Ler Eu nunca quis ter um filho dele. – Capítulo 22 Online
Parecia que Dahlia gostava do véu, portanto, não havia necessidade de acrescentar nada, uma vez que ela própria não se importava.
— Veio me procurar? — perguntou.
— Sim, estava entediada, caminhando sozinha. Além disso, o casamento se aproxima, e você precisa responder aos convites para que as pessoas compareçam, não concorda?
Como Mikhail não havia mencionado o casamento, ela não pensou a respeito.
— … Nós vamos mesmo ter uma cerimônia?
— Claro que sim. Não me diga que estava planejando pular essa parte?
Emília achou a pergunta de Dahlia divertida. Era um desfecho inesperado.
Dahlia sentou-se e começou a examinar os convites.
— Hmm, selecionei alguns lugares. Apenas comparecer a esses eventos já será o suficiente para que as notícias se espalhem.
Emília tinha a impressão de que Dahlia a detestava. Diferente de antes, ela agora a encarava com um sorriso radiante e alegre. Emília não pode deixar de sentir uma pontada de satisfação ao ver sua expressão, enquanto levava a xícara de chá à boca.
O modo como Dahlia segurava a porcelana era elegante. Um pouco diferente do que Emília e os nobres dali haviam aprendido, mas, considerando que o Duque Heinrich tinha um jeito similar, ela pensou que a professora de etiqueta da casa ducal devia ser excelente.
— Você deve ter recebido uma educação de etiqueta impecável.
— Sim, tive a melhor professora… mas já não posso mais vê-la.
— Perdoe-me, toquei num assunto desnecessário.
Dahlia deu de ombros e tomou um gole de chá.
— Devo ir agora. O Duque me conhece bem demais.
Ela sussurrou suavemente no ouvido de Emília ao se levantar:
— Vou visitá-la às escondidas, sempre que puder. Darei um jeito.
Dahlia sorriu, lançou uma breve olhadela para a mão que tocou o ombro de Emília. Após despedir-se, seguiu sem hesitação em direção ao edifício anexo.
Emília ainda a viu, de relance, quando a criada ergueu a bandeja: Dahlia limpava as mãos com um lenço.
— Dahlia.
— O que te traz ao meu anexo, Oppa?
— Você continua agindo por conta própria. Assim fica difícil.
Mikhail abaixou o jornal e fitou a garota, que acabara de entrar. Dahlia o observou em silêncio por um instante e então virou-se para a janela.
— Irmão, você ficou mais astuto na minha ausência? Estava observando tudo daqui? Não é muito cavalheiro espionar secretamente o tempo das mulheres.
— O que pretende ao se aproximar daquela mulher?
— Posso ganhar muito com isso. Mas, acima de tudo, é tão irritante vê-la que simplesmente não consigo deixar para lá.
Dahlia sentou-se numa cadeira e atirou casualmente o lenço no chão.
— Você interpreta muito bem, mesmo detestando toques.
— Tem moral para dizer isso, quando foi você quem se deitou com ela? Já aceitei convites para alguns banquetes.
— Não entendo o que está tramando dessa vez.
— Espere para ver. Você também achará divertido.
— Dahlia, cuidado para não chamar atenção demais.
— Sabia, irmão? A pele daquela mulher é realmente como porcelana, sem uma única imperfeição. E ouvi dizer que ela também foi condecorada com a cavalaria do Ducado, seus dedos são igualmente delicados.
Estendeu os próprios dedos e inclinou a cabeça de um lado a outro.
— Pare de brincar e diga logo o que quer. Não incomode as pessoas.
— Não impeça suas atividades sociais. Ela não gosta de ficar confinada aqui. Precisa sentir o peso dos olhares quando sai. Deve experimentar isso.
— Pare de encontrá-la, e eu farei isso.
— E se eu disser que não quero?
— Dahlia, fui encarregado de protegê-la, não de alimentar seus caprichos ou encobrir seus erros.
Mikhail cruzou as pernas e bateu os dedos na mesa, olhando para Dahlia.
