Ler Lamba-me se puder – Capítulo 121 Online

Modo Claro

Ao sentir alguém sacudir levemente seu ombro, Koy abriu os olhos. Levantou a cabeça, piscando, ainda sonolento, e olhou ao redor. Logo acima, uma voz calma soou:

— Hora de acordar. Precisamos levá-lo para casa.

Com essas palavras, Koy finalmente se lembrou. Lembrou-se de Ashley o confortando até que ele adormecesse novamente; de como, antes de cair no sono, Ashley segurou firme sua mão e pediu para que ele não fosse embora até que despertasse; e também de como ele próprio, esperando ao lado da cama, acabou adormecendo com a mão ainda entrelaçada à dele.

Ao erguer o olhar, Koy encontrou os olhos frios da secretária sobre ele. O susto o fez despertar por completo, e seus ombros encolheram por reflexo. Mas, ao perceber que ainda segurava a mão de Ashley, conseguiu reunir um pouco de coragem.

— Eu… eu vou esperar até o Ashley acordar.

A voz lhe saiu trêmula e fraca, sem um pingo de firmeza. Qualquer um que o ouvisse riria de tão patético que parecia — e o próprio Koy se sentiu desencorajado por isso. Contudo, a secretária não demonstrou qualquer reação. Continuando com seu tom frio e profissional, ela respondeu:

— Já passou da meia-noite. Se ficar mais, seu pai não vai ficar preocupado?

Ao ouvir isso, Koy ficou paralisado, tomado por um arrepio. Perguntou-se até que ponto ela sabia sobre sua vida, mas não teve coragem de questionar. Se fosse mais cedo, ele teria ligado para o pai dizendo que dormiria na casa de um amigo, mas já era tarde demais. Se ele dormisse fora sem avisar, seu pai, com certeza, ficaria furioso.

Faz tempo que ele não me bate…

Já havia algum tempo que o comportamento do pai mudara, e por isso Koy alimentava uma pequena esperança. Talvez ele realmente tenha mudado.

Então é melhor eu não contrariar o humor dele.

Ainda faltava um tempo para a formatura — e além disso, ele precisava se preparar para o vestibular. Não tinha condições de sair de casa no momento, sem a menor possibilidade de fazê-lo. No fim das contas, ainda era apenas um estudante do ensino médio.

Porém,mesmo assim, algo ainda pesava em seu coração.

— Mas… eu prometi…

Olhou para Ashley com um olhar relutante. O outro continuava desacordado, sem dar sinal de que despertaria tão cedo. Koy lembrou de quando Ashley havia “manifestado” — naquela época ele também ficou inconsciente por muito tempo, sem conseguir recobrar a consciência.

Em que estado o Ashley está agora?

— Eu… quando alguém se torna um alfa dominante… é comum desmaiar assim com tanta frequência? — perguntou Koy com cautela.

Ela era a única que podia lhe dar uma resposta. Procurar informações por conta própria era quase impossível, e tudo o que ele sabia se resumia a poucas coisas: depois da manifestação, a cor dos olhos mudava para roxo; a imunidade era várias vezes superior à de uma pessoa comum; e, se os feromônios não fossem extraído regularmente, o cérebro acabaria se deteriorando.

‘Talvez nem o Ash saiba direito ainda.’

Afinal, ela nem conseguia controlar seus feromônios direito. Era uma suposição bastante plausível. Enquanto tentava obter ao menos um pouco de informação, a secretária respondeu de modo indiferente:

— Não necessariamente. Ashley Miller é um caso especial.

— Como assim? — Koy perguntou depressa.

Olhando para baixo, na direção de Ashley, a secretária explicou:

— É porque ela não extraiu os feromônios a tempo.

Por um instante, Koy piscou sem entender o que ela queria dizer.

— Por que a Ash não extraiu os feromônios a tempo? — perguntou, confuso.

Ele também sabia que, se um alfa dominante não liberasse feromônios com regularidade, o cérebro sofreria danos. Então por que Ashley não o fez? Enquanto ele se mostrava perplexo com a dúvida, a secretária acrescentou, mantendo o rosto impassível:

— Isso… você deve perguntar a Ashley Miller depois. O carro já está pronto lá embaixo. É melhor ir antes que fique ainda mais tarde.

Koy desviou o olhar do rosto dela para Ashley. Apertou com força a mão que ainda segurava, e a secretária voltou a falar:

— Às vezes, não conseguimos cumprir uma promessa. Vocês já deviam começar a amadurecer.

— Quebrar uma promessa é o que significa ser adulto? — Koy perguntou.

‘Se for isso, então eu não quero ser adulto.’

A secretária o fitou diretamente e respondeu:

— Não. Entender isso é o que torna alguém adulto. Se Ashley Miller é o seu namorado, então é natural que você compreenda.

Não havia falha alguma em suas palavras. Koy não conseguiu dizer mais nada, apenas voltou o olhar para Ashley. Vê-lo incapaz de abrir os olhos o deixou com o coração apertado, mas logo tentou se acalmar.

‘Ash não está bem agora. É exatamente isso que eu preciso entender.’

— Há outras pessoas aqui além de você — disse a secretária mais uma vez, vendo que ele ainda hesitava. — Você ficar aí desse jeito não ajuda em nada a nenhum de nós.

