Ler Beije-me se puder – Capítulo 99 Online

Ele podia sentir um zumbido nos ouvidos. Os sons incômodos continuavam altos e prolongados, e Chase gemeu suavemente, franzindo a testa. Pouco depois, alguém o agarrou pelo braço e o sacudiu.

— Chase, você está acordado? Chase!

A voz urgente que o chamava pelo nome era claramente familiar. E, no momento em que se deu conta de quem era, o zumbido desapareceu como mágica.

— …

Erguendo lentamente as pálpebras, ele piscou várias vezes, tentando clarear a visão. Só depois de piscar algumas vezes, Chase percebeu onde estava. Ao desviar devagar o olhar do teto monótono, com linhas regulares, deparou-se com um rosto ansioso que o observava. Chase abriu a boca, sentindo um leve sorriso surgir em seus lábios.

Joshua.

Queria dizer o nome dele, mas nenhum som saiu de sua boca. Franziu a testa e deu um tapinha no braço de Josh, para mostrar que estava bem.

— Você acabou de recobrar a consciência. Quer um pouco d’água?

Quando Chase assentiu com a cabeça, Josh se levantou imediatamente e foi até o pequeno frigobar ao lado. Pouco depois, voltou com um copo d’água.

— … O que aconteceu?

Josh sorriu de um jeito estranho enquanto virava a cabeça, logo após Chase terminar de beber. Diante da pergunta dele, Josh hesitou um pouco antes de responder.

—Você nem teria me deixado ir buscar água antes, não é? Simplesmente me veio à mente.

Chase também se lembrou do que havia acontecido. Por outro lado, sentia-se envergonhado, sabendo que poderia duvidar e se jogar nos braços de Josh de novo a qualquer momento.

Josh, que havia pegado o copo vazio das mãos de Chase, perguntou:

— Quer mais um pouco?

Chase balançou a cabeça negativamente.

— Onde estou?

Josh lhe deu a resposta que ele já esperava, enquanto Chase perguntava com a voz cansada:

— Na enfermaria do shopping. Você desmaiou, então te trouxeram para cá.

Depois de um momento, Chase fez outra pergunta:

— Como você soube?

— O chefe da equipe de segurança entrou em contato comigo.

Josh acrescentou, com um tom tranquilo:

— Fui eu que pediu que me avisassem se acontecesse alguma coisa com você e o chefe da equipe foi rápido. Percebi que era sério quando vieram até a minha casa.

Josh, que vinha falando até então, mudou de assunto:

— Agora é a sua vez de falar, certo? Eu já te expliquei tudo.

Começou a perguntar num tom rígido, como nunca antes:

— Por que você se forçou a fazer isso? Você não precisava… o gerente até disse para você esperar na sala que tinham preparado.

— …

— Chase, me diga.

Após tanta insistência, ele abriu a boca de má vontade. Mas, antes que qualquer palavra saísse, foi um longo suspiro que escapou.

— Onde está o Pete?

Josh respondeu imediatamente, com um tom de voz diferente.

— Está brincando na sala ao lado. Quer que eu o chame?

Chase balançou a cabeça, negando e então o silêncio se instalou entre os dois. Não sabia se era porque ele não conseguia adivinhar o que estava pensando ou porque realmente não tinha nada a dizer, mas Josh apenas esperou em silêncio. Chase não demorou a abrir a boca novamente. Sua voz surgiu após alguns segundos de pausa.

— Eu queria fazer o que Pete queria, foi só isso.

— Pete queria que você desmaiasse cercado por cachorros?

— Não.

Mesmo assim, Chase não esboçou nenhum sorriso diante da provocação irônica de Josh.

— O Pete gosta de cachorros. Então… eu queria comprar um para ele.

— Mas você não gosta deles.

Apesar do comentário de Josh, Chase continuou.

— Eu preciso fazer tudo o que faz Pete feliz.

Josh o observou em silêncio, ignorando aquela última frase.

— Chase…

Josh falou com um tom gentil.

— Você não pode fazer tudo o que o Pete quer. Ninguém no mundo consegue tudo o que quer e você também não tem como dar isso a ele.

— Mas…

— Dê a ele outra coisa no lugar de um cachorrinho.

Josh interrompeu Chase.

— Aprender que não se pode ter tudo também é um presente. A sabedoria é algo que você leva para sempre. Chase, fazer tudo que uma pessoa quer não garante que ela vá gostar de você. E o contrário também é verdade. Então, você não precisa se forçar a fazer o que não consegue.

— Mas… — Chase insistiu novamente. — Eu preciso superar esse trauma.

— Você não precisa.

Josh disse com firmeza.

— As pessoas podem ser felizes sem cachorros. O mesmo vale para o Pete, ele pode encontrar felicidade de outro jeito. E da mesma forma, Chase… não tem problema se você tiver medo de cães pro resto da vida. Você não precisa se forçar até o ponto de perder o controle assim. Não precisa passar por isso.

— Como assim?

A resposta de Josh para Chase, que realmente estava curioso, foi simples.

— Você tem um guarda-costas.

— Hã?

Chase ficou confuso, soltando um som de espanto abafado. Mas Josh foi sincero.

— Os guarda-costas vão te proteger. Então por que você tem que superar seus medos? Podemos deixar isso nas mãos deles. É pra isso que eles existem.

As palavras de Josh eram sensatas, não havia como refutá-las. Diante de um Chase ainda em silêncio, Josh acrescentou:

— Ele vai te amar mesmo que você não seja perfeito. Porque eu te amo.

