Ler Lamba-me se puder – Capítulo 104 Online

Modo Claro

— Obrigado, voltem sempre.

Após acenar brevemente com a cabeça para o gerente e os funcionários que vieram até a calçada para se despedir, Ashley se virou. O motorista que aguardava imediatamente abriu a porta traseira do carro estacionado, mas Ashley permaneceu parado no lugar e falou:

— Vão na frente. Quero caminhar um pouco.

O motorista mais velho piscou, surpreso, e olhou para o lado. Dois seguranças, que estavam sempre próximos a Ashley desde que chegaram ali, trocaram um olhar.

— Vamos manter contato. Por favor, aguarde nas proximidades. — Disse um deles.

O motorista assentiu e voltou para o carro. Ashley deixou-os para trás e começou a caminhar. Dois homens de porte tão grande quanto o dele o seguiam à distância, mas ele não se incomodou. No momento, queria aproveitar ao máximo essa liberdade, por menor que fosse.

Desde que chegou à Costa Leste, sua rotina tinha sido como uma prisão. Para Ashley, que vivia desfrutando de liberdade ilimitada e fazendo o que queria, cada dia ali era um verdadeiro inferno. Acordar em horários determinados, tomar café da manhã com o pai, almoçar sentado à mesa com “ele”, que mal conseguia sair da cama sozinho, e, à noite, participar de festas ou eventos.

Ashley passava o dia inteiro se preparando para festas ou reuniões, mas precisava memorizar tudo sobre os anfitriões: quem eram, quais profissões exerciam, detalhes dos negócios — caso contrário, seu pai mostrava seu desagrado abertamente. Claro que Ashley não era estúpido a ponto de desafiar intencionalmente o pai. Ele fazia tudo para voltar rapidamente para Koy. Obedecia silenciosamente e cumpria todas as ordens, mesmo que tivesse que passar noites em claro.

E isso não era tudo. Ashley também começava a se preparar para a entrada na universidade. No último ano, todos estão ocupados com os exames, mas o pai não aceitava que ele fosse como os outros. Seu filho tinha que ser várias vezes melhor. E Ashley sabia que era capaz de atingir tudo o que o pai esperava dele.

Como previsto, o pai queria que Ashley estudasse na mesma universidade que ele. Por isso, Ashley já se encontrava com ex-alunos para obter informações sobre a faculdade. Tudo isso deixava seus dias frenéticos, mesmo com essa rotina frenética, ainda estudava francês. Apesar de ter um domínio excelente de espanhol, isso ainda não satisfazia o seu pai. Quando tivesse um bom domínio no francês, provavelmente teria que aprender alemão também.

Com toda essa carga, os dias passavam rapidamente, e com a diferença de três horas a mais em relação ao Oeste, era difícil ligar para Koy. Quando conseguia algum tempo, geralmente era hora dele já estar dormindo. A não ser que ele se esforçasse muito, como hoje, era quase impossível arranjar tempo para si mesmo.

Ashley vinha tentando desesperadamente, há dias, conseguir um dia livre. Ele insistiu que precisava de um dia de folga, ficou acordada a noite toda para colocar o francês em dia e até terminou seus trabalhos preparatórios com antecedência. E foi assim que ele finalmente conseguiu garantir um único dia de folga.

Ah.

De repente, sentiu o frio tocando sua bochecha. Levantou a cabeça e logo percebeu o motivo: flocos de neve caíam aos poucos. Depois de tantos anos vivendo no oeste, a neve constante ainda lhe parecia estranha.

Ashley parou no lugar e olhou para cima por alguns instantes. O céu cinzento e nublado, com nuvens pesadas, era o mesmo que ele via desde que chegou à região.

— Haa…

Ashley soltou deliberadamente um longo suspiro, e a fumaça branca de sua respiração se espalhou pelo ar. Ao redor dele, as pessoas passavam apressadas, cabisbaixas, enquanto ele permanecia parado, perdido em pensamentos. Ele se lembrou do céu limpo e sem nuvens do oeste, mesmo no inverno. Logo, a saudade de Koy, que sempre corria para se enfiar em seus braços, ressurgiu, apertando seu peito.

Amanhã seria Natal. Sua expectativa de que poderia voltar para casa logo após o Dia de Ação de Graças há muito havia se despedaçado. Depois do Natal, chegaria logo o Ano Novo. Provavelmente, Ashley não conseguiria passar a virada de ano ao lado de Koy.

— Não me diga que vai me deixar assim para sempre… — pensou, sem conseguir evitar a angústia.

Ashley retomou a caminhada. Ainda faltava um ano para se formar no ensino médio. Ele estava determinado a voltar para Koy, custasse o que custasse. Mesmo que demorasse, ele conseguiria.

— Espere por mim, Koy.

Enquanto pensava nisso, lembrou-se secretamente do anel que havia encomendado e esboçou um leve sorriso. A aliança, feita de platina, tinha um diamante considerável no centro, ladeado por pequenas pedras dispostas em fila. Ele comprou dois anéis de design simples e pediu para gravarem os nomes deles em cada um: o anel ajustado ao seu quarto dedo teria o nome de Koy, e o outro, estimado com base no tamanho aproximado do dedo de Koy, teria seu próprio nome. Assim, os dois seriam completamente um do outro.

