Ler Eu nunca quis ter um filho dele. – Capítulo 20 Online
— Pelo bem da família, devemos manter as aparências em público.
— No fim das contas, isso também poderá ter um impacto negativo sobre você. Boatos desagradáveis se espalham depressa, não é?
Especialmente quando um regime nascido da rebelião ainda não estava solidificado, era essencial agir com cautela redobrada.
Havia assuntos a tratar. O olhar de Mikhail se estreitou ao ouvir o tom de Kartho, que parecia questionar suas motivações.
— Vai me criticar agora?
— Como eu ousaria? Apenas expresso minha humilde opinião. Certamente existem razões por trás das ações do rei.
— Ele parece demonstrar interesse naquela mulher. Fico imaginando como a Sra. Luther reagiria se descobrisse. Criar agitações desnecessárias não seria sensato.
— Parece mesmo, melhor não causar tumulto sem necessidade.
— Pelo visto, você acha que mais problemas podem surgir.
— Para ser sincero… sim.
— Eu penso o mesmo.
Por isso ele não havia interferido no assunto. Precisava entender a situação por si só e decidir quais ações seriam benéficas no futuro. Não tinha intenção de se intrometer, não importa o que acontecesse com ela daqui para frente
— Provavelmente, não preciso lembrar o que aquela mulher significa para mim. Vou mantê-la ao meu lado até cravar uma adaga no coração do Duque Loren e desfazer tudo.
— Entendido, —respondeu Kartho, recuando respeitosamente.
Mikhail lidou apenas com os documentos mais importantes antes de tentar se levantar.
— V-Vossa Graça.
Uma voz trêmula soou do lado de fora da porta. Quando Kartho a abriu, se depararam com Finn, a jovem criada com uma expressão preocupada.
— O que você faz aqui a esta hora?
Finn era a criada exclusiva designada para Dahlia. Ele havia ordenado que não saísse do seu lado, mas lá estava ela, sozinha. Quando Kartho questionou Finn, ela gaguejou ao responder:
— A senhorita Dahlia… está indo se encontrar com a senhora neste momento.
Kartho suspirou profundamente, levando a mão à testa.
— Parece que ninguém consegue impedi-la além do Duque.
— Eu deixei claro para você não permitir esse encontro.
Mesmo tendo providenciado uma residência separada, ela parecia ter ignorado a ordem e seguido seu próprio desejo.
— M-Me desculpe! Eu tentei de tudo para detê-la, mas ela simplesmente não me ouviu…
As bochechas vermelhas da criada deixavam claro que Dahlia havia agido por conta própria. Mikhail levantou-se de imediato.
— Kartho.
— Não se preocupe. Deixe isso comigo.
— V-Vossa Graça?
Finn tremia, como se já soubesse o que estava por vir. Ela parecia apavorada.
— Não se preocupe. Eu não vou te matar.
Era arriscado mandar embora alguém que sabia dos segredos de Dahlia. Mas deixá-la sem punição também não era opção. Melhor seria enviá-la à Governanta chefe das damas de companhia Ellyn, que saberia como lidar com ela.
— Vou levá-la até Ellyn.
— A s-senhora Ellyn também está com ela!
O rosto de Kartho endureceu ao ouvir isso. Qual seria o motivo para a chefe das damas estar envolvida?
Mikhail passou a mão pelos cabelos, irritado, e saiu imediatamente do escritório.
— Parece que o mau hábito de Dahlia se mostrou.
Ao chegar aos aposentos de Emília, do outro lado do segundo andar, Mikhail encontrou o corredor vazio. Apenas o som de seus próprios passos preenchia o espaço. Observou ao redor, mas não viu nenhuma das criadas de Emilia por perto.
Assim que alcançou a porta, ouviu ruídos agudos vindos de dentro.
Chic! Chic! (sons de chicote)
A mão que segurava a maçaneta tremia levemente, com uma urgência contida. Quando finalmente abriu a porta, deparou-se com uma mulher sendo açoitada, com a saia erguida.
— É assim que lidamos com criadas insolentes. Às vezes, um chicote é mais eficaz do que palavras.
Dahlia, segurando uma xícara de chá, sorriu com elegância enquanto saboreava a bebida.
O sangue escorria pela perna da jovem, mas Dahlia não interrompeu o castigo.
