Ler Controle – Capítulo 83 – Side 1 Noah e Jaryeong (13) Online

Noah deixou Jaryeong na frente do hospital e disse que esperaria do lado de fora até a visita terminar. Quando Jaryeong comentou que talvez demorasse, ele insistiu ainda mais em esperar para poder levá-lo de volta.

— Hm, sunbae…

Depois de pensar bastante, Jaryeong falou com cautela.

— Quer entrar comigo?

— Eu posso mesmo? — O rosto de Noah se iluminou como se ele estivesse esperando por isso. — Não vai ser incômodo?

Apesar de estar visivelmente querendo entrar, ele ainda se preocupava em causar algum problema.

— Minha mãe disse que queria ver você também.

Ela ainda não sabia que eles estavam namorando. Mas sabia sobre o caso da RF Digital e Jaryeong já tinha contado que foi graças ao Noah que conseguiu se sentir um pouco mais tranquilo naquela época. Então ela comentou que, se tivesse a chance, gostaria de conhecê-lo. Quando Jaryeong explicou isso, Noah saiu do carro sem hesitar.

— Ela sabe que estamos namorando?

— Isso ainda não… Não é que eu esteja escondendo, só não surgiu a oportunidade de contar.

— Posso contar?

Jaryeong lançou um olhar de relance para Noah e assentiu com a cabeça.

— Por mim, tudo bem… — Mas sua voz foi diminuindo no fim da frase, como se estivesse pensando em outra coisa. Noah, em silêncio, apenas sorriu com gentileza e esperou ele continuar. Depois de alguns segundos de hesitação, Jaryeong completou: — E pra você? Está mesmo tudo bem em sair por aí dizendo que está namorando comigo?

Noah piscou algumas vezes, confuso com a pergunta. Jaryeong pareceu se enrolar, como se não soubesse bem como explicar.

— É que… a gente nunca sabe quando pode terminar. Se virar fofoca, não vai ser ruim para você depois?

Noah ainda tentava entender o que Jaryeong estava dizendo quando, com um leve atraso, finalmente captou o sentido das palavras. Um suspiro profundo escapou dos seus lábios.

— Você quer terminar comigo?

Perguntou, só para confirmar, e os olhos de Jaryeong se arregalaram. Em questão de segundos, estavam cheios de lágrimas.

— N-não, não é isso… Eu não quero terminar.

Óbvio que não. Mal tinham começado a namorar.

— Eu estou perguntando se você quer terminar comigo.

Jaryeong balançou a cabeça com força, negando.

— Então por que está falando isso?

Sem saber o que responder, Jaryeong apenas mordeu os lábios. Noah quase suspirou de novo, mas se segurou. Estava ficando claro: esse garoto não tinha nem confiança nem ambição em relação a ele. Já tinha percebido isso antes, mas, ainda assim, era algo que mexia com ele.

Ele não tinha pedido Jaryeong em namoro por capricho. Ele era diferente de todas as pessoas com quem Noah tinha se envolvido até então. Mas como explicar isso? Como provar? Como poderia simplesmente dizer “confie em mim de olhos fechados” quando seu histórico era de relacionamentos superficiais?

Soltou um longo suspiro e puxou a mão de Jaryeong, entrelaçando os dedos, Jaryeong ficou um pouco tímido, mas não afastou a sua mão. Pelo menos parecia ter consciência de que estavam namorando. Sua autoconfiança, no entanto, parecia estar no nível mais baixo possível.

Noah olhou discretamente para o lado e percebeu que a nuca do garoto estava corada. Aquilo era uma prova de que ele gostava mesmo dele. Mas por que, então, não se mostrava ganancioso? Noah, por outro lado, se sentia prestes a explodir só de ver alguém tentando se aproximar de Jaryeong.

‘Será que eu sou quem está mais apaixonado? Bem… e se for, não importa?’

Acalmou-se em silêncio. Sabia que o sentimento entre os dois era recíproco, então decidiu que não iria mais hesitar. Se Jaryeong continuasse recuando ou tentando fugir, tudo o que ele precisava fazer era segurá-lo firmemente, para que não escapasse.

Toc, toc.

