Ler Lamba-me se puder – Capítulo 114 Online
Às vezes rindo, outras conversando aleatoriamente, os dois caminharam juntos por um bom tempo. A estrada logo desapareceu de vista, e a grama e as árvores crescidas desordenadamente ocupavam cada vez mais o espaço. Ao redor, não se ouvia nem mesmo o som de insetos, muito menos de pessoas. Após caminhar por um tempo sobre um terreno silencioso e desolado, como se tivesse sido abandonado, sem nem mesmo uma estrada adequada, Koy finalmente parou.
Uma brisa fria varreu a área. Ashley parou ao lado de Koy e olhou para o trailer parado a poucos passos de distância. Koy, incapaz de levantar o rosto para encará-lo, moveu a boca desesperadamente, tentando forçar um pouco de saliva para umedecer a garganta seca. Tentando parecer o mais natural possível, ele forçou um tom descontraído e falou:
— A casa é meio pequena, né?
Koy ficou apreensivo, temendo que sua voz tremesse. ‘O que Ashley estaria pensando?’
Reunindo toda a coragem que tinha, Koy levantou a cabeça, segurou firme a mão de Ashley que não segurava a bicicleta e olhou para ele. Ashley, que permanecera em silêncio até então, baixou o olhar. O sol já havia se pondo, e a lua que tomava o seu lugar, os banhava em sua luz clara. Koy pôde ver claramente o rosto de Ashley sob a luz da lua, e ele sorriu para ele, do jeito de sempre.
— Então acho que hoje teremos que nos despedir aqui.
— Ah… sim.
A reação inesperadamente normal fez Koy gaguejar, confuso. Ashley colocou a bicicleta no chão e se virou para encará-lo:
— Não quero me separar.
Com um sorriso amargo, ele falou, e Koy, hesitante, respondeu:
— E-eu também não.
Ashley sorriu novamente e inclinou a cabeça. Sem tempo para pensar, Koy ergueu o queixo e fechou os olhos. O braço de Ashley, que naturalmente envolveu sua cintura, puxou-o para perto, e os dois se abraçaram firmemente enquanto seus lábios se encontravam.
A habilidade da língua que acariciava suavemente sua boca fez Koy sentir como se sua cintura estivesse derretendo. Quando ele se esforçou para acompanhar seus movimentos, sentiu os lábios de Ashley se curvarem em um sorriso. Envergonhado por sua própria inexperiência, ele tentou recuar, mas Ashley o puxou com mais força.
— Tudo bem, Koy. Você foi ótimo.
Ashley deu um beijo brincalhão na ponta do nariz de Koy e sorriu. Vendo que ele não estava sendo provocado, Koy corou e sorriu timidamente.Vendo aquela expressão, Ashley beijou seus lábios brevemente mais uma vez e então o soltou.
— Vai, entre. Você precisa lavar os feromônios.
— Ah, sim.
Com certeza o corpo de Koy ainda devia estar impregnado com os feromônios de Ashley. Pensando que precisava se lavar e trocar de roupa antes que o pai voltasse, Koy conteve a frustração e se virou primeiro.
— Então, até amanhã.
— Certo. Vou passar para te buscar.
Koy acenou em despedida, e Ashley respondeu com um sorriso. Ele observou Koy apoiar a bicicleta rapidamente no trailer e abrir a porta. Antes de fechar, Koy olhou para Ashley mais uma vez. Com uma mão no bolso da calça e a outra acenando, Ashley sorriu. Koy ficou parado por um instante, hesitando, olhando para ele.
‘Não quero me separar.’
Ashley sentia o mesmo, e era óbvio, mas não podiam prolongar aquele momento.
— Vai, entra.
Quando Ashley falou novamente, Koy finalmente acenou de volta e fechou a porta do trailer.
…Aah.
Sozinho, Koy soltou de uma vez o ar que estava prendendo e relaxou a tensão nos ombros. Como Ashley havia levado tudo tão naturalmente, ele agora se sentia bobo por ter escondido e se envergonhado tanto.
‘Ash não é esse tipo de pessoa.’
Pensar que ele poderia se decepcionar ou passar a não gostar de Koy parecia um absurdo. Sentiu até uma pontada de culpa por ter pensado nisso.
Mas não havia tempo para hesitar. O pai logo voltaria, e ele precisava se lavar e colocar a roupa para lavar antes disso. Ligando a luz apressadamente, Koy se dirigiu ao chuveiro estreito, lavando-se rapidamente, e desejou ansiosamente que o dia seguinte chegasse logo — para poder ver Ashley de novo.
Mas não havia tempo para hesitar. Seu pai logo chegaria, e ele precisava tomar banho e lavar as roupas antes disso. Ligando a luz apressadamente, Koy se moveu rapidamente. Enquanto entrava no chuveiro estreito e lavava o corpo, ele desejou ansiosamente que o dia seguinte chegasse logo — para poder ver Ashley de novo.
***
Mesmo depois que a porta se fechou, Ashley permaneceu parado, observando o trailer por um tempo. Logo as luzes internas acenderam, e um brilho amarelado escapou por uma das janelas quebradas. Ao notar a sombra dos copos de papel alinhados no parapeito, Ashley lembrou-se das palavras de Koy.
‘Então aquilo são os dentes-de-leão.’
Ao imaginar Koy cuidadosamente regando os copos de papel, Ashley não pôde mais conter o sorriso. Relutante em se afastar, sabia que se o pai dele chegasse enquanto ele ainda estivesse ali, seria um grande problema. Decidido a não colocar Koy em apuros, Ashley se afastou lentamente, mergulhado em pensamentos sérios.