O que Koy diria ao descobrir o significado disso?

Ashley sorriu sozinho, imaginando a cara vermelha e sem saber como reagir do namorado. O que o frustrava era o fato de que, por ser fim de ano e da alta demanda em pedidos, mesmo solicitando prioridade, levaria cerca de um mês para ficarem prontos. Não havia como acelerar mais.

A neve começou a cair com mais intensidade. Ashley pensou que Koy provavelmente nunca tinha visto tanta neve assim. Ele se lembrou do cruzamento movimentado onde sempre aconteciam grandes festas de fim de ano e decidiu que um dia levaria Koy ali. No Natal, eles se beijariam sob o visco; na véspera de Ano Novo, fariam a contagem regressiva juntos, e assim que o novo ano chegasse, ele o puxaria para perto e o beijaria. E então, sussurraria:

— Feliz Ano Novo, Koy.

Ao imaginar Koy sorrindo para ele, com a ponta do nariz vermelha, o humor de Ashley melhorou consideravelmente. Soltou um longo suspiro e então parou de andar. Os seguranças também pararam atrás dele, próximos ao semáforo. Ashley pôs as mãos nos bolsos do casaco e os olhou.

— Chamem o carro.

Os seguranças rapidamente contataram o motorista. Enquanto esperava pelo carro que circulava por perto, Ashley ficou parado ali por um momento.  A neve branca continuava a cair, mas as pessoas apenas passavam apressadas. Aos poucos, uma camada de neve se acumulava sobre sua cabeça e ombros.

 

***

 

— Outra festa? — perguntou Ashley.

A secretária de seu pai acenou com a cabeça. Não conseguindo conter um suspiro involuntário, Ashley exalou profundamente, e ela começou a falar:

— Como é fim de ano, há muitos eventos.

— Imagino.

Mas o que Ashley realmente queria saber era outra coisa:

— Até quando terei que fazer essas coisas?

Diante disso, a secretária, com expressão impassível, perguntou:

— Você tem algum motivo específico para você querer voltar tão rápido?

Seu trabalho era relatar cada movimento de Ashley ao pai. Ela certamente sabia sobre Koy, então Ashley não sabia se ela estava se fazendo de desentendida ou não. Ele apenas franziu a testa. A secretária não pressionou mais e mudou de assunto.

— Provavelmente só o Sr. Miller sabe quando. Eu apenas transmito as informações.

Ashley suavizou sua hostilidade e se desculpou em resposta.

— …Não era minha intenção descontar em você.

— Está tudo bem. O Sr. Miller me paga um salário generoso que inclui lidar com desabafos infundados.

Ashley achou que podia haver um tom de ironia, mas a fala era tão profissional que parecia uma declaração sincera. Pensou consigo mesmo que realmente não há como entender essa pessoa. Mas então percebeu:

— Na verdade, não preciso saber o que essa pessoa pensa.

De qualquer forma, a secretária apenas cumpria seu trabalho. Ashley também só precisava seguir as ordens de seu pai. Estava disposto a fazer isso, contanto que, no fim, o deixassem livre.

— Haverá uma festa no primeiro dia de janeiro. Na verdade, é no último dia de dezembro.

Ao ouvir a secretária, Ashley automaticamente pensou: “Uma festa de Ano Novo… e, como esperado, ainda não poderei voltar para Koy até lá.”

A secretária colocou sobre a mesa uma folha com a programação da semana e disse:

— É uma festa muito importante, então você precisará se dedicar especialmente a ela. O Sr. Miller não vai nesse dia, só você participará.

— Só eu? Por quê? — perguntou Ashley, franzindo a testa.

Ela respondeu com o mesmo tom profissional de sempre:

— Porque é uma festa em que só a sua presença é necessária.

— …Hah.

“Por que eu perguntei?” pensou ele, sentindo um leve arrependimento. Em silêncio, pegou a programação. Todos os dias eram ocupados com horários semelhantes e familiares, mas 31 de dezembro estava vazio, exceto pela festa.

— …É uma ocasião realmente importante? — perguntou Ashley, franzindo ainda mais a testa.

A secretária, que já ia sair, segurou a maçaneta e olhou para ele:

— Será uma oportunidade para você aprender muitas coisas como Alfa Dominante.

Com isso, ela fechou a porta e saiu. Ashley continuou olhando a programação com a testa franzida, mas logo a deixou de lado e se jogou na cama.

“Não faz diferença. Só me deixem voltar para Koy logo.” — pensou ele.

Ele já havia aguentado bastante. Depois daquela festa, finalmente poderia voltar.

— Só mais uma semana, eu preciso aguentar firme.

Consolando a si mesmo, ele fechou os olhos.

— Sinto sua falta, Koy.

Era a primeira vez que sua própria voz soava tão fraca e desanimada para ele.

 

°

°

Continua….

 

Tradução:  Ana Luiza

Revisão:  Thaís

 

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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can

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