Ler Eu nunca quis ter um filho dele. – Capítulo 21 Online
— … Uma mulher que não consegue disciplinar adequadamente sequer uma criada. Que chance teria de me matar?
Dahlia riu secamente.
— Ela cobriu o pescoço com um lenço. Será que tentou se matar?
— Exatamente.
— … Hum, ela é mais direta do que eu imaginava.
Com um sorriso amargo nos lábios, Dahlia recostou-se no sofá, entregando-se ao estofo macio enquanto refletia
— Eu preciso mantê-la sob vigilância para ter sossego. Nunca se sabe quando ela poderá se virar e apunhalar o Oppa pelas costas. Eu também tenho de observá-la.
— Não precisaria observá-la se simplesmente seguisse minhas ordens. Espero que não tenhamos mais incidentes como o de hoje.
— Farei o possível.
Sentando-se ereta na poltrona, o seu olhar se fixou na xícara de chá que Emília havia usado
— Ela cresceu tão bem que sinto vontade de matá-la. Eu, por outro lado, mal consegui sobreviver a cada dia, com imensa dificuldade. Aquele cabelo vermelho vibrante, os olhos verdes como se transplantados diretamente de um jardim… Ela parece uma peça de porcelana perfeitamente elaborada.
Ao dizer isso, Dahlia passou os dedos pelos seus próprios cabelos dourados e sorriu, num gesto que mesclava vaidade e uma ponta de amargura.
— Provavelmente não teria perdido o brilho se não tivesse tornado sua esposa Oppa. A família dela continua viva? Por favor, permita que se encontrem com frequência.
— Não compreendo por que razão deveria permitir esses encontros.
— Para que, quando ela os perder, o seu desespero seja mais profundo, não concorda?
Dahlia falou com uma amargura em seu riso mais cortante do que nunca.
Emilia sentia um desconforto peculiar perto da jovem chamada Dahlia. Embora sorrisse e fosse gentil, seu olhar transmitia uma frieza inegável.
‘Ela parece não gostar de mim.’
Se apresentou como prima de Heinrich. Emília não pôde ver bem o rosto por trás do véu, mas percebeu nela uma atmosfera semelhante e aceitou a informação. O próprio Duque Heinrich a desprezava, portanto, não era surpreendente que Dahlia, uma membro da sua família, também demonstrasse animosidade. O verdadeiro problema residia na contradição das suas ações.
Por razões que desconhecia, Dahlia parecia empenhada em conquistar a sua simpatia.
Leri interveio quando Dahlia irrompeu no aposento sem cerimônia.
“Peço desculpas. Senhorita Dahlia, Sua Graça proibiu a Senhora de receber visitas”
“E se não for apenas qualquer pessoa, mas sim eu?”
“… Peço perdão. Poderia se retirar agora, por favor? Tenho ordens diretas de Sua Graça.”
“Também sou um membro da família Heinrich. Quem é você para me impedir? Afaste-se. Preciso ver minha cunhada hoje. É desumano viver sob o mesmo teto e sequer conhecer o rosto uma da outra.”
“… Minhas desculpas.”
O alvoroço diante da porta chamou a atenção de Emília. Ao abrir se deparou com uma mulher trajando um vestido esplêndido, o rosto oculto por um véu. A princípio, pensou tratar-se de alguma amante secreta do Duque. Porém, vislumbres de cabelos dourados e olhos vermelhos através do véu a fizeram acreditar que fosse, de fato, alguém da família Heinrich.
“Olá, minha cunhada! Peço desculpas por esta apresentação tão abrupta. Sou Dahlia, prima do Duque Heinrich.”
A jovem, radiante ao se apresentar, rapidamente revelou sua natureza. O desenrolar da situação que se seguiu foi exatamente aquele que o Duque testemunhou.
Logo após chamar Ellyn, ordenou que Leri fosse castigada.
A naturalidade e a frieza com que Dahlia deu a ordem deixaram Emilia atônita. Era esperado que as criadas fossem repreendidas por erros, mas mandar a dama de companhia principal empunhar o chicote era algo muito diferente. Aquilo revelava severidade rigorosa diante de seus subordinados.
