Ler Caminhando sobre às águas – Capítulo 42 Online
O homem resmungou, enrolou a pizza fina no prato e a enfiou na boca. Ele mastigou pizza e arrotou depois de beber Coca-Cola e disse:
— Você não fica nervoso em ir para o trabalho depois de filmar pornô?
Eu encolhi os ombros em resposta à sua pergunta. Weston, que estava ouvindo ao meu lado, colocou a mão no meu ombro novamente e disse.
— Bem, eu acho que sim. O que esperava? Todo mundo sente isso no começo.
— Hmm, você é hétero?
— Sim.
— Você vai filmar mais episódios como passivo?
— …Eu já filmei.
— Com quem?
— …Com Lancer.
Assim que falei Weston riu.
— Eu realmente gosto quando pessoas heterossexuais fazem isso. Você não acha excitante?
O homem alto colocou a mão na cabeça de Weston, rindo e aplicou uma leve pressão com a mão grande.
Cumprimentei os homens que estavam discutindo e saí dali. Olhei para o relógio, ainda faltavam alguns minutos para as nove. Não é como se eu fosse uma criança para ficar perseguindo Janine, então peguei um prato e me servi, principalmente de proteína. Originalmente, eu não sou o tipo de pessoa que socializa em festas, mas esta noite foi pior do que o normal.
Parecia que estava acontecendo uma grande festa na escola para a qual me transferi. Me senti como um ¹wallflower, lançado sobre a parede para um mundo desconhecido, onde não podia dançar porque não tinha parceiro. Não, no meu caso, foi minha opção estar sozinho.
Coloquei a comida no prato, olhei em volta e subi ao terceiro andar.
O terceiro andar estava silencioso com poucas pessoas. Ao contrário do segundo andar, que é um estúdio totalmente aberto, este tem várias salas fechadas. Não havia comida nem lugar para sentar. Encostei as costas na parede e olhei ao redor cutucando o purê de batatas com o garfo.
O telefone tocou dentro do meu bolso. Sem pensar duas vezes, peguei o celular e olhei para a tela. Era um número desconhecido.
— Alô.
[O que você está fazendo?]
— …Quem é?
[ Eu sabia que isso ia acontecer. Sou eu, Lancer.]
— Ah… Me desculpe.
Esqueci de registrar o nome. O homem do outro lado da linha riu um pouco como se não se importasse.
[O que você está fazendo?]
— Eu vim ao escritório porque Janine está dando uma festa…
[Ah, a festa. Não fui porque estava com preguiça. Realmente não estou tão curioso sobre a obra da Janine.]
O homem que resmungava ao telefone tossiu de repente.
[Espera um pouco. Eu vou adivinhar.]
— O quê?
[Está encostado na parede, certo? Cutucando a comida sem gosto com um garfo.]
Com suas palavras, olhei para o garfo que estava amassando as batatas e olhei em volta. Procurei por lugares onde Lancer pudesse estar escondido, mas não vi nenhuma pessoa suspeita me observando.
Enquanto eu refletia sobre como ele sabia disso, percebi que minhas ações ao se encostar na parede eram características de pessoas anti-sociais que não eram adequadas para a festa. Quando sorri, uma risada alta explodiu do outro lado da linha.
[ É isso mesmo, né?!]
— É sim.
[O que a Janine está fazendo?]
— Está ocupada.
[Nããão, ela te convidou e te deixou sozinho entre as feras?]
Sua comparação com feras de alguma forma parecia apropriada, então eu ri silenciosamente.
— Não sou uma criança… é ridículo ficar o tempo todo na cola dela.
[Você está entediado?]
— Um pouco.
Afastei minhas costas, que estavam apoiadas vagamente contra a parede. O homem que estava sentado no banquinho ao lado da janela da sala se levantou e desapareceu escada abaixo. Sentei no assento vazio ainda morno e coloquei o prato nas pernas. Cutuquei o gratinado com o garfo e olhei pela janela para as pessoas que passavam.
[ Se você está entediado, é só vir.]
A voz do homem era sutil. Eu pensei, estreitando minhas sobrancelhas com uma estranha sensação de déjà vu. Balancei a cabeça pensando de alguma forma que era um comentário além de trabalho.
— Eu não posso sair.
[Por quê?]
— Eu tenho que estar aqui.
Um breve silêncio fluiu do telefone e logo ouvi uma voz poderosa.
[Ah… que pena.]