Ao bater na porta do quarto do hospital, uma voz feminina respondeu lá de dentro: — Pode entrar.— Quando Jaryeong abriu a porta só um pouco e espiou para dentro, sua mãe, que estava sentada na cama, o recebeu com um sorriso radiante. Mas quando viu Noah vindo logo atrás dele, uma expressão curiosa surgiu em seu rosto.

— Ah, este aqui é o Noah sunbae de quem falei da outra vez. Do Grupo RF…

Antes que ele terminasse a explicação, sua mãe tentou se levantar da cama. Noah rapidamente a impediu e fez uma respeitosa reverência.

— Meu nome é Ryu Noah. Sou um veterano do mesmo curso que o Jaryeong e… estamos namorando há algum tempo.

Ao ouvir aquela última parte, os olhos da mãe se arregalaram. Vendo-a assim, ele percebeu o quanto ela se parecia com Jaryeong.

— Meu Jaryeong e você…?

Os olhos dela se moveram entre os dois, alternando entre Jaryeong e Noah.

— É verdade?

Ela perguntou, como se não pudesse acreditar, encarando diretamente o filho. O rosto de Jaryeong ficou completamente vermelho, sem conseguir responder. Ele não tinha intenção de esconder isso da mãe, mas também não esperava que Noah fosse dizer algo assim logo de cara.

— É verdade, sim. Estamos levando a sério.

Noah respondeu por ele. Quando o choque no rosto da mãe se dissipou, foi substituído por uma expressão preocupada.

— Não é exatamente o tipo de notícia que posso comemorar sem reservas…

O rosto de Jaryeong ficou tenso com as palavras dela. Noah também ficou um pouco surpreso e trocou olhares com ela.

— Na verdade, o presidente do Grupo RF esteve aqui ontem.

Ao contrário de Noah, que escutava calmamente, o rosto de Jaryeong empalideceu. Ele não fazia ideia do porque aquela pessoa teria ido até lá.

— Disse que, depois que o Jaryeong se formar, vai colocá-lo para trabalhar em uma subsidiária do Grupo RF. Ouvi o que aconteceu no tribunal por meio do Jaryeong, então achei natural que fosse assim. Mas então… o presidente disse que o Grupo RF cobrirá todas as minhas despesas médicas.

— O quê?

Jaryeong olhou para a mãe, espantado. Ela esboçou um sorriso vago, visivelmente constrangida, e continuou:

— Em troca, você terá que trabalhar para o Grupo RF pelo tempo que eles determinarem. Ele disse que é parte dos benefícios oferecidos aos funcionários e que estão apenas adiantando isso.

Noah reprimiu um suspiro. ‘Parece que minha mãe está mesmo determinado a prender o Jaryeong ao Grupo RF.’ Era um favor oferecido com boas intenções, mas havia claramente uma segunda intenção, a de manter Jaryeong por perto. ‘Isso vai ser complicado…’ Ele planejava levar Jaryeong consigo depois que a dívida com o Grupo RF fosse quitada. Mas, se até as despesas médicas fossem cobertas, Jaryeong ficaria ainda mais preso à empresa.

‘Ah… Se eu soubesse que seria assim, teria dito que queria herdar o Grupo RF, e não a Galayev Corp…’

— Fiquei muito grata e constrangida, mas ele insistiu que estava tudo bem, então não consegui recusar.

A mãe de Jaryeong olhou para Noah.

— Mas agora que sei que você e o Jaryeong estão namorando, não sei se isso é mesmo certo.

Ela ecoou as preocupações que o próprio Jaryeong tinha expressado antes. Como era de se esperar, o rosto dele ficou tenso novamente. Parecia que o peso da culpa por tudo relacionado à RF Digital voltou a se acumular lentamente.

— Isso não tem nada a ver com o trabalho no Grupo RF.

Noah respondeu sem hesitação.

— O fato do Jaryeong ter uma dívida com a RF Digital e o fato de eu tê-lo escolhido são questões completamente separadas. O motivo do  presidente ter vindo até aqui com essa proposta foi porque ele reconheceu as habilidades do Jaryeong. E é por isso que ele quer mantê-lo na empresa. Mas isso não tem relação com meus sentimentos.

