Ler Amor doce de limão – Capítulo 73 Online

Lim Dae-han trouxe uma garrafa de água fechada. Ele até abriu a tampa pra mim antes de me dar.
“Obrigado.”
Eu disse enquanto pegava a garrafa. Quando a água gelada desceu pela minha garganta, me senti revigorado por dentro.
“Como você está?”
Perguntei pro Lim Dae-han enquanto brincava com a garrafa de água. Lim Dae-han colocou os braços sobre o encosto do sofá.
“Só indo pro trabalho e ajudando com as coisas daqui.”
“Parece que o trabalho tá corrido ultimamente.”
“Por quê?”
Fiquei um pouco confuso com a pergunta dele. Tem mesmo algum motivo específico?
“É só que… ah, sua mãe disse antes que tinha acabado de fazer exercícios. Ver ela indo pra academia tão tarde… você sabe.”
“Ah, tá.”
“E seu pai? Ele está em casa? Eu deveria ter cumprimentado ele?”
“Tudo bem. Por que incomodar?”
“E o Dae-ryong?”
Lim Dae-han apontou o queixo para o quarto do outro lado. Além da porta de correr bem fechada, uma luz fraca de um abajur se infiltrava.
Parecia que Dae-ryong, que disse que sentia falta do irmão, estava morando nesse quarto com Lim Dae-han.
“Seria legal ver Dae-ryong antes de ir embora.”
“Você pode vê-lo amanhã. Passe a noite aqui.”
“Hmm…”
Fiquei pensando naquilo naquele momento. Devo passar a noite aqui? Embora eu estivesse de folga no dia seguinte, Lim Dae-han tinha que ir trabalhar cedo, então me sentia estranho ficar sozinho na casa sem ele.
Devido ao meu trabalho de meio período que terminava tarde, meu horário de dormir já estava invertido, o que tornava difícil acordar cedo pela manhã.
“Você não vai ficar?”
Lim Dae-han perguntou enquanto brincava com as unhas.
“O que eu devo fazer?”
“Passe a noite aqui. Eu te levo pra casa depois.”
Ele se levantou e sentou ao meu lado. Colocou uma mão na coxa e inclinou a cabeça para o lado. Nossos lábios se encontraram. Nos beijamos levemente, nossas testas se tocando suavemente.
Eu queria que tivéssemos nos beijado com língua, mas estávamos ambos cansados de um longo dia, então decidi me contentar com isso.
Nossos lábios se separaram. Nossos narizes estavam quase se tocando. Lim Dae-han pressionou levemente seus lábios contra os meus, fazendo-me cócegas. No final, não consegui resistir e envolvi meus braços em torno de seu pescoço.
Só depois que nossos lábios se pressionaram firmemente, como se estivessem carimbando um selo, é que consegui ficar satisfeita.
***
Senti uma sensação estranha nos cílios. A sensação de cócegas me fez abrir os olhos bem fechados. Meu corpo estava esticado, ainda sem ter dormido direito. Além da minha visão embaçada, vi uma mão pequena como uma samambaia.
“Hã?”
Sem dizer nada, a mão se afastou e olhos excepcionalmente grandes me olharam. Ah… Abri a boca com cuidado.
“Dae-ryong?”
“Sim…”
Quando levantei lentamente a parte superior do corpo, Dae-ryong recuou. Olhei em volta. Era a sala de estar da casa de Lim Dae-han. Ontem, Lim Dae-han e eu dormimos na sala, estendendo um cobertor no chão.
Que horas são? Procurei meu celular no chão. Era um pouco depois das 11 horas.
“Dormindo demais.”
Dae-ryong disse enquanto massageava minha bochecha. Ele gostava de tocar bochechas, assim como seu irmão mais velho. Ofereci minha bochecha para Dae-ryong e fechei os olhos.
“Dae-ryong, estou com sono.”
Deitei-me novamente, abrindo bem os braços. Dae-ryong se jogou ao meu lado. Ele tirou a mão e usou o braço como travesseiro. Ele parecia acostumado a estar nos braços de alguém.
Depois de ficar deitado com Dae-ryong por um tempo, levantei-me. Olhando ao redor da sala, vi o café da manhã para uma pessoa preparado na mesa de centro.
O café da manhã cuidadosamente preparado sob o tapete tinha muitos pratos, mas as porções não eram grandes, então estava na medida certa.
“Você vai fazer xixi?”
Dae-ryong me seguiu de perto, ficando ao meu lado. Esfreguei o rosto com as mãos.
“Sim, e lavar o rosto também.”