Ainda havia um leve som de riso na voz de Lancer. Então eu ouvi o som da porta se abrindo atrás de mim. Seguido pelo rangido da porta de metal, um ruído abafado misturado com as vozes barulhentas ecoou pelo corredor.
— Se transar aqui, você morre.
Uma assustadora voz foi ouvida. E algumas vozes o vaiaram.
[Há alguém próximo a você?]
— Não.
[Quem está fazendo sexo? É uma festa de swing?]
— …Lancer.
Ao telefone, ele riu como se estivesse tossindo.
— Não, não há ninguém perto de mim.
[Mesmo? Tenho certeza de ter ouvido que alguém estava transando.]
Levei o celular até a outra orelha e encostei a cabeça na janela. A situação na rua de mão única em frente ao edifício é muito melhor do que antes. Olhei para o vapor quente que emanava do bueiro no chão e desviei o olhar para um poste com luz alaranjada.
A imagem de McQueen foi refletida na janela.
[Bem, então você vai ter um jantar chato aí?]
Minha respiração se descontrolou sem motivo, então prendi um pouco e respirei fundo.
— Se você não estiver ocupado… Venha para cá.
Quando levantei um pouco o olhar, vi Glenn McQueen parado em um ângulo, segurando uma garrafa de cerveja. Ele estava olhando para mim enquanto eu falava ao telefone.
Quando eu estava prestes a me levantar da cadeira, a porta que dava para as escadas se abriu.
— McQueen, venha aqui por um segundo.
A pessoa que abriu a porta foi uma das primeiras pessoas que vi quando cheguei. O homem baixo e gordo acenou para McQueen.
— Estive pensando sobre isso de novo, mas não consigo imaginar aquela cena. Você sabe, a ejaculação é obviamente difícil.
— Vamos entrar e conversar.
Empurrando as costas do baixinho, McQueen olhou para trás novamente. Quando nossos olhos se encontraram, ele baixou a cabeça e me cumprimentou brevemente. A porta se fechou sem me dar tempo para responder. O silêncio encheu a sala. Sentia como se pudesse ouvir as batidas do meu coração em meus ouvidos.
[Tommy?]
— …
[Está escutando?]
— …Sim.
De alguma forma, senti que meu corpo estava perdendo força, então respirei fundo e respondi.
[Hoje vai ser chato aí mas amanhã vai ser ótimo. Vou te dar meu endereço. Você pode vir? Vamos beber. ]
Mexendo levemente na calça que envolvia meus joelhos eu disse em tom de brincadeira.
— Acho que estarei ocupado essa semana.
[ Mesmo? Hum, está bem Tommy.]
— Eu… eu te ligo mais tarde.
[… Não. Vamos parar por aqui. Eu também tenho que trabalhar. Te mando uma mensagem.
— Sim, claro…
Olhei fixamente para porta bem fechada, então voltei a olhar para a janela. Coloquei o queijo gratinado, que já tinha esfriado e estava duro na boca. A porta só voltou a abrir quando meu prato estava quase vazio. Eu não queria realmente conversar com ele, mas não conseguia nem me despedir apropriadamente.
Mastiguei a massa embebida em molho. Ouvi um pequeno barulho. Me virei e vi Janine acenando, com uma das mãos no painel do elevador.
— Te encontrei. O que você está fazendo aqui?
— Aqui é quieto.
— Não há nada para comer aqui. Vamos descer.
Ela gesticulou e disse. Eu sabia que estava agindo como um adolescente sensível que não queria ser pego entre seus amigos gays barulhentos.
— Desço às nove horas.
— Ou você prefere que eu fique aqui com você?
— Janine.
— Hum?
— Eu não sou uma criança. Pode descer e desfrutar da sua festa.
— Entendi.
Ao contrário do que ela disse, ela ainda estava ali pressionando o botão no painel do elevador. Finalmente me levantei do meu assento.
Eu queria evitar a situação que me fazia sentir desconfortável com a distância entre uma pessoa heterossexual que filma episódios curtos como um extra e um ator profissional que trabalha apenas com pornografia, mas explicar todas as circunstâncias parecia estranho.
A principal razão era o fato de que eu era preconceituoso em relação a profissão deles, como estrelas pornôs gays, eu nem mesmo era qualificado para avaliá-los. Quer você seja um ator amador ou profissional, isso é apenas um papel. Eu ri de mim mesmo silenciosamente agindo como Derek, avaliando a namorada de Ash, uma ex-dançarina de strip-tease. Como Janine não conhecia todas as circunstâncias, não havia motivos para culpá-la.
— Você está se sentindo mal?
— Não.
— Você não parece bem.
