Ler Deseje-me se puder – Capítulo 204 – Extra 01 Online
— Não, não vi. O que eu vi não foi isso, foi…
Ele começou a falar, mas logo parou. A imagem da sua mãe que apareceu em sonho voltou com força à sua mente, e um nó apertou seu peito com uma emoção inesperada. Como havia pressentido naquele dia, nunca mais a viu desde então. E provavelmente não veria de novo.
Mas, mesmo pensando assim, o coração de Dane não doía nem se entristecia. A culpa, o rancor, o sofrimento que sempre vinham junto ao lembrar-se dela já não estavam mais ali. Agora, ele apenas aceitava o passado que compartilhou com ela. Talvez, pensou, talvez eu também possa viver como os outros… aceitando as pessoas como são, e amando alguém de forma simples e comum.
‘Até mesmo ter… meu próprio filho.’
O pensamento repentino o fez estremecer.
‘Que absurdo estou imaginando? Filho? Isso não faz sentido.’
— Dane?
Ao ouvir seu nome, ele voltou à realidade. Quando ergueu o olhar, seus companheiros o encaravam com expressões curiosas. Dane sorriu casualmente e mudou de assunto.
— Não vi nada de especial. Mas, falando nisso, tem uma coisa que eu queria saber. Vocês podiam me dar um conselho?
— Conselho?
— Está pedindo pra gente?
Os colegas arregalaram os olhos, surpresos, e imediatamente voltaram toda a atenção para ele. Sentindo-se um pouco pressionado, Dane começou a explicar:
— Na verdade, eu quero dar um presente a alguém. Aí queria saber… o que vocês costumam dar de presente para as pessoas?
— Presente?
— O que costumamos dar?
Repetindo as palavras dele, os colegas coçaram o queixo, pensativos, e aos poucos começaram a falar.
— Eu dei um livro pro meu irmão mais novo outro dia. Era a continuação da série que ele adora.
— Minha filha queria muito um copo térmico de edição limitada. Fiquei horas na fila, mas ela ficou tão feliz que valeu a pena.
— Tinha um doce que estava difícil de achar, sabe? Acabei visitando uns quinze mercados até encontrar. No fim, depois de todo esse trabalho, a pessoa deu uma mordida e disse que tinha gosto de xixi de cachorro, e jogou metade fora! Até hoje me dá raiva só de lembrar!
— Xixi de cachorro? Como assim? Como ela sabia o gosto disso?
— Ah, deve ser parecido com xixi humano.
— E como você sabe o gosto do xixi humano?
Como sempre, a conversa começou a sair completamente do rumo. Dane apenas observou em silêncio, vendo seus ex-companheiros discutirem besteiras, já se perguntando por que diabos pensou que eles poderiam ajudar.
— Mas, e aí? Quem é a pessoa?
Enquanto ele suspirava, alguém soltou de repente a pergunta. Surpreso, ele levantou a cabeça e percebeu que todos estavam encarando-o com uma curiosidade quase sufocante.
— É mesmo, precisamos saber quem é, e só assim escolher o melhor presente.
— Pensando bem, é a primeira vez que o Dane fala sobre dar um presente para alguém, não é?
— Quer dizer, às vezes você aparecia com algo em festa de criança ou coisa assim, mas fora isso… acho que nunca.
Entre risadas e comentários, todos os olhares se voltaram ainda mais intensamente para ele. Os olhos brilhavam com uma curiosidade quase ameaçadora, como se dissessem: “Nós já sabemos, só falta você confessar.” Pressionado, Dane levantou as mãos como em rendição e se apressou em negar.
— Não, não é nada disso.
— Não é?
— Não?
Os caras sorriram de canto e lançaram olhares maliciosos. Dane, com o semblante sério, reforçou a negativa.
— Estou dizendo que não é. De verdade, não é isso.
— Aha, eu acho que é sim, hein.
— Não, que parte de ‘não’ vocês não entenderam?
— E então, o que é que não é? Fala logo.
Eles estavam claramente decididos a arrancar a verdade de Dane a qualquer custo. Ele trincou os dentes, amaldiçoando-se mentalmente.
— Seus desgraçados, nunca mais venho aqui.
— Isso é problema futuro. Agora fala, vai.
— O que que aconteceu, hein? Esse presente é para quem?
— Você nunca gasta dinheiro com nada além de camisinhas e bebidas, agora vem com essa de presente? Isso não é pouca coisa, não!
— Claro que não! Isso é um escândalo! Um furo jornalístico enorme!
Ao ver os caras comemorando, até batendo um high-five, empolgados, Dane percebeu que já não tinha mais para onde correr. Alguns, como Deandre, já estavam até bloqueando a porta. Ele estava encurralado.
— Haaah…
No fim, soltou um longo suspiro, entregando-se de vez.
— Tá bom, vocês estavam certos.
— Estávamos certo?
— Certo sobre o quê?
‘Esses malditos…’
Com a insistência deles, Dane finalmente cuspiu as palavras entre os dentes cerrados:
— Eu comecei a namorar alguém. Satisfeitos, seus merdas?
— UOOOOOOOOU!
— AAAAAAAH!
— IÁÁÁ, IÁÁÁ! VAMOS QUE VAMOS!
Em um instante, eles explodiram em gritos de alegria, correndo pela sala como loucos. Um deles até subiu no banco e começou a girar o braço no ar como se estivesse montado num touro de rodeio. Depois da confusão, eles finalmente se acalmaram e se reuniram de novo ao redor de Dane.
— Como vocês se conheceram? Que tipo de pessoa é?
