Ler Deseje-me se puder – Capítulo 205 – Extra 01 Online

Em seguida eles murmuraram chocados. Era surpreendente que Dane Striker dissesse algo assim. As reações dos antigos colegas eram todas de admiração, o que acabou deixando Dane um pouco constrangido. Então, de repente, outro deles disparou uma nova pergunta:

— E como é essa mulher? É mulher, certo?

— Tem foto? Fala aí, como ela é? Estamos curiosos para saber como é a pessoa que fisgou o coração do Dane!

— Isso, mostra uma foto! Mostra logo!

— Foto! Foto!

Vendo os caras balançando os braços e gritando como numa torcida organizada, Dane sentiu uma mistura de emoções.

‘Esses idiotas… Se vissem uma foto dele, não estariam tão animados assim. Talvez até desmaiassem de susto.’

Alguém poderia até desmaiar de surpresa. Considerando a natureza imprevisível de seu trabalho, onde emergências podiam surgir a qualquer momento, Dane achou melhor evitar qualquer confusão.

— Não tenho uma foto, sinto muito.

Quando Dane negou, balançando a cabeça, uma onda de vaias explodiu.

— Uuuuh, mentiroso!

— Buuuu!

Eles viraram os polegares para baixo em sinal de desaprovação, mas, claro, isso não afetou Dane em nada. Ele ficou de braços cruzados, olhando para eles como se dissesse: “Continuem tentando, seus perdedores.” Diante daquela postura inabalável, os colegas acabaram se aquietando – embora ainda não estivessem dispostos a desistir.

— Então conta pelo menos isso: ela é bonita? Sexy?

Um dos caras se adiantou, fazendo a pergunta como se estivesse tentando arrancar as últimas migalhas de informação. Diante da insistência, Dane sorriu de leve e respondeu:

— É uma pessoa linda. Absurdamente linda.

— Ah, claro que pra você seria.

Comentou Diandre com um tom sarcástico, e aparentemente, metade do grupo concordou, soltando risadas zombeteiras. Dane manteve o sorriso e acrescentou:

— Se é linda para mim, já não é o suficiente?

— É… isso é verdade.

Admitiu, contrariado. Outro rapaz logo se meteu na conversa:

— Se o Dane está namorando, a mulher deve ser uma super gata.

— Deve ter um corpão, tipo… assim.

— E voz rouca, daquelas que te deixam louco…

Embora estivessem inventando descrições aleatórias, de certa forma estavam certos – e isso era incrível. Grayson era, aos olhos de Dane, absurdamente bonito, com um corpo esculpido e bem definido.

— …É mais ou menos isso.

Dane, murmurou quase para si mesmo. Pouco a pouco, os colegas começaram a perder o interesse, desviando o foco para outras coisas. Ele, no entanto, continuou falando como se estivesse apenas querendo compartilhar.

— Quando está feliz, mexe as orelhas, é a coisa mais fofa que eu já vi. E às vezes chora por minha causa, quando se sente solitário… e, mesmo me sentindo culpado, acho essa expressão tão adorável que só dá vontade de enchê-lo de beijos – eu fico maluco. De vez em quando, até dá vontade de checar se tem mesmo um rabo ou não ali embaixo. E o pior… é que sabe ele que é bonito. Quando eu digo que é lindo, fica todo feliz e mexe as orelhas. Não é uma gracinha? Não acham?

Dane então se calou de repente, percebeu, tardiamente, que o ambiente ao redor tinha ficado completamente silencioso. Ele piscou, desconcertado, sentindo o peso do momento. Foi aí que Deandre apontou para ele e disse:

— Ei… Você está sorrindo.

Foi só então que Dane percebeu que, o tempo todo em que falava de Grayson, ele tinha estado sorrindo. E mesmo sabendo disso, seus lábios se recusaram a voltar ao normal. Muito pelo contrário, de repente, a saudade bateu forte e ele sentiu vontade de vê-lo.

— Bom… acho que isso já é o suficiente, certo? Vou indo. Ele deve estar me esperando.

— A-ah… é, claro. Nos vemos depois.

— Tchau, Dane.

— Até mais…

— Até logo…

Todos se despediram no embalo, e assim que Dane saiu, ficaram parados, olhando fixamente para a porta que havia se fechado.

— Então era verdade mesmo, hein…

Alguém murmurou, quebrando o silêncio. E como se aquilo fosse um sinal, logo outras vozes se somaram.

— Dane Stryker, finalmente se aquietando… quem diria.

— Que tipo de mulher será ela? Se eles se casarem, talvez possamos vê-la, certo?

— Claro. Espero que os dois realmente se casem.

— É a primeira vez que vemos esse lado do Dane, então provavelmente vai dar certo.

