Ler Lamba-me se puder – Capítulo 126 Online

Modo Claro

Ashley ficou ali parado em silêncio. Teve que respirar fundo lentamente para conter o impulso de arrancar a venda dos olhos naquele instante. Perder a calma só o prejudicaria. Dominic jamais perderia a compostura e provavelmente riria na cara do filho por isso.

Como a maior forma de resistência que podia oferecer, Ashley manteve os lábios firmemente fechados. Dominic o observou por um tempo em silêncio. Em seguida, o aroma forte de charuto se intensificou, e Ashley percebeu que ele havia inalado e soltado a fumaça.

— Ouvi dizer que você aprontou algo bem… interessante. — A voz de Dominic soou arrastada e cheia de um divertimento cruel. Ashley não respondeu. Dominic prosseguiu, indiferente à falta de reação.

— Para ter perdido a cabeça a ponto de causar um escândalo desses… fico pensando o que foi que você viu naquele vira-lata mestiço.

Um tom de cinismo era evidente em sua voz.

— Um lixo incapaz sequer de manifestar o próprio feromônio.

Ashley reprimiu um gritou. Conseguiu se conter apenas porque cerrou os punhos com força. Ele ainda não sabia o que havia acontecido depois de sua prisão. Precisava manter a razão e entender a situação — esperar pela próxima oportunidade.

‘Vou fazer você pagar por insultar o Koy.’

Dominic, observando o filho que não reagia, levou o charuto de volta à boca. Tragou profundamente antes de soltar a fumaça, lançando um olhar breve para o punho cerrado de Ashley, depois voltando o olhar para o rosto dele. Aquele rosto — a obra-prima que tanto se assemelhava a seu Ômega, mas ainda carregando seus traços — era sua criação mais preciosa. Era, para Dominic, a segunda coisa que mais amava no mundo, e contemplá-lo sempre lhe trazia uma satisfação perversa.

Mas isso não significava que ele toleraria insubordinação. Dominic sabia bem que, quanto mais se preza um objeto, mais severamente se deve tratá-lo. Assim como uma madeira bruta precisa ser incessantemente lixada e polida para se transformar em um móvel belo e impecável.

— Vou perdoar o que aconteceu desta vez. Imagino que já tenha refletido o suficiente. —

Dominic declarou, no mesmo tom arrogante e autoritário.

— Agora volte para o seu quarto e descanse. Amanhã, partiremos cedo de volta para o Leste. É claro que você virá comigo.

Ashley se enrijeceu. Dominic percebeu a mínima oscilação e acrescentou:

— Já escolhi algumas garotas adequadas para você. Pode conhecê-las aos poucos na universidade. Todas ômegas — perfeitas para ajudar você a liberar os feromônios, inclusive.

Ashley ficou atônito. ‘Do que ele está falando? Isso é sério? Ele quer… que eu…?’

— …Quer que eu conheça outras pessoas? — Perguntou, com a voz quase inaudível.

Dominic respondeu com naturalidade cruel:

— Já que não quer participar das festas para extrair os feromônios, casar com uma delas é uma boa alternativa. Assim, poderá liberá-los regularmente. E, claro, seria bom para seu TOC também.

 

Sorrindo de canto, ele olhou para o filho imóvel e perguntou:

— Espero que não esteja me dizendo que não pode por causa de um produto defeituoso e inútil.

Ashley, consternado, tentou dizer algo, mas as palavras não vinham. Enquanto ele permanecia congelado, Dominique pressionou com calma um botão na mesa onde estava reclinado. Imediatamente, a porta se abriu e a secretária entrou.

— Chamou-me, senhor?

— Leve o júnior para o quarto.

Seguindo a ordem de Dominic, a secretária moveu-se imediatamente. Ela segurou levemente o braço de Ashley e o puxou. Só então ele pareceu recobrar os sentidos e hesitou.

— Eu vou ficar aqui.

Mesmo tendo expressado suas intenções tardiamente, Dominic apenas deu uma risadinha. A secretária agarrou seu braço sem dizer uma palavra. Ashley se desvencilhou da mão dela e gritou de volta, com raiva.

— Eu não vou para o leste! Eu vou ficar aqui! Pare de controlar a minha vida como bem quiser!

— Senhor Ashley Miller.

A secretária o interropeu rapidamente.

— Não seria melhor voltar ao quarto do que acabar trancado outra vez no porão?

Diante da observação calma e certeira, Ashley parou novamente. Ela tinha razão. Não havia nada que ele pudesse fazer. Se continuasse a se rebelar, acabaria jogado de volta na escuridão. Dominic podia fazer isso a qualquer momento — bastava uma palavra.

— …Solte!

No fim, tudo o que Ashley pôde fazer foi se soltar bruscamente das mãos da secretária. Ela, percebendo o momento, deu um passo para trás e voltou a falar com o mesmo tom impessoal de antes:

— Vire-se, dê um passo à direita e caminhe doze passos à frente.

