Ler Lamba-me se puder – Capítulo 122 Online
— Obrigado por me trazer.
Assim que Koy agradeceu, o motorista partiu imediatamente com o carro. Koy ficou parado na calçada, observando o carro se afastar por um momento, e então se virou. Sua mente ainda estava confusa.
Será que tudo isso é mesmo verdade?
Ele não conseguia acreditar. Ter que liberar feromônios daquela forma… Ele sabia que um alfa dominante liberava muito mais feromônios do que um alfa comum, mas jamais imaginaria que o método mais eficiente para lidar com isso fosse o sexo.
‘É porque ele não removeu os feromônios a tempo.’
As palavras da secretária continuavam ecoando nos seus ouvidos. Segundo ela, a instabilidade de Ashley se devia à incapacidade de processar adequadamente os feromônios. Pensando bem, só havia uma razão possível:
Eu sou um beta.
Koy engoliu em seco, sem perceber, emitindo um som áspero. Se eu fosse um ômega, seria mais simples… mas como sou beta, não consigo aceitá-lo.
Mesmo ele dizendo que estava tudo bem.
Ele não tinha deixado claro? Eu já tinha me preparado mentalmente. Quando ele voltasse, dessa vez passaríamos a noite juntos — eu já tinha me preparado para isso.
‘Por que Ash não tentou me tocar?’
A lembrança de seu comportamento, quando se reencontraram, hesitando até mesmo em beijá-lo, fez Koy se sentir ansioso e inquieto. E aquela pergunta que Ashley lhe fez naquele momento… agora parecia cheia de significado. Por que ele perguntou o que Koy faria se tivesse feito sexo com outra pessoa? Pareceu apenas uma brincadeira, mas o momento e a escolha da piada eram estranhos.
‘Talvez tenha algo a ver com os feromônios…’
Quando esse pensamento assustador surgiu, ele chegou em frente à sua casa.
O ambiente estava silencioso. Já havia passado da meia-noite, mas as luzes do trailer ainda estavam apagadas. Vendo o interior escuro de fora, Koy instintivamente sentiu um alívio no peito.
‘Ele ainda não voltou.’
‘Ainda bem.’ Ele se apressou em abrir a porta do trailer. ‘Preciso tomar um banho rápido e deitar na cama. Penso no resto depois.’ Enquanto se apressava, ele largou a mochila e, quase ao mesmo tempo, esticou a mão para acender a luz do teto. Assim que a luz fraca piscou e iluminou o ambiente, Koy se virou e, sem querer, engasgou com um som quase de grito. Seu pai estava sentado na cadeira da mesa, olhando para ele.
Koy não conseguiu dizer uma palavra, recuando um passo sem perceber. A situação inesperada simplesmente o deixou sem raciocínio.
– Ah, pai… – murmurou com dificuldade.
Seu pai apenas continuou a observá-lo em silêncio. Instintivamente Koy entendeu: ele estava o esperando. Um arrepio percorreu sua espinha, e então seu pai finalmente falou:
– Até essa hora… onde você estava e o que estava fazendo?
A voz dele soava rouca, entrecortada. Koy compreendeu imediatamente. Sempre que seu pai estava completamente bêbado, sua voz soava assim.
‘Ele bebeu.’
Koy ficou pálido como se tivesse sido atingido por um choque e congelou no lugar. Parado como um sapo diante de uma cobra, sem conseguir se mexer, ele apenas permaneceu ali, imóvel, enquanto o pai cambaleou, levantando-se da cadeira.
– Sempre com desculpas de estudar, de trabalhar meio período… sempre mentindo, não é? – rugiu ele.
Koy apenas olhou para ele, de olhos arregalados. Seu pai deu um passo após o outro em sua direção.
– Como ousa me enganar?
– P… pai…
Koy conseguiu balbuciar, chamando-o. O rosto refletido na luz fraca estava mais vermelho do que o normal, os olhos injetados de sangue. Ao ver o pai cerrar os dentes com saliva escorrendo pelos cantos da boca, Koy já podia prever o próximo movimento. Ele começou a desfazer o cinto com as mãos trêmulas. A respiração de Koy ficou ofegante.
– Seu desgraçado! Me acha engraçado? Eu te disse para não andar com aquele garoto! –
Seu pai gritou com raiva, enrolando o cinto em uma mão e batendo na parede. A ponta do cinto atingiu a parede com um barulho alto. Koy se assustou, cobriu a cabeça com as mãos e se encolheu.
— N-não, não é isso.
Ele balançou a cabeça, gaguejando de medo, mas não adiantou. Seu pai imediatamente agarrou a gola de sua camisa com a outra mão. Seus olhos, vermelhos, faiscavam furiosamente.
— E esse cheiro! Você está encharcado de feromônios e ainda tenta me enganar? Seu inútil desgraçado!
Em seguida, empurrou Koy no chão. Perdendo o equilíbrio, Koy caiu, e o pai começou a chicoteá-lo com o cinto sem piedade.