O que mais a inquietou, porém, foi a razão pela qual o Duque havia proibido qualquer encontro entre elas. Ela nem sequer sabia que Dahlia estava na mansão. As palavras dele significavam que ele havia ocultado deliberadamente a existência da prima.
Se era algo que o Duque desaprovava, talvez não fosse ruim aproximar-se da moça.
‘Dahlia… Dahlia.’
Que nome adorável! Tanto Mikhail como Dahlia possuíam nomes de uma beleza singular, que contrastavam fortemente com as suas personalidades. Até as suas aparências físicas pareciam harmonizar-se com o encanto dos seus nomes.
De volta ao quarto, Emília se jogou na cama.
— Parece que a grosseria é um traço característico desta família.
Se levantou para trocar de roupa por algo mais confortável quando, subitamente, percebeu algo errado. Com um movimento apressado, examinou as suas vestes.
— Ah…
O rosto de Emília queimou de vergonha, desejou morrer ao perceber o seu estado. O Duque certamente deve tê-la visto daquele jeito. Enterrou o rosto nos lençóis, soltando um suspiro profundo e carregado de frustração. Não conseguiu trocar de roupa devido à aparição súbita de Dahlia. Estar em trajes leves não seria um problema, mas apresentar-se de forma tão desleixada a incomodava profundamente.
— Nada está dando certo…
A sensação de que tudo estava em desordem invadiu-a por completo. Fechou os olhos, tentando adormecer. O Duque não viria ao seu quarto…
“Uma vez por semana. É uma maldita obrigação a partir da próxima, não se esqueça.”
As palavras dele ecoaram na sua mente, inexplicavelmente.
Ellyn enviou uma nova criada em substituição. A jovem Dell, ao que parecia, já estava a par do destino de Leri, mas mostrava-se respeitosa e profissional.
— Meu nome é Dell. É uma honra servi-la, minha senhora.
Emília sorriu levemente. Parecia que poderia ter algum descanso, pelo menos por uns tempos.
‘Bem, no final das contas, até resultou numa coisa boa para mim.’
Pensou, enquanto saboreava o chá quente que Dell lhe servira.
— Minha senhora, se houver algo que a desagrade, por favor, me diga.
— Direi, sim.
— O dia está lindo hoje. Gostaria de dar um passeio?
Emilia piscou, surpresa. Era a primeira vez que alguém lhe sugeria algo.
Sempre acreditara que devia permanecer quieta naquele cativeiro dourado, mas a ideia de dar um passeio pareceu-lhe subitamente maravilhosa
— Não houve qualquer ordem que me proíba de sair?
— Não, nenhuma. Apenas o anexo é proibido, de resto, pode ir aonde quiser.
— E o Duque? O que está fazendo?
— Está no escritório, madame.
Então não nos encontraremos, pensou Emilia, levantando-se.
— A senhora também não vai jantar hoje?
— Acho que farei uma refeição simples no jardim.
— Prepararei imediatamente.
Com um chapéu posto, Emília deixou os aposentos. Dell a acompanhava, carregando uma sombrinha.
— Não vejo a Milena por aqui.
— Ela foi designada para outro serviço.
— Entendo.
A figura de Milena, com seus cabelos curtos e olhar dúbio, veio-lhe à mente, trazendo inquietação.
— Mas por que procura por ela?
— Nada, apenas me lembrei dela de repente.
— Ouvi dizer que é alguém sob vigilância rigorosa, até mesmo aqui na residência do Duque. Parece ter sido enviada pela família real.
— É mesmo?
O fato de a família real ter posicionado uma criada era intrigante. Emília não conseguia compreender totalmente o desdobramento da relação entre o duque e a coroa. Talvez, se fosse conflituosa, isso até pudesse beneficiá-la, mas ainda assim não conseguia enxergar a trama por completo.
Ao se instalar em uma parte do jardim, sentiu a brisa suave. A residência do Duque era imenso, e os jardins, igualmente espaçosos.
Ao passar pelas fileiras de árvores, avistou uma vasta extensão de grama verdejante. Adjacente a ela, um lago sereno. Se o palacete já era impressionante, o jardim era de tirar o fôlego.
No centro do lago, um chafariz lançava jatos de água cristalina. Um caminho levava a um pavilhão abobadado, que por sua vez se abria para outro jardim.
