiros umedeceu nossas faces.

— Vou te dar um presente esta noite.

Sussurrei baixinho, e Doha sorriu puxando um dos cantos da boca.

— Vai usar a camisola?

— Eu disse que queimei todas, lembra?

— Se você quiser, posso sair agora e comprar outras.

— Vou morrer.

Revirei os olhos, ameaçando, e ele deu uma risadinha baixa.

— Papai! Mamãe! — gritou Doyun alto, abrindo a porta do closet e entrando correndo. Ao nos ver abraçados, ele veio correndo e se agarrou às pernas de Doha, pedindo para ser abraçado também.

Baek Doha se abaixou e levantou o menino no colo.

— Baek Doyun, como foi na creche hoje?

— Doyun estudou bastante hoje! Plantamos tomate-cereja com os amigos. Amanhã vou dar tomates para o papai e a mamãe.

— Tomate não cresce em um dia.

— Por quê? Por quê?

— Porque é uma planta.

— É planta, mas por que não cresce?

Doyun levantou a voz, parecendo não entender.

— Doyun, você também levou anos para ficar desse tamanho. É assim que os seres vivos crescem.

Ele poderia ter explicado de forma mais simples para a idade dele, mas sempre falo sério assim. Doyun ficou com uma expressão séria.

— Papai, quanto tempo você cresceu para ficar tão grande assim?

— Mais de 30 anos.

— 30 anos é MUITOOOO tempo! Como você conseguiu crescer tanto? Papai é enorme!

Não aguentei e soltei uma risada ao ouvir a conversa entre pai e filho. Doha segurou Doyun com apenas um braço enquanto terminava de soltar a gravata e saía do quarto. Ele poderia trocar de roupa depois do jantar.

Nós três nos sentamos à mesa e tivemos um jantar alegre como sempre.

Doyun não parava de tagarelar, e Baek Doha tirava cuidadosamente a carne dos peixes e colocava em cima do arroz do menino. Ele olhava satisfeito para Doyun enquanto comia. Quando nossos olhares se cruzavam, eu sorria, e ele também sorria. Vendo nós sorrindo, Doyun sorria de orelha a orelha.

Eu estava feliz. Não estava sozinho, e esse momento era genuinamente encantador. Não precisava temer que essa felicidade acabasse algum dia, porque o que eu estava vivendo agora iria durar para sempre.

*

O tempo passou como água, e as cerejeiras cor-de-rosa começaram a florescer em Seul. No auge da floração, nossa família foi de carro para o subúrbio, onde era mais tranquilo. O sol estava quente, e a brisa suave fazia as pétalas caírem como flocos de neve.

Baek Doha e eu estávamos sentados em um tapete embaixo de uma cerejeira, e Doyun corria para lá e para cá explorando. Comíamos os lanches que havíamos trazido e tomávamos sol quando o telefone tocou. Era o secretário Park.

[Desculpe incomodar enquanto descansa. Podemos marcar uma reunião com o autor Song e outros autores para esta terça-feira? Como o Sr. Seolwoo pediu para agilizar, organizei o mais rápido possível.]

Alguns dias atrás, eu havia terminado de selecionar jovens artistas promissores para uma exposição junto com funcionários da galeria. Pedi ao secretário Park para agendar o encontro o quanto antes. Era uma notícia animadora. Como o autor Song recomendou pessoalmente esses novos artistas, eu estava animado para conhecê-los logo.

— Sim, está ótimo.

[Então vou confirmar este horário. Aproveite o descanso.]

Depois de encerrar a breve ligação com o secretário Park, Baek Doha, que me olhava fixamente, abriu a boca:

— Além do autor Song, tem algum outro alfa?

— O quê?

— Entre os novos artistas.

Um riso nervoso escapou naturalmente.

— Se tiver algum Alfa, vai me proibir de encontrá-lo?

— Se for o caso, não posso deixar você ir sozinho.

Não é fácil alguém ser tão consistentemente infantil assim, de verdade. Sorri, colocando um tomatinho-cereja na boca e mastigando devagar, enquanto alertava Baek Doha.

— Só tente me seguir. Eu não vou deixar barato.

Baek Doha fez uma careta, mas eu coloquei outro tomatinho na boca dele. Mesmo com a cara amarrada, ele aceitou feito um passarinho faminto. ‘Que fofo.’ Havia pétalas de cerejeira e pelos de cachorro em seus cabelos macios, então os tirei com os dedos. Depois, apoiei as mãos no chão e estiquei as pernas.

— As flores são lindas.

— Você é mais bonito.

Eu já esperava isso. Ele veio para no passeio para admirar as flores mas não olhou para as cerejeiras, só para mim o tempo todo. Vi Doyun pulando para tentar pegar as pétalas que caíam. Era como um cachorrinho. Ignorei o olhar fixo ao meu lado e fechei os olhos, sentindo a brisa da primavera.

Na brisa quente da primavera, estava misturado o perfume dele, o homem sentado ao meu lado que só tinha olhos para mim. Era primavera. A estação em que tudo no mundo se torna belo e brilhante.

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{FIM.}

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Continua nos extras…