Ler Lamba-me se puder – Capítulo 48 Online

— Hã?

Diante da voz inesperada, Koy fungou e levantou a cabeça. De repente, uma figura apareceu no pátio vazio. Ele piscou rápido para ajustar o foco, e então viu alguém correndo em sua direção.

— Ash?

Surpreso, Koy gritou sem perceber. Ashley não parecia ter corrido com tanta pressa, mas em poucos passos já estava bem na frente dele. Com um sorriso, olhou para Koy, que o encarava com olhos arregalados.

— Que bom. Você ainda está aqui.

‘O que eu estou vendo agora?’

Ainda sem acreditar, Koy apenas observava, atônito, quando Ashley de repente franziu a testa.

— O que foi? Você… chorou?

— Hã? Ah… n-não! É que… entrou poeira nos meus olhos.

Ele esfregou os olhos com o braço como se quisesse provar que era só isso, depois voltou a encarar Ashley.

— Mas… por que você voltou? Aconteceu alguma coisa?

— Como assim, aconteceu alguma coisa?

Ashley repetiu a pergunta, com um sorriso brincalhão.

— Temos treino de patinação, esqueceu?

— Hã? A-ah…

Vendo Koy tropeçar nas palavras outra vez, Ashley soltou uma risada alegre. Com um toque leve e travesso, ele cutucou o nariz do garoto com o dedo e, com um sorriso enorme, disse:

— Achei que você estava me esperando esse tempo todo. Me enganei? Ou era outro amigo?

— N-não, é você mesmo. Claro que é você…

Koy ainda estava completamente confuso.

— E os outros?

— Ah, falei que tinha esquecido uma coisa e vim.

Ao ouvir isso, Koy pensou que sua triste suposição estava certa.

Claro, Ash não queria contar que ia ficar sozinho comigo…

— Quero ficar a sós com você. Se aqueles caras descobrirem, vão querer se intrometer.

— Hã?

Surpreso com a resposta inesperada, Koy deixou escapar mais um som bobo. A maioria teria entendido uma declaração tão direta, mas infelizmente Koy não era a maioria. Ashley já sabia que ele não entenderia, então não estava surpreso. Enquanto Koy olhava sem entender, Ashley pegou a bicicleta e a colocou no ombro, como sempre fazia.

Koy arregalou os olhos e esticou a mão, pronto para dizer que ele mesmo podia levá-la, mas Ashley agarrou sua mão de repente.

Dessa vez, nem um “hã” saiu, ele apenas segurou o ar, surpreso. Ashley entrelaçou os dedos com os de Koy e começou a balançar suas mãos para frente e para trás, como num balanço, enquanto caminhavam lado a lado.

Enquanto andava de mãos dadas com ele, a mente de Koy fervilhava de perguntas.

‘O que foi que o Ash acabou de dizer? Eu ouvi certo? Será que meus ouvidos estão com problema? Ou é minha cabeça? Deve ser tudo imaginação. E se for alucinação? Meu Deus, eu nem tenho seguro… espera aí, não, eu estou mesmo caminhando com o Ash. E ele tá segurando minha mão. Então o que aconteceu antes não foi um sonho. Isso quer dizer que ele realmente disse aquilo pra mim? Que queria ficar sozinho comigo? Mas… por quê? Por que ele ia querer isso?’

— Koy.

A voz de Ash invadiu os pensamentos turbulentos de Koy. O garoto, com o olhar meio apagado por causa do turbilhão de pensamentos, ergueu os olhos para ele. Ashley perguntou:

— A que horas você termina o trabalho amanhã? Às 18h, certo?

— Hã? É…

Koy respondeu automaticamente, ainda atordoado, e Ashley sorriu satisfeito.

— Então às seis e dez eu posso ir. Esse horário está bom?

— Hã? O quê? O que ir…?

Koy olhou para ele, confuso, sem entender do que ele estava falando. Ashley continuou falando com o mesmo sorriso no rosto.

— Amanhã, depois que você sair do trabalho… vamos sair juntos para algum lugar.

— Hã?

Koy só conseguiu reagir da mesma maneira novamente. Ele simplesmente não entendia do que Ashley estava falando.

— Mas… amanhã você não vai fazer uma festa…?

Na mesma hora em que se lembrou de que não tinha sido convidado, sentiu uma pontada apertar seu peito. Mas Ashley, como se aquilo não tivesse importância alguma, respondeu com naturalidade:

— A festa é só para os outros se divertirem entre eles. A gente pode se divertir só nós dois.

‘O que ele quer dizer com isso?’

Koy arregalou os olhos diante da resposta inesperada. Parecendo se divertir com a reação, Ashley estreitou os olhos e perguntou, fingindo desconfiança:

— Ou será que você queria ir para festa? Em vez de sair só comigo?

— Q-quê?! Não! De jeito nenhum! Nunca! — Koy negou com veemência, balançando a cabeça com pressa. Logo depois, ele murmurou com o rosto todo vermelho: — Eu gosto de ficar com você, Ash…

— Que bom.

Ashley sorriu ao ver que as orelhas de Koy, que até então estavam quietas, começarem a se mexer sem parar.