As palavras da secretária o atingiram em cheio. Ela tinha razão. Quando Ashley se manifestou ou quando ficou doente, só Koy estava ao lado dele — mas agora a situação era diferente. Quando acordasse, Ashley teria refeições muito melhores do que as sopas instantâneas que Koy costumava comprar, e médicos ou empregados se mobilizariam imediatamente para cuidar dele. Ficar ali, sem poder ajudar em nada, seria apenas um incômodo.

Incapaz de suportar por mais tempo a dureza daquela realidade, Koy apertou mais uma vez a mão de Ashley antes de soltá-la e se levantar. Pegou a mochila que havia deixado largada no chão e endireitou a postura. A secretária, sem dizer nada, virou-se primeiro para sair. Koy olhou para trás várias vezes antes de finalmente segui-la e deixar o quarto.

— Vamos, entre.

O carro que o esperava do lado de fora da mansão era um sedã preto que ele nunca tinha visto antes. Seguindo a instrução da secretária, um homem que parecia ser um guarda-costas abriu a porta. Koy murmurou um agradecimento tímido e entrou no veículo. Logo em seguida, a porta se fechou e o carro partiu.

Sentado sozinho no silêncio, Koy apertou a mochila contra o peito.

‘Ah, é mesmo.’

Enquanto o carro saía do terreno da propriedade, ele se lembrou de algo de repente. Pegou o celular, que estava com pouca bateria, e abriu o navegador, digitando rapidamente as palavras de busca:

Métodos para remover feromônios de Alfas dominantes.

As palavras da secretária ecoaram em sua mente enquanto os resultados apareciam na tela. Ele não fazia ideia de como alfas ou ômegas comuns faziam isso. Talvez tivesse ouvido algo sobre o assunto nas aulas, mas como não tinha relação direta com ele, não prestou atenção. Pelo jeito, no entanto, o caso dos ômegas e alfas  dominantes pareciam ser diferentes.

Koy percorreu os resultados com o olhar, tentando entender o essencial, e abriu e fechou rapidamente algumas páginas relacionadas. À medida que lia, seu rosto foi ficando cada vez mais pálido.

 

***

 

Sua cabeça doía como se fosse rachar. À medida que recuperava a consciência, seu corpo inteiro começou a sentir-se mole e formigando, como se estivesse encharcado. Sentindo uma sensação familiar, porém desagradável, Ashley abriu os olhos lentamente. Piscou algumas vezes até que o foco voltasse e a visão embaçada começasse a clarear. Junto a isso, as memórias voltaram lentamente.

‘Koy.’

Foi o primeiro pensamento que lhe veio à mente. Virou a cabeça depressa, mas logo congelou. A mão que segurava a de Koy até antes de desmaiar agora estava vazia.

Tentou se levantar instintivamente, mas o corpo cedeu e ele desabou de novo, ofegante, curvando-se em dor e tontura. Só depois de algum tempo conseguiu acalmar um pouco a respiração e erguer a cabeça para observar o quarto.

Não havia ninguém. Ninguém além dele.

Aquela solidão era uma sensação que lhe era familiar, mas, dessa vez, parecia diferente. Quando se lembrou das palavras e da promessa de Koy antes de adormecer, seu rosto ficou pálido.

Nesse momento, um som oportuno de batidas na porta interrompeu o silêncio.

— Acordou, pelo visto.

A secretária entrou, falando com o mesmo semblante impassível de sempre.

— Eu o mandei de volta para casa primeiro. Já estava muito tarde. Ele ainda é um estudante, não seria bom deixar os pais preocupados.

— Preocupados… os pais? —

Ashley repetiu as palavras dela com sarcasmo. Lembrar do que Koy lhe contou momentos antes, o que fez seu estômago revirar novamente.

‘Foi apenas um acidente inevitável.’

‘Mas colocar toda a culpa em Koy, que era apenas uma criança, e despejar toda a crítica nele… Isso é o que um adulto, um pai, deveria fazer?’

Pensar em Koy, que deve ter aceitado e suportado aquilo tudo calado, fez com que as náuseas surgissem. ‘Eu deveria tê-lo confortado mais, abraçado mais.’

A simples ideia de ter, por causa desses malditos feromônios, mandado Koy de volta para aquele pai violento o fazia sentir que iria enlouquecer.

— …Me dê meu celular. —

Ashley conseguiu falar, a voz rouca. A secretária, como se já esperasse o pedido, tirou o telefone do bolso e o entregou. Mas ele não teve coragem de ligar na frente dela. Por mais que desejasse ouvir a voz de Koy naquele instante, conteve o impulso e esperou até que ela saísse do quarto.

Ela verificou o soro conectado ao braço de Ashley, chamou o médico para remover a agulha e, antes de sair, perguntou calmamente:

— Precisa de algo? Quer comer alguma coisa? —

— Já disse que não. Saiam todos daqui. —

Ashley respondeu com a voz áspera, mal contendo a irritação. Felizmente, o pedido foi atendido sem resistência.

Assim que ficou sozinho, pegou o celular com pressa e apertou o número salvo na discagem rápida. O tom de chamada soou, e ele esperou, ansioso, para ouvir a voz de Koy.

Mas o toque mal se repetiu algumas vezes antes de ser interrompido por uma gravação automática:

— Não é possível atender a ligação no momento…

O sangue sumiu do rosto de Ashley num instante.

 

°

°

Continua….

 

Tradução:  Ana Luiza

Revisão:  Thaís

 

 

 

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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can

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