Um dia ele teve coragem de confessar isso a Chase, e agora era mais fácil dizer.

Josh sorriu, afastou os fios de cabelo da testa de Chase e se inclinou para beijá-lo ali. Os lábios de Josh estavam prestes a tocar os de Chase quando os olhares se encontraram.

Toc, toc

De repente, um som de batidas interrompeu o momento, e Josh surpreso virou-se para trás. Do outro lado da porta aberta, estavam Pete e o chefe da equipe de segurança.

— Pete.

Josh o chamou com os braços abertos, e o menino correu na hora, escondendo-se nos seus braços. Josh, dando leves tapinhas nas costas do garoto, perguntou:

— Por que você veio até aqui? Está preocupado com o Chase?

Pete assentiu com a cabeça, o rosto enterrado no peito de Josh e depois de esperar um instante, voltou a falar:

— Então é melhor ver com seus próprios olhos. Vai lá, conferir, eu também não sei se o Chase está bem…

— …

— Hein?

Josh incentivou suavemente e beijou Pete no topo da cabeça. Só então o menino virou o rosto, ainda hesitante. Chase, que o observava de imediato, piscou os olhos. Ele tentou sorrir para Pete ao invés de dizer para não se preocupar – acreditando que talvez fosse uma forma mais eficaz de acalmá-lo.

Mas, antes que o sorriso de Chase pudesse se firmar, Pete disse algo completamente inesperado.

— Não preciso de um cachorrinho.

Não só Chase, mas também Josh ficaram surpresos. Ambos piscaram para ele, que havia declarado aquilo com um tom determinado, muito diferente de antes.

— Tem certeza, Pete?

— Tenho.

Josh perguntou novamente, e Pete confirmou com um aceno de cabeça.

— Mas você gosta de cachorros, não é?

Pete hesitou por um instante diante da pergunta. Ainda que não fosse exatamente uma criança que passava o tempo todo desejando ter um cão, franziu as sobrancelhas com uma expressão séria e, por fim, suspirou.

— Se o papai não gosta, então eu também não gosto.

— …

A princípio, Josh pensou ter ouvido errado. Mas não foi o único a escutar aquilo.

— O que você disse?

A voz repentina de Chase fez Josh se virar instintivamente. O rosto de Chase estava ali, olhando para Pete com os olhos extremamente arregalados. Estava tão atônito que suas mãos tremiam ao segurar os cantos do colchão.

A verdade é que Josh também estava pasmo. Pete realmente entendia o que estava dizendo?

— Eu sei.

Pete respondeu claramente à pergunta de Josh.

— A vovó disse que eu tenho outro papai no lugar de uma mamãe.

— E como você sabia que era o Chase?

Ainda confuso, Josh perguntou, Chase também estava curioso. Pete abriu a boca e respondeu com um som murmurante e melancólico.

— Porque ele é igual a mim.

— Igual? Por que diz isso?

Foi um novo choque para Josh, que sempre ouvira que Pete se parecia com ele. Agora ele dizia que era parecido com Chase? Esperando por uma explicação, Pete deu um leve tapinha na própria cabeça.

— A cor do cabelo. É igual.

Ah.

Só naquele momento Josh percebeu também. Pete estava certo. Seu cabelo loiro e brilhante era idêntico ao de Chase.

Finalmente, pensou Josh, Pete encontrou aquilo em que mais se pareciam.

De repente, Josh começou a rir. Uma risada que não conseguia controlar, especialmente diante das expressões confusas de Chase e Pete.

— Bom trabalho, Pete, vou te dar uma recompensa. O que você quer?

Josh perguntou com um sorriso radiante. Pete abriu a boca para responder, mas parou antes que qualquer som saísse. Josh, atento, logo percebeu o que o menino queria.

— Pete, que tal um irmão em vez de um cachorro?

— O quê?

— Está falando sério? — Chase gritou, chocado com as palavras de Josh.

Josh balançou a cabeça diante da suposição dele.

— Não, Chase. Ainda não estou grávido.

— Ah…

Chase soltou um suspiro, visivelmente decepcionado. Josh parecia saber o que se passava em sua cabeça. Durante o período de cio, eles ficaram juntos por uma semana, e Chase mal se lembrava com clareza do que havia acontecido, então era natural imaginar que Josh talvez tivesse engravidado.

Mas era um engano. Josh também suspeitou, fez um teste de gravidez, mas deu negativo.

— O Steward disse que talvez fosse porque seus feromônios estavam instáveis naquela época, mas que ainda precisa estudar a causa exata.

— E daí?

— Eu disse para ele que vamos tentar de novo.

Ele respondeu com firmeza. E mudou o rumo da conversa como se já tivesse tudo decidido.

— Vamos ter um segundo bebê.

Declarou como se não houvesse mais nada a pensar. Era a hora certa para dizer isso. Agora que todos os membros da equipe decidiram tirar um ano sabático…

— Você tem certeza, Josh?

Chase piscou, surpreso. Sua voz tremia, incapaz de conter a emoção.

— De verdade… você está falando sério?

— Sim.

Josh assentiu com a cabeça e continuou:

— Mas antes, tem uma coisa que eu preciso fazer.

— O quê?

Perguntou Chase, com pressa. Josh respondeu com um sorriso travesso.

— Nós temos que casar.

Chase caiu na gargalhada com aquelas palavras. Josh se inclinou e o beijou, ainda abraçado com Pete, suavemente. Com os lábios contra os lábios dele, Josh perguntou:

— Que tal fazer o segundo bebê durante a lua de mel?

{FIM DO EXTRA 01}

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Continua…