— Então está decidido. 18h10, tudo bem? Posso ir te buscar nesse horário.

— Sim, perfeito.

Koy assentiu rápido com a cabeça, mas logo a inclinou, curioso.

— Mas… pra onde a gente vai, amanhã?

— Você devia ter perguntado isso antes de concordar, não? — Ashley estreitou os olhos com um sorriso malicioso. — Se responder sem pensar assim, pode ser sequestrado por alguém mal-intencionado.

Foi só aí que Koy soltou uma risadinha desajeitada. Com o rosto vermelho como sempre, ele disse com o sorriso mais sincero:

— Eu só faço isso com você, Ash….

Ele parecia não ter nem cogitado que Ashley pudesse ser exatamente esse tipo de “alguém mal-intencionado”. Ashley sentiu uma vontade quase irresistível de esmagar a confiança cega dele ali mesmo, mas se conteve e devolveu apenas um sorriso suave. As orelhas de Koy continuaram se mexendo enquanto ele ria, sem suspeitar de nada.

Nesse momento, Ashley agradeceu por ter entrado no time esportivo e ter passado por treinos tão rigorosos. Se não fosse por isso, sua paciência já teria se esgotado há muito tempo.

Disfarçando a expressão, ele soltou a mão de Koy, pegou a chave no bolso e abriu o porta-malas do carro.

— Vá indo, sente-se lá.

Como sempre fazia, Ashley carregou sozinho a bicicleta de Koy e a acomodou no porta-malas. Enquanto isso, Koy, tomado por uma mistura de gratidão e culpa, correu até o banco do carona tentando ao menos não atrapalhar. Ashley sentou no banco do motorista, afivelou o cinto e, depois de confirmar que Koy já estava sentado direito, deu partida no carro.

— O lugar para onde vamos é segredo. Eu te conto amanhã quando nos encontrarmos. — Ele completou com um sorriso: — Você vai se surpreender.

— Sério? De verdade?

‘Para onde será?’

O coração de Koy começou a bater mais rápido. Quando sentiu as orelhas se mexendo, tentou segurá-las às pressas, mas já era tarde. Ashley com certeza tinha visto tudo. Morrendo de vergonha, Koy não sabia onde enfiar a cara, mas Ashley fingiu que não notou nada, apenas acelerou o carro em direção à saída da escola.

— E-ei, Ash…

Depois que o carro já seguia pela estrada, ele o chamou em voz baixa. Ashley lançou um olhar de lado, atento. Koy então perguntou, com cuidado:

— É que… será que… você não me convidou pra festa… por isso?

‘…Para que nós possamos sair sozinhos?’

Só de imaginar, seu coração já acelerava e suas pontas dos dedos formigavam. Há pouco, ele estava tão triste, mas agora era exatamente o oposto. Koy ainda não conseguia acreditar que Ashley ia deixar os outros amigos para passar um tempo a sós com ele. Vendo o rosto dele iluminado pela expectativa, Ashley falou com um sorriso travesso:

— Não, eu só vou te sequestrar mesmo.

— Hahaha!

Koy soltou uma risada na hora. Ashley também sorriu ao ver suas bochechas coradas e suas orelhas se mexendo sem parar.

‘Coitado do Koy. Chorar por algo tão pequeno assim…’

Na verdade, Ashley percebeu logo de cara que Koy tinha chorado. Qualquer um que tivesse olhos perceberia. Mas ele preferiu fingir que não sabia, prevendo que, se tocasse no assunto, poderia magoá-lo ainda mais.

‘Não achei que ele fosse realmente chorar por causa daquilo. Chorar só porque foi impedido de ir à festa?’

Ashley ficou um pouco desconcertado, mas agora já estava tudo bem. Koy parecia ter esquecido completamente o que aconteceu e estava imerso em felicidade. Suas orelhas, que não paravam de se mover, eram a prova disso.

Para ser sincero, quando viu Koy junto de Bill e os outros, Ashley sentiu uma irritação como nunca antes. Até então, Koy parecia se enturmar muito bem com o grupo. Conversavam, e riam juntos. Mas isso só acontecia quando ele também estava presente.

Quando viu Koy interagindo de forma tão amigável com os outros, sem ele por perto, algo dentro dele se revoltou. Aquilo o irritou. E por isso, no fim das contas, ele apenas fez um pequeno jogo por causa do ciúmes.

Ao lembrar dos olhos avermelhados de Koy, um sentimento diferente surgiu. Mas ele não tinha intenção de se desculpar. Em vez disso, mudou de assunto.

— Koy, quando chegarmos… vamos comer alguma coisa?

— Uhum.

Koy respondeu de imediato, e Ashley continuou:

— O que você quer comer? Podemos pedir algo, então me diz, qualquer coisa.

— Eu gosto de tudo. — Mais uma vez, Koy respondeu sem hesitar. — Se for com você, Ash, qualquer coisa está ótimo.

Com um sorriso radiante e as orelhas se mexendo sem parar, Koy mais uma vez deixou tudo transparecer.

‘Que se dane aquela festa ridícula.’

Ashley pensou assim, e sorriu.

Esse lado fofo, adorável e encantador de Koy… Só precisava ser conhecido por Ashley Miller.

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Continua…