Ler Lamba-me se puder – Capítulo 92 Online
— …O quê?
Ashley, por um momento, duvidou do que tinha acabado de ouvir. Em questão de segundos, os acontecimentos do dia passaram em sua mente como um flash: quando ficou irritado ao ver Koy com o uniforme de líder de torcida, o momento em que Koy lhe deu a nota de dois dólares, a vitória conquistada por um fio de diferença, o beijo e a confissão em frente a todos, até, finalmente, Koy ter reconhecido seus sentimentos e aceitado namorar com ele.
Mesmo que apagasse da memória aquela última hora de masturbação intensa, ainda assim tantas coisas haviam acontecido. E agora Koy queria fingir que nada disso aconteceu? Tinham acabado de jantar juntos e voltar caminhando de mãos dadas até ali!
Ashley, que durante todo o trajeto dirigira com uma mão no volante e a outra segurando a de Koy, ficou subitamente atônito. ‘O que foi exatamente que eu ouvi agora?’
— …Você está dizendo que quer terminar? Mesmo antes de começar?
— N-não! Não é isso!
Koy negou desesperado, balançando a cabeça.
— Nós estamos namorando, sim. Isso é verdade… mas… queria que fosse em segredo.
— Por quê?
Ashley pegou a frase que morria nos lábios de Koy e devolveu imediatamente. Era uma reação óbvia, e Koy também entendia. Se fosse o contrário, se Ashley tivesse lhe pedido para manter o namoro em segredo, ele também ficaria arrasado. Mas não havia escolha. Se o pai descobrisse que os dois estavam juntos… Koy não queria nem imaginar o que poderia acontecer.
Se dissesse a verdade, Ashley certamente ficaria magoado.
‘Como alguém se sentiria ao ser rejeitado pela família da pessoa que ama?’
Ashley provavelmente não se sentiria apenas triste — ficaria furioso. E se, por acaso, decidisse terminar por isso, Koy não suportaria. Acima de tudo, não queria que ele se machucasse. Ashley era lindo, perfeito, e se por sua causa recebesse palavras cruéis do pai… isso seria insuportável.
‘Eu não quero que tratem o Ash desse jeito.’
Koy pensava nisso enquanto tentava se explicar.
— É só que… eu acho que é melhor assim.
— Por quê?
— Porque…
A conversa não avançava, girava em círculos. No fim, foi Ashley quem tentou romper o impasse.
— E como vamos manter segredo? A gente se beijou e eu confessei na frente de todo mundo.
— I-isso…
Koy apressou-se em responder:
— Eles não vão acreditar que foi de verdade.
Ashley franziu o cenho e tornou a perguntar:
— Por que não?
— É porque… porque… sou eu.
As rugas na testa de Ashley se aprofundaram, e Koy se apressou em continuar:
— Não é que eu esteja me rebaixando. Mas, pensando de forma realista… quem acreditaria que você gosta de mim? Você mesmo, se fosse antes, também não teria acreditado?
De fato, antes não acreditaria. Mas agora não era assim. Mais que isso: no momento, era Ashley quem estava mais impaciente. E ele não sentia a menor vergonha de gostar de Koy. Pelo contrário, se pudesse, anunciaria em letreiros luminosos pelas rodovias de todo o país que era namorado dele. Por isso, não conseguia entender o motivo de Koy agir assim. Achava que, finalmente, tinham se entendido… será que estava enganado?
— Não importa o que os outros pensam. O que importa é o que você sente.
Koy gostava dele, disso não havia dúvida. Então, por que esse pedido? Ashley estreitou os olhos, desconfiado.
— Me diz a verdade, Koy. Você tem vergonha de eu ser seu namorado?
As palavras inesperadas fizeram Koy se sobressaltar.
— O quê? Claro que não!
— Então por quê?
— Não é porque eu tenho vergonha de você ser meu namorado… é que…
Koy hesitou, escolhendo as palavras com dificuldade, até finalmente admitir:
— É que… eu não estou preparado. Pode me dar só mais um tempo?
Ashley, ainda com o cenho franzido, insistiu:
— Preparado para quê?
— Para…
Koy abaixou a cabeça, murmurando, sem coragem de falar claramente.
‘Ele está escondendo alguma coisa.’
Ashley percebeu. O dia tinha sido perfeito até agora. Mas tinha que haver um motivo para o final ter sido arruinado daquele jeito.
‘Se for uma desculpa sem sentido, eu vou agir. E dessa vez, não vou perdoar.’
