Ler Lamba-me se puder – Capítulo 124 Online
Por um momento, ele não conseguiu dizer nada. O silêncio durou apenas alguns segundos, mas foi o suficiente para que Koy tivesse certeza.
— Ah, não, não é isso! É um engano! — gritou Ashley, apavorado, ao ver o rosto de Koy se contorcer como se fosse chorar. Gaguejando de nervosismo, ele tentou se explicar rapidamente:
— Você viu, não viu? Eu tiro os feromônios com injeção.
— Mas você não pode tomar essas injeções o tempo todo. — observou Koy, que ainda parecia não acreditar completamente em Ashley, embora já fizesse quase um ano que viviam dessa forma.
— Não, eu posso.
Ashley falou.
— É possível remover com injeções também. É só que o sexo é mais conveniente, então geralmente retiram dessa forma. Eu estou usando as injeções porque tenho você.
Ele disse a verdade. Não mencionou os efeitos colaterais das injeções, mas também não mentiu. Apenas não contou tudo.
— É verdade, Koy. Você não confia em mim? — perguntou Ashley com um sorriso amargo.
O rosto dele tinha um ar melancólico, e Koy ficou em silêncio por um tempo antes de responder lentamente:
— Confio.
Ashley suspirou de alívio sem perceber. Então Koy acrescentou:
— Eu confio em você. Porque você é o meu namorado.
— Certo. —
Dessa vez, Ashley sorriu de verdade. Mas, embora aquele sorriso fosse familiar e reconfortante, Koy sentiu o coração ficar pesado.
— Por que você remove com injeção? — perguntou ele de repente.
— O quê? —
Ashley o olhou de relance. Koy continuou, com a voz sombria:
— Você mesmo disse que é mais fácil tirar com sexo. Então, por que recorre a injeção?
— É que… —
Ashley precisava escolher bem as palavras, para não magoá-lo. Mas Koy já sabia a resposta. Seus olhos se encheram de lágrimas.
— Porque eu sou um beta, não dá comigo?
Ashley quase perdeu o controle do volante. Segurando-o com força, lançou um olhar rápido para Koy antes de voltar a encarar a estrada. Mas ele insistiu:
— É isso? Você não consegue tirar os feromônios comigo?
— …Isso é…
Ashley abriu a boca, mas se calou. Tinha se esforçado tanto para não feri-lo, e no fim tudo veio à tona assim.
‘É claro.’
Ashley pensou. Koy podia ser ingênuo às vezes, mas não era burro. Mais cedo ou mais tarde, ele descobriria. Ele só esperava que fosse o mais tarde possível.
Quase deixou escapar um gemido, mas se conteve mordendo os lábios. Depois de expirar brevemente, conseguiu dizer com dificuldade:
— Isso não dá.
Koy prendeu até a respiração — Ashley podia sentir o olhar dele cravado em si. Mesmo assim, continuou evitando-o e falou rapidamente:
— Eu posso te machucar.
Naquela época, ele não sabia. Não sabia o que realmente significava ser um alfa dominante — nem mesmo conhecia totalmente o próprio corpo.
As imagens voltaram à sua mente: aquelas pessoas, mergulhadas em luxúria, fazendo aquilo a noite toda, repetidas vezes, com vários parceiros. Ele não era diferente. Se ficasse intoxicado pelos feromônios, poderia acabar igual. Mas o motivo de eles conseguirem aguentar era simples — porque seus parceiros eram ômegas.
Se fosse um beta…
‘Ele com certeza morreria.’
Ao imaginar-se abraçando um corpo sem vida depois de um surto de rut, o coração de Ashley gelou. E se aquele corpo tivesse o rosto de Koy…
‘Eu enlouqueceria. Me mataria sem pensar duas vezes.’
Preferia ter o cérebro derretido pelos feromônios. Que seus braços apodrecessem por completo — não importava. Mesmo que nunca mais pudesse abraçar Koy, estaria satisfeito apenas em poderem ficar juntos.
‘É só isso que eu quero… nada mais.’
— Ash. —
De repente, a voz de Koy o trouxe de volta à realidade. Ashley prestou atenção a ele. Então ele ouviu a voz de Koy novamente, mais baixa do que o normal, mas firme:
— Eu sei que você quer me proteger porque me ama. Mas eu não quero que me proteja desse jeito.
Havia emoção em sua voz, mas não hesitação. Koy falava com uma convicção que Ashley raramente ouvira.
— Quando você sofre, eu também fico triste. Assim como você ficou com raiva quando viu meu pai me batendo… eu também fico com raiva quando vejo você maltratando o seu próprio corpo.
Ashley ficou surpreso com a clareza da fala de Koy — sem gaguejar, sem vacilar. O garoto tímido, que sempre observava com cautela, agora falava com uma força inesperada. Ashley lançou-lhe um olhar rápido; talvez seu rosto estivesse diferente, porque Koy ficou sem graça e murmurou baixinho:
— Eu… eu também sou o seu namorado. Quero ser o seu apoio.
‘Ah…’
Naquele instante, Ashley percebeu uma coisa. Até então, sempre achara que Koy era frágil, pequeno, alguém que precisava ser protegido a qualquer custo. Mas agora entendeu — Koy também era um homem. E assim como ele queria proteger a pessoa que amava, Koy também queria fazer o mesmo.
