Ler Lamba-me se puder – Capítulo 105 Online
No dia da festa, o céu estava mais nublado do que de costume. As nuvens carregadas se agitavam como se fossem despejar uma grande quantidade de neve, e Ashley franziu a testa sem perceber. Ao parar a mão que ajustava as abotoaduras e fixar o olhar para o nada, a governanta que estava ao seu lado perguntou:
— O que houve, senhor?
A voz serena da mulher trouxe Ashley de volta à realidade, e ele logo balançou a cabeça:
— …Ah, nada, não é nada.
Depois de terminar o que estava fazendo, vestiu o paletó preparado pelo mordomo, e imediatamente os empregados trouxeram um espelho de corpo inteiro à sua frente. Ashley olhou para si mesmo no reflexo, fez os últimos ajustes e desviou o olhar.
Agora, estava tudo pronto. Enquanto os empregados rapidamente recolhiam e levavam todos os itens que enchiam o quarto, a governanta perguntou:
— Ainda temos cerca de uma hora. Quer que eu traga o carro?
— Não, tudo bem. Obrigado.
Ela sorriu e saiu do quarto. Quando a porta se fechou e ele finalmente ficou sozinho, Ashley soltou o ar que prendia e afundou na cadeira. Que tipo de festa era essa para causar tanto alvoroço? Uma dor de cabeça começou a se formar, e ele massageou as têmporas.
Até então, tinha participado de inúmeras festas. Mas nunca precisara se preparar o dia inteiro para uma. Desde cedo, ao acordar, já começou com a coleta de sangue e depois passou por todas as possíveis cerimônias e cuidados extravagantes.
“Você não fez um check-up médico desde que chegou aqui.”
Quando Ashley perguntou, incrédulo, o que significava aquilo, a secretária de seu pai respondeu brevemente e saiu com o médico que coletou o sangue. Depois disso, vieram o café da manhã, a massagem corporal completa, o almoço, o cuidado com cabelo e unhas, e até teve barbear novamente. Após ser levado de um lado para outro de forma frenética, voltou ao quarto e encontrou uma fileira de ternos e acessórios organizados.
‘Nunca precisei me preparar tanto assim.’
Ashley suspirou e inclinou a cabeça para trás. De algum lugar, parecia ouvir o som distante de um trovão. Piscou os olhos por alguns instantes sem entender, e ele se deu conta de que precisava encontrar o celular rapidamente. Felizmente ainda era dia onde Koy estava.
— Ash.
Antes mesmo que o toque completasse, a voz alegre surgiu do outro lado. A felicidade na voz de Koy era tão intensa quanto a de Ashley, que sentiu a boca se abrir involuntariamente e chamou pelo nome dele:
— Sim, Koy. Como você está?
— Hum… — Koy hesitou antes de falar.
— Não muito bem.
— Por quê?
Mesmo sabendo a resposta, Ashley perguntou. Koy respondeu em voz baixa, quase um sussurro:
— Porque você não está aqui…
Ah, Koy.
O coração de Ashley se apertou com a saudade e ele respirou fundo para se acalmar.
— Desculpe por te deixar sozinho no Natal.
— Hum…
Koy perguntou, cuidadosamente:
— Você estava muito ocupado…?
— Sim.
‘Estava realmente ocupado ao ponto de sentir náusea’. Ashley pensou. ‘Mas isso agora vai acabar’. Ele diria que voltaria assim que a festa acabasse. Isso seria suficiente. Ele já tinha feito a sua parte.
Reiterando sua decisão, Ashley abriu a boca:
— Desculpe, acho que não vou conseguir levar o presente. Disseram que os pedidos estão atrasados por causa do fim do ano.
Ele tinha pedido para concluírem o mais rápido possível, mas não tinha intenção de esperar. Assim que fosse liberado daqui, correria para Koy. Ele planejava mandar os anéis para a filial no Oeste. Esperar até estarem prontos seria impossível. Acima de tudo, encontrar Koy era a prioridade.
‘Quero voltar para você o quanto antes.’
— Tudo bem.
Koy respondeu sem hesitar.
— Não importa o que tenha comprado, não precisa. Eu…
Houve uma breve pausa, e então Koy confessou baixinho:
— Você é o meu maior presente.
— Eu também.
Ashley não conseguiu conter o amor que transbordava e respondeu imediatamente:
— Não há presente maior do que você na minha vida.
Ele ouviu sua própria voz tremendo levemente. Huu… Ele soltou um suspiro trêmulo, e ouviu Koy perguntar do outro lado da linha:
— Sério?
Ele podia imaginar claramente Koy olhando para ele com os olhos brilhantes e o rosto corado. Um sorriso transbordante se espalhou pelo rosto de Ashley enquanto ele respondia:
— Sim.
— Que bom.
Ao ouvir a voz de Koy, Ashley ajustou seus planos. Depois da festa, iria direto para o aeroporto. Só ligaria para o pai depois de comprar a passagem mais rápida possível. Ashley sentia que enlouqueceria se ficasse longe de Koy por mais tempo.
— Koy.
— Hum.
Ao ouvir a resposta imediata, Ashley falou rapidamente:
— Espere só mais um pouco. Eu voltarei logo.
— Tá.
Como sempre, Koy respondeu docilmente.
— Não se preocupe, eu sempre vou esperar por você.
Por algum motivo, Ashley sentiu o nariz arder. Engoliu em seco e tentou se recompor, quando de repente ouviu passos. Era hora de sair. Ele reprimiu com esforço o desejo de fugir imediatamente e se acalmou.
