Ler Controle – Capítulo 61 Online

‘Que tipo de resposta ele espera com essa pergunta?’

Tentando decifrar as intenções de Ryu Jin, Siheon não respondeu imediatamente, apenas manteve o contato visual.

— Não é verdade? O Yohan comentou sobre isso da última vez que nos vimos…

Ryu Jin perguntou novamente, como se estivesse se questionando se havia entendido errado.

Noah observou Ryu Jin em silêncio. Era verdade que Yohan havia dito algo parecido. Será que ele havia encontrado a mãe deles quando foi ao laboratório por causa daquele problema? Ainda assim, conhecendo o Yohan, não parecia alguém que contaria tudo de forma detalhada para a mãe. Era mais provável que a mãe tivesse descoberto por conta própria quem era a pessoa em questão. Por mais que ele parecesse deixá-los viver livremente, quase nada escapava do seu conhecimento.

‘O Yohan puxou mesmo a personalidade da nossa mãe.’

Enquanto balançava a cabeça, pensando sozinho, seus olhos se encontraram com os de Cha Siheon. Ele não tinha dito sim nem não, mas mantinha o olhar firme, encarando Ryu Jin sem desviar. Talvez por isso, um leve sorriso surgiu nos lábios de Jin.

— Ouvi rumores de que Yohan está namorando Cha Siheon. Então achei natural imaginar que  fosse você  a pessoa que sente os feromônios dele com tanta intensidade. Se eu estiver errado…

— Não. O senhor está certo.

Diante da resposta clara, os olhos de Ryu Jin se estreitaram.

— Sabe o que isso significa?

Ryu Jin quis saber se ele tinha noção do significado. De acordo com relatórios, a probabilidade de um alfa sentir o feromônio de um ômega específico com tanta intensidade era de apenas uma em centenas de milhões. Mesmo que existisse tal pessoa, as chances de nunca se encontrarem ao longo da vida eram ainda maiores. Por isso, quando acontecia, chamavam de destinado. Uma probabilidade tão absurda só podia ser obra do destino.

Será que Ryu Jin queria ouvir de Siheon que Yohan era seu par destinado? Ou será que queria dizer que, destinados ou não, eles não combinavam e que ele deveria se afastar? Como não conseguia discernir sua intenção, Siheon não podia responder impulsivamente.

— Parece que a pergunta foi muito difícil. Vou simplificar. O que você acha do nosso Yohan?

Parecia mais simples, mas ainda assim era ampla demais.

‘O que acho dele…? Há tantas respostas possíveis. Um sujeito esperto e bonito. E alguém que eu nunca gostaria de ter como inimigo.’

Essa era a avaliação que Siheon tinha de Ryu Yohan como pessoa.

Por causa do feromônio, quando Yohan chegava perto demais, muitas vezes o deixava desconfortável, e por isso Siheon às vezes agia de forma mais fria do que gostaria. Mesmo assim, seus olhos continuavam sendo atraídos por ele, e, em algum momento, sua excentricidade imprevisível começou a parecer encantadora. E na cama… era direto, sem filtros, descarado. E Siheon gostava disso.

‘Na verdade, eu gosto muito disso.’

Mesmo sem conseguir entender o que Yohan estava pensando, estar com ele era a única coisa que o fazia se sentir verdadeiramente em paz. Pelo menos Yohan nunca o julgou por sua família ou por quem eram seus pais. Ele sempre via Cha Siheon apenas como Siheon, sem outros rótulos. Mesmo quando agia friamente, Yohan continuava sorrindo da mesma forma.

Era natural sentir-se atraído por alguém que demonstrava afeição de forma tão sincera. Siheon até chegou a achar que o rosto que todos consideravam perfeito não era exatamente seu tipo, mas, independentemente de preferências, agora seus olhos sempre se voltavam para Yohan. Ele havia deixado para trás tudo que poderia ganhar dentro do Grupo Seonwoo só para tê-lo.

— É alguém especial.

Diante da resposta, Ryu Jin inclinou levemente a cabeça.

— Em que sentido?

— Em todos. É muito diferente de todos os herdeiros de conglomerados que já conheci. Por isso, é verdade que minha resistência em relação a ele diminuiu.

Ao ouvir filhos de famílias ricas, Noah franziu a testa, como se perguntasse o que isso tem a ver? Sim, pensando bem, Noah também era diferente. Não parecia um típico herdeiro arrogante – era mais como um animal selvagem sempre alerta. Provavelmente, era influência dos pais que criaram Yohan e Noah. Vendo Ryu Jin agora, isso ficou ainda mais claro.