Depois de respirar fundo por um instante, Noah se curvou respeitosamente para a mãe de Jaryeong.

— Eu o quero ao meu lado, independentemente da RF Digital. A ponto de estar considerando uma marca entre nós dois.

Diante da palavra “marca” que surgiu do nada, Jaryeong deixou escapar um “Hã?!”, surpreso. Sua mãe também ficou boquiaberta.

— Não escolhi o Jaryeong só porque ele é ômega. Mas agradeço que ele seja. Porque, com a marca, poderei prendê-lo a mim de forma definitiva…

Ele não escondeu o desejo de posse. O assunto, lançado tão abruptamente, deixou todos em silêncio. Depois de um longo momento, a mãe de Jaryeong finalmente chamou:

— Noah… Você sabe o que significa uma marca, não sabe?

Ela quis dizer que não era algo que se decidisse por impulso.

— Eu sei, sim. Meus pais têm um vínculo, então conheço melhor do que ninguém.

— E mesmo assim quer se vincular ao Jaryeong? Ele acabou de se manifestar como ômega. Mesmo que ele diga que quer… você pode acabar mudando de ideia. Está mesmo disposto a ficar preso a ele pelo resto da vida?

— Nunca pensei nisso como ‘estar preso ao Jaryeong’. Eu é que preciso de algo que o mantenha definitivamente comigo.

— Acho que você está sendo um pouco impulsivo…

— Acredito que, para o Jaryeong, também é o melhor caminho. Por ter se manifestado tardiamente como ômega, tudo agora deve parecer estranho e assustador. Ele ainda não consegue controlar bem os feromônios, então pode estar em perigo a qualquer momento. E os inibidores do ciclo de cio causaram muitos efeitos colaterais; e ele já sofreu com isso.

Talvez por também saber disso, a mãe não conseguiu refutar aquele ponto.

— Se ele for marcado por mim, vai se sentir bem mais confortável. Ele não vai mais liberar feromônios ômega para ninguém além de mim, e também não será mais afetado pelos feromônios de outros alfas. Vai poder levar a vida normalmente, como quando vivia como um beta.

— Espera, espera aí!

Jaryeong interrompeu o que Noah dizia.

— Mesmo que isso seja bom para mim… e você, sunbae? Vai ter alguma vantagem se vinculando a mim? Uma marca é um compromisso para vida toda. Você está mesmo disposto a isso?

Os olhos de Jaryeong tremiam em confusão. Noah achou raro ele se expressar de forma tão direta, e um leve sorriso se desenhou em seus lábios. Ele gostava de ver esse lado de Jaryeong. Queria que, pelo menos com ele, o garoto sempre falasse assim, com clareza.

— E sua vida também ficará ligada à minha para sempre. Não existe vantagem maior do que essa.

— Mas como isso vai ser uma vantagem para você?

— Porque eu quero você. A ponto de não querer dividi-lo com ninguém. Quero que olhe só para mim.

Diante da confissão ousada, Jaryeong apenas abriu a boca, sem conseguir dizer nada. Não era nem preciso dizer que seu rosto, do pescoço às orelhas, estava completamente vermelho.

A mãe dele, que observava os dois, sorriu como quem se dá por vencida e disse:

—  Parece que você não está preocupado ou com medo do peso da marca em si, Jaryeong?

Com aquela observação, Jaryeong finalmente se deu conta de que só estava preocupado com a possibilidade de Noah se arrepender ou mudar de ideia depois da marca.

— Eu…

O peso da palavra “marca”, que Noah havia pronunciado, atingiu seu coração com força. Embora tenha sido repentino, ouvir que ele queria se vincular foi algo que o deixou genuinamente feliz. Só de saber que era visto como alguém digno disso, sentia o coração prestes a explodir.

— Se você gosta mesmo dele, Jaryeong, a mamãe apoia.

O olhar da mãe se voltou para Noah.

— Acho que você não falaria de uma marca sem pensar.

— De forma alguma.

— Você pode cuidar bem do meu Jaryeong… por toda a vida?

Diante da pergunta da mãe, Noah abriu um largo sorriso. Para ele, era uma certeza tão óbvia que não precisava sequer ser dita.

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Continua….