Ler Lamba-me se puder – Capítulo 117 Online

Modo Claro

Koy, arrastado por Ashley para fora do restaurante, seguiu-o em meio à confusão, quase correndo para acompanhar seus passos apressados. Ashley contornou o prédio até encontrar um canto isolado e empurrou Koy contra a parede.

Surpreso, Koy encostou-se no muro e, ao erguer o rosto, viu Ashley apoiado com as duas mãos na parede, olhando para baixo, diretamente para ele. Koy já sabia que Ashley era pelo menos o dobro dele em tamanho, mas, dessa vez, sentiu algo diferente — uma aura opressiva que nunca havia sentido antes.

Era a primeira vez que experimentava algo assim.

Inquieto, Koy encolheu os ombros, e Ashley franziu o cenho. Era evidente que aquela reação não lhe agradara. Mas o rosto de Ashley, parcialmente encoberto pela sombra e com as sobrancelhas cerradas, apenas fez o medo de Koy aumentar.

— E-eu… por quê…?

Quando finalmente conseguiu abrir a boca, a voz tensa e trêmula saiu falhada. Sem entender o que estava acontecendo e apenas tentando medir o humor do outro, Koy parecia cada vez mais perdido, o que deixou Ashley ainda mais irritado.

— Você realmente não sabe por que estou agindo assim? Nem um pouco?

A voz de Ashley estava mais baixa e calma do que o habitual, mas, em vez de tranquilizar Koy, aquilo só o assustou ainda mais.

— M-me desculpa…

Ao murmurar aquilo, o vinco entre as sobrancelhas de Ashley se aprofundou.

— Desculpa? Pelo quê?

— É que… eu…

As palavras travaram. Koy gaguejou, sem saber o que dizer. Queria responder, mas temia abrir a boca e deixar Ashley ainda mais furioso.

— É que… aquilo… — continuou ele, suando frio, a voz embargada.

Ashley, enfim, soltou a pergunta que vinha segurando.

— O que diabos foi aquilo que você fez agora há pouco?

— Hã? …O que eu… fiz?

Diante do tom afiado, Koy piscou, confuso, e Ashley respirou fundo, tentando conter a raiva, forçando-se a falar no tom mais contido possível.

— Estou falando daquilo que você fez com o Bill agora há pouco.

— Ah…

Só então Koy pareceu se lembrar, deixando a frase morrer de forma constrangida. Percebendo que ele havia compreendido, Ashley respirou fundo uma vez antes de falar.

— Como você pôde fazer isso? Como pôde fazer uma coisa dessas bem na minha frente? Koy, fale alguma coisa, ande.

A raiva subia e suas palavras saíam cada vez mais rápidas. Koy percebeu o esforço que Ashley fazia para conter o próprio temperamento e, por isso, ficou ainda mais sem saber o que dizer.

— É que… eu… —

Ele engoliu em seco e, por fim, murmurou:

— Me desculpa… Eu fiz sem pensar…

— Fez sem pensar? — Ashley agarrou a frase de imediato. — Como assim, sem pensar? Eu estava bem ali do lado, e você age desse jeito sem pensar? Por quê?

— É, é que… bem… —

Koy gaguejava, totalmente perdido.

— O Bill é amigo… eu só queria ajudar, só isso…

— Ajudar? Limpando a boca dele com as próprias mãos é o que você chama de ajudar?

— Não a boca… só o canto dos lábios, um pouquinho… —

Ashley via com clareza a confusão de Koy, que não sabia como sair daquela situação. Ele sabia que Koy tinha muito menos experiência do que ele, e, naturalmente, uma imaginação bem mais limitada. Não deveria estar reagindo assim. Não deveria pressioná-lo desse jeito.

…Eu sei disso.

Mas o peito ardia, e a raiva o consumia. Ele sabia, racionalmente, que deveria se acalmar, explicar tudo com clareza e apenas alertá-lo para que não repetisse aquilo no futuro. Só que as palavras simplesmente não saíam. A imagem de Koy limpando o canto dos lábios de Bill e sorrindo para ele não parava de surgir diante dos seus olhos — e isso arrancava de Ashley toda a razão que lhe restava.

— …Ash?

A voz de Koy tremia, carregada de incerteza. Ao ver o rosto pálido olhando para ele, Ashley foi tomado por um impulso violento — a vontade de abraçá-lo e acalmá-lo, mas ao mesmo tempo a urgência de pressioná-lo até fazê-lo chorar.

…E se eu…

Koy o encarava com um olhar cheio de medo. Observando aquelas pupilas vacilantes, Ashley pensou: ‘E se eu, agora…’

— Ash.

Koy engoliu em seco. Seus olhos se arregalaram pouco a pouco, como se tivesse percebido algo assustador. Mas Ashley nem percebeu.

‘E se eu, agora, te violentar…’

— Ash, a cor dos seus olhos… está estranha.

A voz trêmula de Koy mal saía. Os olhos de Ashley, que estavam gradualmete escurecendo, tornando-se quase negros, de repente se transformaram em um dourado intenso. Diante daquele brilho ofuscante, Koy se assustou ainda mais, colando o corpo contra a parede. Ashley, por sua vez, firmou as mãos na parede e o fitou de cima, as veias latejando sob a pele. O coração batia com força, como se quisesse arrebentar-lhe o peito — ou talvez todo o corpo.

Haa… haa…

Sua respiração ficou cada vez mais ofegante, e o calor subiu por todo o seu corpo. Vendo o rosto de Ashley vermelho e ardente e sua respiração irregular, Koy ficou repentinamente apavorado.

