Ler Lamba-me se puder – Capítulo 42 Online

— Koy? — Ashley perguntou com urgência. — O que foi? Está se sentindo mal? Seu rosto está todo vermelho.

Ele parecia genuinamente preocupado. Mas, na verdade, sua atitude teve o efeito contrário. Quando Ashley se inclinou na direção dele, seu rosto, que já enchia completamente o campo de visão de Koy, acabou por deixá-lo completamente atordoado.

— Koy, você está bem? Quer ir ao hospital?

Ashley estendeu a mão ao ver a respiração ofegante do garoto. Mas, no exato momento em que seus dedos tocaram a bochecha de Koy, ele se encolheu, apavorado, e recuou bruscamente.

‘Não! Se o Ash me tocar, eu vou morrer. Sério, vou morrer de verdade!’

A sensação de pânico tomou conta de todo o seu corpo, como se uma sirene estridente ecoasse sem parar dentro da sua cabeça. “Haa… haa..”. Ofegante, Koy se encolheu contra a janela do carro. Ao ver seu rosto vermelho e ardente, Ashley arregalou os olhos, surpreso.

— É melhor irmos ao hospital.

— O quê? N-não precisa!

Ao ver Ashley girando a chave para ligar o carro, ele gritou em pânico.

— Eu estou bem, de verdade! Não estou doente!

— Como assim? Você está todo vermelho, como um tomate. Parece que está com febre.

— É sério! Eu estou bem mesmo! É s-só… só preciso tomar um pouco de ar! De verdade!

‘E eu nem tenho seguro saúde!’

Koy gritou por dentro. Talvez por causa do pânico, seu rosto, antes corado, foi ficando pálido. Ashley franziu a testa e o encarou com uma expressão séria. Koy olhou de volta, nervoso, com os olhos vacilantes, como se estivesse implorando para que ele acreditasse.

— Haa…

No fim, Ashley suspirou fundo e cedeu um pouco.

— Tudo bem. Vamos sair daqui primeiro.

Koy o observou com ansiedade enquanto ele ligava o carro, até que, depois de alguns minutos, abriu a boca, cauteloso:

— Hm… será que… dá para abrir a janela? Tá meio quente aqui…

Mesmo apertando de propósito o botão da janela, nada se moveu – como esperado. Assim como as portas, as janelas também estavam travadas. Koy apontou para o vidro com um olhar tímido. Ashley apenas lançou um rápido olhar para o lado e, sem dizer nada, apertou o botão central no painel.

O ar-condicionado ligou, e logo um vento frio começou a circular pelo carro.

***

As portas do carro só se destravaram quando chegaram na mansão de Ashley. Depois de estacionar na frente da garagem, ele abriu a porta do lado do motorista, o que destravou automaticamente a porta do carona também. Koy, observando tudo com cautela, só saiu do carro depois que Ashley já estava do lado de fora.

Talvez por achar que ele não tentaria mais fugir, Ashley não segurou sua mão dessa vez. O garoto cabisbaixo, apenas o seguiu em silêncio. Ashley só voltou a falar depois de fazer Koy se sentar em uma cadeira na copa da casa.

— E o teste? Como você foi? Passou?

Ao colocar uma Coca e um copo na mesa, Ashley soltou a pergunta, deixando Koy surpreso.

— A Al não te contou?

‘Ele não sabia do resultado? Então por que me trouxe até aqui?’

Koy ficou confuso, mas dessa vez quem pareceu surpreso foi Ashley.

— A Al? Por quê?

Vendo a expressão séria e a testa franzida de Ashley, Koy gaguejou.

— N-não… quer dizer… é que…

A reação de Ashley foi diferente do que ele esperava.

‘O que é isso? Por que ele está com essa cara?’

Koy ficou mais confuso ainda e começou a falar atrapalhado.

— É que… eu achei que vocês dois tinham se reconciliado…

— Não, Koy. Você entendeu tudo errado.

Ashley assumiu uma expressão séria e negou rapidamente.

— Nós terminamos de verdade. Não tem chance de recomeço.

— Ah…

Desde que viu os dois andando lado a lado, Koy teve mil pensamentos, mas agora percebia que tudo não passava de imaginação da sua parte. Ashley realmente não fazia ideia do que ele quis dizer. Koy começou a corar lentamente, tomado por uma vergonha repentina.