— Desde quando estão juntos? Seu desgraçado, ficou escondendo da gente esse tempo todo, foi?
— Então é por isso que você andava tão na sua, todo quieto, sem uma noite de sexo casual sequer?
Alguém fez a pergunta, e todos reagiram ao mesmo tempo com um estalo dos dedos.
— Era isso! Faz sentido, ele estava estranho mesmo!
— Não acredito que já faz tanto tempo. Nunca passou pela minha cabeça.
— E esse desgraçado ficou esse tempo todo sem falar nada, só pra largar o trabalho no final?
— Impressionante. Logo você, que era o maior galinha de todos, mudando da noite para o dia assim. Quem diabos é essa pessoa?
Todos estavam pensando a mesma coisa. E, claro, a curiosidade ia na mesma direção: quem é que conseguiu conquistar esse cafajeste irreparável?
Ver aquele monte de marmanjos adultos com os olhos brilhando como adolescentes querendo ouvir uma história de romance, deixou Dane exausto. Mas não havia como escapar. No fim, ele soltou um suspiro frustrado e começou a falar.
— A gente só acabou se conhecendo por acaso.
— Por acaso, como? Que história é essa de por acaso?
— Vocês se conheceram numa balada? Foi um caso de uma noite?
— É mulher ou homem? É bonita? Tem corpão? É sexy?
— E aí, como foi? Por que está comprando um presente? E por que estava tão deprimido naquela época?
Ele tinha dito apenas uma frase, mas as perguntas que se seguiram foram pelo menos dez vezes mais numerosas. Dane começou a pensar freneticamente em como escapar daquela situação.
— Calma aê, todo mundo. Acalmem-se, porra.
Levantando as mãos como quem tenta acalmar um cavalo, ele fez um gesto de “uô, uô” e esperou até que os outros ficassem minimamente quietos para então continuar.
— Foi realmente por acaso que nos conhecemos. Sabe quando você só cruza com alguém por aí? Foi algo assim.
— Isso não faz sentido!
— Pra vida que o Dane leva faz sim. Deixa ele falar.
— Cala a boca. Dane, e então?
Alguém tentou protestar, mas foi rapidamente ignorado. Quando o ambiente ficou silencioso de novo, Dane finalmente falou:
— Acabamos nos encontrando algumas vezes, sem querer. Depois a pessoa propôs que tentássemos… e o resto é como com qualquer um de vocês. Brigamos, terminamos, voltamos… foi indo assim.
Foi uma resposta extremamente resumida. E aqueles abutres famintos por detalhes não iam se satisfazer com tão pouco.
— Isso é tudo?
— A explicação foi muito superficial! Fala mais, com detalhes!
Gritos e reclamações surgiram imediatamente, mas Dane já estava de pé.
— Já chega. O resto eu conto outra hora.
Os ex-colegas de trabalho ficaram visivelmente insatisfeitos, mas ele estava decidido. Foi aí que outra pergunta voou no ar:
— Como diabos você acabou namorando essa pessoa? Até agora você só transava como um louco com alguém e sumia, nunca se envolvia de verdade.
— É mesmo, isso é verdade.
Vários disseram, balançando a cabeça em acordo. Era um fato inegável – todos sabiam o quão promíscuo Dane era. Ele adorava sexo, mas nunca assumia compromissos. E agora, esse cara estava dizendo que estava num relacionamento? E ainda por cima comprando presentes para pessoa amada?
‘Como caralhos ele mudou assim?’
As pessoas ao redor o encaravam com olhos curiosos e atentos. Dane hesitou por um momento, pensativo, até que finalmente respondeu.
— Foi só que… como eu posso dizer…
Ele fez uma pausa, como quem procura as palavras certas.
— Quando me dei conta, percebi que gostava da pessoa. Achei que… com essa pessoa, talvez não fosse ruim passar um tempo junto, ficar junto daqui pra frente, sabe?
— Ooooooh…
°
°
Continua…
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TAG universo contemporâneo, estilo ocidental, omegaverse, batalha romântica, (alfa dominante, playboy, galinha, psicopata, gato, dominador, obcecado, louco, mimado, herdeiro, gênio, cara sombrio,) (ômega dominante, gato, dominador, estressado, indiferente, superior, mandão, bombado, competente, promíscuo, ômega grávido, “porta de armário”, Harlequin)
***
—Dane?
—É, o cara cuja cabeça eu quase arrebentei com um extintor.
Grayson Miller tem como objetivo de vida encontrar seu par destinado, assim como seus pais (pai e papai) encontraram um ao outro. Mas, mesmo depois de sair com uma porrada de gente, ele ainda não encontrou ninguém que parecesse ser a pessoa certa.
Desesperado, ele foi até uma vidente famosa, que revelou que sua alma gêmea estaria relacionada ao “fogo” e teria “peitos grandes”.
Mesmo desconfiado, Grayson ficou pensando em como conectar essas pistas. Foi então que ele foi a uma festa de feromônios onde, do nada, um incêndio começou.
Enquanto jogava charme e liberava feromônios para provocar os ômegas do lugar, ele foi dominado pelo feromônio de um ômega dominante e apagou. Ao acordar, Grayson percebeu que seu par destinado trabalhava no corpo de bombeiros. Então, ele pediu um favor ao pai e conseguiu um emprego lá graças a um empurrãozinho.
Só que, já no primeiro dia, ele acabou brigando com alguns bombeiros que estavam pegando no seu pé. E o pior deles? Era Dane Stryker, com quem ele não conseguia parar de se meter em confusão…
Nome alternativo: Kiss Me If You Can, Desire me if you can