Ler Deseje-me se puder – Capítulo 189 Online
Dane piscou várias vezes rapidamente. ‘O que estou vendo agora?’ Ele simplesmente não conseguia acreditar. Abriu a boca, mas nenhum som saiu, apenas respirava com dificuldade. Seus lábios completamente secos se moveram algumas vezes antes que ele perguntasse, com a voz entrecortada pela falta de ar:
— Como… por quê?
Logo em seguida, uma tosse seca irrompeu. “Cofe cofe.” Quando tossiu, algo quente escorreu de sua boca novamente.
‘Ah, claro.’
Dane se lembrou.
‘Dizem que, quando a morte se aproxima, às vezes vemos ilusões absurdas.’
Mesmo pensando assim, o fato de que quem aparecia para ele em seus últimos momentos era esse homem – e não ela – o deixava completamente surpreso.
— Bonitão… — Como sempre, ele murmurou com um leve sorriso. — O que você está fazendo aqui?
Esse homem não tinha motivo algum para estar ali. Isso não podia ser real. Maldita alucinação… logo desapareceria.
— Haa, haa.
A respiração curta e entrecortada escapava por sua boca. Em sua visão embaçada, ele viu Grayson levantar a mão. Os longos dedos se aproximaram e tocaram sua bochecha – ele estava largado ali, encostado na parede. Quando aquela grande mão envolveu de leve um lado do rosto dele, Dane estremeceu.
Estava quente. Incrédulo diante do calor inesperado, seus olhos se arregalaram lentamente. E ali, em sua visão agora clara, o rosto do homem que o encarava, com um sorriso desleixado, tornou-se nítido.
— Você…
Uma voz calma e serena ecoou. Grayson acariciou a bochecha de Dane com o polegar.
— Eu sabia que você estaria sozinho assim.
Dane não conseguiu dizer nada. Ficou apenas olhando para ele, como em transe. Grayson, diante disso, sorriu.
— Viu? Eu estava certo.
Era um absurdo. Nem o que via, nem o que ouvia parecia real. Isso era mesmo a realidade? Sério?
— Co… como…
Dane tentou falar, mas outra crise de tosse o impediu. Seu corpo se agitava como se estivesse em um ataque. Grayson, em silêncio, apenas esperou que ele se acalmasse.
—Ahh, ahhh. — Quando ele finalmente parou de tossir, perguntou entre suspiros ofegantes: — Como você veio parar aqui?
‘Como ele sabia onde eu estava?’
Por trás da pergunta, havia uma dúvida ainda maior, mas Grayson respondeu como se fosse a coisa mais simples do mundo:
— Disseram que tinha acontecido outro atentado. Liguei a TV e… lá estava você. — Logo emendou com um tom leve, quase zombeteiro: — Eu te disse, não? Você é famoso agora.
[O herói que salvou uma pequena vila está se arriscando mais uma vez para proteger os cidadãos…]
Grayson imitou a voz emocionada do repórter e franziu as sobrancelhas com ar cômico.
— Então vim correndo. E, claro, você tinha que se jogar de corpo e alma para salvar alguém de novo, não foi?
Ele riu brevemente, como quem já esperava por isso. Dane sentia a visão turvar mais uma vez e balançou a cabeça com força, feito um cão tentando espantar a tontura. A voz de Grayson continuou.
— Perguntei a ela onde foi a última vez que tinham te visto.
Com grande esforço, Dane conseguiu focar, e finalmente o rosto de Grayson apareceu com nitidez diante dele.
— Ainda bem que não cheguei tarde demais.
Ele tinha uma expressão de genuíno alívio. Só então Dane percebeu que o rosto dele estava manchado de fuligem, suas roupas queimadas e amassadas, completamente arruinadas. No braço dele havia um ferimento profundo com o sangue já coagulado. Bastava olhar para saber o tipo de perigo que aquele homem havia enfrentado para chegar até ali.
— Por que…
Uma voz trêmula, tão frágil quanto seus lábios, escapou. Dane mal conseguia continuar, forçando as palavras como se as arrancasse de dentro de si.