— Entendi…

Murmurou baixo, quase para si mesmo. Ashley franziu a testa e o encarou, como se dissesse “se tem algo a dizer, diga logo”. Koy hesitou um pouco antes de abrir a boca com cuidado.

— Então… por que vocês terminaram?

Ashley ficou em silêncio por um momento. Koy pensou que ele talvez fosse evitar a resposta. Mas, mais uma vez, seu palpite estava errado, e Ashley respondeu.

— Foi porque… —Ele manteve o olhar firme em Koy enquanto continuava. — Eu comecei a gostar de outra pessoa.

— O quê?

Koy arregalou os olhos diante daquela revelação inesperada. Ele ficou parado, encarando Ashley, atordoado, e então o outro repetiu:

— Eu disse que comecei a gostar de outra pessoa.

— Ah…

Koy piscou, confuso, sem saber o que dizer, a voz de Ashley era serena, calma. Parecia que ele já havia resolvido tudo internamente. Sem ter mais palavras, Koy apenas murmurou:

— Entendi… Então… quer dizer que agora você vai arrumar uma nova namorada?

Foi o que conseguiu perguntar, depois de finalmente encontrar algo para dizer. Ashley soltou um sorriso breve.

— Quem sabe?

— Hã? Como assim?

Koy franziu a testa diante da resposta ambígua e tornou a perguntar. Ashley, em vez de responder, apenas encarou o rosto dele.

— Eu não sei ao certo.

— Por quê?

A ansiedade começou a tomar conta de Koy, que insistiu. Mas Ashley, sem pressa, pegou um copo com gelo e despejou uma bebida. Koy esperou pacientemente enquanto ele bebia, só depois que colocou o copo de volta na mesa, ele voltou a falar.

— É que eu nunca me confessei para ninguém, então não sei como fazer isso.

— O quê?

Koy piscou, surpreso com a revelação inesperada.

— Mas… você sempre teve namoradas, não teve?

Se ele nunca se confessou, então como namorava? Não conseguia entender, e Ashley explicou:

— Sim. Mas… eu nunca comecei um relacionamento dizendo ‘eu gosto de você.’ As coisas simplesmente aconteciam naturalmente.

— Ah… entendi.

Era uma novidade para Koy, que apenas assentiu com a cabeça. Por um instante se perguntou se era certo dar conselhos, já que ele mesmo nunca tinha namorado ninguém. Mas logo afastou o pensamento. Ashley era um amigo, ele devia ajudar com tudo que pudesse.

Koy se empolgou e perguntou com convicção:

— Então é só fazer como sempre fez! Deixe acontecer naturalmente.

— Mas agora é diferente.

— Diferente porquê?

Ashley apoiou o queixo com uma das mãos e olhou diretamente para ele.

— Porque eu não sei o que essa pessoa sente por mim.

Assim que ouviu aquilo, Koy reagiu na hora.

— Como assim?! Claro que essa pessoa gosta de você! Ou melhor, tem que gostar! — A voz dele saiu mais alta do que o normal, enquanto falava com entusiasmo: — Quem nesse mundo não gostaria de você? Se ela ouvir que você gosta dela, com certeza vai ficar feliz!

Diante daquela reação apaixonada, Ashley soltou uma risada, meio envergonhado.

— Será?

— Tenho certeza que sim!

Koy gritou com toda a sinceridade do coração:

— Se você dissesse que gosta de mim e me pedisse para namorar, até eu aceitaria na hora!

Os olhos de Ashley, que o observava em silêncio, se estreitaram levemente.

‘Oh?’

Depois de gritar, Koy teve um pensamento tardio de que algo estava errado. Mas já era tarde demais – a água já tinha sido derramada. Quando ele congelou, hesitante, Ashley apoiou os braços na mesa e se inclinou na direção dele.

— Será que eu devia fazer isso, então?

Koy ficou hipnotizado ao encarar aqueles olhos azuis-acinzentados e, sem perceber, perdeu o fôlego. Ao ver que o rosto bem proporcionado e elegante estava tão perto, o coração de Koy começou a bater feito louco, aqueles olhos estavam fixos apenas nele e os belos lábios desenharam um sorriso suave. Ashley então abriu a boca.

