Ler Caminhando sobre às águas – Capítulo 14 Online

Luke Challenger, um agente imobiliário de classe média e uma expressão sexual bem firme, era um pouco diferente da foto de perfil do site. Pode ser por causa de seu cabelo castanho cortado bem curto, mas pessoalmente parecia muito mais jovem do que um homem com 31 anos de idade.

— Você parecia muito animado quando me ligou na semana passada.

— É assim mesmo?

Luke sorriu e lentamente acariciou o joelho de Edd.

McQueen estava sentado em um banquinho segurando uma câmera. Ele estava filmando no lugar de Jack Black, cego pela loucura – ele brigou com McQueen e depois correu de volta para a chuva. Depois de ler as nuances sarcásticas de McQueen misturadas com uma risada maliciosa, Luke sorriu.

— Você disse que sua região inferior começou a latejar depois de muito tempo, certo.

— Eu não falei de maneira tão vulgar.

— Você não disse que estava quente?

— Mais ou menos.

Lentamente, Luke dobrou o polegar, o indicador, o dedo anular e o dedo mínimo da mão direita, todos em ordem, deixando de fora apenas o dedo médio. Ele mostrou o dedo médio para McQueen, e sorriu. Luke, que já havia filmado sete episódios, parecia confortável com o outro homem, talvez por causa de sua idade ser semelhante à de McQueen.

— O que você gostou sobre Tommy?

— Está em ótima forma, e ele é simplesmente… maravilhoso.

A mão no joelho subiu em direção à coxa.

Luke virou a cabeça ligeiramente e olhou para Edd. Seus olhos bonitos e caídos se curvaram suavemente como se tentassem inadvertidamente seduzi-lo. Ele tinha um rosto comum como os que se encontram todos os dias ao passar na rua.

Luke havia chegado na hora marcada, às 14:00h, abriu a porta e tirou o relógio Rolex do pulso assim que entrou. Quando Taylor apontou a câmera para filmar a cena nos bastidores, Luke moveu a cabeça inconscientemente para câmera e viu Edd que estava sentado no sofá.

Quando estendeu a mão para cumprimentá-lo, Edd sentiu como se estivesse diante de um empresário jovem e heterossexual. Ele deu uma impressão tão direta que foi estranho ter aquela conversa na frente das câmeras.

Ele parecia ser um empresário de sucesso e alguém que não sofreria uma crise, mesmo que as pessoas ao seu redor descobrissem que ele havia feito um filme pornô gay.

— Então que áreas específicas do corpo de um Top agradam seu fetiche?

— Hmm, a bunda?

McQueen riu com as palavras de Luke.

— Que tipo de bunda você gosta?

— Eu gosto quando elas têm um pouco de carne mas não são flácidas, uma bunda magra e musculosa, eu acho? Quando a cintura é menor mas a bunda aparece, gosto mais quando é assim.

‘Para mim, uma bunda era apenas uma bunda. Por outro lado, um homem com um forte fetiche por glúteos grandes e definidos sorria ao meu lado, enquanto tocava minha cintura.’

— Como a de Tommy?

O tom do homem era claro. O coração de Edd acelerou, a sensação desconfortável permanecia lá, mas eram palavras incisivas e muito simples, usadas para aguçar o telespectador, então lentamente passou as mãos nos lábios que estavam prestes a suspirar e tentou se acalmar.

— Tommy e você, sente fetiche por alguma parte do corpo em especial?

— Não é um fetiche, mas… eu gosto de mãos bonitas.

— Por quê?

— Eu tenho mãos feias.

Quando lhe disseram para mostrá-las, abriu o punho que estavam apoiados na cama. As mãos feias, cheias de calos, tinham as unhas cortadas curtas e as pontas redondas dos dedos pareciam opacas.

— Parecem fofas.

McQueen riu sarcasticamente. Era a segunda vez que falava que suas mãos eram fofas, mas ainda não tinha conseguido se adaptar a isso, então fechou o punho e escondeu a mão.