Ele não era nada parecido com o pai de Siheon. Mesmo sabendo que Siheon não passava de um universitário que tinha sido estagiário na sua empresa, falava com ele sem qualquer tom de desdém.

— O feromônio dele também é especial para mim. Nunca senti um aroma tão intenso antes. Não é apenas o nível normal do feromônio, mas….

Siheon parou de falar por um instante, pensando se deveria mesmo mencionar certas coisas na frente da mãe de Yohan. Se falasse de sexo, Noah com certeza surtaria.

— Conheci muitos ômegas na vida, mas a maioria passou por mim sem que eu sequer soubesse que eram ômegas. Mas com o Yohan foi diferente. Ele nem estava tentando liberar seus feromônios, mas mesmo assim eu sentia o cheiro dele. Às vezes era tão forte que até dificultava minha respiração… Era intenso, profundo, como se meu cérebro estivesse sendo dominado. Nunca senti nada assim antes.

— Então você foi seduzido pelo feromônio de Yohan?

Ryu Jin perguntou, recostando-se na cadeira e cruzando os braços. Queria saber se aquilo era só desejo, puro instinto.

— Se fosse só desejo, só o instinto de um alfa por um ômega, eu não teria aberto mão de tudo que tinha no Grupo Seonwoo. Também não teria me arriscado pessoalmente quando ele foi sequestrado pela máfia.

— Hmm. — Ryu Jin soltou um som leve. — Você realmente abriu mão de todos os seus direitos como filho de Seonwoo Seungmin, o presidente do Grupo Seonwoo? Por que faria uma loucura dessas? Não foi porque achou que, ficando com o Yohan, acabaria ganhando junto o Grupo RF, foi?

Noah arregalou os olhos, indignado com o que acabara de ouvir, mas Ryu Jin continuou sorrindo, olhando direto para Siheon. Ele também a encarou sem se abalar.

— Yohan tem alguma intenção de herdar o Grupo RF?

Siheon devolveu a pergunta, fazendo as sobrancelhas de Ryu Jin se moverem levemente.

— É só uma pergunta. — Siheon prosseguiu. — Nunca conversamos sobre isso. Se for o caso, entendo sua preocupação. Mas cortar laços com o Grupo Seonwoo não tem relação com o Grupo RF.

A voz dele estava firme. Já esperava esse tipo de pergunta, então respondeu com calma.

— O senhor já deve saber. Mas, como um filho ilegítimo, acabei vendo o pior lado dessas famílias ricas. No começo, foi por teimosia, orgulho ferido. Eu estava determinado a me infiltrar entre eles, custasse o que custasse. Porque, além do meu sobrenome, não me faltava nada, eu sabia que não era inferior a eles.

Ryu Jin pareceu gostar daquela confiança, um leve sorriso veio surgindo em seus lábios.

— Mas, depois de conhecer Yohan e passar tempo com ele, minha perspectiva mudou. Percebi que não precisava me forçar a entrar nesse mundo podre. Não precisava me misturar com eles para ter poder. Vou chegar no mesmo nível, mas com minhas próprias mãos.

— Sem a ajuda do Grupo Seonwoo, nem do Grupo RF?

Ryu Jin perguntou, testando-o. Siheon apenas sorriu de leve, ainda o encarando.

— Não entendo por que o Grupo RF está sendo mencionado. Eu só sei de uma coisa: o Yohan e apenas ele, é quem eu quero para mim.

Noah soltou um leve som de irritação, franzindo a testa. Não gostou nada de ouvir aquilo, mas, para surpresa de Siheon, não saiu gritando ou discutindo.

— Quer ficar com o Yohan, mas descarta o Grupo RF? Isso não é contraditório?

— Deixe-me perguntar algo: Ryu Yohan seria um nada sem o Grupo RF? Foi assim que o senhor o criou?

A pergunta de Siheon finalmente arrancou uma risada de Ryu Jin. Ele tinha sido pego. Tanto Yohan quanto Noah eram capazes de se destacar em qualquer lugar, com ou sem o Grupo RF. Ele mesmo havia lutado para subir até sua posição atual, mas nunca quis que seus filhos ficassem presos ao Grupo RF ou à Galayev Corp. Ele os criou para serem livres, e os gêmeos nunca foram pressionados a assumir os negócios da família.

