Ler Lamba-me se puder – Capítulo 93 Online
— A-ah, sim.
Koy parou de sacudir a cabeça e o olhou. Ashley o encarou nos olhos e reforçou:
— Se, por qualquer motivo, seu pai tentar te ameaçar, me liga imediatamente e vá para minha casa. Entendeu? Depois eu resolvo o resto.
Disso ele não abriria mão. Ashley precisava da resposta de Koy.
— Entendeu? — insistiu de novo.
Koy piscou algumas vezes, hesitou, mas acabou acenando com a cabeça.
— Tá bom.
O olhar firme de Ashley não deixava alternativa. Koy teve de reafirmar:
— Eu vou fazer isso.
— Certo.
Só então Ashley relaxou a expressão. Ainda bem que ele concordou. Koy pensava assim, mas a forma de lidar com a situação ainda não o convencia.
— Ash, mas… dizer que eu te dei um fora… isso…
— Koy.
Ashley o cortou antes que pudesse continuar.
— Esse assunto já está encerrado. Não existe outra solução. Se não gosta dessa, apresente outra.
Koy pareceu refletir um instante e, de repente, seus olhos brilharam com uma ideia.
— E se dissermos que você me dispensou?
— Eu? Mas fui eu quem se declarou.
A resposta imediata o deixou sem reação. Ashley deu um meio sorriso e completou:
— Se eu confesso e depois te largo, aí sim eu seria um lixo, não acha? Isso é ainda pior.
— É…
Pensando bem, era verdade. O rosto de Koy ficou vermelho e ele murmurou um pedido de desculpas. Achando aquilo adorável, Ashley o puxou para um beijo. Quando afastou os lábios, Koy já o encarava com olhos sonhadores.
Ashley sorriu e passou a língua de leve sobre os lábios de Koy, que estremeceu e fechou os olhos de imediato. Sobre Ariel, ele havia deixado acreditarem em qualquer coisa, não se importou em corrigir. Mas agora teria de continuar dizendo que tinha levado um fora… aquilo era humilhante. Ainda assim, bastava olhar para o rosto de Koy para ver que valia a pena.
‘Você sabe, Koy? Eu só faço tudo isso por você.’
Ashley mordeu de leve seus lábios antes de se afastar e, desta vez, perguntou sério:
— Koy, você nunca pensou em denunciar seu pai?
A expressão atônita de Koy voltou a realidade. Ele refletiu um instante, mas logo balançou a cabeça.
— Se eu fizer isso, vão me mandar pra um abrigo.
Não poderia continuar estudando, nem sonhar em entrar na universidade. E, acima de tudo, teria de se separar de Ashley.
Ashley sabia que era isso o que ele pensava, por isso não insistiu. O simples fato de a pessoa mais importante da sua vida estar presa a uma situação tão frágil o destroçava por dentro.
‘Se fôssemos adultos, eu já teria fugido com você.’
Mas, por mais que se achasse capaz, Ashley não passava de um estudante do ensino médio que tinha um pai rico. A fortuna e o poder não eram dele. Por isso, a única coisa que podia oferecer era aquilo:
‘Me liga e vá para minha casa.’
Ashley se sentiu impotente, tomado pelo ódio de si mesmo.
— Me desculpa, Koy. Por não conseguir te proteger.
O lamento fez Koy negar na hora.
— Não.
Ele o olhou sério, com toda a sinceridade:
— Eu só preciso de você.
Ashley não pôde evitar um sorriso, mesmo que não fosse hora de rir. Era um sorriso amargo, e ele sussurrou:
— Eu também.
Dessa vez, antes mesmo do toque, Koy fechou os olhos. Ashley uniu seus lábios aos dele e tentou avançar com a língua, mas novamente falhou. Resignado, afastou-se e limpou a saliva que ficou na boca de Koy com o polegar.
— Koy, o fato de você não sentir cheiro… é por causa do seu pai? Quero dizer… foi por apanhar?
Ashley falou com cuidado. Koy sacudiu a cabeça.
— Não. Não é por causa das surras.
— Então…
Ashley pensou em insistir, mas se conteve. ‘Se Koy não quiser falar, eu não vou pressionar’. Talvez aquilo fosse sua ferida mais profunda. Se ele mesmo não tivesse despertado e decidido ficar ao lado de Koy, talvez o outro continuasse escondendo isso até hoje.