Luke tinha um forte cheiro de almíscar. Como com Kyle, houve pouco tempo para criar intimidade antes de começarem a se relacionar sexualmente. Ele estava vestido com um terno, talvez porque fosse encontrar um cliente após as filmagens mais tarde.

Seu perfume forte, terno e aparência masculina lembravam a Edd todo o tempo que estava tentando abraçar um homem. Mas logo se lembrou do rosto de McQueen, que a duas semanas atrás tinha lhe dito que gays não pagavam para assistir pornografia feita por homens que não gostam de fazer sexo com outros homens.

Enquanto beijava a nuca do homem, Luke abraçou suas costas. Edd pendurou a mão no laço, desamarrou sua gravata, Luke gentilmente beliscou a pele fina do seu pescoço com os lábios. Quando os lábios de Edd tocaram seu pescoço sentiu sua pele se tornar macia e quente. Ele elevou a mão um pouco mais para o peito do homem, como fazia ao abraçar uma mulher, e desabotoou sua camisa.

Ao contrário do rapaz, cuja empolgação crescia lentamente, o homem não mostrava nenhum sinal de constrangimento ou hesitação. Percebendo isso, Edd respirou fundo e empurrou seus ombros com as palmas das mãos molhadas de suor. Ele tentou ignorar a culpa de estar tendo relações sexuais com alguém do mesmo sexo em frente ás câmeras. Talvez por causa de seus esforços, Luke sorriu e enterrou levemente os lábios na testa de Edd. E quando finalmente sobrepuseram seus lábios ele, sentiu o gosto de enxaguante bucal que havia gargarejado há pouco.

A mão de Luke que abriu seu zíper, e abaixou a cueca até a metade, tateou entre a virilha e agarrou o pênis do rapaz. Ele deslizou seu corpo para baixo, lhe dando um pequeno beijo, e segurou a cabeça do pênis com a boca como se fosse morder. Colocou a língua para fora e lambeu em torno da glande. As costas de Edd estremeceram com todo aquele prazer e então, fechou os olhos com força.

Quando os abriu novamente com a sensação de algo molhado e quente cobrindo todo seu corpo, a lente da câmera estava filmando todo seu corpo de cima a baixo. Procurou o dono da mão comprida e bonita que segurava a alça da câmera e naquele momento, uma forte pressão segurou seu pênis. Através das pálpebras piscando, pôde ver as lentes da câmera se movendo para o close-up.

— Huh…!

‘ McQueen estava olhando para mim com olhos penetrantes. Tive uma sensação como se meu corpo inteiro estivesse derretendo, como se eu estivesse preso em uma poça de mel quente.’

Luke era habilidoso no sexo oral. A sensação era muito doce, como mel. Edd fechou seus olhos trêmulos com força. Glenn McQueen, que ainda estava segurando a câmera, não parava de olhar para o rapaz.

Edd estava com muita sede, como se houvesse engolido areia. Como a lente da câmera estava totalmente voltada para ele, não podia cobrir seu rosto vermelho, então puxou o corpo de Luke, e deu um beijo em seu pescoço, com a câmera ainda filmando, Glenn McQueen deu um passo para trás e se afastou.

***

— Pegue.

Luke, que já estava de gravata, estendeu algo para o rapaz que sacudia o cabelo com uma toalha. Era um cartão de visita com pérolas roxas em um fundo cor de limão. Como Janine havia dito, era de uma das principais corretoras de imóveis de Nova York, ele tinha um escritório em Chelsea. Seu nome verdadeiro era Levi Lehman.

— Ouvi dizer que você mora em Nova York.

Enquanto colocava a carteira no bolso do terno, ele olhou para Edd com a cabeça baixa, levantando apenas os olhos.

— Se você sentir vontade de tomar uma cerveja, apenas me ligue.

Ao contrário de Kyle, tiveram que filmar com pressa, sem ter tempo de se conhecerem, então havia pensado que não poderia esperar alguma proximidade desse homem. Mas as palavras Luke agora eram para seduzi-lo? Enquanto olhava para o homem, ele disse, colocando seu cartão de visita no bolso de trás.

— Claro.