‘Tão amplo quanto um palácio.’ — pensou Emilia, cortando um pedaço de bolo Victoria com o garfo e levando-o à boca.
A massa macia derretia na boca, o creme amanteigado rico se integrava suavemente. A textura, que se espalhava como um revestimento sedoso em sua língua, era perfeitamente complementada pela doçura sutil da geleia de morango.
O calor reconfortante do chá-preto completava o sabor, com o aroma do Earl Grey prolongando-se em cada respiração.
Dell então se aproximou.
— Madame, chegou um convite. Deseja que eu lhe mostre?
— Não esperava receber um convite. De toda forma, não poderei comparecer. Melhor enviar uma resposta.
— Mas… você quer ir?
— Senhorita Dahlia.
Dahlia, que surgira de repente, piscou os olhos e perguntou. Emília deu um suspiro sufocado, apertando firmemente a xícara de chá. Quase derramara chá quente sobre si mesma.
‘Foi por pouco.’
Dell também pareceu surpresa, curvando-se apressadamente com os olhos arregalados. Era evidente que o Duque tinha a intenção de impedir o encontro delas. Como Dahlia soube que Emília estava aqui e como conseguiu vir apesar disso?
— Senhorita, como soube que eu estava aqui? O Duque não deseja que nos encontremos.
— Ora, esse é o desejo dele, não o meu. Além disso, não sou alguém que segue ordens.
Emilia não conteve um sorriso. Era verdade. Dahlia, como prima do Duque, não estava abaixo dele de forma tão absoluta, e, da mesma maneira, ela própria, como esposa, também não deveria estar.
— Tem razão.
— Então, cunhada, faça o que quiser. Se deseja isso, deve ir. Pode trazer o convite?
— Sim, claro.
— Ah, e também minha presença aqui é segredo.
— Entendi.
Dahlia sorriu de forma encantadora, pressionando o dedo indicador contra os lábios. O véu ainda cobria seu rosto.
— Não é sufocante usá-lo?
— Hum, isso? Bem, não é tão ruim quanto parece. É mais confortável do que eu imaginava… e não é bonito?
Dahlia sorriu, tocando suavemente o véu adornado com pérolas.
— Sim, combina bem com você.
— Quando chegar a hora, ele cairá. Mas por ora, não me incomoda.
Continua…
Tradução: Elisa Erzet
Ler Eu nunca quis ter um filho dele. Yaoi Mangá Online
Sinopse:
Mikhail von Heinrich – Um homem que veio de um país estrangeiro e liderou uma rebelião. Tudo sobre ele é envolto em mistério. Mikhail, age cruelmente para infligir a mesma dor a filha do inimigo que matou seus pais, mas o sentimento que surgiu como ódio começa a vacilar.
Emilia von Loren – Forçada a se tornar a esposa de um traidor. Emília jura vingança contra aquele que destruiu tudo que tinha. Ela anseia pelo dia em que enfiará uma espada em seu peito. No entanto, a medida que descobre a verdade, seu ódio começa a se transformar em culpa.
Quando ler: Quando você quiser ver um romance de aversão intensa.
Citação: — Se eu puder viver mais um dia com toda essa raiva e ódio.
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Ela queria morrer.
Mas Emília foi forçada a se casar com um traidor.
Quando pensou que estava no auge do desespero, o rei emitiu uma ordem ultrajante para que ela tivesse um filho do homem.
O ódio floresceu sem fim.
— Então, tenha um filho, Emília von Heinrich.
— Qual é exatamente o nosso relacionamento?
— Eu planto minha semente e você gera meu filho. Nós usamos mutualmente como um meio por necessidade.
Sua definição era simples.
Mas à medida que o ódio ardente desaparecia lentamente a cada noite passada com ele, com o passar do tempo ela o conhecia melhor, seus sentimentos se tornavam menos claros.
Por fim, quando a verdade veio à tona, ela foi embora carregando o filho dele.
Não conseguia mais odiar ou ficar ressentida com ele.
O homem outrora arrogante, após sua partida, gritou de desespero e arrependimento.
Pois Mikhail também já não conseguia mais odiar ou desprezá-la.