Ler A Espada de Deus – Capítulo 09 Online

Modo Claro

Luxo não merecido. 

Empilhados no quarto, havia dezenas de roupas, joias e tudo o mais que ela precisava para viver. O problema era que cada item parecia tão luxuoso que alguém poderia facilmente considerá-los um excesso.

— Aqui está a lista. Por favor, assine para confirmarmos o recebimento.

 Disse a criada educadamente, fazendo uma leve reverência ao entregar um papel listando os itens.

Sem conseguir fechar a boca, Irene examinou de cima a baixo. À medida que seu olhar descia, mais chocada ela ficava. As roupas feitas de tecidos finos e macios já eram impressionantes, mas a lista ficava ainda mais extravagante da metade para o fim — incluindo até perfumes para uma boa noite de sono.

‘Isso não é algo que apenas purificadores de Nível 1 usam?’

Era mais do que uma simples fragrância.

O perfume, elaborado com ervas encontradas dentro da masmorra, era um item precioso.

Bastava colocá-lo ao lado do travesseiro para que, ao adormecer, o poder de purificação se recuperasse rapidamente — por isso, era altamente valorizado.

Naturalmente, tinha um preço exorbitante e, devido à sua raridade, apenas os purificadores de alto escalão o usavam em ocasiões muito raras.

Então, por que aquilo estava em seu quarto?

Alguns itens eram belíssimos, mas outros simplesmente desconcertantes — da fartura de comida sobre a mesa às criadas com o número do quarto bordado no peito.

‘O que está acontecendo, afinal?’

Nada era dado de graça dentro dos muros daquela fortaleza. Embora administrada pela Aliança dos Reinos, as comodidades fornecidas eram estritamente básicas. Se alguém desejasse mais do que o básico, a Aliança, é claro, exigia pagamento.

Isso não era um problema para princesas ou damas nobres. Por questão de orgulho, suas famílias as apoiavam generosamente, garantindo que sempre tivessem quartos espaçosos e numerosas empregadas.

Mesmo o par de um cavaleiro poderoso poderia começar com acomodações modestas, mas após algumas incursões em masmorras, as recompensas permitiam que melhorassem seus aposentos.

‘No passado, sempre foi uma luta…’

Mesmo que Irene recebesse o menor dos quartos, havia sempre muito o que limpar e lavar. Sem dinheiro para pagar uma criada, ela mesma fazia de tudo.

Muitos purificadores como Irene lidavam pessoalmente com essas tarefas no início. Sendo assim, após repartir as recompensas, a primeira coisa que faziam era contratar uma empregada, trocar de quarto e desfrutar de uma comida melhor.

No entanto, Irene continuou morando no quarto do canto mais isolado que lhe foi fornecido inicialmente.

Ela precisava economizar, afinal precisava reembolsar o custo do seu corpo.

‘Então, eu nunca sonhei em ter coisas boas…’

Mas aquilo não eram apenas “coisas bonitas e boas”— eram luxos extravagantes, itens de alto padrão que podiam fazer alguém se maravilhar com a existência de produtos tão luxuosos.

O problema era que ela jamais havia pedido nada daquilo.

Mantendo a voz o mais firme possível, Irene se voltou para a criada.

— Hm… acho que deve haver algum engano aqui.

— Engano? O que quer dizer?

— Eu nunca solicitei nada disso. Como ainda não toquei em nada, gostaria que tudo fosse devolvido.

— Isso não é possível, senhorita. O pagamento já foi feito.

Irene ficou ainda mais confusa com a resposta.

— O quê? Quem, afinal, pagou por tudo isso?

— Se olhar no final da lista…

Seguindo as palavras da empregada, Irene examinou apressadamente o final da longa lista de itens.

Lá, o nome de Michael estava claramente escrito.

Ao lado dela, Wilhelmina fechou a cara ao ver o nome.

Irene soltou um longo suspiro depois de dispensar Wilhelmina, que estava fazendo um escândalo, exigindo uma explicação sobre o porquê de Michael ter enviado tudo aquilo. Irene deu a ela a desculpa de que estava cansada.

Na verdade, ela realmente se sentiu tonta ao olhar para toda aquela extravagância acumulada ao redor do quarto. 

Procurando um lugar para se sentar, encontrou uma cadeira simples num canto e se acomodou. Não teve coragem de usar nenhuma das cadeiras ornamentadas.

‘O que está acontecendo, afinal?’

De fato, como dissera a criada, todos os itens já haviam sido pagos.

‘A Aliança, que só pensa em dinheiro, não me daria essas coisas de graça.’

Mesmo sem a explicação da empregada, ela estava bem ciente desse fato.

‘Eu passei por muitos apuros no passado só para conseguir um cobertor grosso.’

Embora os cobertores de inverno devessem ser fornecidos como uma necessidade básica, até eles precisavam ser comprados.

Normalmente, Irene poderia ter comprado um com o dinheiro que tinha economizado. No entanto, o Conde insistiu no pagamento naquela época, e ela teve que enviar todas as suas economias.

Inicialmente, ela tentou aguentar, mas este lugar ficava no nordeste do continente. Ventos gelados sopravam antes mesmo do inverno chegar.