O homem percebeu que a resposta não era sincera. Embora a poucos minutos atrás tivesse ejaculado no corpo de Luke, havia uma sólida parede novamente entre os dois. Levi Lehman encolheu os ombros e riu. Estendeu a mão e deu uma tapinha no ombro de Edd, olhando para o relógio em seu pulso com olhar impaciente como se para evitar que sua tentação se intensificasse.

— Bem, estou ficando sem tempo, então terei de ir agora.

Com um sorriso amigável, o homem se virou depois de se despedir. Assim como quando filmou o episódio com Kyle na semana passada, pensou que nunca mais se encontraria com o homem.

Toda a equipe estava na sala de edição, Edd andou pela sala enquanto esperava por Janine que havia saído dizendo que se prepararia para o trabalho. Parado na frente da estante escura iluminada apenas por algumas luzes fracas, do lado de fora da janela ainda chovia constantemente e logo estendeu a mão.’ Espero que Glenn McQueen não se incomode se eu pegar alguns livros ou DVDs emprestados.’

O primeiro que encontrou foi <My Art Life> de Stanislavski. Tudo estava muito bem organizado, por isso não foi difícil encontrá-lo. Ele pegou o livro, folheou algumas páginas e a porta se abriu. A luz forte das escadas entrou e Edd se voltou para ela.

Glenn se aproximou da parede e pressionou o interruptor, o interior da sala se iluminou. Quando seus olhos se encontraram, ele inclinou a cabeça ligeiramente em direção ao ombro, e um sorriso silencioso apareceu em seus lábios. O olhar penetrante de Glenn McQueen passou pelo rapaz e se voltou para o livro que estava segurando. O sorriso em seus lábios se tornou um pouco mais profundo.

— Espere… você tem tempo? Eu tenho algo a dizer.

McQueen era tão alto que a sombra que se estendeu dele cobriu completamente a sombra de Edd.

Ele estendeu a mão para pegar o livro que estava no assento ao lado do rapaz. As mangas de sua camisa esbarraram levemente em seu peito. Talvez por causa do frio, Edd sentiu um pequeno arrepio. Lentamente esfregou os braços com as palmas das mãos e esperou que ele falasse.

— Pode ser um pouco desconfortável.

—….

— Lancer me ligou há alguns dias.

Ele falava devagar, como se tivesse contando uma história difícil.

— Ele disse que queria filmar com você.

Lancer era o nome que eu já ouvira por meio de Janine. E mesmo antes disso, era um nome do qual já tinha ouvido falar em algum lugar. Era um nome que não conseguia lembrar totalmente, embora tentasse puxá-lo como se tivesse um espinho cutucando no fundo do seu cérebro, mas assim que McQueen disse novamente, se lembrou. Há uma semana atrás, McQueen havia lhe chamado para a sala de edição para mostrar um vídeo com dois homens, Lancer era um desses homens que apareciam no vídeo. Já tinha ouvido falar de Kyle que o estilo sexual de Lancer era incrível.

— Você gostaria de experimentar ser o Bottom?

Pensou que seria difícil, mas não sabia o quanto.

Olhou para o rosto de McQueen. Se já não tivesse ouvido falar por Janine outro dia, talvez estivesse com uma expressão idiota em seu rosto.

— Você não tem que pensar muito. Porque ser passivo é apenas uma das preferências sexuais. Não precisa se sentir sobrecarregado…

— Ainda…

Sua voz cortante estava um pouco tensa.

— Por enquanto, ainda estou pensando nisso…

Só depois de falar foi que percebeu que sua resposta deveria ter sido outra. Não era ‘para agora’, mas sim ‘para o futuro’. Suspirou e tentou dizer novamente, mas o homem colocou a mão em seu ombro.

— Eu sei o que você está pensando, mas o Bottom não desempenha um papel de sacrifício, ou de vulnerabilidade como você pensa. Você não precisa se sentir desconfortável por aceitar isso, como eu disse antes, é apenas uma preferência sexual.