Ele tá entediado?
Depois de dizer ao Dae-ryong para esperar um momento, fui ao banheiro. Apenas lavei o rosto rapidamente e saí. Dae-ryong estava sentado no sofá, observando silenciosamente o banheiro, sem nem ligar a TV. Aproximei-me de Dae-ryong, acariciando minhas bochechas que estavam molhadas pela água fria.
Ajoelhei-me. Olhando nos olhos dele, arrumei a franja dele e perguntei.
“Dae-ryong, onde está seu irmão?”
“Ele foi para a empresa com a mamãe. Por que você acordou tarde?”
“Uh…”
“Você é uma dorminhoca…”
Sentindo que o comentário dele me descrevia perfeitamente, fechei os olhos com força.
“Vou acordar cedo de agora em diante. Dae-ryong acorda cedo?”
“Sim, então eu tomo café da manhã e brinco com a tia… Não vou para o jardim de infância.”
“Por que não?”
“É férias de verão.”
Dae-ryong tinha crescido muito. Antes, ele era tímido e hesitante, mas agora respondia a todas as perguntas enquanto agarrava os dedos dos pés.
Ele recitou os números um por um, dizendo que as férias iam de segunda a domingo. Eu queria colocar seus dedinhos gorduchos, que estavam fechados em punho, na minha boca.
Dei um tapinha na cabeça de Dae-ryong e então espreitei por baixo do tapete da mesa. Havia um bilhete. Li o recado escrito com uma caligrafia bagunçada e torta.
[Reaqueça a comida se estiver fria. Vou levá-lo para casa depois do trabalho. Ligue-me quando acordar.]
Era um bilhete direto, mas fez meu coração palpitar. Tracei as letras pressionadas com força pela caneta. Dae-ryong enfiou a cabeça para ler o bilhete.
Quando o escondi levemente, seu rosto se aproximou. Eu podia sentir o cheiro de seu hálito leitoso na minha pele.
“É uma carta?”
“Sim.”
“Quem escreveu?”
“Seu irmão.”
“Meu irmão?”
“Sim.”
“Uau…”
Dae-ryong exclamou admirado. Eu não sabia bem o que tinha de tão especial nisso, mas ele olhou para o bilhete na minha mão e leu letra por letra. Ele vinha estudando coreano com dedicação desde antes e agora conseguia ler quase tudo.
Dae-ryong disse enquanto balançava os dedos dos pés para frente e para trás: “Gostaria que alguém me escrevesse uma carta também”.
“Devo escrever uma para você?”
“…”
Dae-ryong olhou para mim em silêncio. Ele quer que sua família escreva para ele? Sentindo-me constrangido, sorri levemente, e Dae-ryong sorriu alegremente. Ele pulou do sofá e começou a correr pela sala.
“Papel e lápis…!!”
“Dae-ryong, não corra!”
“Tá bom, não tô correndo.”
“Dae-ryong, encolher os ombros não significa que você não tá correndo.”
Também ajudei o Dae-ryong a encontrar um bloco de notas e uma caneta em casa. Pensando bem, comecei a me perguntar o que o Dae-ryong ia comer.
Falei com Dae-ryong, que estava sentado quietinho no sofá com uma caneta e um bloco de notas.
“Dae-ryong, quando você almoça?”
“Eu como com a tia… Mas, mas…”
Dae-ryong olhou para a refeição bem preparada debaixo do tapete de mesa. Ele se contorceu sem dizer nada. Parecia que ele queria comer comigo.
Abri o tapete de mesa. Era o suficiente para duas pessoas comerem.
“Você quer comer comigo? Acho que podemos dividir isso entre nós.”
“Hum… Tenho que perguntar à tia. Ela come sozinha…”
Levantei-me para chamar a babá. Liguei para o apartamento de baixo pelo interfone, como se fosse uma amiga. A chamada tocou por um momento e depois desligou.
Uma voz gentil me respondeu.
– Sim, querido, o que foi?
Ela provavelmente pensou que era Dae-ryong ligando.
“Ah, olá. Aqui é a amiga de Lim Dae-han…”
– Ah, Young-hyun, soube que você veio. Precisa de alguma coisa?
“Ah, eu estava pensando em almoçar aqui com Dae-ryong. Dae-ryong disse que precisa perguntar a você.”
-Ah, o menino gentil deve ter dito que eu vou comer sozinho de novo. Tudo bem. Eu vou comer com a outra tia que está aqui. Vocês dois comam juntos.
“Ah, tudo bem, vamos fazer isso.”
