Ler Lamba-me se puder – Capítulo 109 Online
— Búffalos, campeões!
— Uooooh! — gritos de alegria transbordavam das arquibancadas, e todos se abraçavam, comemorando por todos os lados. Koy também, de braços dados com as líderes de torcida, pulou de alegria, celebrando a vitória.
— Vocês se esforçaram muito, todos nós!
— Aqueles gorilas, quase fizeram meu coração sair pela boca!
— Pois é! No final, eu realmente pensei que íamos perder!
— Foi por um triz, não foi? Se tivesse ido para a prorrogação, talvez tivéssemos perdido.
— Mas não foi! E é isso que importa, Buffalo!
— Búffalo!
Koy gritou junto, em uníssono com eles, e depois soltou os braços que entrelaçava com as meninas, e olhou para trás. Em seu campo de visão, os jogadores do time de hóquei estavam sendo erguidos pelos colegas, se abraçando, batendo nas costas uns dos outros, transbordando de alegria.
‘É compreensível. Eles realmente passaram por muitas dificuldades para chegar até aqui.’
Koy pensou com um gosto amargo. Se Ashley estivesse aqui, a vitória teria sido mais fácil, mas a realidade não tinha sido assim. Em cada partida, o coração ficava na garganta, sempre conquistando vitórias por pouco, às vezes com viradas improváveis ou apenas um gol de diferença. Para quem torcia, também era exaustivo, como se a cada jogo estivesse à beira do colapso.
‘Mas ainda bem que o resultado veio, fruto do esforço de todos.’
Koy sorriu ao observá-los, mas logo seu sorriso se apagou. Já era fevereiro. A temporada tinha acabado e o ano letivo também estava chegando ao fim. Desde então, Ashley não havia dado notícias.
‘Você está bem, Ash…?’
O peito dele queimava de ansiedade e preocupação, mas não havia nada que pudesse fazer. Perguntara até ao administrador da mansão, mas a única resposta que recebera foi: “Ele está bem.”
‘Eu quero ouvir a sua voz.
Quero abraçá-lo e sentir o seu calor. Por que você não volta? Não pode ser que tudo acabe assim…’
— Koy, vamos! Hoje tem a festa da vitória!
— Ah… sim.
Ao ouvir as palavras da vice-capitã, Koy rapidamente voltou a si e a seguiu às pressas. Ninguém falava sobre Ashley. Havia se tornado um acordo tácito, um silêncio compartilhado. Desde o início, ninguém soubera ao certo por que Ashley fora cortado do time de hóquei. O técnico apenas anunciou unilateralmente, e embora Bill e outros jogadores protestassem veementemente, não houve muito resultado. Afinal, de que serviria discutir na ausência do próprio envolvido?
Quando Bill ouviu que Ashley teria de ir para a Costa Leste no Dia de Ação de Graças, cerrou os dentes, engolindo a raiva, e propôs uma solução:
‘Depois das férias, vamos protestar de verdade.’
Todos no time de hóquei concordaram, mas depois disso Ashley simplesmente desapareceu. O Natal passou, o Ano Novo também, e agora fevereiro chegava ao fim sem que houvesse sequer um sinal dele.
‘Por quê? O que aconteceu?’
Por fora, Koy sorria e se divertia com os colegas, mas sua mente estava tomada por Ashley.
‘Ash… você não se cansou de mim, não é…?’
A angústia e a insegurança o corroíam, mas o tempo não parava. O semestre terminou, as férias de verão também, e Koy passou para o último ano.
***
— Uoooooooh!
Um estrondo de gritos fez seus ouvidos zumbirem. Antes do início da liga de hóquei no gelo, a escola estava realizando um festival. Embora chamassem de “festival”, na prática era apenas uma desculpa para os estudantes se reunirem, espancarem, destruírem e incendiarem um carro velho e prestes a ser sucateado, causando um grande tumulto.
