Ler Lamba-me se puder – Capítulo 90 Online
— Ah… hã?
Diante da situação insperada, Koy gaguejou sem querer. Ashley franziu o cenho. Só então Koy se deu conta de que havia chamado o nome dele primeiro.
‘Por que foi que eu o chamei mesmo’?
Já tinha esquecido. Piscou algumas vezes, confuso, enquanto Ashley, vestindo apenas a calça, inclinava a cabeça. Só então o rosto dele entrou de fato no campo de visão de Koy – um semblante cansado, pele pálida e olheiras escuras sob os olhos.
Ah.
Foi aí que lembrou o motivo de tê-lo chamado.
— É que… você parece não estar bem…
Hesitou antes de acrescentar, com dificuldade:
— Não é… por minha causa, né?
Depois de falar, aquilo se tornou quase uma certeza para ele: o rosto abatido de Ashley, o ar cansado… tudo era culpa dele. Tudo porque o havia rejeitado.
‘E se o Ash passar a me odiar’?
‘Eu devia ter feito o que ele queria’. Um arrependimento repentino o atingiu. ‘Não era nada demais, não ia me “gastar” por isso. Bastava aguentar um pouco… quanto será que ele ficou decepcionado? Depois de tanto eu dizer que gosto dele, e justo na hora em que ele precisava de mim… eu recusei. Só um toque… que grande coisa seria? Eu devia ter dito que tudo bem.’
Por mais que se culpasse, não podia voltar atrás. O clima já tinha se quebrado, e só restava voltar para casa. ‘Por que eu sou tão idiota’? O nariz ardeu, e ele fungou rapidamente para conter as lágrimas. Mas, de repente, Ashley avançou a passos largos em sua direção.
— Koy, você tá chorando de novo?
— N-não.
Sacudiu a cabeça às pressas, mas Ashley não acreditou. Segurou-lhe o rosto com as duas mãos, erguendo-o para que o encarasse. Com uma expressão séria, fitou Koy.
— Koy, não me diga que você tá arrependido ou pensando besteira.
— Hã?
A pergunta o pegou desprevenido, e ele acabou repetindo. Ashley continuou com firmeza:
— Não é por causa do que aconteceu antes? Fala a verdade. Estamos namorando, não podemos esconder nem mentir um para o outro.
Namorando.
Ao ouvir isso, a ansiedade de Koy diminuiu, substituída por confiança. ‘O Ash tem razão’. Respirou fundo e assentiu levemente.
— Pensei que você estava bravo comigo… por minha causa.
— Não tô bravo, de jeito nenhum. Por que você pensou isso?
Ashley respondeu de imediato, sem deixar dúvidas. Koy sentiu alívio, mas, ao mesmo tempo, veio a culpa de novo. ‘Ele não é um monstro… por que eu fiz uma suposição tão errada’?
Depois de murmurar um “desculpa”, acrescentou:
— É que… você parecia exausto. Eu sei como é parar no meio… deve ser muito desconfortável.
Ao falar, percebeu que tinha sido cruel com ele e se entristeceu ainda mais.
— Se eu tivesse tido um pouco mais de coragem… desculpa.
— Koy.
Ashley disse seu nome suavemente. Quando Koy levantou o rosto, ele o olhava com seriedade.
— Não fale assim. Mesmo que o clima estivesse bom e eu quisesse, se você não quiser, não vamos fazer.
Koy ficou sem resposta, e Ashley prosseguiu:
— Se você não quisesse e mesmo assim tivesse cedido só por minha causa ou por causa do momento… isso me transformaria num estuprador. E você não quer isso, quer?
— N-não! De jeito nenhum!
— Então tudo bem. Não se arrependa. Basta ser honesto com o que sente. Se você se forçar a fazer algo que não quer, só para me agradar, vou ficar magoado.”
As palavras atingiram Koy profundamente. Ele assentiu devagar.
— …Tá.
Sua voz soou mais leve:
— Eu vou fazer assim.
Ashley sorriu, satisfeito, e deu-lhe um beijo rápido nos lábios antes de se afastar.
— Isso você não se importa, né?
— Não, eu gosto.