-Vou levar alguns lanches mais tarde, então fiquem brincando. A quantidade de comida está boa? Devo levar mais alguma coisa?
“Não, está tudo bem. Acho que tem o suficiente para nós dois e mais. Obrigado.”
Depois de terminar a ligação curta, abaixei a cabeça e vi que Dae-ryong já estava ao meu lado novamente. Ele me seguindo como um patinho era fofo, mas, por outro lado, senti o peso de ser a responsável por uma criança sobre meus ombros.
Durante as férias, Dae-ryong deve estar esperando assim pelos pais e por Lim Dae-han. Não importa o quanto a tia o trate bem, a família é diferente.
“Dae-ryong, vamos comer juntos.”
Estendi a mão para Dae-ryong. Ele colocou sua mãozinha sobre a minha. Caminhamos a curta distância de mãos dadas e sentamos lado a lado. Coloquei a colher de Dae-ryong, que peguei na cozinha, na frente dele.
Dae-ryong tinha dificuldade em usar os pauzinhos. Ele não era completamente incapaz, mas, com pena dele, continuei colocando acompanhamentos na colher dele.
Dae-ryong apontou para o bolinho de peixe frito com o dedo.
“Quer comer isso?”
“… Sim.”
Coloquei um pouco do bolinho de peixe frito na colher de arroz de Dae-ryong. Dae-ryong abriu bem a boca e deu uma grande mordida.
“Está gostoso?”
Quando perguntei, ele acenou com a cabeça. Por que me sinto tão orgulhoso? Estamos apenas comendo. Vendo-o mastigar, senti-me satisfeito mesmo sem ter comido nada.
Dae-ryong, que estava comendo com gosto, cutucou meu dedo anular.
“É um anel?”
“Sim.”
Abri bem os dedos e, por algum motivo, sentindo-me tímida, fechei o punho. Dae-ryong arredondou a boca e disse: “Ah”.
“Hyung também tem um anel”.
“Sério?”
“Sim. Eu disse que queria um, mas ele não me dá. Minha irmã e meu irmão mais velho também têm anéis”.
“Você quer usar um também? Por que seu hyung disse que não?”
“Ele disse que eu posso usar um quando encontrar alguém de quem goste.”
Dae-ryong de repente cobriu a boca e riu. Curioso para saber o que ele achou engraçado, fiquei olhando pra ele com atenção. Dae-ryong se inclinou pra perto e sussurrou no meu ouvido.
“Eu vi você e o hyung se beijando antes.”
“Hã?!”
Virei a cabeça, surpreso. Dae-ryong riu com uma cara maliciosa. Eu não esperava ver tal expressão em uma criança. Ele era definitivamente o irmão de Lim Dae-han.
“Vocês dois se beijaram. Eu vi quando era pequeno.”
Você ainda é muito jovem… Não, essa não é a questão. Hein?
“Não entendo muito bem o que você quer dizer. Talvez você tenha sonhado, Dae-ryong?”
“Mas vocês dois se beijaram. Eu realmente vi.”
“Ha, haha… Dae-ryong deve ter sonhado, provavelmente…”
Foi uma resposta estranha que qualquer um perceberia. Eu apenas levantei os cantos da boca, rígido. Dae-ryong inclinou a cabeça para um lado e para o outro, dizendo que não era um sonho. Eu olhei para longe. Senti que ia passar mal.
Depois de levar Dae-ryong, que estava cochilando, para a cama, saí e escrevi uma carta. Não era nada de especial. Apenas conselhos típicos como comer bem, ouvir os pais, dar-se bem com o irmão e ligar para o “Young-hyun hyung” a qualquer hora se sentisse minha falta.
Não escrevi nada muito difícil, pois Dae-ryong não lia muito bem.
“Querido Dae-ryong, vamos brincar juntos novamente com o hyung.”
Escrevi a última frase e dobrei o bilhete.
Nesse momento, senti um movimento na porta que dava para a casa principal. Coloquei o bilhete dobrado sobre a mesa e me levantei. Quando abri a porta, vi que a tia que cuidava do Dae-ryong tinha trazido lanches em uma bandeja redonda.
Como eram lanches para o Dae-ryong, eram pequenos e bonitos.
“Eu levo. O Dae-ryong está dormindo agora.”
Peguei a bandeja. Como ele tinha acabado de dormir, não quis acordá-lo, então a tia e eu sentamos na varanda. Com uma pequena floresta à nossa frente, era muito fresco quando o vento soprava.