Koy, que havia ficado até mais tarde a pedido de um professor para ajudar com algumas tarefas, percebeu a situação caótica assim que saiu do prédio. Provavelmente, os alunos estavam se aglomerando e fazendo bagunça antes do “Bum do Carro”.
O céu já escurecia, e altas torres de iluminação, dispostas em intervalos regulares, banhavam de luz o campo esportivo. No centro, um carro velho esperava pelo inevitável. Os alunos reunidos estavam tomados pela excitação, ansiosos para destruí-lo e reduzi-lo a pedaços.
Enquanto Koy atravessava o campo para pegar sua bicicleta, ele logo avistou Ariel parada perto das arquibancadas, ela estava a alguma distância da multidão. Ou melhor, seria mais correto dizer ‘eles’, já que Ariel não estava sozinha.
‘Ela está… com o Bill?’
Koy arregalou os olhos, chocado. Era uma combinação que jamais teria imaginado. Bill, o jogador que ele sempre pensara ser o mais próximo de Ashley, estava agora com a ex-namorada dele?
Por alguns instantes, Koy ficou parado, com os olhos arregalados. Ariel, ao lado do ex-vice-capitão do time de hóquei — tão alto e robusto quanto o próprio Ashley —, parecia realmente se divertir.
Ambos haviam desistido das atividades extracurriculares no último ano, alegando foco total no vestibular. Portanto, não deviam ter tantas oportunidades de estarem juntos, mas vê-los ali, lado a lado, deixava Koy com uma sensação estranha. Enquanto os outros gritavam e pulavam em frenesi pelo Bum do carro que estava prestes a ocorrer, Bill e Ariel se olhavam, trocando sorrisos e cochichos. As expressões suaves e cúmplices denunciavam algo mais.
Foi então que, como se alguém tivesse lido seus pensamentos, uma voz soou atrás dele:
— Será que os dois… estão começando a namorar?
Nenhuma resposta veio, mas era uma suposição bastante plausível. Caso contrário, por que duas pessoas que não tinham mais qualquer ligação estariam ali, frente a frente, trocando palavras com tanta seriedade?
‘Sobre o que será que eles estão conversando?’
Enquanto Koy se deixava levar por uma curiosidade comum, de repente Bill virou o rosto. Os olhares se cruzaram de forma inesperada, e Koy se assustou, arregalando os olhos. Não estava fazendo nada de errado, mas, ainda assim, um desconforto inexplicável o fez esboçar um sorriso constrangido.
Nesse instante, parte das luzes fez um estalo estranho e se apagou, deixando o brilho concentrado sobre o carro. Enfim chegara o momento que todos aguardavam. Em meio a um silêncio contido, o técnico do time de hóquei lançou um embrulho de papel em chamas contra a pilha de lenha. Como já estava encharcada de gasolina, a fogueira se inflamou em segundos. Logo em seguida, o treinador soltou um brado áspero, metálico:
De repente, parte das luzes se apagou com um som sinistro, deixando os holofotes concentrados no carro. Finalmente, o momento que todos esperavam havia chegado. Em um silêncio contido, o treinador do time de hóquei no gelo jogou um maço de papéis acesos na pilha de lenha que já havia sido encharcada com gasolina antes, a pilha foi instantaneamente consumida pelas chamas. Em seguida, o treinador soltou um grito rouco e metálico:
— Uooooooh! Vamos, Búffalo!
Todos gritaram e correram em direção ao carro. Uns golpeavam a lataria com ferramentas variadas, outros chutavam, enquanto alguns apenas filmavam a cena.
‘Melhor eu ir embora.’
Koy virou o corpo apressadamente. Aquilo não tinha nada a ver com ele. ‘Se Ash estivesse aqui, talvez fosse diferente…’
Já era quase bro.
‘Talvez Ash nunca mais vá voltar.’
