Ler Lamba-me se puder – Capítulo 123 Online

Modo Claro

Apesar de ouvir bem, ainda eram palavras que ele não conseguia compreender. Koy olhou fixamente para o perfil de Ashley, atônito, até que, de repente, se assustou e perguntou:

— E-eu… fui sequestrado?

Ao ouvir a voz dele subir involuntariamente, Ashley assentiu.

— Vamos para o México. Vamos morar juntos.

— E-espera, espera um pouco!

Koy o interrompeu às pressas, sem entender nada do que estava acontecendo. ‘O que ele estava dizendo? Por que as coisas ficaram assim de repente?’

Ele se lembrava vagamente de Ashley invadindo o trailer. Lembrava-se também de vê-lo derrubar seu pai, chutando-o repetidas vezes de forma brutal. Mesmo preocupado com o pai, Koy acabara desmaiando, sentindo ao mesmo tempo um estranho alívio…

— E-e o meu pai?

A lembrança súbita o deixou pálido, e ele perguntou, aflito. Ashley respondeu com raiva:

— Deixa pra lá, aquele desgraçado não merece nada.

Ao ouvir o insulto dirigido ao próprio pai, Koy hesitou por um instante, mas logo voltou a falar:

— N-não pode ser assim. Ei, o telefone… Eu não trouxe meu celular, trouxe?

Ele passou a mão pelos bolsos, por hábito, enquanto perguntava. Ashley lançou-lhe um olhar irritado, franzindo o cenho.

— Você ainda está preocupado com aquele homem, agora?

Diante do tom explosivo de Ashley, Koy respondeu num tom pesaroso:

— É claro que estou… e se o meu pai morrer…?

‘Se isso acontecer, Ashley será acusado de assassinato’. Agressão e homicídio eram coisas completamente diferentes. Caso houvesse um julgamento, nem mesmo o pai de Ashley — rico, dono de um renomado escritório de advocacia — conseguiria defendê-lo com facilidade. Só de imaginar Ashley sendo preso, Koy perdeu toda a calma.

— Ashley, você tem um celular aí, não é? Me empresta. Rápido, eu preciso ligar para o 911.

— Deixa pra lá, tanto faz se um lixo daqueles morrer ou não.

— Ashley…

Incapaz de conter a angústia, Koy acabou desabafando:

— Se você virar um assassino, o que eu vou fazer? Fugir para o México não vai mudar nada…

Dessa vez, Ashley não respondeu. Parecia estar refletindo por um instante, até que soltou um longo suspiro. Então, trocou a mão no volante, tirou o celular do bolso da calça e o jogou levemente na direção de Koy.

Koy o pegou com as duas mãos e, sem perder tempo, discou para o 911.

— S-sim, sim. Eu… eu não sei direito. Sim, ele estava bêbado e acabou caindo, mas parece que se machucou bastante, então… sim, tudo bem. — Koy terminou a ligação de forma meio atrapalhada e soltou um longo suspiro. Pelo menos, com isso, o pai seria levado ao hospital.

Era uma pena não ter conseguido verificar melhor a condição dele. Mas, contanto que o pai não morresse, haveria espaço para considerações atenuantes. Afinal, Ashley só tinha recorrido à violência para salvá-lo.

Uff… Koy respirou fundo mais uma vez e olhou para Ashley que ainda dirigia com o olhar fixo na estrada. ‘Será que ele já se acalmou um pouco’? Hesitante, Koy falou com cuidado:

— …Obrigado, por me deixar ligar.

Ao ouvir o agradecimento, Ashley, que permanecera em silêncio até então, respondeu:

— Depois, quando for depor pra polícia, fala bem de mim, ok? Diz que nunca viu um sequestrador tão gentil quanto eu.

O tom era indiferente, mas Koy não conseguiu conter o riso. O medo e a confusão de antes pareciam se dissipar, e o simples fato de ver Ashley brincando como sempre o fez relaxar um pouco.