Não estava quente nem mesmo lá fora. Eu conseguia entender por que Lim Dae-han queria usar essa casa.
“Há quanto tempo Dae-ryong está dormindo? Se ele dormir muito, não vai conseguir dormir à noite e vai ficar incomodando o irmão.”
“Acho que há menos de dez minutos.”
“Até uma hora está bom. Quando Lim Dae-han chegar em casa, eles precisam brincar juntos. Ele precisa se movimentar, senão fica rígido.”
“Lim Dae-han brinca bem com ele?”
“Eles jogam futebol, vão passear e coisas assim. Como o pai deles não está em casa, Lim Dae-han está agindo como um pai.”
“Para onde foi o pai deles?”
Perguntei com os olhos arregalados, ouvindo isso pela primeira vez.
“Oh, meu Deus.” A tia cobriu a boca. Seu rosto parecia surpreso demais para parecer que ela tinha dito isso de propósito.
“Oh meu Deus, oh meu Deus, o que eu faço? Lim Dae-han me disse para não contar nada. O que eu faço?”
“… Tem algo errado em casa?”
Sinceramente, se não fosse pela reação da tia, eu não teria dado importância. Mas, ao ver seu rosto empalidecer e começar a suar frio, percebi que não era algo trivial.
Eu não tinha ouvido nada de Lim Dae-han. Apesar de seu rosto confuso, eu precisava perguntar. Minha expressão ficou séria junto com a dela. A tia rapidamente enxugou o suor frio da testa com as duas mãos.
“Young-hyun, você pode fingir que não ouviu isso?”
“… O que está acontecendo?”
“O chefe está no hospital agora. Ele caiu durante uma caminhada e, a princípio, pensaram que fosse uma concussão leve, mas havia sinais de hemorragia cerebral… Não foi grave o suficiente para cirurgia, mas ele ficou na UTI por alguns dias.”
Eu pisquei em resposta.
“Agora ele está em uma clínica de reabilitação. Você sabe, Dae-ryong é o caçula e sempre recebeu amor incondicional. É a primeira vez que o pai dele fica dias sem voltar pra casa, então ele não consegue dormir. É por isso que Dae-han voltou pra casa.”
Eu não sabia de nada disso. Mesmo que a gente não se visse muito depois que Lim Dae-han voltou pra casa, a gente mantinha contato regularmente, e ele sempre agia normalmente.
“Lim Dae-han também ficou chocado. Por acaso, o irmão mais velho dele está na Austrália e a irmã está trabalhando. Dae-ryong nem sabe que o pai está no hospital.”
“… O pai deles está bem?”
“Felizmente, descobriram cedo… Nossa, é por isso que Lim Dae-han pediu para não contar. Como posso contar o que Lim Dae-han não quis dizer?”
Se ele estava na UTI e agora em um hospital de reabilitação, deve ter sido algo bastante sério. Brinquei com os dedos, passando a mão pelo anel no dedo anelar.
Acenei com a cabeça.
“Por favor, finja que não sabe até que Lim Dae-han te conte. Tudo bem? Deve haver um motivo para ele não ter dito nada.”
A tia enfatizou mais uma vez. Ela parecia preocupada em compartilhar informações familiares. Era compreensível.
Pensei lentamente nas últimas semanas. Pensando bem, Lim Dae-han foi pra casa muito de repente. Não era um plano, e ele até disse que não iria, mas decidiu ir imediatamente depois de um telefonema da mãe.
Só então as peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar. Lim Dae-han estava estranhamente ocupado, sua mãe saía para se exercitar tarde da noite, apesar de ter tempo livre.
“E seu pai? Ele está em casa? Eu deveria ter cumprimentado ele?”
“Tudo bem. Por que se incomodar?”
“Dae-ryong, onde está seu irmão?”
“Ele foi para a empresa com a mãe. Por que você acordou tarde?”
Eu me peguei repetindo inconscientemente o que Lim Dae-han e Dae-ryong tinham dito ontem e hoje. Eu devo ter perdido todos os sinais de que algo estava errado porque estava distraído.
Lim Dae-han não me contou, mas eu também não notei nada. A situação parecia tão tranquila que não senti necessidade de procurar nada mais.
Era só eu. Na verdade, Lim Dae-han devia estar preocupado. Se ele tivesse me contado, eu poderia ter me solidarizado e consolado, então por que ele não disse nada?
Será porque ainda pareço uma criança e não sou confiável? Minha mente ficou confusa. Fiquei olhando para a floresta escura de bambu. O vento não soprava mais da floresta.

Continua…