— Como será que ela é? Vamos tentar adivinhar?

Com essa sugestão, todos começaram a dizer, um por um, qual seria a mulher mais bonita que conseguiam imaginar. Claro, como Deandre mencionou o nome de Valentina, ele foi imediatamente excluído do grupo.

No fim, chegaram a um consenso: a mulher ideal, mais linda, mais talentosa, mais sexy, aquela que todos reconheceriam como a mulher mais perfeita da época.

Era ninguém menos que Naomi Parker.

* * *

‘E agora, o que eu faço…?’

Dane dirigia pela estrada, perdido em pensamentos, imerso numa preocupação séria. Era impressionante que mesmo com tantos colegas juntos não haviam servido de nenhuma ajuda. Mas não dava para ficar apenas frustrado – precisava resolver aquilo de algum jeito. Se não resolvesse esse problema, parecia que a sensação de ter uma pedra em cima do peito não desapareceria.

Desde aquele dia, Grayson vinha trazendo presentes todos os dias. Às vezes taças de vinho, outras tênis de edição limitada, e ainda teve uma vez que trouxe roupas combinando para os três – ele, Dane e Darling.

Rapidamente, o quarto de Dane ficou abarrotado de todo tipo de tralha. E, como ele nunca foi uma pessoa apegada a bens materiais, a situação se tornou bem desconfortável. Acima de tudo, Dane detestava a sensação de estar em dívida com alguém. Mesmo que estivessem namorando agora, e tecnicamente não fosse uma “dívida”, o sentimento de peso continuava ali.

— Você não precisa ficar me enchendo de presentes. Se eu precisar de algo, eu mesmo digo.

Ele acabou dizendo, tentando recusar com gentileza. Grayson ficou visivelmente desapontado, mas se ele não dissesse algo, acabaria sendo esmagado pela montanha de bugigangas que o outro comprava. Depois de muito custo, conseguiu conter a enxurrada de mimos. Assim, os presentes pararam, e seus problemas voltaram ao ponto inicial.

‘O que eu posso dar a ele?’

Quando pensava em tudo o que Grayson já tinha oferecido, a resposta parecia cada vez mais impossível. Mesmo se juntasse todas as economias que tinha, não conseguiria comprar nem uma das asas daquele horrível cisne de cristal que o outro havia dado.

‘Por que diabos ele compra essas coisas?’

Mas logo se forçou a voltar ao foco principal:

‘O que eu posso dar a ele?’

Havia mais uma pessoa a quem ele poderia perguntar: Joshua. Eles costumavam sair juntos e tinham muito em comum, então ele provavelmente poderia ajudar. Morando com Chase Miller, Joshua devia ter desenvolvido ainda mais bom gosto. Era a pessoa ideal para pedir conselhos. Depois que acertou, só de olhar, o preço do colar que o urso de pelúcia de Ezra estava usando, Dane passou a confiar nele para esse tipo de coisa.

Mesmo assim, havia um motivo pelo qual ele não havia procurado Joshua primeiro e, em vez disso, foi atrás daqueles bombeiros inúteis.

***

— Você ainda não fez as pazes com seu irmão?

Quando as feridas reabertas começaram a cicatrizar até certo ponto e Dane conseguiu se sentar na cama, ele ouviu algo inesperado de Grayson. O homem estava sentado de maneira displicente, com o cotovelo apoiado em uma das pernas e o queixo apoiado na mão, e balançou a cabeça com ar irritado.

— Ele não quer me ver. Continua fugindo de mim, aquele desgraçado.

O rosto de Grayson estava completamente franzido, transbordando incômodo e frustração.

— Chase me tratando como se eu fosse um inseto… você consegue acreditar nisso? Não é absurdo?

Ele falava como se esperasse que Dane tomasse seu partido. Mas Dane pensava diferente. Ele sabia muito bem o quanto Grayson podia ser insuportável quando queria – ao ponto de revirar completamente o estômago de alguém –, então não podia simplesmente ficar do lado dele sem questionar. Como Dane não reagiu, Grayson deixou escapar um ar de decepção, com os cantos da boca caídos.

Vendo aquela expressão, Dane mudou de assunto de propósito:

— E os outros? Já está tudo resolvido com o pessoal?

— Bom… mais ou menos.

Grayson pareceu refletir por um momento, mas logo franziu a testa de novo e estreitou os olhos.

— Dane, tem uma coisa que eu acabei ouvindo enquanto andava por aí pedindo desculpas…

— O quê?

Com um pressentimento ruim, Dane recuou ligeiramente, como se estivesse se preparando para se defender. Não que adiantasse muito, ele só ficou mais encostado no travesseiro.

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Continua…