Ashley já tinha tido paciência demais. E agora, em troca, recebia isso? ‘Esconder o namoro?’
— Fala logo. Qual é o motivo? Se mentir ou enrolar, eu não vou tolerar.
Foi o aviso final, antes de se calar.
Koy se sentia encurralado. Tinha medo da reação de Ashley se contasse a verdade. Mas também sabia que, se mentisse, a raiva dele seria ainda maior. Por fim, baixou a cabeça e confessou em voz baixa:
— É por causa do meu pai…
— O quê?
Koy não conseguiu levantar o rosto. Com a voz embargada, continuou:
— Ele disse… pra eu não me encontrar com você.
Ashley ficou sem reação. Ele já tinha tido várias namoradas, mas nunca um responsável que dissesse para terminarem porque não gostava dele.
— …O quê?
Repetiu, incrédulo, e Koy começou a soluçar.
— Meu pai disse que… se você liberar feromônio… poderia desencadear algum sintoma. Que eu nunca devo me encontrar com você. Se ele descobrir, eu teria sérios problemas.
Koy passou o dorso da mão nos olhos molhados, completando:
— Me desculpa, Ash. Eu também gosto de você, eu gosto demais… mas meu pai é muito assustador. Quando ele se irrita, não sei o que pode fazer. Se, por acaso, descobrirem que a gente namora e isso chegar até ele…
Só então Ashley compreendeu. Não queria acreditar. Não devia ser verdade. Mas ainda assim perguntou, hesitante:
— …Koy. Esse homem… ele te bate?
O susto de Koy foi imediato. Ashley não conseguiu se conter e segurou os ombros dele.
— Koy, olha pra mim. É verdade? É por isso? Você tem medo de apanhar dele?
Depois de hesitar, Koy ergueu o rosto. Ao ver sua expressão, Ashley ficou paralisado.
Até então, sempre desprezara seu próprio pai, considerando-o um lixo. Mas nem aquele homem havia encostado a mão nele. Claro, não havia necessidade: ele sabia formas ainda mais cruéis de destruir alguém.
Mas justamente por isso, Ashley custava a acreditar que alguém pudesse viver apanhando de um pai. Ele sabia que existiam pais assim, monstros, mas encarar isso na realidade… e ainda mais sendo o pai de Koy…
— Eu estou bem.
A voz de Koy tremia.
— Só preciso tomar cuidado quando ele bebe. Ultimamente nem tenho apanhado tanto… O que me preocupa é você.
As lágrimas voltaram a encher os olhos de Koy.
— Tenho medo que… se souber que ele não gosta de você… você acabe me odiando também.
‘Foi por isso que não consegui falar.’
Ashley compreendeu até o que Koy não disse. E imediatamente se arrependeu por tê-lo pressionado tanto. Se Koy não queria responder, ele deveria ter respeitado. Isso também era cuidado.
E eu encho a boca dizendo que sou namorado dele, mas nem consegui dar esse cuidado básico.
A culpa o corroeu. Ao mesmo tempo, a compaixão e o carinho por Koy cresceram, e a força em suas mãos, que seguravam os ombros dele, se desfez.
— Não existe chance de eu deixar de gostar de você.
Disse em tom mais suave. Koy abaixou o rosto de novo, e as lágrimas escorreram.
— Eu só tenho você. Se você disser que não gosta mais de mim, o que vai ser de mim?
O som dos soluços preencheu o carro. Ashley apenas o observava. Precisava fazer algo. A mistura de raiva contra o pai de Koy e a compaixão por ele o deixava tonto.
— …Então tá.
Demorou um pouco até que Ashley falasse.
— Vamos dizer que eu levei um fora.
— O quê?
Koy levantou a cabeça de repente, chocado. Ashley enxugou o rosto molhado dele e sorriu de forma amarga.
— Fui eu quem te pediu em namoro, isso não dá pra apagar. Se a gente disser que não está junto, ninguém vai acreditar. Então, é o melhor jeito. Vamos dizer que é um amor não correspondido.
— Isso não faz sentido!
Koy sacudiu a cabeça desesperado. Quem no mundo acreditaria? Que Connor Niles tinha dispensado Ashley Miller? Mais fácil acreditarem que Connor chutou a traseira de um leão.
— Mas tem uma condição, Koy.
Ashley falou sério, ignorando a negativa dele.
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Continua….
Tradução: Ana Luiza
Revisão: Thaís
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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can