Além disso, Michael estava fora da fortaleza naquele momento, pois havia sido convocado ao templo. Sem um tostão, Irene não teve escolha a não ser tremer de frio até que ele retornasse e entrasse novamente em uma masmorra.

Assim que ele retornou, Irene implorou para acompanhá-lo. Era melhor do que permanecer sozinha, encolhida em um quarto gelado. E, quando Michael abriu o baú de recompensas no fim da masmorra, Irene, estendeu a mão sem perceber.

“O que você pensa que está fazendo?”

Quando a voz fria dele a trouxe de volta à realidade, ela já segurava uma pequena gema. Como regra, todos os espólios eram verificados, recolhidos e depois leiloados. Além disso, aquela masmorra fora conquistada apenas por Michael, sem a ajuda dela.

Mas agarrar a maior recompensa assim, quão constrangedor deve ter sido?

A vergonha a consumiu.

“M-me desculpe…” 

Mesmo se desculpando, Irene não conseguia largar a gema que estava segurando. Michael a observou em silêncio. Se sentindo desconfortável, tomada pela culpa e tristeza, Irene não conseguia levantar a cabeça para olhar para ele.

Após um prolongado silêncio, ele falou.

“Fique com ela.”

Por mais que ela apreciasse a gentileza, Irene não conseguiu evitar que as lágrimas surgissem em seus olhos. Ela sabia o que ele devia estar pensando dela.

‘Ele deve achar que sou uma mulher gananciosa e inútil.’

O simples pensamento daquele olhar cheio de pena fez com que ela não levantasse os olhos até deixarem a masmorra. Como era previsível, Michael não pareceu querer falar sobre o assunto e desapareceu assim que voltaram à fortaleza.

Mesmo tendo conseguido dinheiro ao leiloar a gema, o suficiente para comprar um cobertor, Irene não conseguiu apagar da mente o olhar frio de Michael. Deixou o cobertor sobre a cama, vestiu mais roupas e adormeceu encolhida num canto.

— …

Irene sorriu amargamente ao se lembrar.

— Ainda bem que não vou ficar presa aqui até o inverno.

Não queria reviver aquela situação. Foi um evento triste para ela e só causaria problemas para Michael.

Irene olhou fixamente para a pilha de coisas à sua frente.

Michael era um homem que doava todos os seus ganhos ao templo. Não havia razão para ele gastar dinheiro com aquilo.

‘Deve haver algum engano.’

Se esse fosse o caso, ela tomou o cuidado de não tocar em nada, certa de que teria que devolver tudo mais tarde.

Então, sua atenção foi atraída para os pratos na mesa. Os pratos estavam cheios de uma abundância de frutas. Em sua vida passada, ela nunca tinha provado nada assim dentro da fortaleza. Ela só viu de relance quando foi convocada pela Princesa Cecilia.

Pareciam tão frescas e doces que ela não conseguia desviar os olhos, mesmo achando aquilo um exagero.

Engoliu em seco.

As frutas, suculentas e coloridas, pareciam ter sido recém-colhidas. Ela não comia direito desde o dia anterior. Seu corpo cansado não percebeu que estava com fome e só agora começou a roncar.

À primeira vista, parecia uma grande travessa de frutas, mas olhando mais de perto, ela percebeu que estava repleta de frutas difíceis de encontrar naquela estação.

Irene sempre tivera uma fraqueza por frutas.

Mesmo com o maxilar dolorido, a boca salivando e o estômago roncando, ela conteve o impulso de pegá-las.

Não tocou em nada porque essa situação ainda não parecia real para ela. Ela não conseguia acreditar que toda essa fartura e conforto lhe foram dados. Então, ficou apenas olhando para as frutas diante de si, como se fossem de outra pessoa.

Há quanto tempo ela estava assim?

— Por que você está apenas olhando para elas?

De repente, a voz de Michael veio ao seu lado. Irene congelou, incapaz até de gritar em resposta à sua pergunta inesperada.

Continua…

Tradução: Elisa Erzet 

Ler A Espada de Deus Yaoi Mangá Online

Esta noite, mais uma vez, ele ansiava pela purificação dela.  
Foi uma vida infeliz.
Apesar de possuir o poder de purificação, Irene era considerada rank inferior, nunca tendo recebido amor ou aceitação de alguém em seus poucos anos de vida. Até mesmo em seus momentos finais, ela morreu sozinha e solitária —mas, estranhamente, ela se viu de volta ao passado.
E não era um momento qualquer, mas logo antes de conhecer seu marido, Michael, o homem que ela arruinara.
‘Este é o primeiro erro que devo corrigir nesta vida. Ou seja… não devo me envolver com Michael.’
No entanto, Michael parece estranho.
— Eu… eu preciso de você. Por favor, me purifique.
Ele pediu pela purificação primeiro.
‘Um paladino — este homem sagrado —vem até mim todas as noites.’ 
— Irene. Minha esposa. Minha bela e adorável Irene. Esta noite, quero ser purificado por você.  Bem devagar e por muito tempo
‘Você com certeza era um paladino na minha vida passada, alguém que não ousava sequer me tocar, certo?’

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