— Ash, você está bem? Está se sentindo mal?

Quando ele segurou as bochechas de Ashley com as duas mãos, desesperado, Ashley de repente agarrou seus pulsos.

— Ah!

O aperto foi tão forte que Koy gritou sem querer. No instante seguinte, seu corpo foi lançado contra a parede, e Ashley o prendeu com o próprio corpo.

Os pés de Koy mal tocavam o chão — ele ficou na ponta dos dedos, encarando Ashley de baixo, o rosto tomado pelo medo. E, naquele instante, ele também percebeu.

Ashley não estava em seu estado normal.

‘Será que… não pode ser…’

Koy, tomado por uma sensação de perigo inexplicável, começou a se debater, tentando escapar. Mas, por mais que tentasse, não havia como vencer a força de Ashley. Pelo contrário — ele o segurou facilmente, prendendo os dois pulsos com uma única mão, enquanto o outro braço o envolvia pela cintura. Koy estava completamente imobilizado, sem qualquer espaço para fugir.

Seus olhos encontraram os olhos dourados que brilhavam intensamente. Koy ainda tentava escapar, mas tudo que conseguia era torcer levemente os ombros. Vendo aquilo, Ashley soltou uma risada baixa e então largou as mãos dele, como se quisesse mostrar que, mesmo livre, aquilo não faria diferença alguma. E de fato eram. Koy empurrou os ombros de Ashley com todas as suas forças, mas Ashley nem se moveu.

Ashley, segurando firmemente a cintura de Koy com ambos os braços e colando seus corpos, olhou para baixo, para ele. Por algum motivo, aquele rosto pálido o agradava. ‘Haa’, um suspiro que parecia uma lamentação escapou de seus lábios entreabertos.

— Ash!

Quando Ashley inclinou a cabeça, prestes a beijá-lo, uma voz irrompeu de repente: era Bill.

No mesmo instante, tanto o corpo de Ashley quanto o de Koy se enrijeceram.

Quando Koy virou a cabeça, viu Bill parado a pouca distância. Ele estava ali, desajeitado, com os olhos arregalados e uma expressão chocada.

‘Por que o Bill está aqui?’

Enquanto a confusão o tomava, misturada com um leve alívio, Bill — claramente nervoso —abriu a boca:

— Ash, o que você está fazendo com o Koy…? E esse cheiro… o que é isso?

Bill, sentindo o aroma dos feromônios, tapou o nariz com a manga e fez uma careta.

‘Ele veio atrás de nós porque estava preocupado.’

 

Koy logo entendeu a situação. Bill deve ter pensado que o clima tinha ficado estranho por sua causa e veio atrás deles. Claro, era algo que ele faria por considerar Ashley e Koy amigos, mas não foi a melhor escolha. Diferente de Koy, que tinha deficiência olfativa, Bill podia sentir cheiros. Ele reagiu instantaneamente ao forte aroma de feromônios que cercava Ashley.

— Urgh…!

— Bill!

De repente, Bill se curvou e começou a vomitar. Vendo-o vomitar toda a comida que havia comido no almoço, Koy ficou pálido e gritou:

— Ash, espera! Me solta, o Bill…!

— O Bill, o quê?

Ashley interrompeu suas palavras. Assustado, Koy ergueu a cabeça e empalideceu ao encarar aqueles olhos dourados que o fitavam de forma ameaçadora. Logo em seguida, ele se lembrou do motivo de tudo aquilo estar acontecendo. ‘Foi porque eu fiz aquela besteira no refeitório.’

— A-Ash, me desculpe. Eu errei. Não farei mais  isso, nunca mais…

Koy se apressou em se desculpar. Ao ver Bill passando mal, ele sabia que não podia mais hesitar.

— V-vamos chamar uma ambulância. Ou pelo menos ir até a enfermaria… o Bill está mal, a gente precisa ajudar ele agora, tá? Ele é nosso amigo…

A voz de Koy foi se tornando cada vez mais suplicante. Mas não era só Bill — o estado de Ashley também estava estranho. ‘Como os olhos dele puderam mudar de cor assim? O que está acontecendo?’

No entanto, Ashley parecia não ter a menor intenção de ouvi-lo. Pelo contrário — ele o apertou ainda mais nos braços e murmurou com a voz rouca e dura:

— Não se preocupe com ele. Concentre-se apenas em mim.

— Ash…!

Koy o chamou desesperado, mas, nesse instante, Bill voltou a vomitar. Agora, porém, seu corpo começou a tremer em convulsões antes de cair no chão. Koy ficou completamente tomado pelo pânico.

— Ash, é sério! Isso vai acabar mal, precisamos ajudar o Bill, por favor…!

Ele gritou, aflito, mas de repente Ashley o olhou com um olhar aterrorizante. Diante daquele olhar, Koy se encolheu, e Ashley, cerrando os dentes, rosnou:

— Cala a boca. Não quero ouvir você falando de outro cara na minha frente.

A voz áspera ecoou junto ao seu ouvido. Koy tentou empurrá-lo, mas Ashley não se moveu nem um milímetro. Ele simplesmente não ouvia nada do que Koy dizia — estava completamente fora de si.

‘Tenho que fazer algo, qualquer coisa…’

Quando finalmente conseguiu pensar, sua visão turva captou uma imagem: Bill, trêmulo, tentando se levantar, cambaleando. E então, de repente, ele avançou com toda a força e se chocou contra o corpo de Ashley.

 

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Continua….

 

Tradução:  Ana Luiza

Revisão:  Thaís

 

 

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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can

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