Ler Deseje-me se puder – Capítulo 191 Online

— …Você está brincando, não está?

Grayson perguntou com um sorriso torto nos lábios, sua voz estava levemente trêmula, como se seus lábios estivessem tendo espasmos enquanto ele tentava sorrir.

— Você disse que me daria seu corpo. Não lembra?

As palavras seguintes vieram rápidas, como se falasse por nervosismo. Mas Dane apenas franziu a testa, olhando para ele em silêncio. Diante daquela reação, o rosto de Grayson perdeu toda a cor.

— Você lembra de ter dito que me amava, certo? Hein? Você lembra, Dane!

— Eu?

— Sim, você! Por favor…

Ele suplicou, desesperado, mas Dane continuou com uma expressão impassível. ‘Meu Deus, isso não pode estar acontecendo.’ Quando o mundo pareceu desabar à sua volta…

— Pfff, muahahaha… aaargh!

Dane, que havia começado a rir de repente, soltou um grito de dor. Agarrou as costelas quebradas enquanto gemia. Grayson piscou, confuso, até entender o que estava acontecendo.

— Seu mentiroso! Você me enganou!

O rosto antes pálido, agora estava vermelho de raiva. Mas Dane não conseguia fazer nada além de apertar a lateral do corpo, onde doía.

‘…Isso é um castigo divino?’

— Haa… haa…

Ele respirava com dificuldade, gemendo de dor, enquanto pensava: ‘eu não devia ter brincado com isso.’ Arrependido, Dane finalmente conseguiu falar:

— …Desculpa.

Sua voz estava fraca. Grayson, de olhos arregalados e postura altiva, bufou:

— Tem coisas com as quais não se deve brincar.

— É verdade.

— Isso foi horrível. Uma piada de extremo mau gosto.

— Eu sei. Você tem razão.

Dane admitiu sem resistência. Ainda assim, Grayson manteve o rosto fechado. — Hmm…. — Dane hesitou por um momento, pensativo, antes de perguntar:

— Quer tocar no meu peito?

Era sua tentativa de reconciliação. Mas não teve o efeito desejado. Grayson soltou um “hmph” presunçoso, como se zombasse da proposta, e declarou com arrogância:

— O seu corpo é meu. Vênus também é meu, eu posso tocar quando eu quiser.

— Ah… Entendi…

Dane murmurou, com um suspiro resignado. Grayson, percebendo sua reação, ergueu o canto da boca sorrindo de leve.

— Agora é tarde demais para se arrepender. Você já disse aquilo, lembra?

Era como se Grayson tivesse lido seus pensamentos. Por um breve momento, Dane se perguntou se tinha sido impulsivo demais. Mas, ao ver Grayson agindo como um cachorrinho arrogante, não pôde evitar um sorriso.

— Eu sei, cachorrinho. Então não precisa ficar tão ansioso.

Ele quase comentou algo como “pode parar de balançar o rabo também”, mas fechou a boca a tempo. Afinal, ele não tinha rabo.

Em compensação, embora os olhos de Grayson estivessem arregalados, suas orelhas se moviam animadamente. Dane teve vontade de puxar uma delas, mas hesitou por causa das algemas. Ele olhou para o objeto que ligava seus pulsos e perguntou:

— O que você faria se eu dissesse que pretendia ficar até o fim lá dentro?

Na verdade, ele já tinha desistido de tudo naquele momento. Estava numa situação em que escapar sozinho era impossível. Mas, se houvesse uma chance mínima de sobreviver, ele teria tentado. Mesmo assim, fez a pergunta por pura curiosidade. O que esse cara teria feito se acreditasse que eu estava morrendo?

— Eu teria te nocauteado e o arrastado para fora.

A resposta saiu sem hesitação. Dane imediatamente franziu as sobrancelhas.

— Você não disse que morreria comigo?

‘Então aquilo foi só para me tranquilizar…?’

— Claro que eu estava falando sério. — Dane não sabia se aquilo era algo admirável ou apenas mais uma das muitas atitudes absurdas de Grayson. No instante seguinte, Grayson comentou: — Mas ainda é muito cedo para você morrer.

Em seguida, sorriu com leveza.

— Se for para escolher, prefiro ver você vivo.

— Hah… Agh…

Dane quase soltou uma risada de incredulidade, mas se conteve com um gemido, rangendo os dentes.

— Você está bem, Dane?

O rosto de Grayson apareceu na visão turva de Dane, que continuava com a expressão tensa. Ele se inclinou na direção dele, preocupado, e continuou:

— Não se force demais. A cirurgia foi bem sucedida, mas o médico disse que você vai ter dificuldade até para respirar por um tempo.

‘É claro que vou…’

Ele nem precisava ouvir para saber em que estado estava. Soltando um suspiro curto, Dane se deixou afundar na cama e fechou os olhos. Quando os abriu lentamente, logo encarou o olhar de Grayson fixo nele. Era óbvio que ele não tinha tirado os olhos de Dane nem por um segundo. Nada surpreendente. Sempre foi assim – ele nunca tirava os olhos de Dane.