Compreender isso fez com que ele se envergonhasse por pensar que tinha que aguentar tudo sozinho, mas, ao mesmo tempo, aqueceu seu coração.
— …Certo. —
Um sorriso suave se desenhou em seus lábios.
— Você tem razão.
— Não é? —
Koy pareceu aliviado, sua voz voltando ao normal. Quando Ashley balançou a cabeça confirmando novamente, Koy ficou radiante, seus olhos brilhando.
— Então… —
— Não agora. — interrompeu Ashley, calmo.
Ashley interrompeu a proposta apressada de Koy. Fazia pouco tempo desde a última injeção, e naquele momento o nível de feromônio em seu corpo não estava ruim. Não havia motivo algum para se apressar.
Após ouvir a explicação, Koy baixou a cabeça, parecendo desanimado, e se calou. Ashley soltou um sorriso amargo e estendeu a mão, acariciando os cabelos dele — como se recompensasse uma criança obediente. Mas Koy não era mais um garotinho. Afastou de leve a mão que estava na sua cabeça e disse:
— As camisinhas também têm prazo de validade.
— Eu sei.
— Sério? Eu só descobri isso agora… — murmurou ele.
A resposta imediata de Ashley fez Koy desanimar por um instante, mas logo o garoto voltou a se encher de coragem e declarou com determinação:
— Então vamos usar todas.
Sua determinação era firme. Com uma atitude de que não recuaria, Koy acrescentou:
— Antes que expirem.
Ashley riu outra vez — um riso calmo e sereno.
— Tudo bem.
— Mas você tem que usar só comigo. — insistiu Koy, encarando-o com seriedade.
— Claro. — respondeu Ashley, assentindo com firmeza. — É óbvio.
Então ele abaixou a mão e segurou a de Koy. O garoto entrelaçou os dedos de propósito, e Ashley apertou de volta, firme.
A estrada escura diante deles se estendia sem fim, vazia, silenciosa.
Apenas algumas horas depois, o som de sirenes rompeu o ar. Uma viatura se aproximou em alta velocidade e os obrigou a encostar no acostamento. Policiais desceram correndo, arrancaram Ashley do banco do motorista e o jogaram com força sobre o capô, algemando suas mãos para trás.
Koy gritou, desesperado, tentando impedir — mas, claro, foi inútil.
A acusação contra Ashley era agressão e sequestro.
***
A escola estava em completo alvoroço. Ashley Miller, o ídolo da escola, tinha cometido um crime hediondo e sido preso, isso era algo que, naturalmente, deixou todos os alunos em polvoroso. E ainda por cima, tudo isso por causa de Connor Niles! Era óbvio que todos ficariam em choque — afinal, ele era apenas um aluno comum, invisível, sem qualquer presença marcante, o típico excluído da escola.
Quando Koy apareceu pela primeira vez em dias, pedalando a bicicleta que Ariel havia lhe dado, o burburinho se espalhou por todos os lados. Ele já esperava essa reação, mas não tinha outra escolha a não ser vir à escola — era o único jeito de conseguir ver Ashley novamente.
— Koy! —
Ao ouvir o chamado, ele virou-se instintivamente e, ao ver Bill correndo em sua direção, sentiu ao mesmo tempo um alívio e uma leve decepção. Parado no mesmo lugar, Koy esperou até que Bill se aproximasse rapidamente e parasse diante dele.
— Você tá bem? Quer dizer… não aconteceu nada, né? — perguntou Bill, um pouco hesitante.
Koy assentiu e forçou um sorriso.
— Eu é que devia perguntar também. Você está bem?
— Ah, sim. — Bill coçou a cabeça, sem jeito. — Pra ser sincero, não lembro muito bem do que aconteceu. Eu lembro de ter visto você e o Ash juntos, mas depois… quando dei por mim, já estava no hospital. Disseram que eu desmaiei por causa dos feromônios dele, é isso?
Ele tentou disfarçar o constrangimento, falando com um tom mais leve e brincalhão do que o normal.
— Eu nunca tinha sentido o cheiro de feromônio antes, então não fazia ideia de que era tão… tão forte assim. Cara, foi intenso.
Bill continuou falando, sem encontrar palavras melhores, e então inclinou a cabeça, curioso:
— E você? Parece que não foi afetado. Eu era o único no hospital.
— Ah… é, eu fiquei bem. — respondeu Koy, desviando o olhar.
Bill não pareceu dar muita importância. — Entendi — disse, casualmente, antes de perceber os olhares curiosos ao redor. Fingindo naturalidade, ele passou um braço pelos ombros de Koy e falou alto o bastante para que todos ouvissem:
— Cara, esse lance de se preparar pro vestibular tá acabando comigo! Quando será que isso termina, hein?
Ele até deu uma risada exagerada, mas logo baixou a voz e sussurrou:
— Tenho uma coisa pra te contar.
Koy se sobressaltou, mas assentiu discretamente. Então Bill o levou para trás do prédio da escola, onde não havia ninguém, e finalmente falou:
— Ouvi dizer que o Ash vai embora pro leste. Você já sabia disso?
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Continua….
Tradução: Ana Luiza
Revisão: Thaís
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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can