— Espero não ver seu nome estampado nesse jornal.
— Como histórias sobre mim vazariam se eu não saio?
— Se causar problemas, não terei escolha senão mandá-la embora.
— … Não se esqueça do que o pai lhe pediu.
— Já cumpri o que ele queria: retornei e cravei a adaga no coração do inimigo.
— Mas o sangue daquele inimigo permanece por aí. Enquanto aquela pessoa ocupar o trono, nada estará terminado.
— Dahlia, tenho sido tolerante com você, porque mantive minha palavra até agora.
— Há razões próprias para ter se aliado ao atual rei, não é?
— Isso é assunto meu, não diz respeito a você.
Mikhail passou a mão no queixo e se levantou.
— Portanto, espero que não interfira nos meus assuntos. Que minha espada não precise ser apontada contra você também.
Ele saiu do anexo sem esperar a resposta, já que não esperava uma, para começar.
Após desfrutar um pouco mais o jardim, Emília se levantou para retornar à mansão. O calor parecia ter diminuído desde cedo, mas Dell a acompanhava sem abrir a sombrinha.
— Devo preparar os vestidos necessários?
— Já respondemos a vários convites… pensando bem, não avaliamos direito as famílias a quem demos resposta.
— São as famílias Kerren e Ablio.
— … Logo essas duas. Não será fácil.
Kerren e Ablio apoiavam Adrian desde que ele era o segundo príncipe, se consolidando firmemente fiéis à coroa.
‘Elas podem ser cordiais com o Duque, mas não comigo.’
Emília pareceu entender a razão pela qual Dahlia enviara respostas àquelas duas famílias. Sua presença como Duquesa em seus eventos teria um impacto significativo perante o público.
— Se precisarmos preparar vestidos, o tempo será curto.
— Podemos chamar o alfaiate imediatamente, não se preocupe. Mas… a senhora está realmente bem?
— Não tenho certeza. Mas não posso evitar para sempre.
Ela entendia a preocupação de Dell. Continuava sendo uma presença indesejada, e rumores provavelmente circulariam sobre cada um de seus movimentos. Até coisas que ela não fez poderiam ser atribuídas a ela.
— Agora que enviamos as respostas, não há volta. Ficar trancada na mansão é sufocante.
— O duque não vai impedir que você saia. Como casal, um dia eventualidade ele vai abrir o coração para a senhora.
— Acha mesmo que o Duque mostrará qualquer sinal de afeto? Ele jamais abrirá o coração para mim.
O mesmo para ela. Os dois eram como água e óleo, incapazes de se misturar.
— Sua Graça certamente mantém um padrão particularmente rigoroso para a Senhora.
— Sim, está certa. Ele e eu jamais poderemos nos aproximar. Então, você deve desistir dessa expectativa também.
Emilia teve pena de Dell por sonhar em vão. Se sua posição no ducado se tornasse mais estável, Dell também ficaria mais segura. Infelizmente, isso jamais aconteceria.
‘O casamento se aproxima, não é?’
Naquele dia, ela tornaria a colocar uma espada em sua garganta. Por mais que fosse derrotada, enquanto ele não a matasse, haveria uma chance.
— Ouvi dizer que todos querem comparecer.
— As pessoas parecem estar bastante interessadas no Duque.
Era compreensível: ele desempenhou o papel decisivo ao colocar o príncipe Adriano no trono durante a mudança de regime.
— No reino de Bartsch, a presença do duque é inevitavelmente notável. Aliás, cabelos dourados são raros.
Os fios dourados, outrora símbolo da família real, contrastavam com os cabelos negros da dinastia Jalliar. Graças a isso, as pessoas gradualmente esqueceram o simbolismo do cabelo dourado. No entanto, não se esqueceu de que, durante a antiga dinastia Stein, aqueles com esplêndidos cabelos dourados mantinham a linhagem real.
— Mas ele não tem sangue real. Eles já…
— Sim. Em outros países, cabelos dourados podem ser comuns. Enfim, vamos entrar e descansar. Amanhã pode ser um dia agitado.