Seu nariz começou a arder sem que percebesse, e ele fungou baixinho, tentando conter o aperto. Nesse momento, alguém agarrou seu ombro por trás e o puxou com força.
— …Ah!
Koy deixou escapar um grito curto, mas sua voz se perdeu completamente no rugido da multidão. Confuso, virou a cabeça, e, ao reconhecer quem era, seus olhos se arregalaram ainda mais. O rosto diante dele estava muito acima da sua altura, mas, mesmo assim, não conseguiu pronunciar nada de imediato.
— …Ash?
Koy murmurou, sem acreditar no que via. Ashley sorriu de leve. Koy, de boca aberta, não conseguiu dizer mais nada, apenas o encarava.
No caos que acontecia ao redor, por um breve instante, Koy e Ashley se olharam fixamente. Foram apenas alguns segundos, mas aquele momento permaneceria em sua memória por um tempo muito longo: o cheiro acre da fumaça, o vento frio da noite, o som ensurdecedor dos gritos… e os olhos roxos, intensos e calorosos, que o fitavam.
Uma lufada de vento soprou, bagunçando os fios loiro-claros de Ashley — tão próximos do prateado — sobre sua testa. As chamas refletiam em seu rosto, projetando sombras avermelhadas que tremulavam. Ele parecia mais magro do que antes. O rosto, com a estrutura óssea mais definida, transmitia uma sensação afiada e severa, mas seus olhos continuavam a brilhar naquele violeta misterioso e acolhedor.
Como se estivesse incomodado com o cabelo despenteado caindo em seu rosto, Ashley levou a mão e o puxou para trás. Os fios loiros, enrolados entre seus dedos longos, logo caiu de volta à mesma posição. Desta vez, porém, ele não se preocupou em ajeitá-los. Até mesmo as unhas, bem cortadas e perfeitas, compunham aquela figura impecável que Koy observava, hipnotizado, quando Ashley finalmente falou:
— Olá, Koy.
Mesmo ouvindo a voz, Koy não conseguia acreditar. Ele só arregalava os olhos, incapaz de responder. Ashley sorriu e repetiu:
— Faz tempo, não é?
— Ash…!
Só então a realidade o atingiu, e Koy prendeu a respiração. Ele ficou paralisado, de olhos arregalados, sem conseguir reagir. Diante dele, Ashley ficou de pé, de braços abertos, exatamente como fazia antes de desaparecer. Mas Koy não conseguia se mover, só olhava.
Um silêncio desconfortável pairou no ar. Havia tantos sentimentos transbordando que Koy não sabia que palavras deveria dizer, como deveria dizê-las, ou que ação tomar. Seus dedos se contraíram nervosamente, a boca se abriu, mas nenhuma voz saiu; apenas balbuciava sem som.
Foi então que, de repente, alguém gritou de trás:
— Ash? Não é o Ash?!
Ashley virou-se para olhar, e Koy também acompanhou o movimento. Era Bill, que se aproximava com um sorriso radiante.
— Sabia que era você, seu desgraçado!
Bill gritou, agarrando Ashley em um abraço apertado. Ashley também o recebeu com um sorriso aberto, retribuindo o abraço. Era uma reação completamente diferente da que tivera com Koy. Este, com sentimentos confusos, apenas observou a cena.
Bill continuou a falar, barulhento e animado:
— O que aconteceu? Por que você ficou tanto tempo sem aparecer na escola?
— Estive meio ocupado. — respondeu Ashley, sorrindo e desconversando.
Koy também morria de curiosidade, mas não conseguia perguntar nada. Ele ficou em silêncio, apenas observando, quando notou Ariel parada atrás deles, também olhando para os dois. Assim como ele, ela permanecia quieta, apenas testemunhando. Koy sentiu uma estranha afinidade naquele momento — ainda que soubesse que não tinha direito algum de sentir aquilo.
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Continua….
Tradução: Ana Luiza
Revisão: Thaís
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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can