— Tenho bebido muito nos últimos dias. Isso me fez um pouco mal.
— Mesmo? Tome algum tipo de sopa.
Quando desci para o primeiro andar, havia muitas pessoas dançando na sala. Entre aqueles que dançavam ao som da batida forte da música eletrônica, havia alguns grupos que se movimentavam retratando atos sexuais. Observei suas gargalhadas estrondosas enquanto colocava comida em um prato vazio.
— Também há mulheres.
— Garotas?
Janine, que estava colocando comida em um prato ao meu lado, se virou e olhou para as mulheres que estavam paradas no corredor do primeiro andar.
— A maioria delas são estrelas pornôs, mas também têm empregos em escritórios como eu. A pornografia gay não é apenas sobre homens. Às vezes, elas aparecem como figurantes. Você não acha sexy?
— Huh.
— Existe uma garota que você gosta?
— Quê?
— Posso apresentar alguma para você?
Em vez de responder sua pergunta, sorri levemente.
— Não preciso.
— Tem certeza?
Ela encolheu os ombros e fez beicinho, pegou dois coquetéis e foi para o primeiro assento vazio e se sentou.
Em vez de um coquetel, peguei um copo d’água e me sentei ao lado dela. Em sua cadeira, Taylor estava sentado, emburrado, olhando para uma pasta cheia de papéis.
Taylor estava longe da atmosfera da festa eletrizante e pegajosa. Ele usava óculos marrons, uma barba desgrenhada e um boné cor de camelo nos cabelos ruivos ondulados, ele parecia Steven Spielberg caminhando pelas gravações. Como eu já tinha pensado antes, ele parece um pouco excêntrico.
— Pegue isso, Taylor.
— Obrigado.
Com a pasta no colo, ele ergueu a cabeça para beber o coquetel que recebera.
— Oh… Você realmente veio. Eu não achei que você iria gostar de vir a uma festa tão estúpida como essa.
Taylor riu, fazendo contato visual comigo. Em vez de responder, dei de ombros e Janine que estava olhando para Taylor, colocou o queixo no meu ombro e disse.
— O propósito não era pra ser uma festa estúpida.
— De qualquer forma, vieram muitos idiotas aqui.
— Eu não sei. O que está fazendo Taylor?
— Olhando a sinopse. McQueen perdeu dinheiro e tempo no cronograma do Reino Unido por quase dois meses, então ele tem que filmar o próximo trabalho em breve.
— Você se decidiu?
— Decidi manter as coisas simples. Você gostaria de ler?
Antes que ele pudesse terminar de falar, Janine pegou a pasta do colo de Taylor e a abriu.
— Bem, uma audição direta?
— É isso. Colocar gays e héteros para filmar juntos.
— Ah… Você decidiu superar isso antes. É um gênero muito comum.
— Jennifer me recomendou, desta vez.
— Por quê? Por que você está batendo nessa tecla outra vez?
Diante da pergunta de Janine, Taylor tirou um maço de cigarros do bolso da frente da camisa. Com o cigarro na boca, ele esmagou o filtro entre os dentes, olhou para mim e disse.
— O que você acha?
— Hmm?
Eu podia sentir o queixo de Janine apoiado em meu ombro. Ao lançar um olhar penetrante para Janine, ele sorriu. O som do isqueiro acendendo o cigarro foi ensurdecedor. O rosto de Taylor, olhando para mim, sorrindo como se eu estivesse em apuros.
— Você já pensou em filmar com McQueen de novo?
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N¹ – Um wallflower: é um termo usado para definir alguém com um tipo de personalidade introvertida que vai a festas e reuniões sociais, mas geralmente se distancia da multidão e evita ativamente ser o centro das atenções.( Eu na vida ) A tradução literal seria algo como “flores de parede”, então funciona bem a meu ver (~Quartz).
Continua…
Ler Caminhando sobre às águas Yaoi Mangá Online
Este romance conta a história de Ed Talbot, um jovem de vinte e quatro anos que herdou uma dívida com um agiota.
Por acaso, ele acaba se envolvendo no mundo dos filmes pornôs gays amadores dirigidos por “Straight”.
Inicialmente, Ed pretendia se afastar da indústria após gravar apenas um vídeo de masturbação solo, mas sua mentalidade começa a mudar ao conhecer Glenn McQueen.
Glenn McQueen é um homem que comanda dezenas de produtoras de filmes pornográficos. E Ed, sem perceber, acaba se apaixonando por esse homem experiente e libertino.
Nome alternativo: Walk On Waterwow