Glenn McQueen, que havia falado até agora, parou de falar de repente, como se estivesse fazendo uma parada repentina. Ele ria com um olhar atento, como se para encobrir seus pobres argumentos. “Achei muito atraente o sorriso do homem de forte impressão tentando esconder seu constrangimento. Olhei para o rosto dele em silêncio”.

— Geralmente pago $500 a mais para aqueles que ficaram por baixo, mas estou pensando em oferecer a vocês um valor especial de $6.000. Na verdade, é muito dinheiro.

Glenn McQueen fortaleceu a pressão do aperto em seu ombro. Ao ver o homem fazendo uma proposta mais prática em vez de usar argumentos pobres, quase disse: “Você acha que eu faria isso por dinheiro?”. Poderia ter sido engraçado se não tivesse se lembrado imediatamente de que estava fazendo algo semelhante por causa de dinheiro. Quando encarou os olhos sorridentes do homem, ele abaixou a cabeça e suspirou com a sensação de aperto em seu coração.

$6.000 foi a quantia paga a Brad Pitt pela aparição no filme <Thelma & Louise>. Mesmo se parar para pensar que isso foi há muito tempo, em 1991 para ser exato, essa não era uma quantia pequena. Mas enquanto Brad Pitt recebeu $6.000 e se tornou uma estrela popular através de Thelma & Louise, para Edd, só receberia esses $6.000 se caísse fundo em um abismo.

— Você.

—…

—…Você fez isso?

Quando pensou na altura e no físico de Glenn McQueen que parecia ser esculpido a mão, o homem realmente transmitia toda aquela atmosfera de Hades o Deus do submundo, ele se questionou se esse homem teria sido um Bottom, embora a palavra Bottom dificilmente fosse associada a ele.

Glenn McQueen, olhou fixamente nos olhos de Edd, de repente exclamou e riu como se fosse divertido. O sorriso em seus lábios logo desapareceu.

— Bem… há algumas exceções.

Glenn McQueen, que sussurrou como se conhece um segredo, sorriu novamente.

— Tenho certeza das minhas preferências sexuais mais do que qualquer outra pessoa.

O sorriso misturado com a voz sussurrante passava um sentimento indecente de luxúria. Levantando uma esquina de seus lábios e sorrindo, ele retirou a mão que estava no ombro do Edd. Se o barulho do elevador com Janine não tivesse soado a tempo, o que teria acontecido com o fim daquele olhar?

— Estou indo embora. Vocês já terminaram?

— Sim.

— McQueen, estou indo. Edd, se apresse.

McQueen olhou para Edd com um sorriso fraco nos lábios e acenou em concordância com as palavras de Janine. Ele virou a cabeça e caminhou em direção a porta para evitar o olhar de Janine que parecia segui-lo. A expressão no rosto de Edd não era muito boa. Janine o olhou com um olhar curioso como se quisesse algumas respostas, mas para explicar, ele teria que repetir as histórias estúpidas que o envolveram nessa atmosfera.

Logo depois desceu para o saguão e pegou um guarda-chuva. Enquanto saia pela porta só conseguia lembrar das palavras do homem.

Que tipo de rosto parece para se encaixar em um drama normal?

‘Eu quero saber o que Glenn McQueen pensa de mim’.

— Então? O que aconteceu entre vocês lá em cima?

Janine abriu o guarda-chuva e virou a cabeça na direção do homem que parou. A água fria da chuva caia sobre os degraus de mármore no chão e respingou em seus joelhos. A chuva, que continuava caindo desde a manhã, não dava nenhum indício de que iria parar. Não foi uma pergunta que quisesse responder, mas não queria que Janine ficasse esperando.

— Não foi nada, vamos embora.

Abriu o guarda-chuva e saiu em direção à chuva. Já estava escuro do lado de fora. Uma nevasca azul e úmida desabou sob a sola de seus sapatos, como se ele estivesse caminhando sobre o mar à noite, quando as ondas estavam fortes e incontáveis.

Continua…

N.R Quartz: Olha, que autora desgraçada por ter tirado-me o prazer de ler o ato do Luke e Tommy. Sem perdão.