– Ingrato! Um ser como você já devia ter sido descartado! Eu deveria ter deixado você morrer! Por sua causa, eu acabei assim! Quando você nasceu, eu devia ter estrangulado você! Ou quando sua mãe estava grávida, deveria ter arrancado você do ventre dela! Eu deveria ter matado você junto com aquela vadia que me abandonou!
Koy não conseguia nem gritar; ele apenas se encolheu e apanhou dos golpes de cinto. A tira de couro fina e velha açoitava seu corpo inteiro. Era dolorosamente quente e doía, mas não havia ninguém para ajudá-lo. Encurralado, Koy só podia torcer para que aquilo acabasse logo.
Foi então, que ele sentiu uma vibração no bolso da calça. Desesperado, Koy pegou o celular. Não teve tempo de ver quem era.
– A-ajuda… a… –
Enquanto ele falava, seu pai golpeou-lhe o rosto sem piedade. Ele desviou, mas a dor ardente se espalhou mesmo assim. Koy deixou o celular cair, encolhendo-se ao máximo, tentando suportar a dor, sobrevivendo àquele momento horrível.
***
Ashley, pálido de pânico, pisou fundo no acelerador como um louco. Era a primeira vez que ele dirigia tão rápido. Koy mal atendeu o telefone, deixou um grito assustador e então a linha caiu. Ashley ficou desesperado com a chamada interrompida.
Desde o momento em que Koy não atendeu, a ansiedade tornou-se insuportável. Ashley disse à secretária que ia apenas dar uma passada para ver Koy e então saiu da mansão. Por fora, manteve a calma, fingindo não estar preocupado.
‘Vou só dar uma olhada rápida e volto.’
De qualquer forma, rastrear o celular de Ashley revelaria facilmente para onde ele havia ido. Era melhor ser honesto sobre isso. Além disso, a secretária achava Ashley e Koy apenas dois adolescentes imaturos, então Ashley decidiu agir de acordo com isso.
Como Ashley esperava, a secretária o deixou ir sem muita reação. Talvez ela pensasse que, mesmo que Ashley tentasse algo, não daria em nada. Não importava. Ashley só precisava verificar se Koy estava seguro.
Enquanto saía da mansão, ele fez várias ligações. Pareceu que em um momento a chamada conectou, mas tudo o que veio foi um grito desesperado antes da linha cair. A angústia de Ashley só aumentou, como se o peito fosse explodir.
Será que… o Koy? Aquele homem de novo…
A imagem do rosto do Koy ensanguentado de tantos socos apertou o coração de Ashley. Ele acelerou como um louco, parou o carro na via onde sempre deixava Koy e correu desesperado. O trailer ficava a uma boa distância; ele correu tão rápido quanto pôde, rezando para não chegar tarde demais.
A luz fraca balançava de um lado para o outro, projetando-se embaçada através da janela quebrada. Então, seguiram-se gritos e o som de algo sendo golpeado com força. No instante em que ele reconheceu aquela voz entrecortada junto a um choro, como sendo de Koy, toda a racionalidade de Ashley desapareceu.
— Koy!
Ele gritou o nome e arrombou a velha porta do trailer. A dobradiça enferrujada rangeu e a porta se abriu, relevando o interior apertado diante dele.
E então Ashley viu com os próprios olhos: no interior revirado do trailer, Koy encolhido e caído, e seu pai dele desferindo golpes impiedosos com um cinto. Sem pensar, Ashley entrou correndo e desferiu um soco no pai do Koy.
***
— U-uhm…
Um gemido escapou de sua boca. A dor que percorria todo o corpo trouxe Koy de volta à consciência. Ao ouvir o som, Ashley falou com ele imediatamente.
— Koy, você acordou?
Ele estava consciente, mas precisava de um tempo para processar tudo. Koy piscou as pálpebras pesadas.
A primeira coisa que entrou em seu campo de visão foi a estrada escura iluminada apenas pelos faróis do carro. Só então percebeu que estava sentado no banco do passageiro.
Olhou para baixo e, aliviado, soltou um suspiro. Uma mão grande segurava firmemente a sua. E a tentativa de sorriso quase lhe veio ao rosto, mas a boca rachada e o rosto inchado o impediram — em vez disso, seu cenho se contraiu.
— …Ash. —
Ao chamar o nome dele com esforço, Ashley desviou os olhos da estrada e olhou para Koy. Como sempre, ele segurava o volante com uma mão e, com a outra, apertava sua mão; ver isso fez o coração de Koy se acalmar por completo.
— Para… onde estamos indo?
Koy perguntou com uma voz fraca. Antes que pudesse formular qualquer pensamento, Ashley olhou para a frente e apertou com mais força a mão que segurava.
— México.
— …Hm? Por quê? —
Koy não entendeu. Ainda tonto, piscou várias vezes , e Ashley completou, com uma estranha calma:
— Eu te sequestrei.
°
°
Continua….
Tradução: Ana Luiza
Revisão: Thaís
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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can