Ler Deseje-me se puder – Capítulo 100 Online
Grayson estava sentado do outro lado da mesa, com o rosto carregado de pura insatisfação. A marca avermelhada de uma mão ainda brilhava em sua bochecha. Ele passou os dedos sobre a pele castigada e resmungou:
— Você tem uma mão muito pesada.
— Eu te avisei… para parar.
Dane respondeu entre dentes, com os punhos trêmulos sobre a mesa. Ele não tinha saído para a varanda na noite anterior, então não fazia ideia. Não sabia que aquele espaço era conectado ao quarto ao lado.
Qual era o sentido de trancar a porta, se a varanda estava completamente aberta?
E pensar que aquele desgraçado sabia disso o tempo todo… e mesmo assim teve a cara de pau de fingir que respeitaria sua privacidade ao trancar a porta do quarto. Ao lembrar disso, Dane sentiu o sangue ferver.
Ele lançou um olhar gélido para Grayson, que abriu a boca para dizer algo, mas logo mudou de ideia e ficou quieto. Ainda assim, sua expressão de descontentamento não desapareceu. Dane achou aquilo um absurdo. ‘Esse cretino ainda quer bancar a vítima?’
Ele respirou fundo, tentando se acalmar. Não valia a pena reagir, aquilo era só mais um teatrinho de Grayson. Cair na sua provocação era dar-lhe exatamente o que ele queria. Além do mais…
Se ele começasse a responder a cada uma das palhaçadas de Grayson, ia acabar morrendo de estresse antes do tempo.
Ainda assim, antes que pudesse se conter, acabou soltando:
— O que diabos foi aquela cena na varanda?
Foi um resmungo baixinho, mas Grayson prontamente respondeu:
— Romeu e Julieta…
— Cala a boca.
Dane lançou outro olhar assassino, e Grayson, obedientemente, fechou a boca. Embora sua expressão ainda gritasse insatisfação, Dane ignorou e desviou o olhar para a mesa – e imediatamente empalideceu.
Nem mesmo em um jantar de gala seria servida tanta comida. Havia sucos de frutas de cinco tipos diferentes: tomate, limão, kiwi, laranja, blueberry e couve. Iogurte e leite eram o básico, e havia pães de todas as formas e texturas, desde croissants amanteigados até fatias perfeitamente assadas de pão de forma. Panquecas acompanhadas por geleias de cores variadas e uma quantidade ridícula de caldas. Dane nem se atreveu a contar.
O bacon estava preparado de várias maneiras: Tinha de todos os jeitos: levemente frito, cozido, crocante. Os ovos também não ficavam atrás – cozidos, fritos, mexidos, pochê… e os três tipos diferentes de omelete? Dane nem queria começar a contar quantos pedaços de bife estavam alinhados em uma maldita escala de cozimento.
Enquanto encarava aquela cena com uma expressão mortificada, Grayson sorriu como se esperasse ser elogiado.
— Quis preparar algo especial para seu primeiro café da manhã na minha casa.
— …Você só pode estar de sacanagem.
Dane sentiu a exaustão bater como uma marreta. Quem, em sã consciência, comia tanto logo de manhã?! Seu café da manhã normalmente consistia em uma fatia de pão e café – e, às vezes, nem isso.
Ele suspirou pesadamente, sem saber nem por onde começar. Mal tinha passado uma hora desde que acordou e já se sentia como se tivesse apagado cinco cenas de incêndios. Com a voz arrastada de cansaço, ele disse:
— Um café é suficiente.
— Espresso? Descafeinado? Americano? E quanto aos grãos? Prefere do Brasil, do Quênia…
— Só um Café.
Grayson finalmente percebeu que sua vida poderia estar em risco e, sem mais delongas, levantou-se para buscar um café forte e encorpado.
Quando voltou, Dane pegou a xícara e inalou o aroma rico e profundo. O cheiro era tão bom que, por um breve momento, ele quase perdoou toda a loucura daquela manhã.
— Haa…
O primeiro gole foi uma bênção.
Automaticamente, todo o seu corpo relaxou e os nervos se acalmaram. Aquilo sim era um café decente. Até então, ele nunca tinha ligado muito para qualidade – era preguiçoso até para usar uma cafeteira, então vivia de café solúvel ou, no máximo, pegava um no drive-thru a caminho do trabalho. Para ele, o café era apenas um meio de acordar, e a ideia de apreciar o aroma e o sabor era um absurdo sem sentido.
— Que café é esse?
Perguntou, intrigado. Grayson abriu um sorriso satisfeito.
— Cocô de gato…
— Pare.
Mal tinha conseguido recuperar a habilidade de falar e já estava sendo forçado a interromper Grayson de novo. O outro fez cara de puro desgosto, claramente ofendido por ter sua explicação cortada pela raiz.
Dane olhou para a xícara com uma expressão indecifrável, lembrando que até um segundo atrás ele estava genuinamente aproveitando aquela bebida. No fim, desistiu de pensar nisso e tomou mais um gole – embora tenha hesitado um pouco antes de levar a xícara à boca.
Como sempre, ele só usava calças de moletom ou pijamas velhos para dormir, sem se preocupar em vestir uma camisa. Ainda meio grogue, sentado à mesa com seu café, Dane de repente percebeu que Grayson estava olhando fixamente para ele e franziu a testa.
— O que é? Por que você está me encarando em vez de comer? Não. Esquece.
Ele se arrependeu no instante em que disse. Viu nos olhos de Grayson o brilho de alguém que estava prestes a abrir a boca para falar algo muito irritante.
Filho da mãe. Ele ia soltar alguma merda.