Ashley decidiu que não cometeria o mesmo erro de antes. Soltou-o e disse:
— É melhor você ir agora, Koy.
A voz saía calma, mas firme.
— Se ficar mais, seu pai vai perceber. …E, neste momento, você está impregnado com o meu cheiro.
— O quê? Sério?
Koy levou o braço ao nariz, cheirou instintivamente e, ao notar que não sentia nada, baixou-o de novo, constrangido.
— Então… eu vou.
— Certo.
Koy lançou-lhe um último olhar antes de abrir a porta do carro. Assim que desceu, Ashley também saiu do lado do motorista. Koy o olhou, surpreso, parado na calçada.
— Desta vez, eu vou ficar te vendo ir.
Sempre era Koy quem via o carro de Ashley se afastar. Mas agora seria diferente. Koy hesitou, mas acabou sorrindo e concordando.
— Tá bom.
‘Ele vai me ver de costas…’ O coração de Koy se encheu de calor, e seu rosto iluminou-se em felicidade.
— Então, Ash…
— Até logo, Koy.
Ashley ergueu uma mão e acenou. Koy sorriu radiante e virou-se. Descobria, pela primeira vez, o quanto era reconfortante sentir que alguém estava cuidando dele. Só de saber que Ashley estava ali, seu passo ficou mais leve.
Deu alguns passos, virou-se e ele ainda estava lá. O sorriso no rosto de Ashley parecia dizer para não se preocupar. Koy voltou-se de novo, andou mais alguns passos e olhou outra vez.
Ashley lembrou-se de um vídeo que vira certa vez: quando libertavam um animal selvagem ferido, ele olhava várias vezes para trás, para a pessoa que cuidara dele. Assim também estava Koy. Rindo com ternura, Ashley devolveu o sorriso.
Mas dessa vez foi diferente. Koy parou de andar. E, de repente, voltou correndo com todas as forças. Ashley se endireitou, surpreso, ao ver o garoto disparar na sua direção.
— O que…
Estava prestes a perguntar, quando Koy deu um salto e o agarrou pelo pescoço, colando os lábios nos seus.
Ashley ficou genuinamente chocado. Nunca teria imaginado. ‘Koy… me beijando primeiro? Correndo daquela distância só para se jogar em mim?’
Pela primeira vez, entendeu o que significava ter a mente paralisada. Apenas arregalou os olhos, imóvel, enquanto Koy pressionava firme sua boca contra a dele.
Quando os pés de Koy voltaram ao chão, seus braços se soltaram e os dois ficaram em silêncio, apenas se olhando. O rosto dele corou imediatamente, percebendo o que acabara de fazer. Assustado, virou-se para fugir.
Naquele instante, Ashley agarrou seu braço e o puxou com força, prendendo-o em seus braços e retomando o beijo.
‘Ah…’
O corpo de Koy se arqueou para trás sob o peso dele, e seus lábios se entreabriram sem querer. Ashley não perdeu a chance.
— …Nnh.
Um gemido escapou entre os lábios. A língua de Ashley invadiu sua boca, roçando, acariciando e explorando a dele sem trégua. Koy fechou os olhos com força, franzindo a testa, enquanto todo o corpo tremia de tensão. A sensação escorregadia da saliva misturada o deixava completamente atordoado. Sua respiração saía entrecortada, o peito e os ombros subindo e descendo rápido.
Ashley entrelaçava sua língua na de Koy e, ao mesmo tempo, desceu a mão até apertar-lhe as nádegas. O corpo de Koy se retesou; se não estivesse segurando sua cintura, ele teria caído.
— Eu te amo, Koy.
Ashley murmurou contra seus lábios, a respiração tão quente quanto a dele.
Koy hesitou, mas levou a mão trêmula à nuca dele.
— Nh…!
No mesmo instante, Ashley o apertou contra si com uma força esmagadora. A boca se abriu e suas línguas se entrelaçaram ainda mais. Os lábios se colaram sem espaço.
Com o corpo grudado ao dele, Koy se deixou perder no beijo.
‘Então isso é… um beijo de verdade.’
Mesmo atordoado, ele compreendeu. Percebeu o quanto Ashley tinha se contido até agora. Se ele realmente quisesse, poderia devorá-lo até os ossos sem esforço algum.
E, ao pensar nisso, um arrepio percorreu suas costas — medo misturado a uma estranha expectativa que tremia dentro do seu peito.
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Continua….
Tradução: Ana Luiza
Revisão: Thaís
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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can