— É a primeira vez que eu sou sequestrado, sabia? — comentou ele, em tom leve.

Ashley prontamente respondeu:

— Entre os cúmplices, eu sou o mais gentil.

— Cúmplices? Como assim?

‘Será que o Bill ou algum dos outros amigos dele estão envolvidos nisso também’? — Surpreso, Koy olhou de relance para o banco de trás, e Ashley disse:

— Ashley Miller, Ash Miller, A.D. Miller…

— O que é isso? — perguntou Koy rindo, sem conseguir se conter.

Mas o riso logo lhe causou dor no rosto, e ele se calou, apertando os lábios. Ashley virou-se rapidamente para ele, mas Koy levantou a mão, balançando a cabeça com um leve sorriso, indicando que estava bem. O rosto de Ashley endureceu por um instante, mas logo retomou o tom descontraído:

— Entre todos eles, lembra de dizer que o Ashley Miller foi o mais gentil, tá?

Percebendo que Ashley falava aquelas bobagens só para deixá-lo tranquilo, o coração de Koy se aqueceu.

— Então eu também vou dizer que o meu preferido é o Ashley Miller.

— Isso não pode. —

A resposta veio seca e imediata, pegando Koy de surpresa. Ele piscou, confuso, enquanto Ashley continuava a olhar fixamente para a estrada.

— Isso seria síndrome de Estocolmo. Não vai ajudar em nada no seu depoimento.

— Não é isso! — Koi se defendeu, sentindo-se injustiçado. — Não é síndrome de Estocolmo, eu realmente gosto do Ashley Miller!

Ashley franziu o cenho, murmurando como se falasse consigo mesmo:

— Isso é um problema.

— Por quê? — perguntou Koy, encarando-o, sem entender.

‘O que será agora?’ pensou Koy, apreensivo. Ele olhou para Ashley e questionou, inquieto.

Ashley, por sua vez, lançou um olhar rápido e significativo para o banco de trás e respondeu em voz baixa, como se estivesse confidenciando um segredo:

— É que o Ash Miller fica com ciúmes.

— Hahaha… ai! —

Koy riu involuntariamente, mas logo gemeu de dor e levou as mãos ao rosto. Vendo isso, Ashley deixou o tom de brincadeira de lado e perguntou com seriedade:

— Você está bem? Aguenta só mais um pouco, tá? Assim que passarmos por uma farmácia a gente para.

— N-não, não precisa se preocupar. —

Koy balançou a cabeça apressadamente.

— Não é nada demais, de verdade. Já apanhei bem pior antes… Obrigado, Ash. Por ter me ajudado.

‘Ainda bem que Ashley apareceu antes que a surra piorasse.’

Ao ouvir o agradecimento tardio, Ashley permaneceu em silêncio por um momento antes de murmurar, quase como se falasse consigo mesmo:

— …Fui um idiota por ter desmaiado.

— N-não, não fala assim! —

Koy negou veementemente.

— Você fez o melhor que pôde. Não é sua culpa que eu não esteja bem… Está tudo bem, sério. Só parece pior do que é, não é nada grave.

Na verdade, o que o preocupava mesmo era o seu pai. Koy não tinha conseguido ver o quanto Ashley o havia espancado. ‘Será que não demoramos demais para pedir socorro’?

A preocupação voltou a apertar seu peito, mas não havia como confirmar nada agora. Só podia torcer para que nada grave tivesse acontecido com seu pai. De repente, o braço de Ashley entrou em seu campo de visão. Ao ver as marcas de injeção no interior do braço oposto, ele se lembrou de algo que havia esquecido.

Ao se lembrar do que aquilo significava, Koy ficou pálido.

— O que foi? —

Ashley percebeu a mudança na expressão de Koy e perguntou de imediato. Koy manteve o olhar fixo no braço dele ao responder:

— E-espera, e você… como está se sentindo? Você está bem? O seu corpo… o feromônio, você conseguiu eliminar tudo?