Não havia escolha. Cambaleando, Ashley fez exatamente o que ela mandou. Dominic estreitou os olhos ao observá-lo, e a secretária, depois de uma leve reverência em sua direção, saiu da biblioteca atrás de Ashley.

Quando a porta se fechou, Dominic ficou sozinho. A fumaça do charuto que enchia sua boca escapou lentamente pelos lábios.

Nunca imaginara que um dia enfrentaria as preocupações de um pai criando um adolescente rebelde. Mas sabia que isso não duraria muito. Por mais que Ashley fosse teimoso, assim como seu ômega, no fim ele também se ajoelharia. Assim como o “Ashley” — aquele que lhe havia dado à luz.

— Ah…

Ao lembrar-se dele, um calor familiar e intenso voltou a arder em seu abdômen. Dominic entrecerrou os olhos e esboçou um leve sorriso.

— Teria sido bom se “Ashley” estivesse aqui agora.

Com um toque de melancolia, ele murmurou para si mesmo e soltou um longo suspiro junto com a fumaça. Ao lembrar de seu ômega — aquele ser miserável e adorável, que nada podia fazer além de gritar maldições em sua direção —, sentiu um desejo ardente de abraçá-lo e revolver-lhe o ventre naquele instante.

‘Um dia… eu vou fugir de você, custe o que custar.’

Se conseguir, é claro.

Um riso baixo, gutural, escapou de Dominic, ecoando de forma sombria pela biblioteca silenciosa. Ashley jamais escaparia dele. Nem ele… nem o filho que tiveram.

Dominic Miller nunca deixava escapar aquilo que desejava.

 

***

 

— …Droga!

Sozinho no quarto, Ashley xingou e arrancou a venda dos olhos com raiva. Mesmo com a fraca luz que iluminava o cômodo, seus olhos ardiam. Ele fechou as pálpebras e esperou até que se acostumassem à claridade.

Lá fora ainda estava escuro. Provavelmente foi por isso que o haviam tirado do porão agora. Se seus olhos, acostumados à escuridão, fossem expostos à luz intensa do oeste de uma só vez, talvez ficasse cego.

Aos poucos, os olhos se acostumaram à luminosidade que antes vazava pelas frestas da venda. Ele abriu e fechou as pálpebras várias vezes até, finalmente, recuperar parcialmente a visão.

— …Haah.

Soltou um suspiro tardio e logo começou a andar de um lado para o outro no quarto. Se fosse levado para o leste, nunca mais veria Koy novamente.

E havia também a questão do casamento.

A mente dele ficou em branco, incapaz de compreender. Nunca imaginara que Dominic fosse chegar a esse ponto. Agora tinha certeza: Dominic faria qualquer coisa para separá-lo de Koy.

‘Isso não pode acontecer.’

Ashley esfregou o rosto com força e parou, respirando fundo. ‘Pense, preciso pensar.’

‘Com calma.’

Dessa vez, o mesmo truque não funcionaria. Teria que fugir bem diante dos olhos de Dominic Miller — e levar Koy com ele.

Então…

Ele voltou a andar em círculos, sentou-se na cama, levantou-se de novo e puxou os cabelos, repetindo o ciclo por um bom tempo. Assim o tempo passou, e quando o amanhecer começou a surgir, Ashley finalmente havia posto os pensamentos em ordem.

 

***

 

Quando a secretária bateu e abriu a porta do quarto, Ashley estava deitado na cama, dormindo. A luz do sol não entrava no quarto com as cortinas grossas fechadas, deixando-o escuro como a noite. A secretária estalou a língua brevemente e se aproximou da cama.

— Senhor Ashley Miller, acorde.

Disse ela, balançando de leve o ombro dele.

— Já são mais de 10 horas. Você precisa comer e começar a se arrumar. Todos estão ocupados agora. Sr. Ashley Miller!

A secretária insistiu novamente, mas ele não reagiu. Ela franziu o cenho, observando-o com desconfiança, até que Ashley deixou escapar um gemido baixo.

— …Acho que vou vomitar.

A voz dele soava fraca, completamente sem força, e isso fez a secretária hesitar por um instante. Ashley, com uma expressão de sofrimento, continuou:

— Traga um pouco de água… e remédio. Depressa.

— Remédio…?

Foi a primeira vez que a secretária se mostrou indecisa. Costumava executar qualquer ordem de forma impecável e imediata, mas aquilo era diferente. Os alfas dominantes possuíam um sistema imunológico muito mais resistente do que o das pessoas comuns — raramente adoeciam, e, por isso, os medicamentos comuns não faziam efeito.

Conseguir um remédio adequado para um extremo alfa, e tão rapidamente, não seria nada fácil. Ainda assim, ela não podia simplesmente dizer que era impossível. Afinal, era uma secretária competente acima de qualquer suspeita.

— …Vou providenciar.

Respondeu em um tom firme e profissional antes de sair apressada do quarto.

 

°

°

Continua….

 

Tradução:  Ana Luiza

Revisão:  Thaís

 

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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can

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