— Ainda faltam dez. Será que preciso mesmo gastar meu tempo precioso punindo essa garota?
Sob o olhar insistente de Dahlia, Ellyn levantou o chicote novamente.
Chic!
Mais uma vez, o som cortante preencheu o cômodo.
— S-Socorro. Por favor, pare.
Quem chorava, sem conseguir sequer formar palavras, era Leri, uma das criadas de Emília. Os olhos vermelhos de Mikhail desviaram dela, como se não suportasse ver a cena.
Emília permaneceu sentada no sofá, imóvel, observando em silêncio, como se não se deixasse abalar.
Embora sua expressão parecesse calma, como se estivesse se esforçando, seus olhos verdes tremiam levemente, incapazes de esconder suas emoções.
Era evidente que a criada havia desobedecido Dahlia, mas provavelmente apenas por obedecer ordens superiores.
Mikhail cerrou os dentes. Fechou os olhos por um instante, então os abriu devagar antes de pronunciar o nome que cortou o ar como uma lâmina.
— Dahlia.
Só então a mão de Ellyn parou. Ela juntou as mãos e inclinou a cabeça. Suas mãos também estavam em péssimo estado, mostrando o quanto havia batido.
Dahlia olhou para Mikhail sem qualquer sinal de surpresa.
— Ah, oppa, bem-vindo. Eu queria conversar com você. A educação das criadas do ducado está um verdadeiro desastre.
Apesar do véu sobre o rosto, o sorriso nos cantos de sua boca era inconfundível.
— Não me lembro de ter lhe dado autoridade para punir as criadas.
— Mas também não posso simplesmente ficar parada vendo uma criada insolente, posso?
Não havia nenhum traço de remorso no comportamento de Dahlia. Em vez disso, ela estreitou os olhos para Leri, que tremia.
— Essa menina ousou me impedir. Oppa, não existe ninguém que eu não possa encontrar. Especialmente se for sua esposa.
— Você não precisa encontrá-la.
Ao ouvir isso, Emília virou o rosto em sua direção. Parecia ter muito a dizer, mas permaneceu em silêncio.
‘Ela entende sem que eu precise dizer nada.’
Foi uma invasão no momento em que Emília tentava tomar banho e descansar.
Apesar do constrangimento de estar vestindo roupas leves, sua expressão permaneceu inalterada.
— Você está sendo severo demais com sua esposa. Pretendo continuar me encontrando com ela aqui na mansão. Ela é praticamente da família para mim. Como poderia deixar de cumprimentá-la?
— Essa mulher nunca será da minha família. Então, deixe isso de lado.
— Oppa, ignorar alguém assim, tão descaradamente, pode ferir os sentimentos da minha nova cunhada.
Com um sorriso, Dahlia segurou o braço de Emilia.
— Dahlia, eu fui claro ao dizer que encontros não seriam permitidos.
— Mas eu não gosto disso. Sempre tive curiosidade.
‘Curiosidade sobre o rosto dela. Sobre como havia crescido. Se brilhava como uma estrela.’
‘Se havia sofrido como eu.’
Dahlia murmurou suavemente. Emilia inclinou-se um pouco mais, tentando ouvir melhor aquelas palavras carregadas de algo mais profundo.
— … Meu rosto?
— Hehe. Não é natural ter curiosidade? Sobre que tipo de pessoa se tornará a Senhora do ducado? Fiquei um pouco surpresa. Ela não era como imaginei.
Mikhail percebeu um leve brilho de raiva surgir nos olhos de Dahlia. E suspirou.
— Eu também sonhei com um marido muito diferente do Duque. E você? Que tipo de homem imaginou?
— Hmm… mas agora, olhando bem, até parece um pouco similar.
Dahlia sorriu radiante, alternando o olhar entre Emília e Mikhail.
— Oppa deve estar bastante satisfeito sozinho. É uma sorte que vocês não parecem se dar muito bem.
— Como é?
— Oppa, não desejo sua infelicidade. Por favor, não me entenda mal.
As palavras de Dahlia deixaram Emilia visivelmente confusa.
— Ellyn.
Mikhail chamou a criada com uma expressão visivelmente irritada. Quando ela respondeu, ele apontou para Leri, que ainda chorava, soluçando baixinho.
— Leve essa jovem para ser tratada. E providencie sua reeducação para que esse tipo de situação não se repita.