— Koy.

A voz era suave e doce, quase um sussurro.

— Eu gosto de você.

‘…O quê?’

Os olhos de Koy se arregalaram. Foi como se fogos de artifício explodissem bem ao lado dos seus ouvidos. Ou talvez fosse o próprio som do seu coração batendo. Aquele barulho ensurdecedor era algo que ele nunca tinha ouvido antes na vida.

“Eu gosto de você.”

“Eu gosto de você.”

“Eu gosto de você.”

A voz baixa de Ashley continuou ressoando dentro dos ouvidos dele.

‘O Ashley gosta… de mim.’

— Aaaah!

Koy se assustou e gritou, recuando de repente.

— Koy!

Ashley chamou por ele, estendendo a mão às pressas. Com um baque alto, a cadeira tombou para trás. Koy ficou paralisado, piscando devagar, como se estivesse em choque.

— Você está bem?

Ashley perguntou com o rosto preocupado. Aos poucos, a consciência dele foi voltando à realidade. Ele então percebeu que havia escorregado da cadeira e acabado sentado no chão. Se Ashley não o tivesse segurado pelo braço, talvez tivesse batido a cabeça. Ao ver o rosto pálido e tenso de Ashley, Koy finalmente conseguiu responder:

— Eu-eu estou… Estou bem. Obrigado.

— Que bom.

Só então Ashley relaxou e sorriu novamente. Em seguida, ele ajustou o aperto no braço de Koy e, de repente, puxou-o para cima.

— Ah!

Koy foi levantado no susto e acabou caindo direto nos braços dele. Com os olhos arregalados diante da situação inesperada, ele sentiu Ashley apertá-lo contra o peito.

— Não me assuste assim.

Tum-tum.

Foi como se o coração tivesse caído no chão. E logo em seguida, começou a bater desenfreadamente. Sua visão ficou turva e a mente, completamente em branco. Um único pensamento surgiu, límpido e nítido:

‘E se o Ash descobrir isso?’

No exato momento em que a euforia e o medo se misturaram, Ashley de repente o afetou. Koy cambaleou um pouco, mas logo conseguiu se equilibrar. Ashley só soltou a mão depois de confirmar que ele estava firme de pé. Quando Koy olhou para ele, viu o rosto sorridente de sempre.

— Então você passou no teste, certo? Que tal pularmos o treino hoje e fazer uma festa de comemoração? Acho que tem bolo.

— Bolo?

Koy repetiu em voz baixa, e Ashley, já se levantando, respondeu:

— Eu tinha certeza de que você ia passar, então deixei um bilhete pedindo para prepararem um com antecedência.

As palavras inesperadas o deixaram tão surpreso que ele nem conseguiu reagir.

‘Um bolo? Para mim? Mas nem é meu aniversário…’

Na verdade, ele não se lembrava da última vez que tinha comido bolo, nem mesmo em um aniversário. Talvez tivesse comido em algum momento da infância, mas fazia tanto tempo que nem lembrava.

E agora, do nada, um bolo.

Só porque passou num teste que nem era lá essas coisas.

Ashley abriu a geladeira e tirou um bolo de chocolate. Koy ficou parado, apenas observando em silêncio enquanto ele colocava o bolo na mesa. Depois de pegar pratos e garfos, Ashley ajeitou a cadeira que havia tombado e fez Koy se sentar. Ele não piscava enquanto via Ashley cortando o bolo.

— Parabéns, Koy.

Ashley empurrou o prato com um pedaço de bolo na direção dele e disse isso com um sorriso tão gentil que ele sentiu um nó na garganta.

— Obri… gado.

Ele mal conseguiu emitir a palavra, forçando a voz trêmula. Ashley sorriu de novo. A mão que segurava o garfo, estava tremendo levemente, e ele levou o pedaço de bolo à boca com todo o cuidado.

— E aí? Gostou?

Ashley perguntou.

— Tá uma delícia.

Ashley sorriu de novo. Vendo aquele sorriso seu coração bateu descontroladamente, o bolo era tão doce que Koy quase começou a chorar.

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Continua…