De repente, sentiu um aperto no coração e, forçando um sorriso, Dane murmurou:

— Venha aqui. Quero te beijar.

Ele puxou de propósito a mão algemada para chamar atenção. Grayson, pego de surpresa, deu um passo para trás. Piscando, surpreso, ele foi incentivado novamente por Dane, que ainda sorria.

— Anda logo.

— Tá.

Grayson concordou sem hesitar e se inclinou sobre Dane. Os olhos violeta brilhavam de expectativa e o leve aroma doce ao redor do seu corpo fizeram Dane se sentir bem. Ele quis usar a mão livre para puxar Grayson pela nuca, mas assim que tentou erguer o braço, uma dor aguda percorreu seu corpo como um choque, e ele franziu o cenho involuntariamente.

Soltando um suspiro pesado, Dane desistiu e apenas esperou que Grayson se aproximasse. Sentia-se como uma princesa de conto de fadas naquela posição, o que o deixou ligeiramente constrangido e fez seu coração acelerar. Seu rosto começou a esquentar. ‘Será que é febre?’ Ao pensar nisso, franziu a testa novamente.

‘Espera aí…’

De repente, percebeu que seus lábios ainda não haviam se tocado. ‘Já deveria ter acontecido.’ Na sua cabeça, já havia passado tempo suficiente para terem se beijado e estarem ofegantes, depois de trocarem saliva apaixonadamente. Claro, era só sua impressão. Na realidade, mal haviam se passado quatro ou cinco segundos. Impaciente, Dane abriu os olhos e, imediatamente, encontrou o olhar de Grayson, parado a centímetros do seu rosto, observando-o.

— Que foi?

Dane perguntou, franzindo o rosto como sempre.

‘Esse cara estava praticamente abanando o rabo de tão empolgado agora há pouco, por que parou de repente…?’

Pensando nisso, Dane viu Grayson abrir a boca.

— Primeiro diga que me ama.

— O quê?

Dane não esperava ouvir aquilo e acabou reagindo instintivamente. Mas Grayson, com uma expressão absurdamente séria, insistiu:

— Diga que me ama. Por favor.

Era constrangedor… Mas ele estava falando sério. Grayson olhava para Dane com uma expressão mais séria do que nunca – talvez até desesperada – e completou em voz baixa:

— Igual da outra vez.

Diante das palavras inesperadas, Dane apenas arregalou os olhos. ‘Que diabos esse idiota tá dizendo agora…?’ Ele quis reclamar, mas logo notou o leve tremor nos lábios de Grayson. Suas orelhas também estavam completamente imóveis. Ele nem respirava. Ao perceber que Grayson estava segurando até a respiração, esperando sua resposta, Dane ficou sem palavras.

Se fosse antes, ele teria soltado uma risada debochada. Talvez até mandado ele parar com as besteiras e xingado.

Mas agora… ele não conseguia fazer nada disso.

Dane tentou levantar a mão, mas recuou ao sentir uma pontada aguda e franziu a testa. A dor parecia irradiar por todo seu corpo, mas ele resistiu, rangendo os dentes.

O cachorrinho na sua frente agora parecia tão patético, solitário… triste e vulnerável. Desesperadamente carente.

Devagar, suportando a dor, Dane ergueu a mão e segurou a nuca de Grayson. Um suspiro pesado escapou de seus lábios. Apesar da expressão contorcida pela dor, um sorriso tranquilo surgiu em seu rosto.

— Tudo bem porra… eu te amo, Grayson Miller.

‘Porque você é adorável.’

Dane olhou diretamente nos olhos de Grayson e repetiu a confissão:

— Eu te amo. Então, vamos ficar juntos.

Grayson abriu a boca. A voz dele tremia tanto quanto seus lábios.

— Para sempre?

— Sim, para sempre.

Dane respondeu com firmeza, em contraste com a voz hesitante de Grayson. Logo em seguida, seus lábios se curvaram com ironia.

— Embora eu não faça ideia de quanto tempo dura o seu “para sempre”.

Assim que as palavras saíram, Grayson colou os lábios nos dele.

A língua entrou com força, vasculhando a boca com agressividade. Dane deixou que ele o beijasse daquele jeito apressado. O peso do corpo de Grayson fazia suas costelas gritarem de dor, mas ele aguentou. ‘Afinal… isso deve ser parte do fardo de criar um cachorro grande assim,’ pensou com resignação.

— Dane… Dane…

Grayson murmurava o nome dele entre beijos, passando a boca por seus lábios, bochechas, e voltando a beijá-lo de novo e de novo. Dane apenas respondeu mentalmente: Tá bom, tá bom, acolhendo ele com paciência e afeto.

Mesmo enquanto Grayson, durante o beijo, apalpava animadamente Vênus, com a mão que não estava algemada, sem parar.

‘Eu estou completamente preso.’

°

°

Continua…