‘Esta é a última vez. Só preciso aguentar mais uma vez.’
— Koy, preciso desligar agora.
— Hum…
A voz de Koy se arrastou, mostrando que ele também estava relutante. Ashley conteve o impulso de abraçá-lo e, com ternura, o confortou:
— Logo poderemos nos ver, Koy.
— Hum.
Dessa vez, Koy respondeu com firmeza:
— Vou te esperar.
Naquele momento uma batida soou, Ashley não pôde mais adiar o tempo. Ele disse mais uma vez ‘eu te amo’ antes de desligar o telefone. No momento perfeito, a porta se abriu e a governanta entrou.
— Já está na hora de descer.
Ashley levantou-se, colocou o telefone no bolso da calça e seguiu a governanta pelo corredor até o hall, onde a secretária do pai e os empregados já o aguardavam. A secretária, após dar uma olhada rápida no terno de Ashley, fixou os olhos nele e falou:
— O carro está esperando. Vamos.
— Espere um instante.
Antes de partir, Ashley estabeleceu suas condições. Isso precisava ser feito antes do evento. Não havia necessidade de fugir depois da festa. Bastava conseguir a resposta do pai através da secretária agora.
— Assim que a festa acabar, voltarei imediatamente.
Antes que a secretária pudesse falar, Ashley continuou:
— Eu fiz tudo que meu pai mandou até agora, até demais. Já chega. Estou cansado, eu vou voltar.
Ele estava dando um ultimato.
— Diga a ele que, se não prometer, não irei à festa.
A secretária, claro, não disse nada. Em um silêncio mortal, ela observou o rosto de Ashley por um momento antes de pegar o telefone. Com Ashley observando, ela discou e esperou brevemente antes de falar. Ashley assistiu, nervoso, enquanto ela repetia sua proposta palavra por palavra.
— …Entendido.
O secretário desligou e olhou para Ashley:
— Ele disse que você pode ir. Mas…
Antes que Ashley pudesse se alegrar, ela apresentou uma condição:
— Desde que você participe da festa corretamente.
— …Claro.
Uma sensação desconfortável passou por ele, mas Ashley não teve tempo de refletir. A simples ideia de que logo encontraria Koy fez seu coração disparar, deixando-o incapaz de pensar em mais nada. A secretária apenas o observou em silêncio, virou-se e caminhou para a entrada. Ashley não perdeu tempo e seguiu atrás dela com passos largos e decididos. ‘Esta é a última vez. Estou voltando para casa.’
‘Koy.’
Mesmo enquanto o carro percorria a estrada até a mansão nos arredores onde a festa aconteceria, Ashley permanecia animado, com um sorriso suave nos lábios. A secretária, observando-o, não disse uma palavra e permaneceu impassível, como de costume.
***
Ashley chegou à mansão onde ocorreria a festa pouco depois das oito da noite. Já era quase hora do jantar, e ele estava com fome, mas decidiu aguentar.
— Posso comer no avião.
Ao menos poderia comer os petiscos preparados na sala VIP enquanto se preparava para a decolagem. Provavelmente, depois que o pai verificasse o resultado final da festa, permitiria que ele usasse o jato particular. De qualquer forma, comer não era importante agora. Apenas precisava se concentrar em participar da festa perfeitamente. Com esse pensamento, Ashley desceu do carro.
Os seguranças e o secretário, que haviam chegado antes, vigiavam o amplo jardim em diferentes pontos, atentos aos arredores.
‘…O que está acontecendo?’
Ashley percebeu que algo parecia estranho. A mansão luxuosa, os carros caros estacionados e os convidados espalhados pelo jardim não eram nada diferentes de outras festas que já tivera, mas havia algo que causava desconforto. Sem conseguir identificar o que era, ele avançou para dentro da mansão. No hall, iluminado de forma tão intensa quanto o dia pelos inúmeros lustres pendurados, o mordomo os recebeu.
— Sr. Ashley Miller, obrigado por participar da festa de hoje.
O mordomo fez uma reverência cortês e os guiou pelo caminho. Ashley seguiu, concentrando-se nos sons fracos que chegavam até ele.
…Estranho.
O desconforto crescia a cada passo. Seu coração se agitava inquieto. ‘O que é isso… por que continuo sentindo isso?’
— É aqui.
Ao ouvir a voz do mordomo, Ashley levantou o olhar. Ele viu o mordomo puxando a maçaneta da porta. Um rangido desagradável nas dobradiças desajustadas chamou sua atenção, mas então um gemido alto e risadas grotescas se misturaram, deixando seus ouvidos atordoados. Por um instante, Ashley ficou paralisado, com os olhos arregalados. Uma cena que nunca tinha visto se desenrolou diante dele.
Antes que pudesse sequer pensar no que era aquilo, ele inalou involuntariamente. E o aroma que sentiu pela primeira vez o prendeu em instantes.
— Haa…
Ashley parou de respirar e caiu de joelhos. Não conseguia se manter em pé. Todo seu corpo perdeu a força, a mente ficou vazia. Seu coração batia descontrolado, as pulsações girando em turbilhão. A respiração ficou pesada, e seu peito parecia que estava sendo dilacerado.
No meio do pânico, ele conseguiu recordar algo. Ele sabia o que era aquilo. Já tinha experimentado, apenas uma vez antes. Mas a manifestação acontecia apenas uma vez na vida. Então, isso era…
— É um Rut.
A voz fria da secretária de seu pai falou sobre sua cabeça, como sempre, impassível.
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Continua….
Tradução: Ana Luiza
Revisão: Thaís
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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can