— Claro. Uma dama de companhia chefe em sua posição deve cumprir seu dever adequadamente, não é?
Dahlia assentiu levemente e, num gesto inesperado, encostou a cabeça no ombro de Emília.
— E traga uma nova criada para atender minha cunhada.
Ellyn olhou para Mikhail, que fez um leve aceno de cabeça, aprovando a sugestão de Dahlia.
— Compreendido. Trarei alguém em breve. Peço licença por agora.
Ellyn, com firmeza e discrição, apoiou Leri e se retirou.
Mikhail voltou o olhar para Dahlia, que continuava aconchegando em Emília.
— Está ficando tarde, volte para a casa de hóspedes. Vou ignorar os eventos de hoje, mas lembre-se: esta é a residência dos Heinrich. Se continuar agindo como bem entender, será mandada embora. Compreendeu?
— Oppa!
Ao ouvir a possibilidade de ser mandada embora, Dahlia se levantou num salto. Seus olhos se arregalaram enquanto o fitava intensamente.
— Você simplesmente me mandaria embora assim?
— Basta se comportar de maneira adequada para evitar isso. Estou apenas te lembrando, já que parece ter esquecido onde está.
A voz fria e sem entonação de Mikhail fez Dahlia estremecer. Logo abaixou a cabeça, assumindo uma expressão derrotada.
— … Entendi. Da próxima vez, consultarei você antes. Só interferi porque minha cunhada não soube discipliná-la, certo?
— Não sei por qual motivo o Duque não permitiu nosso encontro, mas reconheço que este incidente foi excessivo. Não é justo descontar na criada.
Os lábios de Dahlia tremeram. Parecia ainda mais abalada pelo fato de Emília não ter tomado seu partido.
— Você deve estar cansada. Por que não vai descansar um pouco no seu quarto?
— … Obrigada pela consideração.
— Não há de quê.
Emília se levantou do sofá. Com um leve aceno para Dahlia, caminhou em direção à porta.
— Pelo visto, a linhagem não mente. Observando vocês dois… são muito parecidos. Não só na aparência, mas nas palavras e atitudes.
Seu olhar, carregado de desprezo, passou brevemente por Mikhail. Ele apenas deu de ombros e fechou a porta.
Sozinho com Dahlia no quarto, Mikhail a observou sentada no sofá, olhando de volta para ele.
— Não me diga que você realmente está se afeiçoando a ela. Estava preocupado de que eu a matasse?
‘Estava mais preocupado que o oposto pudesse acontecer.’
Continua…
Tradução Elisa Erzet
Ler Eu nunca quis ter um filho dele. Yaoi Mangá Online
Sinopse:
Mikhail von Heinrich – Um homem que veio de um país estrangeiro e liderou uma rebelião. Tudo sobre ele é envolto em mistério. Mikhail, age cruelmente para infligir a mesma dor a filha do inimigo que matou seus pais, mas o sentimento que surgiu como ódio começa a vacilar.
Emilia von Loren – Forçada a se tornar a esposa de um traidor. Emília jura vingança contra aquele que destruiu tudo que tinha. Ela anseia pelo dia em que enfiará uma espada em seu peito. No entanto, a medida que descobre a verdade, seu ódio começa a se transformar em culpa.
Quando ler: Quando você quiser ver um romance de aversão intensa.
Citação: — Se eu puder viver mais um dia com toda essa raiva e ódio.
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Ela queria morrer.
Mas Emília foi forçada a se casar com um traidor.
Quando pensou que estava no auge do desespero, o rei emitiu uma ordem ultrajante para que ela tivesse um filho do homem.
O ódio floresceu sem fim.
— Então, tenha um filho, Emília von Heinrich.
— Qual é exatamente o nosso relacionamento?
— Eu planto minha semente e você gera meu filho. Nós usamos mutualmente como um meio por necessidade.
Sua definição era simples.
Mas à medida que o ódio ardente desaparecia lentamente a cada noite passada com ele, com o passar do tempo ela o conhecia melhor, seus sentimentos se tornavam menos claros.
Por fim, quando a verdade veio à tona, ela foi embora carregando o filho dele.
Não conseguia mais odiar ou ficar ressentida com ele.
O homem outrora arrogante, após sua partida, gritou de desespero e arrependimento.
Pois Mikhail também já não conseguia mais odiar ou desprezá-la.