‘Koy realmente vivia em um lugar assim…’
Koy estava certo. Aquilo realmente superava o pior dos cenários que Ashley poderia imaginar. Ele nunca teria imaginado que alguém pudesse viver em um lugar assim. Ele achou que entendia por que Koy tinha se esforçado tanto para esconder isso dele.
‘Não deve ter sido fácil.’
Ashley ainda se sentia inquieto, temendo que Koy tivesse percebido sua agitação. Mas ao lembrar da reação dele, parecia que havia conseguido disfarçar bem. Na verdade, controlar o impulso de agarrar Koy ali mesmo e levá-lo de volta para sua casa foi exaustivo. Como alguém podia viver num lugar assim? Teria um quarto? Como um trailer velho e pequeno podia ser chamado de lar?
Havia tantas coisas que queria dizer, mas conseguiu se conter. Koy, que estava sempre tão envergonhado e tentou esconder, teve a coragem de revelar uma parte de si mesmo. Se Ashley tivesse reagido de forma exagerada, Koy certamente teria se magoado.
Porém, no fundo, era insuportável saber que alguém tão precioso como Koy vivia de forma tão humilde, em condições tão precárias. O trailer desgastado, que mal valia mais que um carro velho, continuava aparecendo diante de seus olhos. Ashley se sentiu profundamente culpado, quase pensando que aquilo era pouco melhor que a situação de um sem-teto.
‘Você devia ter usado aquilo para se divertir um pouco e depois jogado fora.’
A voz fria de Dominique Miller ecoou em seus ouvidos. Ashley finalmente entendeu por que ele desprezava tanto Koy. Ele certamente sabia das condições em que Koy vivia. Quando me manifestei, a secretária provavelmente encontrou o pai dele para resolver a situação, e tudo foi relatado minuciosamente.
Por isso ele desprezou e insultou Koy daquela forma.’
‘Não te colocamos no mundo para você acasalar com um vira-lata.’
Ashley mordeu o lábio e tentou controlar a raiva. ‘O que há de tão grande em dinheiro e linhagem? É insuportável que ele trate Koy como lixo por causa disso.’ Mas o que era ainda mais difícil de suportar era sua própria impotência.
“Não há nada mais tolo do que acreditar que o amor adolescente durará para sempre.”
A secretária havia zombado dele chamando-o de um adolescente imaturo, e não estava errada. Vendo a si mesmo agora, não conseguia fazer nada.
Entrando no carro que seu pai havia comprado, Ashley soltou um longo suspiro.
O anel encomendado na Costa Leste ainda não estava pronto. Personalizar algo de acordo com o seu gosto exigia muito tempo — às vezes um ano, às vezes até mais de um. Ele havia pedido que ficasse pronto até a formatura, mas agora mudou de ideia.
O anel de casamento jamais seria feito com o dinheiro daquele homem.
Se fosse inevitável, não haveria escolha, mas ele queria conseguir o anel com suas próprias forças, tanto quanto possível. E esse é o caminho certo. Ele não pode presentear Koy com um anel comprado com o dinheiro do homem que o chamou de ‘vira-lata’. De jeito nenhum.
‘Qual vai ser a reação de Koy ao receber o anel?’
Pensar nisso trouxe uma estranha paz ao coração de Ashley. Um sorriso leve, quase inconsciente, surgiu em seu rosto, reacendendo sua confiança aos poucos.
‘Eu posso voltar.’
Apertando as mãos no volante, ele fez uma promessa a si mesmo.
‘Podemos voltar a ser como antes.’
‘Vou fazer isso acontecer.’
***
—Ei, Ashley Miller, seu desgraçado!
Assim que viram Ashley chegando à escola com Koy, os caras do time de hóquei no gelo ficaram eufóricos. Os rapazes grandalhões vieram correndo de todos os lados, atacando Ashley sem cerimônia, fazendo-o cambalear e recuar a cada investida. Koy observava de uma certa distância, com um sorriso satisfeito.
— O que aconteceu, sumiu sem dar notícias por tanto tempo!
— A Costa Leste era tão boa assim, seu maldito!
— Você tem ideia de quanto sofremos sem você? Seu idiota, seu desgraçado!
Eles bagunçavam seu cabelo, batiam nas costas e até o chutavam, gritando sem parar. Ashley apenas sorria, tentando se esquivar e contornar a situação. Mas, no meio do caos, aquela confusão lhe trouxe um inesperado conforto. Estar ali fazia com que todas as lembranças horríveis da Costa Leste parecessem desaparecer, e o mesmo valia para os medos do futuro que ainda vinham pela frente.
—Mesmo que a gente quisesse reclamar com o técnico, você precisa estar lá.
Ao ouvir o desabafo de Bill, os outros concordaram com a cabeça.
— Acabou que a temporada passou sem a gente perceber.
— Como você some por tanto tempo assim? A gente até pensou que algo sério tivesse acontecido.
As expressões dos amigos mostravam uma mistura de curiosidade e preocupação. Ashley respirou fundo, decidido a não esconder mais nada, e finalmente falou:
— Aconteceu algo sim. E foi também o motivo de eu não poder mais jogar.
De repente, os caras ficaram em silêncio. Ashley olhou para os rostos tensos, esperando ansiosamente, e finalmente falou:
— Desculpe por não ter contado até agora. Eu me manifestei.
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Continua….
Tradução: Ana Luiza
Revisão: Thaís
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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can