— O quê? Ah… —

Ashley seguiu o olhar de Koy até as marcas no braço e, em seguida, voltou os olhos para a estrada.

— Tá tudo bem. Foi só uma injeção, nada demais. —

Ele falou como se não fosse grande coisa, mas, na verdade, os efeitos colaterais eram severos. Desde algum tempo, vinha lutando contra uma náusea crescente que o fazia sentir o estômago se revirar, e mesmo assim tentou disfarçar, adotando um tom o mais despreocupado possível:

— Não se preocupe, não é nada sério.

Se Koy percebesse que algo estava errado, ficaria ainda mais ansioso. E naquele momento, Ashley era a única pessoa em quem ele podia confiar. Por isso, precisava aparentar estar perfeitamente bem.

Apesar do seu esforço, o rosto de Koy ainda mostrava preocupação. Algo parecia estar o deixando inquieto — ele abria a boca, hesitava, baixava a cabeça e lançava olhares furtivos para Ashley. Quando esse comportamento se repetiu algumas vezes, Ashley perguntou:

— O que foi? Se tem algo a dizer, pode falar. Tá tudo bem.

Com o tom o mais leve possível, Koy hesitou por um momento antes de finalmente falar:

— Então… a secretária do seu pai disse que… você desmaiou porque não conseguiu controlar bem os seus feromônios.

— Já tá tudo certo agora. Tomei a injeção. —

Ashley tentou deixar o assunto de lado como se não fosse importante, mas Koy não deixou passar.

— É que… eu pesquisei um pouco sobre isso. Não tem muita informação sobre os alfas dominantes, mas sobre feromônios… eu achei algumas coisas… —

O jeito como ele hesitava entre as palavras dava uma sensação ruim, quase premonitória. Ashley permaneceu em silêncio, o que fez Koy engolir em seco antes de continuar, por fim, com a voz vacilante:

— Sobre o jeito de tirar os feromônios… esses alfas dominantes… eu li que… fazem um tipo de… festa.

Por um instante, Ashley quase fechou os olhos. Se não estivesse dirigindo, provavelmente teria feito isso. Conseguiu se conter, mas não impediu que as mãos apertassem o volante com força.

Diante dele, que permanecia em silêncio sem reagir, Koy finalmente soltou as palavras que guardava no peito:

— Então… você também vai? A essas… festas pra tirar os feromônios?

— Koy. —

Ashley lançou-lhe um sorriso amargo antes de desviar o olhar rapidamente na direção dele.

— Eu ainda sou menor de idade. Nem posso beber. Como é que eu ia entrar num tipo de festa dessas?

— S-sério? —

Koy arregalou os olhos, surpreso, e Ashley soltou uma risada curta, meio incrédula.

— Claro que sim. Por que eu mentiria sobre isso? Além do mais, eu já tenho um namorado, lembra?

O olhar carregado de significado que Ashley lançou em sua direção fez a desconfiança de Koy se dissipar aos poucos. A dúvida que restava deu lugar a uma expressão de alívio e confiança. Vendo isso, Ashley também se sentiu um pouco mais tranquilo.

Ainda bem.

Ashley respirou fundo, aliviado. Graças à natureza cautelosa de Koy que levou um tempo para fazer a pergunta — ele teve tempo suficiente para recompor a calma e inventar uma resposta convincente.

Mas o alívio durou pouco. Depois de um breve silêncio, Koy voltou a falar, hesitante:

— Então…

— Hm? —

Ashley respondeu sem pensar muito — e imediatamente se arrependeu, porque a pergunta seguinte o atingiu em cheio:

— Então… o que você faz quando os feromônios se acumulam? Quer dizer… você não transa comigo…

Pego de surpresa, Ashley ficou completamente sem palavras.

 

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Continua….

 

Tradução:  Ana Luiza

Revisão:  Thaís

 

 

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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can

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