Ao ouvir o que falou, Koy ficou com o rosto em chamas. Ashley riu alto e o beijou mais uma vez antes de voltar para o armário.
‘Então ele não ficou chateado…’
Suspirando aliviado, Koy o observou vestir a camisa. Mas então lhe ocorreu algo. E o corpo dele…?
Antes, ele parecia até andar com dificuldade. Preocupado, Koy perguntou:
— Ash…
Ashley olhou por cima da gola da camisa. Koy, cauteloso, insistiu:
— Você está bem mesmo? Quer dizer…
Explicou rápido para evitar mal-entendidos:
— É que você ficou muito tempo no chuveiro… e se pegar um resfriado?
Falou com sinceridade, mas Ashley demorou a responder. Após um instante, disse:
— …Acho que resfriado eu não vou pegar. Provavelmente.
Koy inclinou a cabeça, sem entender. Ashley não explicou, apenas pegou a bolsa.
O motivo era simples: Ashley havia se manifestado como um extremo alfa.
A razão pela qual os alfas extremos são considerados superiores a outras espécies é sua imunidade excepcional. Essa imunidade, que é várias vezes maior que a média, se deve aos seus feromônios. Seu aroma difere do dos alfas comuns, e sua produção também é várias vezes maior.
Devido à influência desses feromônios, que diferem significativamente em quantidade e qualidade, os Alfas eram inerentemente imunes a doenças, incluindo resfriados, e particularmente resistentes a álcool e drogas. Intoxicações e dependência química eram raras. Se vivessem em todo o seu potencial sem problemas específicos, sua expectativa de vida média era maior do que a de uma pessoa comum. Além disso, os benefícios físicos e mentais eram infinitos. Ser um Alfa era, de certa forma, uma bênção divina.
Mas também havia um preço. A mudança na cor dos olhos para roxo era apenas um detalhe. O maior problema se dava ao fato desses feromônios quando secretados em grandes quantidades se acumulam e se tornam tóxicos para o próprio cérebro. No meio acadêmico a doença era chamada de “derretimento cerebral”, mas, na prática os sintomas manifestados eram, na verdade, diversos. A perda de memória era comum e, em casos graves, podia até levar à loucura ou demência. Para evitar isso, eles tinham que remover periodicamente seus feromônios.
Um dia, Ashley também teria que enfrentar isso. Passaria a vida lutando contra essa ameaça interna, que sempre tentaria dominá-lo.
— Vamos.
Ashley pegou a mochila de Koy, que estava no banco, e a colocou no ombro.
— Ah.
Koy voltou a si e se apressou para acompanhá-lo.
— Deixa que eu levo minha mochila.
Vendo-o carregar as duas bolsas, Koy sentiu-se culpado.
— Você está muito cansado.
Koy ainda lembrava do estado de Ashley no chuveiro, mas ele apenas respondeu:
— Eu tô bem, Koy. Sério.
Era verdade… mas o motivo do desconforto era outro.
‘Droga… ainda tô dolorido’.
Ele franziu o cenho. Nunca tinha se masturbado daquela forma tão intensa e por tanto tempo a ponto de esfolar a pele. Normalmente, não precisava fazer isso. Mas, dessa vez, foi inevitável. O uniforme de líder de torcida que Koy usara… não havia estímulo maior que esse. Primeiro, inalou profundamente o cheiro dele; depois, chegou ao ponto de se esfregar nele até alcançar o alívio.
Koy nem imaginava onde o uniforme estava. Mas Ashley sabia muito bem — guardado em sua bolsa. Só de lembrar, sentiu o corpo reagir de novo. Se não tivesse se acalmado por quase uma hora, teria se excitado outra vez.
‘Será que é por causa dos feromônios’?
‘Não seja ridículo. Você queria aprisionar Koy e fazer todo tipo de coisa com ele antes mesmo de se manifestar. Qual o sentido de culpar os feromônios?’
Era a própria consciência respondendo, e Ashley, a contragosto, teve de admitir: aquela era sua natureza.
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Continua….
Tradução: Ana Luiza
Revisão: Thaís
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Em breve será disponibilizado uma sinopse!
Nome alternativo: Kiss Me If You Can