Ao mencionar que era comum, Emília se lembrou do cabelo de Dahlia, escondido sob o véu.
‘Ela também tem o mesmo tom dourado.’
Mas a dinastia Stein havia chegado ao fim, a família real Jalliar exterminou seus membros ao tomar o poder.
Emília balançou a cabeça e limpou os pensamentos. Então, apressou os passos em direção ao seu quarto, instigada por Dell. Se ela o encontrasse agora, seu sentimento já inquieto por causa de Dahlia só pioraria.
Finalmente, saindo do jardim e indo em direção à mansão, uma chuva repentina começou a cair. Dell abriu a sombrinha apressadamente para protegê-la, mas a água atravessou a renda fina.
— Senhora, é melhor entrar logo!
A chuva torrencial turvou sua visão. A corrente refrescante de água encharcou todo seu corpo, revigorando instantaneamente seus sentidos. Seu coração começou a bater rapidamente mais uma vez.
‘Talvez agora, eu possa escapar, não posso?
Instintivamente, levou a mão ao pescoço, onde a cicatriz — oculta pelo lenço — tornava-se visível sob o tecido encharcado.
— Senhora!
Emília ficou imóvel e olhou para o céu. Se a chuva continuasse a protegê-la, se ela se tornasse invisível aos olhos dele, então talvez…
Um tênue fio de esperança fervilhava dentro dela. Lançou um olhar ao redor, tomada por expectativa.
— Se quer desaparecer da vista, por que não começa cortando esse maldito cabelo vermelho?
Uma voz gélida soou às suas costas. Sua esperança desmoronou, como se dissesse: ‘Quando isso foi fácil?’
— Uma rosa encharcada… ou devo dizer, uma rosa molhada de maneira diferente.
— Saudações, Vossa Graça.
Dell se curvou apressadamente. Emília, por sua vez, apenas o encarou, em silêncio.
Sua figura, com o guarda-chuva negro sobre si, parecia um demônio vindo para ceifar sua vida. De pé, imóvel sob a chuva forte, sua presença fez um arrepio percorrer-lhe a espinha.
Por que sua aparição, no meio da chuva intensa, parecia tão assustadora?
Continua….
Tradução Elisa Erzet
Ler Eu nunca quis ter um filho dele. Yaoi Mangá Online
Sinopse:
Mikhail von Heinrich – Um homem que veio de um país estrangeiro e liderou uma rebelião. Tudo sobre ele é envolto em mistério. Mikhail, age cruelmente para infligir a mesma dor a filha do inimigo que matou seus pais, mas o sentimento que surgiu como ódio começa a vacilar.
Emilia von Loren – Forçada a se tornar a esposa de um traidor. Emília jura vingança contra aquele que destruiu tudo que tinha. Ela anseia pelo dia em que enfiará uma espada em seu peito. No entanto, a medida que descobre a verdade, seu ódio começa a se transformar em culpa.
Quando ler: Quando você quiser ver um romance de aversão intensa.
Citação: — Se eu puder viver mais um dia com toda essa raiva e ódio.
🌸🌸🌸
Ela queria morrer.
Mas Emília foi forçada a se casar com um traidor.
Quando pensou que estava no auge do desespero, o rei emitiu uma ordem ultrajante para que ela tivesse um filho do homem.
O ódio floresceu sem fim.
— Então, tenha um filho, Emília von Heinrich.
— Qual é exatamente o nosso relacionamento?
— Eu planto minha semente e você gera meu filho. Nós usamos mutualmente como um meio por necessidade.
Sua definição era simples.
Mas à medida que o ódio ardente desaparecia lentamente a cada noite passada com ele, com o passar do tempo ela o conhecia melhor, seus sentimentos se tornavam menos claros.
Por fim, quando a verdade veio à tona, ela foi embora carregando o filho dele.
Não conseguia mais odiar ou ficar ressentida com ele.
O homem outrora arrogante, após sua partida, gritou de desespero e arrependimento.
Pois Mikhail também já não conseguia mais odiar ou desprezá-la.