Cha Siheon acertou em cheio nesse ponto. Suas palavras deixavam claro que ele já tinha entendido que Yohan não pretendia herdar o Grupo RF. Mesmo assim, ele ainda queria o Yohan. Isso só podia significar que valorizava a capacidade dele como pessoa, independente de dinheiro ou da empresa, e que o desejava por sentimentos pessoais.

— Obrigado por responder com tanta honestidade.

Ryu Jin disse, levantando-se da cadeira.

— Já vai embora?

Noah se levantou junto e perguntou.

— Sim. Preciso fazer uma rápida viagem à Rússia. Tenho um compromisso, então preciso voltar até a hora do almoço de amanhã.

Ryu Jin mencionou Ilya. Noah concordou que seria bom a mãe ir acalmá-lo, já que ele devia estar bastante abalado pelo incidente recente. Quando Ryu Jin disse que pegaria um voo ainda naquela noite, Noah se ofereceu para levá-lo ao aeroporto, mas ele recusou.

— Da próxima vez que nos vermos, podemos nos tratar sem tanta formalidade. Acho que nos encontraremos com frequência.

Ryu Jin olhou para Siheon e sorriu. Entendendo o recado, Siheon apenas fez uma leve reverência com a cabeça.

Noah desceu com a mãe até o térreo, deixando Siheon no apartamento.

— O que foi? — Só quando o elevador chegou ao térreo é que Ryu Jin se virou para Noah e perguntou. Vendo a expressão hesitante dele, ele encorajou: — Se tem algo a dizer, pode falar.

— É sobre o Jaryeong. O que o senhor vai fazer com ele?

— Hmm…

Ryu Jin soltou um longo suspiro pelo nariz, olhando fundo nos olhos de Noah. Aquele olhar parecia querer vasculhar seus pensamentos, fazendo-o tossir discretamente e desviar o rosto.

— Vou levar em consideração algumas circunstâncias. Ouvi dizer que ele ajudou bastante no caso do Yohan nessa última confusão, não é?

— Até que ponto você vai considerar?

— Até que ponto você quer que eu considere?

Ryu Jin parecia tão disposto a ouvir que Noah quase abriu um sorriso de alívio, mas logo percebeu e se controlou.

— Bem… O senhor não vai mandá-lo para a cadeia, vai? Ele ainda é novo, não causou nenhum dano direto…

Noah disse, meio sem jeito.

— No começo, você parecia pronto para matá-lo assim que descobrisse quem era o espião.

Ryu Jin sorriu maliciosamente. Noah engoliu em seco.

— Ele deve ter tido seus motivos. Ele não é o tipo de pessoa que faria algo assim por maldade.

— Você confia mesmo nele, hein?

— Bom, eu o observei por quase dois anos.

Ryu Jin olhou para o filho, abriu um sorriso tranquilo e deu uns tapinhas em suas costas. Era fato: Noah era bem mais brando que Yohan. Ele nem sabia a quem o filho tinha puxado isso – afinal, tanto ele quanto Ilya tinham um lado frio, que no caso deles se mantinha firme. Já o Yohan tinha herdado essa frieza toda sozinho. Chegava até a duvidar se o Noah um dia conseguiria namorar alguém de verdade, mas no fim das contas foi uma sorte o Cha Siheon ter aparecido.

— Aliás, você não vai arrumar ninguém para você, não? Já passou da hora de se desapegar do Yohan.

Ryujin brincou, mas Noah franziu a testa, claramente descontente. Ainda parecia ficar irritado com a ideia de ter “perdido” o Yohan para o Siheon. Mas, mesmo assim, tinha melhorado muito. Quando eram pequenos, era como se o mundo fosse acabar se os dois se separassem. Mesmo que rosnasse e mostrasse os dentes, algo em Siheon parecia ter conquistado o respeito de Noah. Se fosse antigamente, diante de uma conversa daquelas, Noah teria saído no soco dizendo que ninguém podia pôr a mão no Yohan.

— Quando aparecer alguém especial, traga para eu conhecer. Será sempre bem-vindo.

A mãe disse, acenando antes de entrar no carro que já o esperava. Noah resmungou um “quem falou que vou arrumar alguém?” baixinho, mas Ryu Jin já sabia: no fundo, ele também estava aprendendo a soltar a mão do irmão e começando a caminhar sozinho.

‘As crianças crescem e se tornam adultos. Aqueles que um dia pareciam inseparáveis, sempre grudados um no outro, agora seguiam rumos diferentes, cada um encontrando seu próprio destino.’

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Continua…