— Por que você veio até aqui. Está louco?
Ele nem conseguia gritar direito, e o som saiu entrecortado pela respiração arfante. Mas, diante do tom áspero de Dane, Grayson não mostrou nenhuma mudança em sua expressão. Como se já esperasse por isso.
— Eu já te disse. — Ele sorriu, fraco. — Eu sabia que você estaria aqui, sozinho desse jeito.
Dane não respondeu, apenas o encarou. Não conseguia pensar em nada. O que ele deveria dizer? O que poderia dizer para esse homem que estava sorrindo para ele agora?
‘Por quê?’
O rosto de Dane se contorceu lentamente. Ele simplesmente não conseguia entender. Por que esse homem sempre voltava para ele? Quantas vezes ele já o havia afastado?
Por que ele sempre voltava?
— Não faça isso… — A voz de Dane tremeu ainda mais. — Eu não valho tanto a pena.
Pela primeira vez, Grayson parou, o sorriso desapareceu de seu rosto enquanto ele olhava para Dane. Com um olhar devastado, ele abriu a boca.
— Como você pode dizer algo assim?
A voz dele saiu como um lamento, baixa e embargada. Segurando o braço de Dane, ele falou, com o rosto contorcido, como se estivesse à beira das lágrimas:
— É você. Como poderia não valer a pena?
Ao ver aquela expressão genuinamente magoada, Dane sentiu algo em seu peito desmoronar. Era como se seu peito estivesse afundando, como se o coração tivesse sido mergulhado em água frita. A dor estranha e pesada que latejava no fundo do seu peito… Dane não sabia nomear aquela sensação. Queria balançar a cabeça, negar, mas nem isso ele conseguia. Algo estava bloqueando sua garganta e não era apenas a respiração ofegante.
Ele não sabia como nomear esse peso. Mas uma coisa ele sabia com certeza:
Esse homem continuaria voltando para ele, sempre.
Para que ele nunca ficasse sozinho.
Naquele momento, algo dentro de Dane desabou. Um som escapou de seus lábios, entre riso e incredulidade.
— Eu… perdi.
Ele murmurou em voz baixa. Não sabia se o que escapava de seus lábios contorcidos era um sorriso ou choro. Dane continuou, como se falando sozinho:
— Eu perdi, droga.
Grayson inclinou a cabeça, confuso. Pelo olhar, ele claramente não fazia ideia do que Dane queria dizer com aquilo. Mas até aquela expressão perdida dele…
‘Ah… Como ele é lindo.’
Dane ergueu uma das mãos fracas e agarrou os cabelos dele. Ele não tinha força para puxar, mas mesmo assim Grayson se aproximou.
‘Esse cachorrinho idiota…’
Dane pensou, enquanto fechava os olhos. Seus lábios tocaram os de Grayson, e um sorriso satisfeito se formou no canto da sua boca.
Entre a saliva misturada, havia gosto de sangue. Devia ser o seu próprio. Mas ele não se importou, porque estava saboreando aquela língua, aquela boca, aqueles lábios que não sentia há tanto tempo…
Eram tão doces.
Para não machucá-lo, Dane mordeu suavemente o lábio inferior de Grayson antes de interromper o beijo. A uma distância tão próxima que seus suspiros se misturavam, ele sussurrou:
— Tudo bem, vamos tentar. Vamos ver até onde conseguimos ir.
Grayson sorriu, confuso.
— Do que você está falando?
Ele não fazia a menor ideia do que Dane queria dizer, mas talvez tivesse gostado do beijo, ou do fato do ruivo estar sorrindo. De qualquer forma, sorriu junto. Diante disso, Dane soltou uma risada sem forças, sem acreditar muito no que estava acontecendo.
Ofegante, respirando com dificuldade, ele abriu a boca. Ia dizer algo que nunca tinha dito em toda sua vida, algo que achava que jamais diria. Sentiu como se seu coração fosse explodir de tão acelerado.
— Eu te amo, seu idiota.
Boom.