Dane ajeitou-se na cadeira e cruzou os braços sutilmente sobre o peito, como se estivesse tentando se proteger. Fingiu que não viu Grayson e virou o restante do café goela abaixo de uma vez só. Estava quente o suficiente para queimar sua boca, mas ele não se importou.
Ele se levantou de repente e já ia saindo da cozinha quando Grayson resolveu falar de novo.
— Ah, tem uma coisa que eu esqueci de te contar.
Dane parou no meio do caminho e olhou para ele com pura desconfiança. O que é agora?
Grayson, completamente relaxado, continuou:
— Tem uma cachorra no jardim.
— Cachorra?
— Uhum. Grayson assentiu. — A Alex já está velhinha, então não se mexe tão rápido como antes. Ela parece brava, mas é um amorzinho, então não precisa se preocupar. Além disso, Darling vai ficar dentro de casa e Alex, do lado de fora na casinha.
Dane ficou ali parado por um momento. Parecia ter algo para dizer, mas hesitou.
Grayson o observou com curiosidade, esperando.
Dane, por outro lado, estava num dilema. ‘Um cachorro idoso precisa de mais cuidados… Será que é certo deixar ele no quintal?’ Ele não sabia se devia dizer algo. Se fosse sobre qualquer outra coisa, ele nem perderia tempo se metendo, mas era um bicho. E isso deixava a questão mais difícil de ignorar.
‘Mas Grayson tem dinheiro. Provavelmente cuida bem dela. Eu nem vou ficar aqui por muito tempo… Não vale a pena me envolver nisso.’
Depois de pesar os prós e contras, ele decidiu que era melhor não se intrometer e apenas assentiu.
— Tudo certo. Mais alguma coisa que você esqueceu de me contar?
— Hmm… Não por enquanto.
Dane estreitou os olhos.
Grayson sorriu sem o menor peso na consciência.
— Quer dizer, por enquanto não lembro de mais nada. Mas se eu lembrar, te aviso.
— …Tudo bem.
Dane resolveu deixar para lá por enquanto. Já estava quase na hora de sair para o trabalho, e ele não tinha tempo para ficar enrolando. Sem perder tempo, voltou para o quarto para se arrumar.
Pelo visto, enquanto ele dormia, Darling já tinha feito suas necessidades e comido. A gata agora estava encolhida dentro da caixa de transporte. Dane passou a mão nela rapidamente, depois encheu os potes de comida e água antes de sair do quarto. Antes de sair, trancou bem a janela e conferiu todas as portas.
Depois de checar várias vezes se estava tudo fechado, ele se virou – e deu de cara com Grayson.
Ele instintivamente, deu um passo para trás.
— …Você não estava esperando por mim?
— E por que não estaria? Somos um casal, é óbvio que temos que ir para o trabalho juntos.
Grayson respondeu na maior cara de pau, como se estivesse apenas afirmando um fato inquestionável.
Dane sentiu a visão escurecer por um segundo. ‘Não. Não dá. Se eu não fizer nada, minha sanidade vai acabar antes da semana acabar.’
Tenho que resolver isso. Agora!
— Espere um pouco, preciso estabelecer algumas condições para ficar nesta casa.
Ele ergueu a mão, sinalizando que aquilo não era uma conversa aberta a negociações. Grayson, que já estava se aproximando animado, parou no mesmo instante.
Dane, com um tom sério, decretou:
— Nada de ir e voltar do trabalho comigo. E você não pode me seguir por mais de três horas por dia. São as regras.
O sorriso de Grayson sumiu na hora. Ele ficou olhando para Dane, imóvel. O silêncio se prolongou.
— …Você está brincando, certo?
Foi Grayson quem quebrou o silêncio primeiro.
Ele ainda sorria, mas era aquele sorriso esquisito que sempre deixava Dane desconfortável. Dane não hesitou.
— Claro que estou falando sério, idiota. Desde quando eu faço piada com você?
Depois de responder irritado, ele parou de repente. Grayson estava com uma expressão devastada, como se o mundo tivesse desabado.
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Continua…
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TAG universo contemporâneo, estilo ocidental, omegaverse, batalha romântica, (alfa dominante, playboy, galinha, psicopata, gato, dominador, obcecado, louco, mimado, herdeiro, gênio, cara sombrio,) (ômega dominante, gato, dominador, estressado, indiferente, superior, mandão, bombado, competente, promíscuo, ômega grávido, “porta de armário”, Harlequin)
***
—Dane?
—É, o cara cuja cabeça eu quase arrebentei com um extintor.
Grayson Miller tem como objetivo de vida encontrar seu par destinado, assim como seus pais (pai e papai) encontraram um ao outro. Mas, mesmo depois de sair com uma porrada de gente, ele ainda não encontrou ninguém que parecesse ser a pessoa certa.
Desesperado, ele foi até uma vidente famosa, que revelou que sua alma gêmea estaria relacionada ao “fogo” e teria “peitos grandes”.
Mesmo desconfiado, Grayson ficou pensando em como conectar essas pistas. Foi então que ele foi a uma festa de feromônios onde, do nada, um incêndio começou.
Enquanto jogava charme e liberava feromônios para provocar os ômegas do lugar, ele foi dominado pelo feromônio de um ômega dominante e apagou. Ao acordar, Grayson percebeu que seu par destinado trabalhava no corpo de bombeiros. Então, ele pediu um favor ao pai e conseguiu um emprego lá graças a um empurrãozinho.
Só que, já no primeiro dia, ele acabou brigando com alguns bombeiros que estavam pegando no seu pé. E o pior deles? Era Dane Stryker, com quem ele não conseguia parar de se meter em confusão…
Nome alternativo: Kiss Me If You Can, Desire me if you can