Um estrondo ecoou. Alguma parte do prédio havia desabado novamente, ou talvez fosse o som do coração de Grayson explodindo. Seus olhos estavam tão arregalados que Dane achou que os olhos humanos nem podiam crescer tanto assim. Ele parecia incrédulo. Enquanto Dane lutava para recuperar o fôlego, Grayson parecia ter parado de respirar.
— …O quê?
Grayson finalmente conseguiu falar. Seus lábios se abriram e fecharam várias vezes até que saísse som.
— O quê? O que foi que você disse agora?
As orelhas dele se mexeram ligeiramente. Logo em seguida, ele ficou tão eufórico que começou a gritar.
— Você disse que me ama? É sério isso? Sério mesmo?
Dane sorriu, sentindo aquela sensação peculiar que só Grayson conseguia provocar. Estava feliz, tinha certeza disso, mas por alguma razão sentia vontade de chorar.
— Eu te amo, Grayson Miller.
Dane repetiu. Cada vez que pronunciava essas palavras, era como se fogos de artifício explodissem dentro do seu peito. Era tão bom dizer isso. Estava começando a entender por que Grayson dizia com tanta frequência.
— Ah.
Respirar estava ficando cada vez mais difícil.
‘Será que é o fim?’
— Dane?
A voz de Grayson soou desesperada. Dane sentiu o próprio corpo tombar em direção ao chão e murmurou:
— Me desculpa… não aguento mais.
Grayson o segurou às pressas. Com o rosto apoiado no ombro dele, Dane ofegou, lutando para respirar.
‘É esse o momento? É agora que vou morrer?’
‘Descobri isso tarde demais.’
Se arrependeu, mas também já era tarde. Com um som rouco e úmido a cada respiração, ele sussurrou:
— Tudo que eu tenho para te dar… é este corpo. Rghh… rghh…
O som da própria respiração parecia ecoar dentro da cabeça. Dane moveu os lábios com dificuldade.
— Leve… tudo.
‘Me desculpe.’
Sua consciência escorreu como areia entre os dedos. Grayson observou o corpo dele mole em seus braços, e então o abraçou com cuidado. O calor se espalhou pelo corpo de Dane enquanto Grayson sussurrava, segurando-o com toda a força que tinha:
— Agora… você é meu.
Mais uma explosão soou. Não demorou muito para que o prédio começasse, de fato, a desmoronar.
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Continua…
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TAG universo contemporâneo, estilo ocidental, omegaverse, batalha romântica, (alfa dominante, playboy, galinha, psicopata, gato, dominador, obcecado, louco, mimado, herdeiro, gênio, cara sombrio,) (ômega dominante, gato, dominador, estressado, indiferente, superior, mandão, bombado, competente, promíscuo, ômega grávido, “porta de armário”, Harlequin)
***
—Dane?
—É, o cara cuja cabeça eu quase arrebentei com um extintor.
Grayson Miller tem como objetivo de vida encontrar seu par destinado, assim como seus pais (pai e papai) encontraram um ao outro. Mas, mesmo depois de sair com uma porrada de gente, ele ainda não encontrou ninguém que parecesse ser a pessoa certa.
Desesperado, ele foi até uma vidente famosa, que revelou que sua alma gêmea estaria relacionada ao “fogo” e teria “peitos grandes”.
Mesmo desconfiado, Grayson ficou pensando em como conectar essas pistas. Foi então que ele foi a uma festa de feromônios onde, do nada, um incêndio começou.
Enquanto jogava charme e liberava feromônios para provocar os ômegas do lugar, ele foi dominado pelo feromônio de um ômega dominante e apagou. Ao acordar, Grayson percebeu que seu par destinado trabalhava no corpo de bombeiros. Então, ele pediu um favor ao pai e conseguiu um emprego lá graças a um empurrãozinho.
Só que, já no primeiro dia, ele acabou brigando com alguns bombeiros que estavam pegando no seu pé. E o pior deles? Era Dane Stryker, com quem ele não conseguia parar de se meter em confusão…
Nome alternativo: Kiss Me If You Can, Desire me if you can